RUBEMAR ALVES

ELA me persegue, se mete em tudo, dá palpite, não sei quando quer ser engraçada ou se minha Ratinha é um tanto ingênua, às vezes. Enfim, ELA é mulher e altera meus pensamentos, minhas escritas e emoções. Jovem ainda. Pesquisei, preparei material para uma palestra séria. Quem disse que ELA me deixou em paz? Leu e riu sozinha. Assustado, imaginei todo um auditório às gargalhadas.......... porque ELA irá interromper minha fala com palpites o tempo inteiro. Não a levarei nessa noite.

=== CULTURA é uma dimensão do processo social (mede quantos metros, meu anjo da guarda?), a verdade de uma sociedade - construção (de tijolos?) histórica, portanto, produto coletivo (aprendi um listão no curso primária, foi, sim: lobos - alcatéia - tem lobo no Brasil?) da vida humana. Outra definição ou concepção de CULTURA seria a união de todos os aspectos (como assim “todos”?) de uma realidade social, ou seja, claramente falando, ‘o retrato’ de um povo ou nação (é, hoje todo mundo tem celular com câmera!). Jamais existiu, jamais foi possível uma linha de evolução única para todas as so ciedades humanas (é mesmo: Portugal é uma coisa, Japão é completamente diferente), sempre diferenciadas, seja por preconceitos (EU não tenho), questões geográficas (sempre tirei 10 nesta matéria) e econômicas, diferenças de renda, estilos de vida ou discriminações raciais. Logo, a cultura depende da realidade social e pronto! Acabou aí (e ninguém vai bater palmas?).

Acabou? Não. Não acabou (ainda bem que tem mais). Porque cada CULTURA é una, sem cópia (quanto custa um xerox?), intransferível ‘gratuitamente’, ao mesmo tempo dinâmica, evolutiva, sempre incorporando outras influências (EU não me deixo influenciar fácil, não) ou se doando a outros grupos. Permuta (que susto! - rima com...)! Mais ou menos isso. Um exemplo popular - as transformações de nosso carnaval (adoro ser colombina), desde a época dos limões de cheiro (do tempo dos escravos, eles é que faziam, eu li), passando p elos blocos de rua (voltaram!) ao atual desfile monumental das escolas de samba (maravilha: torço pela Mangueira e pela Vai-Vai). Tradição sem imutabilidade e sim aberta ao dinamismo. Comparando-se povos diferentes (Brasil é único e maravilhoso, pessoal!), temos a genérica definição de que “CULTURA é a expressão da totalidade das características e condições da vida de um povo”. CULTURA é a constatação da diversidade.

Por outro lado, a noção de CULTURA, como a própria marca da civilização, se opõe à barbárie (matar por matar, à toa, é isso?) e à selvageria (mas nudez é uma coisa bonita e nos liberta, EU acho). Ao mesmo tempo, a noção de CULTURA se opõe à ausência da língua escrita (aprendi a ler e escrever cedinho), o acesso à ciência moderna, à arte em geral (gosto de Michelangelo e do Quebra Nozes) e a religião da classe mais elevada, ou seja, a dominante (só serve Roma?). Daí que, CULTURA e civilização tornaram-se quase sinonímias. CULTURA é a expr essão de uma sociedade - arte, religião, esportes e jogos (exibir a calcinha jogando tênis?), tecnologia, ciência e política: realidade codificada por uma sociedade através de palavras, idéias, doutrinas, teorias, práticas costumeiras e rituais.

A diferença entre CULTURA ERUDITA (aquela das óperas e dos concertos no Municipal?) e CULTURA POPULAR é que a primeira consiste na idéia do refinamento social das classes dominantes - domínio da escrita e da leitura: universidades (quero fazer Letras), academias (a ABL no Rio?), profissões de nível superior (meu futurinho, feliz, perfeito advogado!!!), com feliz tendência atual à generalização (tô nessa!) - se contrapondo a um conhecimento tido como inferior (sou muito gente, tá?), atrasado, superado - certas práticas religiosas, ou seja, cultos afro-brasileiros ainda vistos como ‘primitivos’ (gosto e vou fazer consulta, ora se v ou mesmo!), medicina alternativa (os chazinhos do RUBEMAR), esportes como o futebol e o vôlei, danças regionais folclóricas (dancei maracatu na escola), artesanatos, festas populares como o carnaval...

Por vezes, a camada mais popular emerge como expressões fortes, carnaval e cultos afro-brasileiros (pessoal esnobe vai escondido, eu vejo), por exemplo, desenvolvidos como parte de um processo histórico, deixando de ser associados apenas a uma parte da população (granfino hoje sai até como passista). O futebol, de origem inglesa, foi introduzido no Brasil (no Rio de Janeiro: a novela das seis mostrou) por setores da elite (muito sofisticados...) no início do século XX, e acabou “generalizado” como é hoje em dia (EU flamengo, VOCÊ sãopaulino). Idem o espiritualismo kardecista (tenho medo) e a homeopatia (três mini bolinhas de seis em seis horas), introduzidos no século XIX, das classes dominantes francesas.

As modernas sociedades industrializadas (tadinho, o dia todo num serviço pesado!) podem ser consideradas sociedades de massa (lá na empresa amassam você?) na medida em que torna homogênea (bater muito bem a massa de bolo para misturar tudo) a vida e a visão de mundo das diferentes ‘populações’ que compõem juntas uma sociedade, ultrapassando barreiras, penetrando em todas as esferas da vida social, seja no meio urbano ou rural (nunca visitei uma fazenda). Todos hoje podem ter acesso à mesma “CULTURA”, através dos meios de comunicação de massa: o rádio (perdi o meu no shopping), a televisão, a imprensa (só leio jornal em fim d e semana) e o cinema (eternizaram Casablanca). Importante observar hoje em dia o recrutamento de mão-de-obra especializada, a criação cada vez maior de cursos técnicos e paralelos aos “diplomas” tradicionais, como por exemplo engenharia, esta mesma também agora setorizada. ===

Minha palestra foi muito boa porque não a levei comigo. Comprei um livro, alguns quindins, uma orquídea lilás e deixei-a sozinha em casa. Acontece que a imaginei no auditório, cadeira bem à frente, falando e batendo palmas.....................

NOTA DO AUTOR:

BIBLIOGRAFIA BÁSICA

SANTOS, José Luiz dos. O QUE É CULTURA. SP, Ed. Brasiliense, 1983.

F I M