No mundo humano, se podemos dizer que tudo é história, também é verdade que tudo é cultura. Pois cultura é a produção da ação/trabalho humano.

As edificações e produções foram feitas para melhorar ou alegrar a vida humana. E com isso não só a vida melhorou como também o mundo ficou mais belo: casas e prédios, músicas e plantações... enfim o trabalho humano fez e ampliou o mundo humano sobre o mundo natural. E assim se fez história no processo da produção cultural

Nesse processo, no qual interagem história e cultura, dizemos que a humanização da natureza é ação cultural. Isso por que nessa dinâmica a ação humana vai incorporando ao mundo produzido os elementos da natureza. Tanto que chegamos a um ponto em que a própria natureza acaba sendo envolvida e por vezes transformada em bem cultural. Um exemplo disso, da transformação da natureza em bem cultural, são os pedaços da mata atlântica preservados como bosques dentro de uma área urbana; ou transformados em pontos de atração turística. Continua sendo um pedaço da natureza, mas também é resultado da ação humana/histórica.

O fato é que o processo histórico transforma tudo. Dai a afirmação de que tudo é cultura, nesse mundo humano... ou desumano?

Veja a ironia do fato: na medida em que manipula a natureza (humanizando-a, culturalizando-a, historicizando-a) o homem interfere em seu processo. E acaba que a natureza reage. Corrigindo-se ou tentando se reequilibrar. E o resultado? Acidentes naturais; catástrofes... Exemplos? Desmoronamento de encostas, soterrando casas e mansões e pessoas! Enchentes destruindo plantações e residencias de ribeirinhos...

A humanização da natureza (ação humana sobre a natureza) é um processo histórico-cultural que acompanha os milênios de história humana. Nesse processo o homem transforma a natureza em seu benefício. Mas no resultado, na maioria dos casos, não se manifesta o progresso, o embelezamento, as melhorias, mas as dores e exclusões.

O mundo natural, ao receber a ação criadora do homem, historicamente criando cultura, passa a ser produção humana. Deixa de ser natural para se converter em mundo humano: histórico.

Neri de Paula Carneiro

Mestre em educação, filósofo, teólogo, historiador

Rolim de Moura - RO