GUERRA FRIA: Seus efeitos no cenário mundial

 

Itamar D.Santos

Resumo

Este artigo foi desenvolvido, a partir de uma série de estudos, na tentativa de compreender o verdadeiro conceito e efeitos da Guerra Fria para o cenário mundial. Minha inquietação foi motivada por notar que os livros didático aborda esse tema de forma muito superficial. Que a invés de esclarecimento, deixa os alunos com mais interrogação sem resposta.

Palavras chaves: Guerra Fria, Exército, Coréia.

 

INTRODUÇÃO

 

A Guerra Fria teve início logo após a Segunda Guerra Mundial, pois os Estados Unidos e a União Soviética vão disputar a hegemonia política, econômica e militar no mundo pós guerra. Vale lembrar que durante a Guerra Fria não houve um enfrentamento direto das superpotências EUA e URSS nem mesmo uma declaração de guerra. (GADDIS, p.26) Mas seus efeitos puderam ser sentidos no mundo inteiro. Podemos destacar, todavia seus efeitos no campo das mentalidades, político e econômico.

Efeitos no campo da mentalidade

No campo das mentalidades havia uma insegurança generalizada, que por sua vez deixava a interrogação, o que esperar? Qual o futuro da humanidade? Haverá ou não uma terceira Guerra Mundial? O clima era de verdadeira tensão.

A Guerra Fria entre os EUA e URSS, que dominou o cenário mundial (...) Gerações inteiras se criaram a sombra de batalhas nucleares globais que acreditavam-se firmemente, podiam estourar a qualquer momento, e devastar a humanidade. (HOBSBAWN, 1995, 244).

 

De acordo com E. Hobsbawn, 1995, p.224 para legitimar uma possível guerra nuclear as duas potencias usavam um discurso apocalíptico, provocando na humanidade ainda mais a incerteza de sobrevivência por muito tempo. Em alguns momentos tiveram a impressão que ela iria iniciar a qualquer momento. Poderíamos falar de vários momentos como, por exemplo: Quando os aliados disfarçados como Nação Unida intervieram na Coréia em 1950 no objetivo de impedir que o regime comunista se estendesse ao sul do país. A mesma política foi adotada no Vietnã que por sua vez foi um desastre. No Afeganistão após oito anos de combate aos guerrilheiros apoiados pelos Estados Unidos, a União Soviética se retirou para evitar o mais temível.

 Vamos nos ater ao confronto de guerra civil entre a Coréia do Norte que estava sob controle comunista e Coréia do Sul sob controle capitalista. O presidente da Coréia do Sul Syngman Rhee na esperança de conquistar a Coréia do Norte, porém, não podia fazer isso sem o devido apoio da superpotência visto que a Coréia do Norte estava sob controle de Moscou. Uma vez que Washington desse carta branca para o presidente coreano dando-lhe essa permissão e sobretudo apoio hipoteticamente daria início a Terceira Guerra Mundial. Mas o governo americano Truman negou o apoio para evitar o ele temia a guerra.

Uma das razões para os americanos retirarem suas tropas da Coréia do Sul foi (...) o temor de que o imprevisível Rhee resolvesse “marchar rumo ao norte” e arrasta-los a uma guerra que não desejavam. (GADDIS, 2006, 39).

Todavia com a retirada do exército americano da Coréia do Norte não significou uma estabilidade. Uma vez que o governo dos Estados Unidos anunciou que o seu perímetro de defesa não incluía mais a Coréia do Sul. Discurso que Stalin leu atentamente com devidos cuidados. Seria a “luz Verde” para Moscou colocar em pratica um plano estratifico que por sua vez estava destinado a abraçar a grande oportunidade de invadir a Coréia. O norte coreano atuaria no pretexto de unificar o país, tendo de Stalin todo apoio necessário. Uma vez apoiado pelos soviéticos a Coréia do Norte deu início a invasão ao norte coreano.

Isto repercutiu para o governo americano como um desafio. Vale salientar que a Coréia do Sul não tinha importância para o equilíbrio global de poder. Mas Truman ficaria indignado pela forma acintosa que fora invadida violando os limites sancionados pela ONU isto é, o paralelo 38º soando, portanto desafiar toda a estrutura de segurança coletiva do pós-guerra. Segundo Gaddis, “Truman não tinha muito que pensar para decidir o que fazer”. Já que foi um acontecimento como este que fez desmoronar a ordem internacional dos anos 30 acarretando na II Guerra mundial. Seu governo levou poucas horas para decidir que os Estados Unidos defenderia a Coréia do Sul. (GADDIS, 2006, 41).

Decisão esta que colocaria soldados americanos e soldados soviéticos frente a frente em uma batalha onde as tropas americanas e sul coreano tiveram que recuar até o extremo sudeste da península. Até que Macarthur com um plano brilhante, surpreendeu os norte-coreanos com o desembarque anfíbio em Inchor, próximo a Seoul. Isolando o exército norte-coreano ao sul do paralelo 38. Mas o momento mais tenso estava para por vir. A União Soviética dado por “Vencida” aquele confronto, bastava saber e esperar qual seria a decisão dos chineses diante daquela situação, visto que eles haviam apoiado a invasão à Coréia do Sul. Logo Moscou ficou sabendo que Mao estava disposto a mandar ajuda militar para auxiliar o exército soviético e encarava essa decisão como sendo uma oportunidade de uma espécie de estágio para o exército japonês, vejamos seu discurso em relação ao apoio aos coreanos:

   No discurso de Mao ele dizia: “não podemos falhar no apoio aos coreanos temos de dar-lhes a mão mandando voluntários” (GADDIS, 2006,42).

É agora que vai estourar a guerra, pensavam todos. Mas não foi desta vez. O governo preocupado com a inversão chinesa e qual o rumo que isto tomaria. Truman impediu que Marcathur avançasse até o Rio Yalu, que era o limite sino coreano. (GADDIS, p.42). Em suma a guerra entre as duas Coréias só teve seu fim em 1953, quando foi firmado um armistício, que confirmava a divisão da Coréia. Que permanece até o dia de hoje.

 

 Efeitos no campo político e econômico

No âmbito político e econômico a rivalidade era patente cada um com objetivo de manifestar seu potencial e impressionar o globo. Os Estados Unidos por ter o monopólio da Bomba Atônica pensava em intimar a União Soviética. Para Truman o monopólio nuclear era única forma de conter a expansão soviética pelo o resto da Europa. (Gaddis, p. 34) Era só questão de tempo quando Stalin tivesse consciência do poder destruidor da bomba iria moderar suas ambições. Diante das demonstrações de poder da bomba, Stalin sabia que era muito importante naquele momento não se mostrar amedrontado, assustado, até porque a bomba atômica era uma arma poderosíssima no caso de uma guerra propriamente dita, portanto sem guerra era um recurso “inútil”.

Numa entrevista em 1946, Stalin disse: “A Bomba Atômica são feitas para fazer tremer quem tem nervos fracos...” (GADDIS, 2006, 54). O monopólio norte americano durou pouco tempo depois do lançamento das bombas em Nagazaki e Hiroshima agosto de 1945 que pos fim definitivamente a II Guerra Mundial. Truman acreditava que os russos levariam 10 anos para testar a sua primeira bomba, previsão errada, para surpresa do presidente dos Estados Unidos em 1949 quatro anos após o ocorrido nos paises japoneses, os cientistas soviéticos davam a Stalin uma bomba própria.

A política armamentista caminhava em direção de mostrar a superioridade de ambas as potencias diante da outra. Uma vez que elas possuíam a bomba atômica relativamente havia um equilíbrio. Diante da perspectiva de superioridade o equilíbrio bélico não era suficiente. De acordo com John Gaddis, em fase do teste soviético com a bomba em agosto de 1949, “os cientista norte-americanos expôs ao presidente Truman a possibilidade de construir uma bomba mais potente que a bomba atômica, a bomba termonuclear ou a superbomba”. (GADDIS, 2006, 58).

Em 1952 a superbomba já era uma realidade para os EUA no ano seguinte a URSS também fizera seu teste no deserto da Ásia Central. Essa rivalidade pendurou por quarenta anos, sem um confronto direto as armas nucleares não pôde ser usada, como bem argumentou Stalin.

Embora os aspectos mais óbvio da Guerra fria fosse o confronto militar e cada vez mais frenética corrida armamentista no Ocidente, não foi esse s seu grande impacto. As armas nucleares não foram usadas. (Hobsbawn, 1995, 234).

No que diz respeito ao contexto econômico não fugirá daquilo que tratamos no cenário político isto é, no cenário econômico a rivalidade também era presente. Porém não podemos cometer o equívoco e dizer que a economia Soviética tinha o mesmo equilíbrio que a economia norte-americana. Primeiro por que a URSS sairá da guerra em ruínas, exaurida e exalta com uma economia que de acordo com Hobsbawn estava em frangalhos. Por outro lado a maior parte da população russa não residia na Rússia, isto deixava, portanto o governo desconfiado. Mas como demonstrar igualdade de força diante de uma superpotência com uma economia relativamente superior a sua? Para Hobsbawn “enquanto os Estados Unidos se preocupava com um perigo de possível supremacia soviética num dado momento futuro Moscou se preocupava com a hegemonia de fato dos norte-americanos em toda parte do mundo que por sua vez não era ocupado pelo Exército Vermelho” (Era dos Extremos 231).

Falar do cenário econômico durante a Guerra Fria se faz necessário fazer uma retrospectiva e nos deter na crise de 29. Mas, antes, porém, devemos falar que a Primeira Guerra Mundial devastou parte do Velho Mundo. Seguida por um colapso mundial que por sua vez foi sentido em todos os lugares. No mundo entre guerra a economia mundial capitalista desmoronou levando consigo o liberalismo econômico que ficou estagnado por cerca de meio século, colocando em dúvida a supremacia dos Estados Unidos, que havia saído da I Guerra mundial com um bom superávit devido sua posição geográfica o país não sofrera nenhum dano.

Uma vez que os EUA conseguem reconquistar sua hegemonia com uma seria de medidas adotadas por Roosevelt, no mesmo ano explode a II Guerra Mundial era preciso tomar algumas precauções para não cometer os mesmo erros cometidos após a I Guerra. Sobretudo agora que os europeus tinham uma superpotência ao oriente. Que acreditava que o capitalismo seria inevitavelmente substituído pelo comunismo

Embora os cofres norte-americanos não tivessem lotado de dólares, era preciso pensar em um projeto que viesse contemplar os países europeus que foram devastados durante a guerra, de fato os EUA não estavam preocupados com a reconstrução propriamente dita, mas, de preparar território para o capitalismo. Portanto o discurso do presidente Roosevelt, na intenção de mobilizar a população fez um apelo dizendo que os EUA era um país capitalista, uma vez que eles ajudassem a Europa a se erguer, na realidade eles estavam investindo para seu próprio futuro desde que esses países do Antigo Mundo se tornassem importadores de suas mercadorias.

Na teoria o Plano Marshall objetivava reconstruir os Países europeus e assegurar aos Estados Unidos uma hegemonia econômica absoluta para não correr o mesmo episódio de 1929. Visto que na medida em que os países que sofria com a escassez e a pobreza sequelas da guerra, não tinha alternativa a não ser aderir ao sistema comunista. O Plano Marshall seria uma forma de manter as esperanças vivas, ao contrário as sementes do regime totalitário seria alimentada isto é, germinava e se alastrava no continente europeu.

O Plano Marshall se baseou em vários premissas: que a ameaça mais séria ao interesses ocidentais na Europa não era a perspectiva de uma intervenção militar soviética, mas o perigo de fome pobreza e desespero levarem os europeus a porem no governo seus próprios comunistas, que então atenderiam obedientemente os desejos de Moscou. (GADDIS, 2006.30).

 

O Plano Marshall provou uma tensão psicológica em Stalin que o levou a construir o muro de Berlin, dividindo a Europa em ocidente e oriente, e apontaria os Estados Unidos como o protagonista da que poderia assumir a iniciativa tanto geopolítica quanto a moral da Guerra Fria. Enquanto Stalin, para a Alemanha assumiria o papel de vilão nesse cenário, uma vez que sua decisão de construir o Muro separavam os ente queridos do oriente e ocidente alemão.

Considerações finais

 

Em suma, a falta de democracia atrelado ao atraso econômico e a crise nas repúblicas soviéticas acabaram por acelerar a crise do socialismo no final da década de 1980.

REFERENCIAS

 

      GADDIS, John Lewis. História da Guerra Fria: (Tradução de Gleyber Viera): Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.

      HOBSBAWN. Eric. Era dos extremos: O breve século XX: 1914-1991 2ª ed. São Paulo: Companhia das letras, 2006.

                                                                                   

 SANTOS, I,D.