Polêmica - profanação de cadáveres - Solicitação ao Delegado de Polícia de Araquari para que seja providenciado o enterro de não católicos noutro local, (a exemplo de São Francisco do Sul e Florianópolis), conforme notícias da Subdelegacia de Parati (Araquari) -  necrópia - corpo de Jörgen Nielsen Slieperer - 1866: 

Profanação de cadáver – No dia 16 de março, quatro brasileiros da vizinha Freguesia de Parati trouxeram, de canoa, o corpo de Jörgen Nielsen Slieperer, colono norueguês antigamente aqui residente e que há vários anos tinha se mudado para aquela freguesia. Slieperer faleceu no dia 14. Os quatro brasileiros, ao chegarem ao porto local, sem mais desembarcaram o corpo, precariamente colocado dentro de um caixote e já em adiantado estado de decomposição, tirando-o de dentro dele, pois insistiam em levar de volta o caixote. Queriam deixar o cadáver no rancho aberto que serve de depósito no porto. Enquanto isso, um deles levou à subdelegacia local uma carta do subdelegado de Parati, na qual este comunicava que tinha ordenado o translado do cadáver de Slieperer para a Colônia porque o padre católico de Parati recusava-se a sepultá-lo no cemitério local, por ter sido Slieperer um Herrnhuter. O subdelegado local ordenou imediatamente uma necrópsia, porque o rosto de Slieperer apresentava marcas de violência, sem que no entanto se confirmassem as suspeitas. Como não havia outro caixão disponível, os brasileiros foram obrigados a levar o cadáver dentro do caixote, que aliás era pequeno e tinha a tampa precariamente amarrada para poder ser fechado, ao cemitério local. Também aqui quiseram tirar o cadáver de dentro do caixote, visto quererem a todo custo levá-lo consigo. Dito caixote era o caixão comunitário em Parati, os pobres eram levados dentro dele até o cemitério, sendo enterrados sem caixão. Finalmente, após ter-lhes sido assegurada uma indenização pelo caixote, concordaram em colocar o cadáver de novo dentro dele de modo que pudesse ser sepultado. Não sabemos o que teria levado o subdelegado de Parati a mandar o cadáver para cá; seria concordância com a intolerância do padre católico, ou a falta de local adequado, até mesmo a consideração para que o falecido descansasse entre os seus? De qualquer modo, o tratamento dado ao caso é censurável. Que o subdelegado providencie para casos como esse, no futuro, um local na freguesia local onde sejam sepultados os não-católicos, como já existe, por exemplo, em São Francisco e em Desterro, onde aliás aos não-católicos foi reservado o local mais bonito no cemitério local, ainda não sagrado católico (Kolonie Zeitung, 24/3/1866 - Documento e História.     Joinville: Ed.Univille,2001).