A sexualidade tem gerado muita polêmica além de discussões em seus variados tópicos, mas o que realmente é preocupante é a problemática da adolescência, quando os jovens estão desenvolvendo seus hormônios, além de ser a marca da passagem para a vida adulta. Sant’anna (1999) afirma que, a gravidez na adolescência não é algo recente na humanidade, mas ainda assim sempre é recebida com um “gosto” de novidade. Em estudos realizados pela Academia Paulista de Psicologia (2005) em algumas escolas públicas da região de Jandaia no interior de São Paulo, percebe-se que os professores têm algum tipo de receio para tratar o tema com os alunos, afirmando ainda que a educação sexual é uma competência da família independente se conversam abertamente sobre o assunto, é ela quem dá as noções básicas e orientações sobre o que é ou não adequado, podendo partir de um bom diálogo ou de normas e proibições. Segundo um professor da rede pública, a escola é o espaço ideal para discutir e abordar qualquer tema, por ser onde a maioria dos jovens se sentem mais livres e podem expor suas opiniões sem medo das retaliações da família, assim, o tema em questão, segundo a Secretaria de Educação e o PCN do MEC, é um tema transversal pertinente para um espaço específico. Considerando ainda a pesquisa já discorrida anteriormente, realizada em 2005 pela Academia Paulista de Psicologia, 99% dos professores entrevistados consideram que a orientação sexual na escola é de grande importância, afinal servirá de base futuramente para a formação e conscientização dos jovens quando adultos. Portanto, é no ambiente escolar que os jovens começam a formar opiniões a partir do compartilhamento de informações e experiências com os professores e colegas de idades e modos de vida diferentes. No entanto 45% desses educadores consideram que seja responsabilidade dos pais, 4% que seja uma responsabilidade da comunidade e 4% da igreja, ainda assim 58% destes trazem para si essa responsabilidade, desde que sejam capacitados para tratar sobre tal questão, entretanto 10% dos profissionais entrevistados direcionam tal tarefa unicamente aos professores de ciências e biologia, por serem estes qualificados. Percebe-se então uma transferência de responsabilidade dos pais para a escola, por estes não terem disposição ou dificuldades para tratar do assunto com os filhos. Em um estudo realizado pela Academia Paulista de Psicologia, o aprendizado em relação à sexualidade é muito complexo, vez que os jovens necessitam aprender os limites de sua “liberdade sexual”, juntamente com suas regras e responsabilidades que devem assumir enquanto cidadãos, segundo uma pesquisa feita por Maia (2004), revela-se que grande parte dos jovens têm conhecimento de pelo menos um método contraceptivo, nesse caso a camisinha, entretanto não fazem uso por acharem que seus pais e professores as vezes exageram ao abordarem o tema, ou ainda tem o pensamento ridículo de que “se meus pais fizeram porque eu não posso". Na pesquisa de Paixão (2003), realizada com adolescentes grávidas entre 13 e 19 anos de idade, mais de 78% não foram planejadas e 49% indesejadas, mas ainda assim 44,5% delas utilizaram algum método contraceptivo, mais ainda assim preferem não fazer uso por achar que nunca acontecerá consigo. Atualmente os profissionais da saúde e organizações mundiais consideram que no que concerne à figura feminina, ultrapassa os limites da fertilidade e gestação de um ser, pois essas atitudes implicam no bem-estar físico social e ambiental da jovem. Entretanto em outra pesquisa realizada por Almeida (2002), detectou-se que na maioria dos casos em que a jovem é mãe muito cedo, seus pais não tomam ciência da situação por medo de repressão, fato que dificulta as relações entre pais e filhos e geram consequências negativas no desenvolvimento psicológico da adolescente. Já para os professores o assunto pode ser um pouco mais fácil, apesar de apenas 33% se sentirem seguros sobre o tema. Diante disso, 19% deles acreditam que essa educação e orientação podem partir de palestras, 18% por discussões baseadas em circunstâncias verídicas e 18% através de vídeos educativos, 21% não sabem sobre o assunto e apenas um acha que os pais devem estar totalmente envolvidos em tais atividades. Não obstante, 91% deles acham que não deveriam ser restringidos nenhum tipo de assunto e os outros 9% não mencionariam aborto e masturbação para não haver estimulação à prática, contudo o mesmo estudo (2005), revela que a ignorância não resguarda os jovens de nada, só os tornam mais vulneráveis por não saberem como se portar diante da situação. Maldonado (2002) afirma que: “as idéias das adolescentes sobre sexualidade estão mais ligadas ao sexo como físico genital; desconhecem o próprio corpo e os processos que envolvem afetividade e emoção”. Fato este que ocorre a partir da auto descoberta, originada de parceiros mais “experientes” no assunto, influência da mídia e amigos e a precariedade de informações recebidas pelos pais e escola. Ainda assim a escola tem exercido um papel importantíssimo na orientação dos jovens, por ser o local mais fácil dos jovens absorverem informações a partir de conversas com colegas que já passaram por tal problema, compartilhamento e informações e conhecimentos juntamente com a orientação de professores mesmo que não qualificados para abordar o assunto. Moreira (2001) em seu estudo, afirma que a escola necessita de capacitação, para assim agir de forma mais eficaz tanto em seu contexto interno quanto social, contando com a ajuda de familiares para que juntos possam apresentar condições de responder as necessidades dos jovens. Ademais, tudo que fora abordado por ambos pesquisadores é de grande relevância, porém não considero que a educação e orientação sexual sejam obrigação única e exclusiva da escola, mas se pais e professores se unirem pode haver uma grande melhora dessa questão. Contudo esconder dos filhos a realidade, na esperança que eles não aprendam sobre o mundo ou que não cometam os mesmos erros por eles cometidos no passado, podem influenciá-los de uma forma quase que irreversível, a praticar tais coisas, por ser uma idade onde os desafios são únicos e a procura por sua independência e aceitação das coisas que ocorrem ao longo da vida está aguçado. Os jovens necessitam então de compreensão e acompanhamento muito próximo, tanto da parte de pais quanto dos educadores, oportunizando-os assim a questionarem dúvidas quanto métodos contraceptivos e as consequências que o mau uso desses podem interferir na vida pessoal, bem como os orientando quanto as atitudes que devem tomar frente a esse problema que vem assolando a nação desde a antiguidade, destruindo toda a carreira acadêmica da adolescente, sonhos de um futuro brilhante, intriga e retaliações entre a família isso sem falar na aquisição de uma responsabilidade que ela não está apta para receber. Assim sendo, percebe-se que a sexualidade deve ser abordada em todas as disciplinas escolares, deixando de lado o tabu proposto pela biologia e ciência, passando a perceber essa problemática com mais sentimentalismo, enfatizando também os valores morais e éticos, para assim construirmos uma sociedade de jovens conscientes, que mesmo com curiosidade de descobrir algo a mais sobre o desconhecido, tenha total ciência não apenas do que é martirizado ao longo dos anos, mas também das consequências que suas escolhas podem trazer, juntamente com a maturidade e liberdade a qual estes jovens tanto almejam, porém com a certeza que fizeram ou pelo menos tentaram fazer a escolha certa.