HISTORIA DE CANUDOS 

A vida do pobre hoje em dia

Está desfrutando a bonança

O governo é muito protetor

Trouxe ao nordestino esperança

De todos os horrores do passado

No futuro ser apenas uma lembrança.

No passado o pobre nordestino

Nada tinha e nada esperava

Botava a trouxa na cabeça

E pelos caminhos esmolava

Esta guerra diaria contra a fome

Quase sempre a fome é quem ganhava.

Orgulho, força e vontade

Tudo isto a fome vencia

A seca cruel tudo matava

Era pior que uma epidemia

Eram desterrados da nação

Que pouco ou nada fazia.

 

A historia do nordestino é assim

Porém poucos conhecem seu teor

Tanto que existe preconceito

Dizem ser uma raça inferior

Contrariando esta ideia vou contar

A historia de um cearense de valor.

Seu nome era Antônio Maciel

Conhecido como  Conselheiro

Natural de Quixeramobim

Do céu tornou-se mensageiro

Percorrendo todo o sertão

Logo era seguido por romeiros.

Para aquele povo sofredor

O beato prometeu a salvação

Alegava que aqui na Terra

Estavam seguindo a lei do cão

O seu jeito de vestir e de falar

Conquistou o povo do sertão.

Usava uma longa veste

Empunhando um cajado na mão

Não demorou para que formasse

De seguidores uma multidão

E foi o estado da Bahia

Onde ele juntou a população.

No lugar chamado Belo Monte

Os romeiros construíram um arraial

Que recebeu o nome de Canudos

E lá todo mundo era igual

Sobre a proteção do Conselheiro

Tudo ia bem ninguém passava mal.

Então no meio do sertão

Nasceu uma comunidade socialista

A produção colhida era de todos

E a mesma pela igreja era malvista

Começaram a acusar o Conselheiro

De ser um farsante comunista.

Fato é que todo retirante

Lá chegando era alimentado

O Conselheiro era um santo vivo

Para aquele povo maltratado

Isto deixou os fazendeiros

Furiosos e muito amedrontados.

Exigiram então de Prudente

O presidente da nação

Que contra aquela gente

Efetuasse logo uma ação

Que acabasse de vez

Com aquela população.

Imaginaram ser fácil

Com Canudos acabar

E que Antônio Conselheiro

Iria se entregar

Mas Canudos não se rendeu

Conforme o que vou contar.

Esta página da historia

Foi o ato mais insano

A maior carnificina

O ato mais desumano

Os sertanejos banharam

Com sangue o solo baiano.

As primeiras expedições

Que Canudos atacaram

Os beatos de tocaia

Os soldados derrotaram

Uma luta desigual

Que com coragem ganharam.

O governo reagiu

Com tamanha violência

Mandou guarnição do exército

Pois Prudente tinha urgência

Para destruir Canudos

Sem piedade e clemência.

E Canudos foi cercado

Por canhões bombardeado

Dia e noite sem trégua

Aquele fogo cerrado

Quem não morreu na bala

Por espada foi degolado.

Velhos, mulheres e crianças

Todos friamente executados

A imprensa da época elogiou

A vitória dos bravos soldados

Pois venceram uma luta feroz

Contra sertanejos desarmados.

Certo que na luta de tocaias

Os sertanejos foram maiorais

Lutando somente com suas facas

Também enchiam de pedras os bornais

Porem  na luta com canhões

Foi crueldade demais.

Faz 118 anos

Que isto tudo aconteceu

Das historias a mais conhecida

Foi Euclides da Cunha quem escreveu

No seu livro “Os Sertões”

Só não sabe quem não leu.

Na historia do Brasil

Tem esta triste lembrança

Um massacre cometido

A um povo sem esperança

Milhares de sertanejos

Foram vítimas da matança.

Quem conhece o sertanejo

Pode bem compreender

A romaria ao beato

A escolha de morrer

É um povo calejado

Que sabe o que é sofrer.

Encerro aqui meu livreto

Agradecendo a atenção

De quem estes versos ler

Com bom senso e coração

E desculpas pois não pude

Controlar minha emoção.

Maria Alzenira Rodrigues

       Fevereiro de 2015.