INTRODUÇÃO

O mal entrou no mundo através dos primeiros seres humanos criados: o homem e a mulher.  Este, por livre vontade, caiu no engano do diabo, pecando contra o Criador. O pecado é uma das mais cruéis realidades do mundo que nos rodea e é em impossível ignorá-lo.

Mais o que é o pecado? Como ele entrou no mundo?  Qual a sua origem? Como ele se manifesta? Esta e outras perguntas serão respondidas ao longo do nosso estudo sobre A Doutrina do Pecado. Lembrando “que a palavra pecado ocorre cerca de 440 vezes nas Escrituras.” (SILVA, 2009, s.p.). Então porque estudar sobre o pecado? Bem, para nós este assunto é relevante porque o Cristianismo é uma religião de Redenção, Salvação. Só há redenção e salvação porque e existe o pecado. Não se pode falar em pecado, sem falar em redenção, ou vice-versa.

I. A DOUTRINA DO PECADO

Definição do pecado

A bíblia deixa claro que o pecado é a causa da perdição do homem. “A palavra ‘pecado’ vem do grego hamartia, e denota tudo aquilo que não se conforma com a lei divina.” (ZIBORDI, 2012, p. 101). Isto é, “errar o alvo”, “perder o rumo”, “fracassar”. Ainda segundo Zibordi as Escrituras citam 372 formas de pecados.

O veredito é claro: “Todos pecaram” (Rm 3.23). Todos os seres humanos foram postos na condição de pecadores, segundo a reta justiça de Deus: “A Escritura encerrou tudo debaixo do pecado” (Gl 3.22). No ser humano o pecado sediado na alma, domina sua vontade e tem como instrumento orgânico o corpo humano. O homem não é pecador primeiramente porque peca, mas peca porque é pecador. O apóstolo Paulo demonstra que todos os homens sem Cristo estão a serviço do pecado (leia Romanos 3.10-11).

A transgressão e Iniquidade.

Ciro Sanches Zibordi (2012, p.102) diz que a palavra transgressão (hb. pesha e do gr. hamartema) denota quebra das leis divinas, dos mandamentos. Significa transpor a fronteira da lei, do bem, da ordem, da decência. “Literalmente ir além do limite. Os mandamentos de Deus são cercas, que impedem ao homem entrar em território perigoso”. (AGOSTINHO e GUIMARÃES, 2012, p.168).

A epístola aos romanos declara que uma das principais finalidades da Lei é expor a hediondez do pecado (Rm 7.8,13b), porque é depois que tomamos conhecimento disso que passamos a valorizar a graça de Deus em toda a sua extensão: “Veio, porém, a lei para que a ofensa abundasse; mas, onde o pecado abundou, superabundou a graça.” (Rm 5.20).

Iniquidade é outro termo usado para pecado é, fora do prumo, fora de nível, do lado de fora, erro, afastar-se do certo, errar o alvo. (ZIBORDI, 2012, p. 101). A iniquidade se refere principalmente ao pecado do crente. Agostinho e Guimarães (2012, p.168) definem iniquidade como:

“injustiça, perversidade. Refere-se não só ao sentido geral do ‘erro’, mais especificamente ao mal, em sua forma ativa, isto é, dolo (Nm 16.26); que denota perversidade de mente (Pv 15.28; Rm 1.29) mediante a qual o homem ímpio é o que dá pouca ou nenhuma importância a Deus”.

 II. ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SOBRE O PECADO.

Sobre a universalidade do pecado.

Em Romanos 3.23 temos o aspecto universal do pecado: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Aqui e em outras passagens bíblicas temos a evidencia de que toda a humanidade, sem exceção, foi atingida pelo pecado.

Sobre a realidade do pecado.

Por mais que muitos tentem negar (por exemplo, o ateísmo) a existência do pecado, ele é real (leia Hb 12.1; Sl. 51.5).

Elas são tão contundentes que é um absurdo negá-lo; é idiotice; é insanidade. Algumas dessas evidências são: cada hospital; cada casa funerária; cada cemitério; cada fechadura deporta; cada caixa forte de banco; cada alarme contra ladrão; cada policial, guarda, soldado; cada tribunal; cada prisão; cada dor, doença, morte, tristeza, pranto, guerra, etc. (ZIBORDI, 2012, p.105).

 Sobre o pecado como ato.

“É importante, aqui, distinguirmos entre ato e estado pecaminoso. A Bíblia apresenta o pecado como um ato nosso, perpetrado por natureza e escolha deliberada”. (Idem) “Cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá luz ao pecado; e o pecado sendo consumado, gera a morte.” (Tg 1.14,15).

 Segundo a Bíblia o pecador não sabe escolher o bem, ele sempre opta pelo mal: O filho pródigo não soube escolher o bem, escolheu o mal (Lc. 15.11-18). O crente carnal também não sabe escolher o bem: Ló, por si mesmo, optou pelo pior, para ele e sua família (Gn 13.11,12). Da mesma forma Esaú, vendeu sua primogenitura (Gn 25.29-34). E Marta não soube escolher o bem, como sua irmã Maria, que representa um crente espiritual (Lc 10.41,42). “O pecado como um ato praticado é, pois, um efeito, e não uma causa; a causa é a nossa natureza decaída” (Idem).

Sobre o pecado como um estado.

Vimos que o pecado como ato, diz respeito á nossas escolhas. Mas “o pecado como estado indica que todos os homens estão propensos a pecar. [...] Ou seja, é uma causa, e não um efeito. Como causa, o pecado é parte integrante da nossa natureza”. (ZIBORDI, 2012, p. 106).

III. O PECADO E SUA PRÁTICA, CONSUMAÇÃO E CONSEQUÊNCIA.

O pecado e sua prática.

“Quanto à prática, há o pecado de comissão, que é fazer ou praticar a coisa errada (Tg. 1.15); e o pecado de omissão, que significa deixar de fazer a coisa certa, justa. Assim o pecado não é somente praticar o mal; deixar de fazer a coisa certa é também pecado”. (ZIBORDI, 2012, p. 106). - Leia Tg. 4.17 e 1 Sm. 12.23.

O pecado de omissão: Temos o exemplo do servo inútil, condenado porque não fez nada, apesar de ter recebido bens de seu senhor para cuidar (Mt. 25.24-30). Na parábola das dez virgens, as loucas não se prepararam (Mt. 25.3).

Todo pecado é praticado primeiramente contra Deus: Davi, além de pecar contra Bate-Seba, Urias e si mesmo, pecou primeiramente contra Deus, o Legislador: “Contra ti, contra ti somente pequei, e fiz o que a teus olhos é mal...” (Sl 51.4). “O filho pródigo pecou conta si mesmo e contra a sua família, mas primeiramente contra o seu pai, que na parábola representa Deus”. (Lc 15.21).

A consumação do pecado.

Consumar, segundo o dicionário Aurélio, significa terminar, acabar, realizar, praticar (AURÉLIO, 2001, p.179). a) Pecado voluntário, consciente, deliberado: (Mt 25.25; Lc 19.20-23; Js 7.21). b) Pecado involuntário, inconsciente, não deliberado: (Sl 19.12; Sl 90.8; Jr 17.9; Lv 4.13-21; 5.15, 17; Nm 15.22-31). “Este, ainda que cometido de modo involuntário, por imprudência ou inconsciência, terá a sua devida condenação”. (ZIBORDI, 2012, p. 108-109).

As consequências do pecado.

Há pecados que são para morte e outros não: “Se alguém vir seu irmão cometer pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte, e por esse não digo que ore”. (1 Jo 5.16)

O pecado para morte: “Dependendo de sua degradação, traz como consequências: sofrimentos, morte espiritual, morte física e até perdição eterna”. (ZIBORDI, 2012, p. 107).

Pecados não para morte: todo pecado é transgressão para com Deus, porém nem todo pecado é igual aos olhos de Deus. O pecado, mesmo que perdoado, não exime de suas consequências (leia Sl 99.8; Nm 14.199-23). Zibordi (2012, p.108) diz que “o perdão de Deus nos livra da condenação como filhos de Deus, mas não do castigo, que tem a ver com nosso aprendizado espiritual”.

CONCLUSÃO.

A Doutrina do pecado é sumamente importante e deve merecer atenção especial de cada sincero estudante da Bíblia Sagrada. Se por quaisquer razões a negligenciar as verdades bíblicas concernentes ao pecado, deixarmos de possuir a verdadeira noção da Obra Redentora de Cristo. 

REFERÊNCIAS:

AGOSTINHO, Edson Alves; GUIMARÃES, Sérgio Aparecido. Epístolas. 3ª ed. Apucarana: WM Gráfica e Editora, 2012.

CRISPIM. Claudio F. Introdução à Hamartiologia. [s.l.s.n]: 2015. Disponível em http://www.estudobiblico.org/pt/detalhe/ver/introducao-a-Hamartiologia-318.> Acesso em 13 de. 2015.

SILVA, Adenilton S. Hamartiologia. [s.l.s.n.]: 2009. Disponível em http://estudodehamartiologia.blogspot.com.br/search?updated-min=2009-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2010-01-01T00:00:00-08:00&max-results=1>. Acesso em 14 dez. 2015.

ZIBORDI, Ciro Sanches (comp). Teologia Sistemática III. 3ª ed. Apucarana: WM Gráfica e Editora, 2012. p. 100-109.