RESUMO

Em diversas ciências o ser humano é definido como bio-psico-social, contudo a Homeopatia considera o ser humano como bio-psico-emocional com interações sociais, fazendo desta forma, que a qualidade das interações/ relações sociais sejam em grande parte, um resultado da saúde do indivíduo. Dessa forma, se faz necessário caracterizar o que se entende como saúde, assim, em homeopatia a saúde pode ser caracterizada como ‘Liberdade’ nos três níveis, a saber: Psíquico, Emocional e Físico, sendo o nível emocional mais profundo do que o nível físico e o nível psíquico o mais profundo de todos, pois a saúde é vivenciada como uma sensação de liberdade e bem-estar. É importante observar que há diferenciar o que conhecemos como saúde (liberdade), entre cada nível que compõe o ser humano.

 

PALAVRAS-CHAVE: Homeopatia, Lei dos Semelhantes, Cura. 

 

1 INTRODUÇÃO 

Em diversas ciências o ser humano é definido como bio-psico-social, contudo a Homeopatia considera o ser humano como bio-psico-emocional com interações sociais, fazendo desta forma, que a qualidade das interações/ relações sociais sejam em grande parte, um resultado da saúde do indivíduo.

Dessa forma, se faz necessário caracterizar o que se entende como saúde. Segundo G. Vithoulkas a saúde pode ser caracterizada como ‘Liberdade’ nos três níveis, a saber: Psíquico, Emocional e Físico, sendo o nível emocional mais profundo do que o nível físico e o nível psíquico o mais profundo de todos, pois a saúde é vivenciada como uma sensação de liberdade e bem-estar. É importante observar que há diferenciar o que conhecemos como saúde (liberdade), entre cada nível que compõe o ser humano.

Tratando da saúde no nível físico, se um indivíduo adoecer em um nível e estiver bem em outro dá-se uma definição separada  para cada um dos três níveis.         Por exemplo, um esquizofrênico poderá estar profundamente afetado no plano psíquico/emocional, mas poderá estar em perfeita saúde física, inclusive com resultados de exames como a Avaliação por Biorressonância, perfeitamente normais. É farta a literatura, onde registra-se que  pacientes gravemente afetados psiquicamente, nunca sofrem no nível físico e, por outro lado, as pessoas mentalmente saudáveis vivenciam rotineiramente várias formas de sofrimentos corporais. Assim sendo, saúde no corpo físico é liberdade da dor e uma sensação de bem-estar.

Quando se trata do nível emocional a raiz da causa da doença reside na paixão excessiva e na intensidade das emoções do indivíduo. Caracteriza-se que o excesso emocional, que independentemente da causa, é um indicador de desequilíbrio nesse nível e será quase sempre seguido por uma enfermidade física. Pode-se tomar como exemplo um marido ciumento, cuja paixão agressiva incontrolável o leva a prejudicar uma terceira pessoa, quem ele considere como uma ameaça, é motivado por emoções doentes, em vez de amor. Sua paixão extrema, fundamentada ou não, causadora de ações destrutivas contra outras pessoas, é de fato um acometimento patológico e não amor. Então, saúde no nível emocional, é a liberdade da paixão, resultando em um estado positivo de paz e serenidade.

Caracterizar a saúde no nível psíquico é uma tarefa difícil, observada sob qualquer aspecto ou circunstância, contudo observa-se que ela pode ser dramaticamente afetada pelo egoísmo, arrogância e a busca desesperada pelo ganho pessoal, por isso, quanto mais egoísta alguém pensa, atua e comporta-se, maiores são as chances de distúrbios mentais/psíquicos e de desenvolvimento de doenças nesse nível. Por isso, a saúde neste nível é conceituada como a liberdade do egoísmo, resultando na clareza do pensamento e na percepção da verdade.

Portanto, pode-se observar que o conceito de saúde em homeopatia é muito mais amplo e profundo do que na medicina convencional conhecida como alopatia, por isso é possível perceber que diversos sintomas e doenças que a alopatia trata de forma paliativa ou apenas para a retirada dos sintomas com a necessidade de tratamentos por vezes vitalícios, a homeopatia consegue, com sucesso a cura propriamente dita, pois trata o ser humano de forma integral, nos níveis físico, emocional e psíquico, sendo o último o principal.

 

2 HOMEOPATIA

 

Desenvolvida como sistema terapêutico em fins do século XVIII, seu nome vem de duas palavras gregas, homeo = semelhante e pathos = sofrimento ou

doença.O tratamento através da Homeopatia vem crescendo nos últimos anos, pela

facilidade de administração e suavidade da mesma, uma vez que o remédio homeopático bem selecionado tem um efeito suave, sem os sintomas colaterais que por vezes acompanham os tratamentos convencionais. Patogenesia – em Homeopatia realizam-se experimentos em indivíduos sãos, que são testados com medicamentos preparados por meio de diluições e agitação (sucções).

A ingestão destes medicamentos provoca determinados sintomas, de acordo com a susceptibilidade de cada um, formando o cortejo de sinais e sintomas que serão a assinatura daquele medicamento, e este efeito será curativo naqueles pacientes que apresentarem na doença, os mesmos sintomas obtidos do indivíduo são durante a experimentação. Porém, o medicamento homeopático não é inócuo, se for mal administrado também causará danos. É necessário, portanto, que este remédio seja selecionado por quem domina a Especialidade.

Sendo sempre objetivado o reequilíbrio da Energia Vital, pois ela é a energia que dá vida aos seres. Ela é dinâmica e harmoniosa, mas seu desequilíbrio faz com

que os seres vivos fiquem susceptíveis às doenças. A Homeopatia age, reequilibrando o organismo, que irá reagir à doença, curando-se.

A Homeopatia individualiza o ser vivo, pois cada um adoece de forma particular. Mesmo em uma epidemia, animais e pessoas não irão apresentar sintomas idênticos. Assim como não existe um indivíduo exatamente igual ao outro, cada um necessitará de um medicamento específico, de acordo com seus sintomas individuais.

A Lei que rege a Cura Homeopática é sempre a mesma: "Os sintomas irão desaparecendo a partir dos órgãos mais nobres para os menos nobres, do interior do organismo para o exterior". Por isso, alguns dizem que a Homeopatia é um tratamento demorado. Se a doença está enraizada no ser vivo, se custou para se aprofundar, muitas vezes desapercebidamente, desde os primeiros anos da infância, naturalmente custará mais para restaurar o equilíbrio e a saúde. Vale dizer que o medicamento homeopático bem administrado leva o ser vivo a uma cura suave, gradativa e permanente.

Entretanto, é necessária a reflexão sobre a verdade de que os paradigmas da

Filosofia Homeopática são completamente diferentes da Ciência cartesiana

tradicional, e que quem adoece e se cura é o indivíduo. A Homeopatia não trata doenças, mas doentes, e os conceitos de energia vital, ação medicamentosa e reação do organismo, individualização terapêutica, são essenciais para a compreensão do neófito que quer seguir esta senda. A Homeopatia não é mais somente a terapia pelos semelhantes. É uma opção de vida, consciente e de olho no futuro. O homeopata é um buscador do ponto de equilíbrio em tudo o que lhe cerca. Contudo, sente-se incomodado quando ao seguir as leis homeopáticas, depara-se, por exemplo, com uma refeição com leite, ovos, carnes e vegetais repletos de substâncias químicas. É doloroso pensar que os animais são saturados de antibióticos e anabolizantes antes do abate, que a terra é queimada e desvitalizada. Nas quais se exercem ainda hoje todas as formas de supressão da ENERGIA VITAL que não podem resultar em outra coisa senão em desequilíbrio para nós, que dependemos dos produtos básicos de subsistência.

 

3 LEI DOS SEMELHANTES E LEI DOS CONTRÁRIOS

 

Durante o século XVIII, os Vitalistas entendiam a doença como algo provocado

por um desequilíbrio da energia vital do ser vivo e definia tal energia como

aquilo que animava este ser vivo, ou seja, o que lhe conferia a vida. Com tendências antropológicas e humanísticas, essa corrente de pensamento refletia tradições da medicina grega primitiva da Escola Médica de Cós, onde pontificou Hipócrates (460 – 377 a.C.), que interpretava as doenças dentro do quadro específico e peculiar de cada paciente, abordando-o como uma totalidade indivisível, apoiando a terapêutica nas reações defensivas naturais, que era a mais respeitada. Hipócrates, considerado o pai da medicina, sistematizou uma atividade terapêutica apoiada no conhecimento experimental. Para o mesmo ela tinha por base o poder curativo da natureza, e as doenças deviam ser interpretadas, considerando-se a uma manifestação particular em cada indivíduo. Ele entendia a doença, como sendo uma perturbação no equilíbrio existente entre o ser humano e a natureza. Nesse sentido, não havia distinção entre a mente, corpo e universo numa visão harmônica do ser humano com o meio ambiente. Ele demonstrou que os sintomas são reações do organismo às doenças, e, que o trabalho dos médicos era estimular as forças defensivas naturais do organismo a combatê-los. Criou os padrões éticos da medicina e estabeleceu as providências do diagnóstico, do prognóstico e da terapêutica, que até hoje são determinantes na prática clínica.

A Homeopatia se alicerça no seguinte enunciado por Hipócrates: ―A doença é produzida pelos semelhantes e pelos semelhantes o paciente retorna à saúde‖.

Ou seja, a ele atribuiu-se a sistematização de um grande princípio de cura que

se mantêm nos dias atuais na Homeopatia: ―Similia Similibus Curentur‖, os semelhantes são curados pelos semelhantes. Entretanto, podemos ter em mente que para a escola de Cós havia doentes a serem tratados, e não doenças a serem curadas como é hoje na medicina oficial, que tenta curar o doente dando somente ênfase ao órgão afetado e não se preocupa com a energia vital da pessoa.

A Homeopatia é uma terapêutica que consiste em tratar os doentes valendo-se de remédios preparados em diluições infinitesimais e capazes de produzir no homem aparentemente sadio sintomas semelhantes aos da doença que devem curar num indivíduo específico. Ela é uma terapêutica da pessoa, isto é, está orientada para a compreensão global do sujeito doente dentro do seu mundo e para o aspecto pessoal de suas reações doentias diante das agressões que sofre.

Por outro lado

Sob influência da Escola de Cnido, as correntes Mecanicistas e Antivitalistas,

tinham como pressuposto fundamental a percepção do organismo humano como uma máquina, relaciona a doença com alterações fisiológicas com o foco voltado para as áreas de anatomia, fisiologia e depois bioquímica. Para esta escola médica, a patologia e a terapêutica eram localizadas, onde se fazia uso de um raciocínio cartesiano, com o tratamento mais intervencionista que expectante.

Em suma, para esta corrente de pensamento há doenças a serem tratadas e

não doentes. ―Contraria Contrariis Curentur‖, os contrários são curados pelos

contrários, base terapêutica medicamentosa alopática, que é a origem da atual alopatia. Tal medicina centra sua atenção na concepção de doença como desordem orgânica, no plano biológico e somático, no qual busca explicar o que provocou o rompimento do estado de equilíbrio do organismo. Esta explicação passa pela célula, órgão, indivíduo e família, apóia-se em relações de causa e efeito, considera o enfermo como um organismo-máquina, o reduz a um grupo de peças que devem funcionar exatamente iguais em todos os sujeitos.

 

4 EXPERIMENTAÇÃO

As experimentações com substâncias homeopáticas devem ser realizadas em

seres humanos sadios para que possam ser usados para curar seres vivos doentes. Somente em pessoas saudáveis porque a doença se manifesta não só por sinais objetivos observáveis pelos sentidos, mas também por sintomas e sensações subjetivas. Não seria possível registrar completa e fielmente as sensações subjetivas de cães, ratos ou gatos, pois estes não poderiam nos comunicar durante suas experimentações.

Não existem dois seres humanos exatamente iguais na saúde ou na doença;

cada um tem sua individualidade. Para tratamento dos animais ou das plantas usam-se os resultados das experimentações nos seres humanos, por analogia de sintomas, até que sejam realizadas experimentações específicas para cada espécie. As experimentações são realizadas pela administração de uma determinada substância a um grupo de indivíduos, os experimentadores, considerados saudáveis após passarem por exames clínicos e laboratoriais, e que não sabem quais substâncias estão experimentando. Em cada experimentação, os sintomas físicos, psíquicos, emocionais, as sensações e alterações no modo de ser e estar, de reagir e interagir com o meio, que vão surgindo nos experimentadores, vão sendo cuidadosamente anotados e, posteriormente, classificados e analisados, dando origem ao que chamamos de Patogenesia.

Muitos medicamentos foram experimentados e reexperimentados várias vezes e por muitos autores. Outros medicamentos foram menos estudados e necessitam de novas experimentações para ampliar nosso conhecimento com relação ao seu campo de atuação ou potencialidade curativa. É a esses conjuntos de sintomas de um determinado medicamento registrados em livros específicos, isto é, às Patogenesias, que o homeopata recorre a fim de encontrar o medicamento mais semelhante a cada caso, o medicamento que chamamos de Simillimum.

Diante do exposto, é fácil entender o erro do mito que "se o medicamento

homeopático não faz bem, mal não faz". Como vimos, o medicamento homeopático pode, potencialmente, provocar os mesmos sintomas que é capaz de curar.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS   

 

Como proposta terapêutica coadjuvante, a homeopatia acrescenta eficácia, efetividade eficiência e segurança ao tratamento de diversas moléstias crônicas ou agudas, atuando de forma curativa e preventiva, diminuindo as manifestações sintomáticas e a predisposição ao adoecer, com baixo custo e efeitos colaterais mínimos, ajudando o médico a cumprir a sua mais elevada missão, que é “tornar saudáveis as pessoas doentes, o que se chama curar”.

 

 

4 REFERÊNCIAS

 

CHECCHINATO, Durval. Homeopatia e psicanálise: clínica do semelhante e clínica da palavra. Campinas, Editora Papirus, 1999.

 

DIAS, Aldo Farias. A lógica da repertorização. III Encontro Paranaense da Ilha do Mel. Paraná, 1999.

 

TEIXEIRA, Marcus Zulian. Homeopatia: ciência, filosofia e arte de curar. Rev Med (São Paulo). 2006 abr.- jun.;85(2):30-43.

 

 

VITHOULKAS, George. Homeopatia: ciência e cura. São Paulo: Editora Cultrix, 1980.

 

VITHOULKAS, George. Níveis de saúde. Minas Gerais: Homeosapiens, 2015.

 

VITHOULKAS, George. Os princípios básicos da homeopatia – homeopatia: a “medicina energética”. Minas Gerais: Homeosapiens, 2016.