Histórias de amor que as mulheres não contam
Publicado em 08 de janeiro de 2010 por lucia czer
Existem muitas histórias de amor, finais felizes depois de muitos contratempos em que a heroína sofre, sofre, os casais se desencontram, se reconciliam e: tchan, tchan, tchan... Lá estão eles, felizes após tantas desventuras, ou pelo menos, ainda que separados, mas bem consigo mesmos.
No entanto, existem muitas e muitas histórias de amor que não vem a público. São histórias dolorosas, que nada tem de românticas ou fantasiosas. Existe, sim, alguma fantasia: Talvez por parte da mulher sonhadora, carente ou extremamente sensível que pensa que é possível mudar o mundo e o ser amado.
Triste é escrever sobre isso numa época de festas, mas é o tempo apropriado, tempo de procurar reformular velhos conceitos, encontrar novos caminhos, repaginar-se, reorientar-se... Meu Deus! Tantos re, re... No entanto, é preciso ter coragem, ter atitude, ter disposição para tudo isso. Acostumamo-nos tanto às mesmas pessoas, aos mesmos defeitos e aos mesmos erros que acabamos por considerá-los “normais” e passamos a aceitá-los. E, ano a ano vamos perdoando, esquecendo, sabendo que voltaremos a ser vítimas dos mesmos algozes. Tudo por acomodação, por falta de motivação para dar um BASTA! Ou será a falta de amor próprio? Ou de auto-estima? O que nos impede de virarmos a página, apostar em novos conhecimentos, criar uma nova história? Uma amiga, sábia amiga, tem me dito em outras ocasiões: “- Às vezes, não basta virar a página, é preciso, sim, jogar fora o livro!”
Uma característica do ser humano é a capacidade de recusar o que não tem alternativa, sermos capazes de persistir, de nos refazermos, de prestar atenção nos ciclos de renovação da vida. É preciso, todavia, que saibamos a hora certa de abandonar o jogo, perder a batalha para não perder a guerra.
É nesse sentido que nos reportamos às historias de amor que não são contadas. Histórias em que o sapo nunca vai virar príncipe. O traidor não vai deixar de trair, o golpista não vai deixar de aplicar golpes, de fazer chantagem emocional com o sentimento de maternidade com que os acolhemos ao coração. O violento não vai deixar de bater, o aproveitador de prevalecer-se... A menos que os paremos! E como fazer isso sem sofrer, sem nos violentarmos?
Cedemos muitas e muitas vezes aos pedidos de perdão, às promessas de não reincidir, mas, pense: É válido, sim, dar e dar-se uma segunda chance, mas isso se houver um novo dado, uma nova fórmula. Se nada mudar, tudo voltará a ser da mesma forma. Passada a emoção do recomeço, voltaremos a sofrer com as mesmas invasões dos nossos domínios.
Se sozinhas não pudermos ou não tivermos forças de buscar o desfecho de uma situação conflituosa, temos que pedir ajuda, enchermo-nos de coragem e confessar que não conseguimos por ponto final. Haja coragem para isso! Porque não é fácil confessar que somos usadas, abusadas, violentadas e mal amadas. Ficamos mortalmente feridas, envergonhadas de reconhecer que amamos ou concedemos nosso amor a um pilantra. É vergonha o que sentimos. Vergonha e um grande sentimento de inferioridade. Sentimo-nos inferiores às outras tantas mulheres que são amadas, acarinhadas, que não precisam pagar pelo amor ou companhia do outro. Ainda que essa historia esteja desgastada, em ruína, desacreditada e sem perspectiva, nos agarramos a ela, incapazes de esboçar reação, porque vamos ter de expor nossos conflitos e nossas dores. Para fugir disso, só se formos capazes de, por nós mesmas, reconhecer que temos direito a ser felizes, que somos humanas, que temos qualidades e defeitos como todos, e que, principalmente, nos amamos e podemos construir o nosso futuro.
Basta decidir. E que seja esta a nossa data de encerrar uma etapa e iniciar uma outra. Vamos dar chance a nós mesmas e a uma outra pessoa que possa reconhecer quanto somos lindas, fascinantes, e inimitáveis!
Que venha 2010 e uma história de amor como em filmes e novelas: Desta vez, com final feliz!