I - Por primeiro:

J'accuse ( Eu acuso) constitiui-se um  manifesto emblemático na história da humanidade, com  "le stylo" do célebre escritor francês Émile Zola (também autor de Germinal - denunciou a miséria nas minas de carvão da França no Século XIX).

Zola, enquando ninguém ousava contraditar o governo e o Estado Maior do Exército, resolveu assumir publicamente a defesa do Oficial Dreyfus, publicando seu manifesto no jornal L'Aurore no dia 13.01.1898 (desde o início teve a coragem de afirmar a inocência de Dreyfus, indo de encontro ao governo e a própria sociedade manipulada pelos meios de comunicação em massa), cujo conteúdo se constiuiu num libelo dirigido ao presidente da França (Félix Faure).

O autor teve a coragem de atacar nominalmente os generais e outros oficiais responsáveis por um erro judicial que levou ao processo e à condenação do "acusado", tudo baseado em relatórios mentirosos e fraudulentos, bem típico de executivos de alto escalão e de políticos sinistros, inescrupulosos ou vulgares na defesa de seus interesses (ou de outrém).

Zola acusou abertamente o exército francês de realizar uma campanha metirosa na imprensa para manipular a opinião pública, bem como os dois Conselhos de Guerra: um tendo condenado Dreyfus baseado em uma peça mantida em segredo, enquanto o segundo inocentou sabidamente um culpado.

Após o manifesto (rendeu 300 000 exemplares que se esgotaram em poucas horas e levou o povo à emoção), vários intelectuais assinaram uma petição em favor da revisão do processo, cujo documento foi publicado também pelo L'Aurore, entre eles Anatole France, Georges Courteline, Octave Mirbeau, Claude Monet, além da participação de Marcel Proust (autor mais tarde de "Em Busca do Tempo Perdido, uma das grandes obras da humanidade).

Como não poderia deixar de ser, num rescaldo, Zola passou a sofrer perseguições implacáveis vindas do próprio Estado e da Justiça cativa, resultando em sua condenação por ter atacado o Estado Maior da França, tendo que se exilar na Inglaterra (ver Zola - Rui Barbosa, Eu acuso! O processo do capitão Dreyfus, ISBN 978-85-7715-06).

Com o passar do tempo, o Capitão Dreyfus foi inocentado e Zola ressurgiu das cinzas, entrando para história...

II - Secundando:

Neste exato momento em que os Delegados de Polícia de Santa Catarina demonstram querer romper com o passado servil e buscar um futuro melhor para a nossa sociedade,  seria oportuno, por meio da "ADEPOL", editarmos também o nosso "J'accuse":

"Nos Delegados de Polícia do Estado de Santa Catarina, perante a sociedade catarinense:

Acusamos todos os governos, principalmente, entre 1998  a  2013 de terem usado a Polícia Civil para fins eleitoreiros, preenchendo cargos de direção para atender a interesses políticos;

Acusamos todos os governos entre 1998  a  2013 de terem promovido arroxo salarial dos policiais civis sem precedentes na nossa história, humilhando a classe e transformando-os nos piores do Brasil;

Acusamos todos os governos entre 1998  a  2013 de terem promovido escravização branca de todos os policiais que ficaram impedidos de se aposentar em razão da total dependência de horas extras e da perda de outras vantagens financeiras (quando entram em inatividade), provocando mortes e problemas de saúde irreverssíveis;

Acusamos também os ex-dirigentes da Secretaria de Estado da Segurança Pública  de todos os governos entre 1998  a  2013 de terem sido omissos no que diz respeito à questão salarial e a promoverem melhorias da qualidade de vida dos policiais, com reflexos negativos nas suas saúdes e nas suas famílias;

Acusamos todos os governos entre 1998  a  2013 de terem concedido privilégios para determinadas castas de servidores dos Poderes do Estado, como aumentos e vantagens salariais diferenciadas, de maneira assegurar silêncio ou decisões injustas;

Acusamos todos os governos entre 1998  a  2013 de não terem cumprido normas constitucionais e leis quanto à reposição de perdas salariais e direitos dos policiais civis,  e de terem para tanto assegurado também o silêncio da imprensa;

Acusamos todos os governos entre 1998 a 2013 de terem humilhado não só os policiais civis, mas varios servidores públicos do Executivo e toda a socidade catarinense, dando exemplo de desrespeito às leis, de terem concedido privilégios a determinados segmentos do serviços público, em detrimento de outros, como à Polícia Civil.

Por tudo isso, nós "acusamos" todos esses governos!"

II -  No que diz respeito à "assembleia geral" dos Delegados prevista para o dia 02.02.2013, sem prejuízo de outras propostas, entendo que:

a) devemos fortalecer nossa Adepol, legitimada a nos representar (mal ou bem...), para que assuma sua verdadeira missão;

c) seja criado um "comité", com representantes indicados/votados das várias regiões do nosso Estado para que assuma - com independência e cumprindo diretamente os desígnos da nossa classe/assembléia - a direção do movimento (planejamento/controle/medidas/negociações);

c) a pauta deve ter como prioridade máxima a reposição das perdas salariais desde 1998 e uma exposição sumária da nossa evolução remuneratória, e por que somos hoje um dos piores salários do país (campanha institucional junto a sociedade).