Naquela hora, exultou Jesus no Espírito Santo e exclamou: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. (Lucas 10:)

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Deus é fiel, Este foi Deus que me deu, Este foi um presente de Deus.

Pode ser, mas creio que é muito difícil se ver uma placa na porta de um luxuoso apartamento com esses dizeres. 

Costumamos ver essas frases escritas nos vidros e pára-brisas de muitos veículos que circulam pelas ruas e estradas. Em alguns a frase chega a ser bizarra, até mesmo ridícula, tamanha é a desproporcionalidade entre o valor material da bênção, diante da grandeza da gratidão do seu proprietário.

Por que será que essas frases são escritas, em sua grande maioria em carros velhos e feios, alguns enferrujados, caindo aos pedaços e até mesmo em utilitários de pobres trabalhadores ambulantes? Por que jamais são ostentadas em bonitos e custosos carros de passeio que dominam possantemente as estradas?

O evangelho de Cristo foi, e é pregado a todos os homens mas a Bíblia, em Mateus 19:24, diz que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Não diz, no entanto, que isso é impossível, mas logicame que é difícil, seja a que tipo de agulha o texto se refere.

O sofrimento atinge tanto o rico como o pobre, mas o dinheiro dá ao primeiro muitos privilégios, os quais ele atribui aos frutos do seu próprio esforço, que nem sempre é honesto, mas jamais à alguma dádiva divina. Já o pobre, que nem por isso é necessariamente honesto, muitos deles, quando o são, o pouco que conseguem ter, devido a muito sacrifício, é conseguido com muito suor e até mesmo com lágrimas, mas o creditam à fidelidade das promessas de Deus em atender às suas preces, e em gratidão testemunham publicamente o seu sentimento de alegria, por seja lá o que for que conseguiram adquirir.

É comum vermos nos telejornais que depois de uma grande chuva, em meio a tantas tragédias, desabamentos e enchentes, pessoas pobres que possuiam apenas um humilde barraco, por terem conseguido salvar uma velha geladeira, uma cama ou um fogão enferrujado, debulhadas em lágrimas ainda dão graças a Deus. Outras depois de terem passado a noite amontoadas num abrigo desconfortável e superlotado, também levantam as mãos e agradecem por não terem morrido soterradas e por terem um pãozinho com café preto para comer de manhã.

Mas a que atribuir o gesto: a uma crassa ignorância que os impede de enxergar a própria desgraça, e ainda assim sentir gratidão a quem lhes permitiu salvar o pouco que lhes restou, como se eles nada merecessem ou, em meio às tribulações, mesmo assim ainda conseguem ver Deus pela fé e sentir o seu amor lhes tocar o coração apesar do sofrimento? Enquanto isso, os ricos e os mais bem aquinhoados dormiram confortavelmente em suas boas casas, sequer se deram conta de que choveu a noite inteira, nem se lembraram de levantar as mãos para agradecer a Deus pelo conforto, segurança e uma mesa farta.

Conta-se que no alto de um morro, na porta de num pobre barraco aguém encontrou estes dizeres escritos em rústico pedaço de tábua: Deus está neste lugar. Ele me "potrege". (sic)

Será que para a gente se lembrar de Deus, para busca-lo e para lhe agradecer é preciso estar na pobreza, morar em um barraco, estar enfermo ou cair em desgraça? Com certeza não. Mas com certeza também, o dinheiro e o conforto têm o poder de contribuir para que o ser humano se esqueça de Deus e dele se afaste. A começar pela sua perigosa auto confiança e a acreditar no seu auto poder de ter e de poder fazer. Daí, então por que agradecer a Deus? Este é o começo do afastamento do homem, de Deus: a sua ingratidão.

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Não me dês nem a pobreza nem a riqueza; dá-me só o pão que me é necessário..." (Prov. 30.8).

Autora: Junia -  2013