Grupo Abril: Jornalistas Metidos Com a Gangue de Marighela
Por Félix Maier | 12/11/2008 | PolíticaCaros editores de Veja,
Abaixo, verbete que consta de meu trabalho "Arquivos I - Uma história
da Intolerância", ainda em andamento, mas já disponível no site Usina
de Letras, link "Artigos", que trata da participação de antigos
jornalistas do Grupo Abril com a gangue terrorista de Marighela, os
quais foram recrutados por Frei Beto.
"Frades dominicanos - No início de 1968, houve várias reuniões no
Convento dos Dominicanos do Bairro das Perdizes, em São Paulo,
lideradas por Frei Osvaldo Augusto de Rezende Júnior, congregando
frades para tomada de posição política, que culminaria com a adesão do
grupo ao Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP) – que teve, ainda
naquele ano, mudado seu nome para Ação Libertadora Nacional (ALN).
Participaram das reuniões Frei Carlos Alberto Libânio Christo (Frei
Beto), Frei Fernando de Brito (Frei Timóteo Martins), Frei João Antônio
Caldas Valença (Frei Maurício), Frei Tito de Alencar Ramos, Frei Luiz
Ratton, Frei Magno José Vilela e Frei Francisco Pereira Araújo (Frei
Chico). Frei Osvaldo, apresentando Marighela a Frei Beto, conseguiu a
adesão ao AC/SP de todos os dominicanos que participaram das reuniões.
Frei Beto também entrou em contato com a VPR por intermédio de Dulce de
Souza Maia, nos meios teatrais, onde Frei Beto atuava como repórter da
"Folha da Tarde". A primeira tarefa que os dominicanos receberam de
Marighela foi fazer um levantamento de áreas ao longo da Rodovia
Belém-Brasília, para implantação de uma guerrilha rural. A área de
Conceição do Araguaia, onde a ordem dominicana possuía um convento, foi
assinalada no mapa como área prioritária, pois teria importante apoio
logístico. O levantamento sócio-econômico da região foi feito com base
no "Guia Quatro Rodas", da Editora Abril. Esse trabalho passou a ser
compartimentado, para aumentar a segurança, e os frades passaram a
utilizar codinomes: Frei Ivo, o Pedro; Frei Osvaldo, o Sérgio ou Gaspar
I, nos contatos que este tinha com Marighela; Frei Magno, o Leonardo ou
Gaspar, era quem mantinha contato com Joaquim Câmara Ferreira; Frei
Beto, o Vítor ou Ronaldo, ficou encarregado do sistema de imprensa e
também dos contatos com Joaquim Câmara Ferreira, que coordenava as
atividades do Agrupamento em São Paulo (o AC/SP se infiltrou na Editora
Abril e no jornal "Folha da Tarde", do Grupo Folha). Na "Folha da
Tarde", Frei Beto recrutou os jornalistas Jorge Miranda Jordão
(Diretor), Luiz Roberto Clauset, Rose Nogueira e Carlos Guilherme de
Mendonça Penafiel. Clauset e Penafiel cuidavam da preparação de
"documentos", e Rose, do encaminhamento de pessoas para o exterior. Na
Editora Abril, a base de apoio era de aproximadamente 20 pessoas,
comandadas pelo jornalista Roger Karman, e composta por Karman, Raymond
Cohen, Yara Forte, Paulo Viana, George Duque Estrada, Milton Severiano,
Sérgio Capozzi e outros, que elaboraram um arquivo secreto sobre as
organizações armadas (servia também como fonte de informações para
organizações subversivas). O AC/SP tinha assistência jurídica, composta
de 3 advogados: Nina Carvalho, Modesto Souza Barros Carvalhosa e
Raimundo Paschoal Barbosa. Quando procurado pela polícia, em São Paulo,
Frei Beto, que havia ingressado no convento dos dominicanos, em São
Paulo, em 1966, foi acobertado pelo Provincial da Ordem, Frei Domingos
Maia Leite, e transferido para o seminário dominicano Christo Rei, em
São Leopoldo, RS. Frei Beto foi preso no RS, onde atuava junto com a
ALN para fuga de terroristas ao Uruguai."
A respeito de Marighela e de seu grupo criminoso, sugiro acessar http://www.ternuma.com.br/
Atenciosamente,
Félix Maier
P.S.: O coronel Lício Maciel, cujo grupo de combate (GC) prendeu José
Genoino, em seu livro "Guerrilha do Araguaia - Relato de um
combatente", disse que um outro GC tomou, à força, um cristal de um
transmissor, que tinha contato com Tirana, na Albânia (Como se sabe, o
PCdoB tinha aquele país como "farol" do seu movimento). E onde estava a
estação-rádio? Ora, num convento dos... frades dominicanos, no interior
de Goiás. Meu tio materno Arno Preis tinha também ligações com essa
gente, tanto é que foi morto no antigo estado de Goiás, hoje Tocantins,
depois de matar um soldado da PM e ferir outro. Donde se depreende que
a Guerrilha do Araguaia foi muito mais do que se diz sobre os mortos e
desaparecidos do PCdoB. Esse movimento subversivo comunista era muito
mais abrangente. Sorte do Brasil que não vingou a idéia de transformar
nosso País em um "paraíso" cubano, sonho de Frei Beto até os dias de
hoje.
P.P.S.: Talvez seja esse um dos motivos de a revista Veja até hoje
tratar a Contra-Revolução de 1964 como uma simples quartelada e ignorar
solenemente os livros escritos por militares a respeito da luta armada,
a exemplo de "A Verdade Sufocada", do coronel Carlos Alberto Brilhante
Ustra, que chegou a estar entre os 3 livros mais vendidos no Brasil,
segundo noticiou o Jornal do Brasil. Se, ao contrário, algum jornalista
do Grupo Abril metido com o grupo terrorista de Marighela tivesse
escrito um librito sobre a Guerrilha do Araguaia, com certeza isso se
transformaria num ensaio de várias páginas de Veja.
*
A ALN também consta de "Arquivos I":
"ALN - Ação Libertadora Nacional: grupo terrorista, cujos fundos eram
obtidos por assaltos e dinheiro recebido de Cuba. Somente a partir de
1969 o Agrupamento Comunista de São Paulo (AC/SP) passaria a utilizar a
denominação Ação Libertadora Nacional (ALN); o AC/SP havia sido criado
em 1967 pelo terrorista Carlos Marighela, após este ser expulso do PCB,
depois da Conferência da OLAS, em Cuba. Sua obra "Minimanual do
Guerrilheiro Urbano" foi traduzida para vários idiomas e foi o "livro
de cabeceira" dos grupos terroristas "Brigadas Vermelhas", da Itália, e
"Baader-Meinhoff, da Alemanha ("... os "tiras" e policiais militares
que têm sido mortos em choques sangrentos com os guerrilheiros urbanos,
tudo isto atesta que estamos em plena guerra revolucionária e que a
guerra só pode ser feita através de meios violentos." - trecho do
"Minimanual"). No dia 10 Ago 1968, a ALN assaltou o trem-pagador
Santos-Jundiaí, levando NCr$ 108 milhões, ação que consolidou a entrada
da ALN na luta armada; nesse assalto, participou o Secretário-Geral do
Governo Fernando Henrique Cardoso (depois Ministro da Justiça), Aloysio
Nunes Ferreira Filho, que fugiu em seguida para Paris com sua esposa
Vera Trude de Souza, com documentos falsos. Junto com o grupo
terrorista MR-8, de Fernando Gabeira, a ALN seqüestra o embaixador
norte-americano Charles Burke Elbrick, no Rio de Janeiro, em 4 Set
1969, por cujo resgate foram libertados 15 terroristas (entre os quais
estavam Vladimir Palmeira e José Dirceu). Marighela foi morto pela
polícia em São Paulo, no dia 4 Nov 1969: após o seqüestro do embaixador
americano, as prisões de terroristas tiveram seqüência: no dia 1º de
outubro foi preso em São Sebastião, SP, o coordenador do setor de
apoio, Paulo de Tarso; no dia 2 Nov foram presos no Rio de Janeiro os
Freis Fernando e Ivo; no dia 3 Nov, já em São Paulo, Frei Fernando
"abriu" o restante da rede de apoio, sendo presos os Freis Tito e
Jorge, um ex-repórter da Folha da Tarde, responsável pelas fotos dos
documentos falsos, e um casal de ex-diretores do mesmo Jornal; Frei
Fernando foi quem levou ao "ponto" com Marighela, no dia 4 Nov, após
revelar duas senhas, pois era o responsável pela coordenação das
atividades dos dominicanos com Marighela, desde a saída de Frei Osvaldo
de São Paulo, em junho daquele ano; combinado o encontro com Frei
Fernando, Marighela resistiu à ordem de prisão quando entrava no carro
de Frei Fernando, sacando um revólver, quando foi morto pelos
policiais; a morte de Marighela repercutiu no Brasil e no exterior; com
a morte de Marighela, assumiu o comando Joaquim Câmara Ferreira, o
"Toledo", que viajou a Cuba com Zilda Xavier para receber instruções de
Fidel Castro, país em que um dos fundadores da ALN, Agonalto Pacheco,
estava em choque com as autoridades locais, especialmente o comandante
Manuel Piñero, o "Barbarroxa", acusado de desvirtuar as iniciativas do
AC/SP. Câmara Ferreira foi preso no dia 23 Out 1970, em São Paulo;
cardíaco, sofreu enfarte na viatura policial, vindo a falecer; Carlos
Eugênio Paz, em seu livro "Viagem à Luta Armada" (Editora Civilização
Brasileira, 228 páginas, 1996), fantasia a história, dizendo que
"Toledo" foi torturado até a morte pelo delegado Fleury; essa versão é
negada por Luís Mir ("A Revolução Impossível", pg. 560); em um bolso de
"Toledo", foi encontrada carta de Frei Osvaldo Rezende, onde constavam
contatos internacionais, projetos políticos e ligações com os Governos
cubano e argelino; o Governo brasileiro denunciou à ONU a ingerência em
seus assuntos de países que não respeitavam o direito internacional – o
que não teve nenhuma conseqüência prática. Em 7 Set 1970, João Alberto
Rodrigues Capiberibe (mais tarde Governador do Amapá), "militante" da
ALN, foi preso junto com sua mulher Janete e sua cunhada Eliane. Em 23
Mar 1971, a ALN faz o "justiçamento" de um "quadro", Márcio Leite de
Toledo; Carlos Eugênio Paz, em seu livro "Viagem à Luta Armada", afirma
que foi co-autor desse "justiçamento". Junto com o Movimento
Revolucionário Tiradentes (MRT), a ALN assassina o industrial Henning
Albert Boilesen,
diretor do Grupo Ultra, no dia 16 Abr 1971 (Sebastião Camargo, da
empresa Camargo Correia, era também alvo para seqüestro e
"justiçamento", mas prevaleceu a escolha de Boilesen, porque era
considerado "espião da CIA" e patrocinador da OBAN). Terroristas da
VAR-Palmares, da ALN e do PCBR assassinam o marujo da flotilha inglesa
que visita o Rio de Janeiro, David A. Cuthbert, de 19 anos, no dia 08
Jan 1972; nos panfletos, os terroristas afirmaram que a ação era em
solidariedade à luta do IRA contra os ingleses. Em 1971, a ALN
divide-se em duas facções: o Movimento de Libertação Nacional (MOLIPO),
fundado pelo serviço secreto cubano (José Dirceu, Chefe da Casa Civil
da Presidência durante o Governo Lula,, era um dos integrantes), e a
Tendência Leninista (TL). Em 1972, a ALN/SP assassina o gerente da
firma F. Monteiro S/A, Valter Cesar Galatti, ferindo ainda o subgerente
Maurílio Ramalho e o despachante Rosalino Fernandes; em 1972,
terroristas da ALN/GB, do MOLIPO e da ALN/SP assassinam o investigador
Mário Domingos Pazariello, o soldado da PM/GO, Luzimar Machado de
Oliveira e o cabo da PM/SP, Sylas Bispo Feche; a ALN/GB assassina em
1972 Íris do Amaral. No dia 21 Fev 1973, a ALN formou um grupo de
execução, integrado por 3 terroristas, que assassinaram o proprietário
do Restaurante Varela, o português Manoel Henrique de Oliveira, acusado
de ter denunciado à polícia, no dia 14 Jun 1972, a presença de 4
terroristas que almoçavam em seu Restaurante, 3 dos quais morreram logo
após (na verdade, os terroristas mortos estavam sendo seguidos pelo
DOI-CODI). No dia 25 Fev 1973, terroristas da ALN, da VAR-Palmares e do
PCBR assassinaram em Copacabana o Delegado Octávio Gonçalves Moreira
Júnior. Pelo extenso "currículo" de Marighela, seus familiares
receberam mais de 100 mil dólares de "indenização", outorgada pela
famigerada "Comissão dos desaparecidos políticos", criada no primeiro
Governo FHC. Além de Marighela, outro terrorista de destaque foi Carlos
Eugênio Sarmento da Paz, que confessou ter praticado em torno de 10
assassinatos. Jessie Jane Vieira de Souza, outra "militante" da ALN,
que participou do seqüestro de um avião, é hoje diretora do Arquivo
Público do Rio de Janeiro. Com o auxílio do Movimento Comunista
Internacional (MCI) e de padres dominicanos, como Frei Beto, a ALN
tinha um sistema de propaganda no exterior, a FBI."
Em "Arquivos I", veja ainda os verbetes AI-5, CEIAL, Frente Brasileira
de Informações (FBI), Foquismo, Frades dominicanos, Libro Blanco, M3G,
MOLIPO, OCLAE, OLAS, Organizações subversivas brasileiras, OSPAAAL,
PCBR, Pinar del Río, Revolução de 1968, Seqüestro de aviões, Violência
estudantil, VPR e www.olavodecarvalho.org/