Jonas Alfredo da Silva Santos

Faculdades Metropolitanas Unidas

UNIITALO

 

O slackline é uma modalidade de andar sobre uma fita mantendo o equilíbrio. Sua vertente mais radical é o highline, que consiste em montar esta fita numa altura superior a 10 metros. Esta atividade está cada vez mais ganhando adeptos, pois proporciona um desafio de controle corporal e de auto superação. O objetivo desta pesquisa foi verificar como os participantes de um evento de highline enfrentam o medo. Foi realizada uma pesquisa descritiva com 48 participantes, 25 mulheres e 23 homens. Todos assinaram o TCLE e responderam a uma entrevista semiestruturada, com as seguintes perguntas: Você tem medo de altura? Qual sua maior dificuldade no highline? Como você percebe sua respiração? A análise foi feita na perspectiva da complexidade de Edgar Morin. 25 sujeitos afirmam ter medo de altura, destes 17 são do sexo feminino, com apenas 8 homes dizendo sentir medo. Daqueles que afirmam não ter medo, 2 sujeitos não responderam as perguntas seguintes, ficando sem palavras, ao se expressar em relação à sua negativa ao medo. Observa-se que tanto quanto o medo de altura, muitos temem cair em contradição com suas próprias palavras, para não expor o sujeito numa fraqueza pessoal. Porém dos 21 que responderam a primeira pergunta, 7 assinalaram que sua maior dificuldade é ter medo, preferindo encarar a realidade da contradição à continuar com angústia de responder com a inverdade. Os demais apresentaram respostas contraditórias: “administrar as sensações”, “entender o fator altura”, que remetem a busca da razão, para sustentar sua coragem, ou “força nos braços”, “resistência física”, que são aspectos físicos não relevantes nesta prática, ou ainda “subir no drop” que é ficar em pé sobre a fita, ou seja, o próprio desafio do slackline. As respostas são tentativas de aliviar o medo, procurando outras formas de expressá-lo. Surgiram novas incongruências quando responderam sobre a respiração: “travada”, “agitada”, “contraindo o abdômen”, “tensa”, “com a boca”, aqui a mente tenta omitir o medo e o corpo denuncia a insegurança. Por fim, somente 5 pessoas ofereceram respostas coerentes em relação ao medo, às 3 perguntas, como: “medo” – “atravessar grandes distâncias” – “tranquilo”. Estes sujeitos apresentam mais de 17 meses de prática, e são do sexo masculino. Apreende-se disto que ter experiência é fator relevante para a prática do highline, pois o controle do medo é essencial para o sucesso, e que ser homem pressiona o sujeito no sentido de afirmar-se corajoso, mesmo enganando a si mesmo. A grande coragem aqui é dizer que tem medo.

Palavras chave: slackline, highline, medo.

Outros respondentes procuravam justificar sua ausência de medo, alguns buscando na racionalidade de entender e administrar a situação vivida, e outros preferiram apontar questões físicas e técnicas como dificuldade, não encarando o medo de frente.

Quando se confrontou a primeira pergunta com a segunda 6 sujeitos caíram em contradição apontando que tem medo. 3 sujeitos buscaram respostas na racionalidade como administrar, adaptar e entender a situação da altura. Por fim, os demais 11 apontam motivos físicos e psicológicos distintos como a resistência física, a distância a ser percorrida, o controle corporal, ou o drop, que é subir na fita e manter-se em pé na mesma como obstáculo. A comparação da primeira com a segunda pergunta trouxe as seguintes relações: 8 deles assinalaram algum problema como ofegante, travada, tensa, e “quase não respiro”. Caso não tivessem medo não tinham porque sentir desconforto ao respirar, como apareceu nas respostas. 12 pessoas falaram que a sentem tranquila e com controle sobre a respiração. 1 deles disse que respira pela boca, quase uma resposta pela tangente. Destes 12 que apresentam boa confiança na respiração,