DATA: 14.09.2016, por volta das dezoito horas e quinze minutos, estava voltando de um café para a Corregedoria, vindo pela Rua Felipe Schmidt, em frente ao Clube Lira (centro de Florianópolis), do outro lado da via, em direção ao Hotel Faial, e eis que avisto o Delegado-Geral Nitz junto com o Agente de Polícia Adenir Hinckel (seu motorista e nosso velho conhecido do órgão correcional). Logo que Nitz percebeu minha presença, andando em sentido contrário e cruzando a rua, veio ao meu encontro e foi dizendo: "Ah, tô chegando agora (estava indo para a Delegacia-Geral), recebi o teu material (no dia anterior tinha ido levar três exemplares do projeto de lei orgânica com a revisão que tinha feito em três situações...), mas nem deu tempo ainda para despachar". Interrompi: "Ah, sim, eu levei um terceiro que tu podes precisar distribuir. Recebestes?" Nitz respondeu com um sorriso: "Sim, recebi. Mas nem deu para olhar ainda". Procurei ser breve até para permitir que ele seguisse o seu caminho, fazendo um comentário final: "Tudo bem, não tem problema, eu sei que é assim". Nessas condições a gente se despediu e ao caminhar fiquei pensando: "Nitz estaria realmente preocupado com sua aposentadoria, com seus interesses pessoais, como afiançou o Delegado Godoi, atendo observador? Nitz junto com seu fiel escudeiro (Agente Adenir). Nunca - em todos os meus anos de serviço - orei tanto em silêncio para um dirigente da instituição, meditei semanas a fio para que tudo desse certo, nunca torci tanto por um Delegado-Geral, mais que por Antonio Abelardo Bado, Jorge Cesar Xavier e Evaldo Moretto, orei para que meus maus pressentimentos sucumbissem dando lugar a uma noite estrelada ou a um céu de brigadeiro, tendo nosso lider maior como anjo corajoso e salvador e, assim, pudéssemos seguir nossos caminhos  com a sensação de missão cumprida, especialmente, que conseguissemos deixar um grande legado para as futuras gerações e para a sociedade.

Depois que me recolhi em minha sala fiquei meditando sobre a festa política para o filho do Secretário de Segurança na sede o IGP (tinha imaginado que a referida festa seria realizada num local privado, pois Godoi não tinha me revelado ainda o lugar). Também, veio na imaginação o fato do Titular da Pasta ter ordenado uma possível apuração da minha conduta correcional, especialmente, nas posições adotadas pelo Delegado-Geral que foi mais além e determinou a instauração de sindicância, seguindo orientação de seu assistente jurídico, a seguir, repassou os documentos para a Corregedora Sandra Mara, apesar de todos da cúpula saberem que se tratava de uma retaliação minha pessoa em razão de minhas críticas materializadas em artigos publicados na rede de discussão dos Delegados de Polícia. Também, não pude deixar de lembrar que foi a Corregedora Sandra Mara que determinou o cancelamento do meu acesso ao "PC-Todos" (em função de meus artigos), cujo endereço possibilitava repassar meus artigos (especialmente de cunho histórico institucional) não só para os Delegados, mas para todos os policiais civis. Sim, exercer o poder absoluto e se sentir absolutamente acima do bem e do mal talvez esteja acima de qualquer outro sentido que pode cegar nossos pares, todavia, enquanto isso durar o poder (não tive como não lembrar do Delegado Sérgio Maus que depois que deixou a direção do órgão correcional se encontrou comigo várias vezes na Diretoria de Polícia do Litoral - demonstrando ser uma pessoa humilde e simples - chegando a jurar que essa mudança de vida foi resultado da sua descoberta que noutra dimensão passada encarnou a figura de um Imperador romano (Cláudius). O engraçado é que muitos enquanto estão no poder se transformam, chegam a comenter atos extremos contra colegas opositores, críticos..., mas depois que retornam a condição de simples mortais, esquecem rapidamente o que se passou, querem voltar a ter uma vida normal perante seus pares, chegam a invocar períodos gloriosos em razão dos cargos que ocuparam servindo governos e administrando os fracos.