Felipe dos Santos[1]

A história oral surgiu entre os anos de 1960-1970 juntamente com as novas concepções historiográficas ligadas a vertente da “história vista de baixo”, à volta do acontecimento e valorização do individuo. Isto é, essa nova forma de se pensar sobre a história estava ligada a nova linha de estudos culturais que iam contra os estudos quantitativos e estruturais, munida de novos objetos, novas metodologia e fontes.Através das narrativas, da memória, e da história oral se torna possível e dão possibilidades ao pesquisador a reconstrução da história, mas afinal o que é história oral? Segundo Delgado:

A história oral é um procedimento metodológico que busca, pela construção de fontes e documentos, registrar, através de narrativas induzidas e estimuladas, testemunhos versões e interpretações sobre a História em suas múltiplas dimensões: factuais, temporais, espaciais, conflituosas, consensuais. Não é, portanto, um compartimento da história de vida, mas, sim, o registro de depoimentos sobre essa história vivida.[2]

Deste modo a história oral se configura em um procedimento metodológico que busca registrar, através de narrativas induzidas e estimuladas, testemunhos, versões e interpretações sobre a História em diversos aspectos: de vida, social, cultural e outros. E que privilegia a realização de entrevistas e depoimentos com pessoas que participaram de processos históricos ou testemunharam acontecimentos.

Entretanto, a subjetividade está sempre presente na memória, pois ela e indissociável do ser humano, residindo neste ponto um dos limites pertinentes à história oral. O modo como às pessoas olham para a sua vida. O modo como falam dela, a ordenação que lhe dão, aquilo que enfatizam, aquilo de que não falam, as palavras que escolhem, são importantes na compreensão de qualquer entrevista.

Especificidades, potencialidades metodológicas e limites da história oral

Há algumas especificidades que são características da história oral, no que toca a fonte oral é singular e não se presta a generalizações. A história oral contribui para relativizar conceitos e pressupostos que tendem a universalizar e a generalizar as experiências humanas. Além de serem visões particulares dos processos coletivos. As narrativas possuem dimensões individuais e coletivas[3].

No tocante as potencialidades da fonte oral, ela permite recuperar informações sobre acontecimentos e processos que não se encontram registrados em outros tipos de documentos. Recuperar memórias locais, comunitárias, étnicas, de gênero, entre outras, sob diferentes óticas e versões. Além de contemplar o registro de visões de personagens ou testemunhas da história, invisibilizados pela história oficial.

Entretanto, é necessário refletir sobre os limites que são pertinentes à história oral como, por exemplo, a aplicabilidade do método somente às épocas contemporâneas, à história do tempo presente, as entrevistas estão limitadas às pessoas vivas; predomínio da subjetividade, mesmo com todo esforço possível às narrativas vão estar carregadas das emoções do entrevistado, ou até mesmo do pesquisador ao transcrever as falas.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

DELGADO, L. DE A. N. História oral: memória, tempo, identidade. 2. ed. Belo Horizonte:

Autêntica, 2010.

LE GOFF, Jacques. História e Memória. 5ª Ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2003.

HALBWACHS, Maurice. A memória coletiva. São Paulo: Revista dos tribunais,1990.

 

[1] Acadêmico do 8º semestre do curso de Licenciatura em História pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia-UFRB

[2] DELGADO, L. DE A. N. História oral: memória, tempo, identidade. 2. ed. Belo Horizonte:Autêntica, 2010. p. 15.

[3] LE GOFF, Jacques. História e Memória. 5ª Ed. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 2003. p. 421.