Dores

Eu sou curiosa sobre diversas áreas da medicina. Gosto de ler bulas de remédio para saber como eles atuam, gosto de ler sobre doenças e deformidades na internet, tenho livros sobre medicina na minha casa (e não tem nenhum médico na família) e sempre que tenho tempo, assisto a cirurgias no YouTube. Não para aprender a fazer, mas pra ver como são feitas, as técnicas, os instrumentos... E essa minha facilidade pra ver sangue, ossos e vísceras já me ajudou a ajudar muito acidentado por aí!

Pena é que nada disso serve para “eu me ajudar-me a mim mesma”, como diz minha vizinha. Ao longo dos anos, fui desenvolvendo uma série de problemas de saúde, e acabei virando a “cliente do mês permanente” na farmácia do meu bairro. A última novidade é a tal da hérnia de hiato, que me tornou consumidora contumaz do Omeprazol. Mas o que é hérnia de hiato?

Recebendo o diagnóstico

Eu fui ao médico porque estava sentindo dores muito fortes no alto do ventre, perto do estômago, cerca de duas horas depois de comer algo sólido. Na verdade, não sabia se isso tinha a ver com a dor, mas como eu havia reparado na repetição, relatei isso a ele. Então, me pediu para fazer a temida endoscopia. Na mesma hora, já emburrei e falei que não sabia se faria. Assim, igual criança. Ele começou a rir e perguntou se eu tinha ouvido muitas histórias sobre o exame, mas o problema é que eu, na verdade, faço vômito muito fácil. Imagine ter uma mangueira de jardim enfiada na goela! Ele garantiu que, com o anestésico spray na garganta e mais o sedativo que ele me aplicaria, eu não veria nada. “Nada?”. “Nada. Prometo”.

E lá fui eu. De fato, o anestésico na garganta, amargo feito extrato de própolis, apagou meus nervos da garganta, e o sedativo... “ô, doutor... deixa eu levar um desse pra casa?...”. E apaguei. Acordava de vez em quando, olhava para a tela, não entendia nada que estava passando e voltava a dormir. Passei um dia inteiro dormindo, o que foi uma bênção! E quando voltei para o retorno, ele bateu o martelo: hérnia de hiato. Meu estômago estava passando parcialmente por aquele furinho do diafragma (que é chamado de hiato) e por isso eu tinha tantas dores. E por sinal, azias demais também. A solução pó meu caso era evitar comer muito à noite e, por um mês, tomar Omeprazol toda manhã.

Ainda bem que meu caso é mais brando e fácil de controlar. Em alguns casos, a hérnia permite uma passagem tão grande do estômago que pode prejudicar até o coração (afinal, acima do diafragma é que ele fica) e dói pra caramba – e aí sim, precisa de cirurgia. Dizem que ela é simples, mas mesmo assim... cirurgia é cirurgia, né?

Manutenção diária

Hérnia de hiato é uma coisa que a gente não pode descuidar nenhum dia. Uma vez eu descuidei e só Deus sabe como sofri! Abusei do pão de forma com patê de atum e a azia que me deu ninguém conhece. Queimava até em cima, quase no nariz! Isso acontece especialmente quando uma parte do estômago está “vazada” para cima do diafragma, criando um “falso estômago” em miniatura – como se a gente pegasse aquelas bexigas de fazer bichinho em festa infantil e torcesse, formando mais de um compartimento. Fica um pouquinho de comida no falso estômago que está acima do hiato, e o restante vai lá para baixo, para o restante do estômago. Esse tantinho que fica na parte de cima é que causa a bagunça toda. Se a gente se deita com comida nele, então... dá até refluxo. Um horror.

A dica mais válida é evitar comer até ficar estufado, porque com o estômago muito cheio, é inevitável que fique algum alimento no falso estômago, e o desconforto é certo. O jeito é, mesmo, comer pouco, devagar e dividido em vaaaárias refeições ao longo do dia. Dureza é manter esse cuidado em dias de happy hour, né? Senão não tem Omeprazol que dê jeito no dia seguinte!