Welinton dos Santos é economista e psicopedagogo

O momento econômico que vivemos é muito delicado, empresas demitindo, salários sem perspectivas de ganho real, pelo contrário, com queda de poder de compra, além de vários fatos ocorrendo simultaneamente que estabelece a necessidade de gestão eficiente.

O desemprego ultrapassará a casa de 1 milhão de postos fechados entre dezembro de 2008 a fevereiro de 2009.

Brasil é um dos poucos países em que há expectativas de investimentos positivos neste cenário atual.

No exterior não é diferente, mas muitos dos empregos deixarão de existir por longo tempo, porque quando uma empresa fecha uma loja ou fábrica, o retorno deste posto de trabalho no mercado é muito lento.

Aumento das parcelas do seguro-desemprego é uma medida que auxilia, bem como o aumento do salário-mínimo, mas é o setor produtivo agregado que gera maior riqueza para o país e também empregos.

O spread bancário ainda é alto e de difícil queda pelos riscos de garantias, mas observamos uma queda das taxas de juros, provocadas pela baixa procura de crédito.

O crédito continua muito seletivo. Uma medida que impactará no auxílio às empresas exportadoras previstas para 27 de fevereiro será o refinanciamento de dívidas de empresas privadas no exterior pelo Banco Central, que estão com dificuldades de renovação. O BC pretende liberar e cobrar em dólar, com juros correspondentes à Libor, como o que acontece hoje nos contratos internacionais, mais 1,5% ao ano de taxa de remuneração do banco, mais a taxa do banco privado ou público que a empresa escolher para solicitar o empréstimo. Com este tipo de medida, diminui parte do efeito de demissões.

Acelerar as obras do PAC, isentar de impostos produtos da construção civil, pode promover um crescimento da ordem superior a 1% do PIB, podendo gerar aumento de arrecadação ao final.

Cada 1% de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) são aproximadamente 750 mil novos postos de trabalho criados. O Brasil pode crescer 4% este ano, independente do momento grave da crise no 1º trimestre e contratar na mesma quantidade a mão-de-obra que foi demitida de dezembro a fevereiro.

Muitas empresas tradicionalmente conhecidas estão sofrendo forte impacto da queda de consumo de seus produtos, principalmente no exterior, que ocasionará em fechamento de milhões de postos de trabalhos pelo mundo.

As organizações precisam repensar nas políticas estratégicas de distribuição de seus produtos e serviços; diminuição de despesas administrativas e operacionais; adequação de produção; ajuste cambial, dentre outros fatores conjunturais.

Quando empresas precisam pensar em pontos tão delicados de sua gestão, as de grande porte tomam medidas preventivas como adequar funções, cortar áreas operacionais ineficientes ou com pouco retorno produtivo e até mesmo diminuir o volume de funcionários a princípio para não correr o risco de comprometer a vida do negócio.

São poucas as cidades brasileiras que não sentiram o efeito da crise no mês de janeiro, porque ela veio muito rápida e gerando o temor do desemprego.

Todas as medidas que se fizerem necessárias para a manutenção dos empregos, devem ser feitas. Todos devem pensar em conjunto e dar sugestões para a preservação e criação de novas oportunidades de trabalho e renda.

Existem muitas alternativas para geração de empregos, mas a demora entre o que é proposto até a sua conclusão deixa a população brasileira muito apreensiva. Este é o momento de gritar pela agilidade nas tomadas de decisões, não podemos esperar que discussões políticas coloquem tantos brasileiros na fila do desemprego. Este é o Grito de Socorro da Economia.