GREVE: UM DIREITO 2

Depois de pensar seriamente, resolvi publicar o artigo anterior fiquei imaginando se teria agido corretamente diante de tal situação.

Porém na tarde de ontem deparei-me com noticiários e demais meios de comunicação, com uma noticia que me decepcionou e entendi que deveria escrever mais diante de tal covardia de alguns de nossos governantes.

O recadinho era para que todos os contratados, “interinos”, a partir de segunda-feira, retornar a sua instituição para recomeçar o trabalho, caso contrário poderão dirigir-se ao departamento de pessoal para o acerto de contas. Isto porque para ser contratada precisei passar por um seletivo e estou na educação pelo meu esforço e nada mais. E assim, ficam as seguintes indagações, onde está o direito a greve, o direito de ir e vir. Será que vale somente para os efetivos, estes não voltaram, e de certa forma tem certa segurança e nós contratados somos a minoria. Tudo bem que nós na verdade, e no fundo somos mesmo zero a esquerda, meros fantoches, onde a qualquer hora ou momento podem ser “descartados”. Sabemos que um contrato é quebrado a qualquer momento, já o contrário exigem-se muito mais burocracias, sindicâncias, dá “trabalho”.

Então para que passar por todo o sofrimento que é uma graduação, depois pós-graduação, sendo que a segunda todas pagas por nós, pois para os contratados esta não pode ser gratuita e nos dois últimos anos  também não a  pagam, dizem  que contratados não têm direitos. Para que se aperfeiçoar, está informada e dentro do que o MEC nos propõe, atender as crianças com muito mais informação, planejar com prazer suas aulas ser uma educadora motivada.

Quer dizer que temos a obrigação de trabalhar com salas de aula lotadas, com falta de pessoas que nos auxiliam em sala de aula, falta de material pedagógico, de higiene, etc., ser menosprezadas por alguns colegas, onde não podemos ficar doentes é.... temos que conversar com a  doença para que ela venha somente nas férias, correr o risco de ser mandado embora a qualquer momento, conviver com instabilidade, todos os finais de ano ser dispensado e voltando a fazer teste seletivo a cada ano, sendo testada a todo o momento já que nossos governantes há quase oito anos não fazem concurso público, pois ‘contratados”, é mais fácil de lidar, não reclama, não pode adoecer, não paga salário referente ao nível de pós graduado, não pode votar para coordenador, não pode se destacar um pouco mais que os demais,  ser rotulado como “contratado’ a todo o momento, lidar com a incerteza de que se não passar no seletivo está desempregada no próximo ano, ser mal atendido todas as vezes que precisa fazer algo no departamento de pessoal pelas pessoas que estão lá e que são mal preparadas  para tal situação, etc.

Quer saber, a gente se cansa, porém não temos alternativa senão passar por tudo isto, já que sentimos na pele não existir ninguém para nos apoiar nestes momentos.

E assim continuamos, porém indignados e lutando para quem sabe em algum dia as coisas melhorem e todos tratados como iguais.

 

Desabafo de uma professora....