HISTÓRICO DA FORMAÇÃO DOCENTE

     

Ludmilla Paniago Nogueira

Neide Figueiredo de Souza

 

Para início de conversa é preciso compreender como se constituíram historicamente os estudos sobre a formação de professores/as no Brasil. Nesse aspecto, expõe Fontana (2019, p. 10): “Um marco significativo a ser considerado ao refletir acerca da formação docente, é que a partir da década de 80 torna-se possível olhar a formação docente como um campo de pesquisa constituído”.

Complementando, Pereira (2013 p. 146) afirma que “membros da comunidade internacional definiram um marco para o surgimento desse campo no mundo: a publicação de uma revista da literatura especializada, realizada por Robert F. Peck e James A”. Segundo o pensador, o fato da criação desta revista não significa que não existiam pesquisas referidas à formação docente; significa, conforme Pereira (2013, p. 14) que “até 1973, a comunidade internacional de pesquisadores em educação (e, mais especificamente, em ensino) não admitia seu status como linha de pesquisa”.

É nesse espaço de formação – curso Normal Médio e/ou Licenciatura, que o futuro docente estuda de forma propositada a Educação e como ela acontece dentro e fora da escola – o futuro docente apreende a base teórica (conhecimento/teoria científica – sustenta o conhecimento), epistemológica (a origem, a estrutura, os métodos e a validade do conhecimento) e metodológica (caminhos para se chegar ao conhecimento) da Educação e do ensino. Sabemos, pois, que a formação inicial não basta para o pleno exercício docente em face das contínuas transformações as quais a sociedade passa cotidianamente. Assim, é preciso atualizar-se, buscar caminhos formativos que auxiliem o/a docente a bem desenvolver sua função educadora. Um dos caminhos é a pesquisa, outro pode ser a formação continuada, campos que não, necessariamente, se distanciam.

A formação de professores/as como um campo de pesquisa será sempre um caminho a ser conquistado. Na “edição de 1986, a publicação de uma nova revisão da literatura especializada representou a consolidação dessa temática como campo de pesquisa”, aponta Pereira (2013, p. 146). A pensadora afirma que a formação docente é um processo gradativo, pois apesar da literatura internacional ter consolidado a temática da formação de professores/as no início de 1970, Pereira (2013, p. 152) pondera que “a formação de professores é um campo relativamente novo que se consolida como tal apenas na segunda metade dos anos de 1980”. Confirma-se assim, que a formação docente é um processo em construção e que as mudanças e avanços são passos gradativos.

Diante disso, aproximamo-nos dos estudos sobre a identidade do/a professor/a, realizando uma pesquisa no Banco de Dados do Scielo no site: , em busca de publicações correspondentes ao período de 2016 a 2019 que abordam a temática considerando três descritores: identidade docente; conhecimentos e saberes docentes; saberes docentes na contemporaneidade. A pesquisa tem possibilitado conhecer, produzir e aprofundar sobre a referida temática. O procedimento delimitou o período de tempo e, em seguida, as palavras-chaves que ficaram assim constituídas: 1) identidade docente e 2) saberes docentes na contemporaneidade. Delimitadas as palavras-chaves realizamos a pesquisa no Banco de Dados do Scielo, uma ferramenta na qual encontramos infinidade de publicações: teses, dissertações, artigos e outros, para levantar os dados pretendidos.

Constatamos a existência de pesquisas acerca do tema em abordagem nessa proposta. Buscamos as mais recentes publicadas em acervos digitais pesquisando pelas palavras-chave que norteiam o desenvolvimento da investigação, de forma que as publicações selecionadas contribuam efetivamente com a tematização. Assim, para a construção desse artigo realizamos o seguinte procedimento com vistas a selecionar os dados, digitando, pela sequência: a palavra-chave identidade docente e, na segunda seleção, saberes docentes na contemporaneidade; tese ou dissertação; ano de publicação: 2013-2019; a área de concentração: Educação. Para selecionar os trabalhos correspondentes ao tema da pesquisa, analisamos, a partir das palavras-chave, os títulos que continham palavras na íntegra, resumo e texto completo. Dessa análise, destaca-se o seguinte resultado.

Com a palavra-chave identidade docente, localizamos 25 estudos publicados. Com a palavra-chave saberes docentes na contemporaneidade não localizamos nenhuma publicação no Banco de Dados Scielo, tampouco da CAPES. Buscamos no Google Acadêmico e a pesquisa localizou apenas um estudo publicado no qual o título contém as palavras-chave.

Considerando a leitura mais aprofundada dos trabalhos selecionados, buscamos aqueles que correspondem mais diretamente com o tema da pesquisa, apresentando, de imediato, o termo de busca no título. Assim, com o descritor ‘identidade docente’ identificamos dois estudos, um do ano de 2018 e outro de 2019. Selecionamos o estudo realizado por Almeida, Penso e Freitas (2019), “Identidade docente com foco no cenário de pesquisa: uma revisão sistemática”. Estas estudiosas realizaram estudo bibliográfico de método de revisão sistemática, analisando 33 (trinta e três) pesquisas publicadas nos anos de 2017 e 2018 nas bases de dados: Portal Capes, BVS e SciELO Brasil. Como objetivos, as estudiosas elencaram: fazer um levantamento da produção científica sobre identidade docente vinculada à educação; identificar quais aportes teóricos vêm sendo mais utilizados nas pesquisas para fundamentar o conceito de identidade e identidade docente; identificar quais características tem definido a identidade docente; verificar se dentre as pesquisas analisadas há menção a professores alfabetizadores.

 

 

REFERÊNCAIS

 

FONTANA, Patrícia. Saberes docentes e identidade do professor: biografias e trajetórias. Dissertação de Mestrado em Educação. Departamento de Ciências Humanas da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Câmpus de Frederico Westphalen – RS, 2019.

 

PEREIRA, Diniz Emílio Júlio. A Construção do Campo da Pesquisa Sobre Formação de Professores. Revista da FAEEBA - Educação e Contemporaneidade online, Salvador, v. 22, n. 40, p. 145-154, jul/dez. 2013. Disponível em . Acesso em:20 fev. 2021.