Globalização e Desnacionalização

 

Bernardo Alfeu Uachisso      

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Resumo

A Globalização, é um conjunto de transformações que ocorrem na ordem política, económica e cultural a nível mundial, possibilitando o intercâmbio e a aproximação entre diferentes sociedades, tornando o mundo numa aldeia global. As transformações de que refere, estão ligadas ao desenvolvimento tecnológico e insere-se no âmbito das principais transformações que ocorrem pelo processo de globalização aos países em via de desenvolvimento que constitui preocupações sobre o tema em estudo, compreender até que ponto o processo de globalização impacta nas nações em via de desenvolvimento.  Debate-se como tema de estudo ‘Globalização e Desnacionalização’, a pesquisa foi conduzida por via do método de revisão bibliográfica que permitiu identificar a literatura específica sobre a globalização e que conduziu a compreensão dos efeitos desta nos países em via de desenvolvimento, Neste cenário globalizado, o Estado-nação ganha novos contornos e os conceitos de soberania e legitimidade adquirem novos significados, uma vez que o Estado perde a capacidade de responder isoladamente aos desafios do sistema global, assim como a de prover bens e serviços à sua população sem contar com a cooperação mundial. O fenómeno da globalização tem uma relação directa e dinâmica com a lógica da regionalização, ao transformar o contexto e as condições da interação e da organização social, levando a um novo ordenamento das relações entre território e espaço socioeconómico e políticos mais largos, entretanto, ilações tiradas mostram que existem aspectos que afectam na negatividade como é o caso de não garantir benefícios a países em desenvolvimento, conserva e aprofunda a desigualdade internacional, aumento da concentração de riquezas, aumenta o nível de poluição ambiental, promove a homogeneização cultural, aumento nos níveis de desemprego, má qualidade na alimentação e doenças, desvalorização da cultura nacional.

Palavras Chaves: Globalização; Desnacionalização; Nova Economia Internacional.

 

Summary

Globalization is a set of transformations that occur in the political, economic and cultural order worldwide, enabling exchange and rapprochement between different societies, turning the world into a global village, the transformations you refer to are linked to technological development, The study falls within the scope of the main transformations that occur in developing countries by the globalization process. In the study 'Globalization and Denationalization', the research was conducted using the literature review method that identified the specific literature on globalization and led to the understanding of its effects on developing countries. In this globalized scenario, the nation-state takes on new contours and the concepts of sovereignty and legitimacy acquire new s meanings, once the State loses the capacity to respond in isolation to the challenges of the global system, as well as to provide goods and services to its population without counting on world cooperation, the phenomenon of globalization has a direct and dynamic relationship with logic of regionalization, by transforming the context and conditions of interaction and social organization, leading to a new ordering of relations between territory and broader socio-economic and political space, however, lessons drawn show that there are aspects that affect negativity as is the if it does not guarantee benefits to developing countries, it conserves and deepens international inequality, increasing the concentration of wealth, increasing the level of environmental pollution, promoting cultural homogenization, increasing unemployment levels, poor quality of food and diseases, devaluation of national culture.

Keywords: Globalization; Denationalization; New International Economy.

 

Introdução 

Um dos termos mais difundidos nos últimos tempos, sendo, inclusive, um dos termos definidores da sociedade contemporânea é a “Globalização”. Isso se expressa na difusão da palavra globalização por quase todas as línguas do mundo e pelas referências contínuas que, diariamente, fazem menção ao global, como, instituições globais, mercados globais, finanças globais, comunicações globais, migrações globais, segurança global, ameaça global, aquecimento global, e mais termos. Neste contexto, emergiu a necessidade de fazer uma reflexão atinente aos novos modos na economia designada global, em relação a economia das empresas e produtos dos países locais face à globalização.

Desta feita, constitui discussão neste artigo,  o tema ‘Globalização e Desnacionalização’ como um dos elementos fundamentais que têm consequências na  nova economia empresarial, assim como para a produtividade e crescimento da economia de uma nação.

Este trabalho é resultante de uma revisão bibliográfica desencadeada por via de  uma pesquisa qualitativa em que foram analisados diversos processos de globalização e seus efeitos nos diferentes países e nações.

Das reflexões feitas  concluiu-se que, a globalização afecta todos os sectores da sociedade principalmente a comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do mundo.

Também foi notório que a Globalização é capaz de oferecer consequências positivas e negativas para o mundo, como é o caso do desenvolvimento e descoberta de nova tecnologia e comunicação, o aumento da competitividade no mercado económico, investimento na economia estrangeira, redução dos preços dos produtos, o acesso a quantidade de mercadorias à disposição do consumidor que possibilita a cooperação entre os países, favorece o intercâmbio cultural entre os povos. Entretanto, existem aspectos que afectam na negatividade como é o caso de não garantir benefícios a países em desenvolvimento, conservação  e aprofundamento das desigualdades internacionais, aumento da concentração de riquezas, aumento do nível de poluição ambiental, promoção da homogeneização cultural, aumento nos níveis de desemprego, doenças e desvalorização da cultura nacional. A globalização não beneficia a todos de maneira uniforme, há de certa forma irregularidades segundo as realidades. Uns ganham muito, outros ganham menos, outros perdem. Na prática exige menores custos de produção e maior tecnologia. O problema não é só individual, é um drama nacional dos países considerados mais pobres, que perdem com a desvalorização e atraso tecnológico.

 

Metodologia 

A metodologia perfaz um importante instrumento de caracterização de uma pesquisa, dando-lhe a correta forma mediante a qual se empregam métodos e técnicas que são adoptados para a obtenção do conhecimento acerca do objecto de estudo. Logo, seu emprego possibilita buscar a solução a um problema estabelecido, testar uma hipótese, bem como fazer cumprir objectivos que se constituem para a produção de determinado conhecimento (Rivelino & Ribeiro, 2013). 

Para Dias  e Fernandes (2000, p. 6), partindo da concepção que método é um procedimento ou caminho para alcançar determinado fim e que a finalidade da ciência é a busca do conhecimento, pode-se dizer que o método científico é um conjunto de procedimentos adoptados com o propósito de atingir o conhecimento. 

Nas condições específicas, o método é entendido como um conjunto de actividades racionais e sistemáticas que possibilitam alcançar o objectivo de modo seguro e com maior economia, no contexto que for bem escolhido. Os métodos de abordagens representam os procedimentos racionais e ordenados (forma de pensar), constituídos por instrumentos básicos, que implicam utilizar a reflexão e experimentação, para proceder à forma de se alcançar os objectivos pré-estabelecidos no planejamento da pesquisa.

Na busca pelo conhecimento, o método científico cumpre papel fundamental, pois é a forma pela qual o sujeito aborda um objecto desconhecido, ansiando circunscrevê-lo a ponto de compreendê-lo e com ele estabelecer uma relação de conhecimento. A escolha de um determinado método resulta das predisposições do sujeito investigador referentes aos seus pressupostos epistemológicos, isto é, sobre como se pode conhecer algo e qual a validade do conhecimento obtido.

De acordo com Andrade (2009), Marconi e Lakatos (2010), citados por Rivelino e Ribeiro (2013), entre outros, expõem que os métodos podem ser subdivididos em métodos de abordagem e de procedimentos, sobre o mesmo assunto para   Dias e Fernandes (2000), os métodos gerais, também denominados métodos de abordagem, oferecem ao pesquisador normas genéricas destinadas a estabelecer uma ruptura entre objectos científicos e não-científicos (ou de senso comum). O método geral utilizado na abordagem é dedutivo para o estudo a partir do geral para o particular, onde tornou-se possível por via do método de revisão bibliográfica em que foi seleccionada a literatura específica que possibilitou com que o artigo fosse efetivado. O tipo de pesquisa pela qual foi utilizada, foi a pesquisa qualitativa por esta basear-se em avaliação qualitativa do processo de globalização e possíveis procedimentos éticos no processo.

 

Nova Economia Internacional 

Provavelmente que na Idade Média, o termo empreendedor era usado para descrever qualquer um que estivesse à frente de grandes obras de arquitetura como uma catedral ou um castelo. Jonn (2012), sustenta que as funções de inventor, planejador, arquiteto, gerente, empregador e supervisor eram todas absorvidas por uma só pessoa. Mais tarde e somente no século XVIII o termo foi aplicado na actividade económica. A economia criativa segundo John (2001) no seu livro “The Creative Economy”, publicado em 2001, consiste em actividades nas quais indivíduos exercitam a sua imaginação explorando o valor económico.

Nos dias atuais, a globalização e o desenvolvimento da economia de mercado e das empresas multinacionais, sobremodo, acentuou o fluxo de investimentos estrangeiros em todo o mundo. Grande parte destes investimentos destina-se justamente à compra de propriedades, sobretudo rurais, havendo preferência por países onde a inexistência de restrições ou limitações legais para a aquisição de terras por meio do capital estrangeiro implique em menores custos de transação para as companhias. 

Se por um lado há a necessidade de manter a soberania estatal e garantir o acesso à terra ao povo e às empresas locais, por outro lado, regramentos muito restritivos poderão afugentar quantias de capitais que seriam fundamentais para o desenvolvimento económico. A nova economia coloca hoje novos desafios à economia virados a direito à propriedade, custos de transação, instituições, ambiente institucional, inovações (empreendedorismo) e desenvolvimento económico.

A Nova Economia Internacional, coloca hoje um dos factos de desenvolvimento que pode favorecer ou impedir o desenvolvimento económico sobretudo a possibilidade de propriedade de terra e que segundo Luiz (2007), os direitos de propriedade correspondem, portanto, a um conjunto de instituições que estabelecem restrições que delimitam as formas pelas quais os indivíduos podem fazer uso dos recursos disponíveis ou seja, um sistema de direitos de propriedade envolve uma variedade de mecanismos institucionais que proporcionam aos agentes económicos a autoridade de decidir e seleccionar entre usos alternativos destes recursos, bem como estabelece limites ao exercício desta autoridade. Os direitos de propriedade estabelecem relações entre indivíduos e ativos, sejam estes tangíveis ou intangíveis, sendo estabelecidos todos os critérios de que o proprietário tem como benefício, para poder conhecer as regras de utilização. As restrições que são estabelecidas para um Direito de propriedade que diminuem o conjunto de usos permitidos e legítimos de um activo, este tendem a reduzir o valor económico ao seu proprietário um estabelecimento que passa por custos de transacções de pertença.

Na perspectiva de teorias de transacção segundo Azevedo (2005), estabelece que a teoria dos custos de transacção proposta por Williamson (1981), colocam a transação como unidade básica de análise. Assim considera que uma transacção ocorre quando um bem ou serviço é transferido ao longo de uma interface tecnologicamente separável. Um estágio da actividade termina e outra inicia.” Na perspectiva do Coase apud Ponde (2007), define os custos de transacção envolvendo  custos de busca e colecta de informações,  custos de barganha, negociação e elaboração de contratos, e custos de monitoramento e garantia do cumprimento dos contratos. O entendimento de Fagundes (1997), de que os custos de transacção são custos relacionados à celebração de contratos, é ampliado por Possas et al. (1998), ao estabelecer que os custos de transacção nada mais são o dispêndio de recursos económicos para planejar, adaptar e monitorar as interacções entre os agentes, garantindo que o cumprimento dos termos contratuais se faça de maneira satisfatória para as partes envolvidas e compatível com a sua funcionalidade económica. Uma outra forma de conceituar os custos de transacção é apresentada por Vasiliauskiene e Snieska (2009), que “os custos de transacção são os custos que emergem quando bens e serviços são trocados, mas esses custos não estão conectados com a criação desses bens e serviços.” De forma mais ampliada, Houthakker (1959), define custos de transacção como sendo os “sacrifícios necessários para concluir uma transacção.”

Para Zylbersztajn (2000), apud Faculdade de Técnica e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo (2016), afirmam que o ambiente institucional são as “regras do jogo”, que promovem o desenvolvimento das actividades económicas, bem como as acções políticas, legais e sociais que governam a base da produção, troca e distribuição, portanto, mais difíceis de serem alteradas (leis, costumes, tradições), ainda Williamson (1985), afirma ser conjunto de normas e regras que delimitam as acções estabelecidas pelo homem, disciplinando suas acções com seus semelhantes e com o mundo, podendo também regulamentar outras instituições (lei mãe), definindo os critérios que serão estabelecidos por meio das duas formas de regras – formais ou informais. Existe uma percepção de que o  conceito de ambiente institucional sofreu mudanças profundas, saindo de uma categoria residual para assumir uma posição de destaque e funcionamento da organização que é analisado a partir dos custos de transacções com o seu ambiente específico, colocando-nos desta forma a possibilidade da decisão sobre oportunidade de investimento do negócio na nova economia.

 

 Origem e Evolução da Globalização 

Em vários cantos deste mundo, existem várias discussões que são levantadas na perspectiva de, se a globalização é ou não um fenómeno novo. Entretanto Falar de Globalização remete para um conjunto de transformações económicas, políticas, sociais e culturais que se fazem sentir a nível mundial. Estas transformações estão frequentemente associadas às inovações tecnológicas. As novidades tecnológicas, e a velocidade a que estas ocorrem no mundo contemporâneo, contribuem para crer que a globalização constitui um fenómeno completamente novo. Waters (1999), apud Cândido (2010), defende que a globalização é um fenómeno que sempre existiu e que nos momentos mais recentes veio sofrer uma aceleração, o mesmo autor argumenta que a globalização surge com modernização e o desenvolvimento e, que igualmente sofreu uma aceleração nos tempos mais recentes e considera que a globalização é um fenómeno recente que está associado a pós-industrialização e pós-modernização. Canavezes & Campos (2007), embora o termo Globalização (com o sentido que hoje conhecemos) seja relativamente recente e só se torne recorrente já na última década do século 90, a origem do processo a que chamamos Globalização parece ser bastante mais remota. Mas a verdade é que já no século XIX alguns intelectuais adoptaram o termo Globalização para traduzir a ideia de que o processo de modernização implicava uma crescente integração do mundo. O processo de Globalização é história e pode ser descortinado nos diferentes contextos, tendências e acontecimentos que contribuíram para o que hoje denomina-se de Globalização, e tentar perceber o que é realmente novo e o que não é. Sobre este assunto muitos autores sublinham que as principais dinâmicas socioeconómicas deste fenómeno podem e devem inscrever-se em processos históricos, não constituindo, portanto, algo de completamente novo mas sim o progressivo desenvolvimento de tendências anteriores.

 

Conceito de Globalização

A noção de globalização entende-se que surge, pois, a propósito de vários domínios da nossa vida e encontra expressão em todas as grandes línguas do mundo. Apesar de muito recorrente, a noção de globalização nem sempre é clara, prestando-se a usos e sentidos muito diferentes. É, pois, importante clarificar a noção de Globalização. As definições são provenientes de diferentes discursos, aproximações e definições de globalização - oriundas não só do mundo académico, mas também de organizações internacionais como pode se notar a seguir, que também não significa que mata – se a nova visão.

 Segundo Held apud Canavezes & Campos (2007), globalização implica primeiro e acima de tudo um alongamento das actividades sociais, políticas e económicas através de fronteiras, de tal modo que acontecimentos, decisões e actividades numa região do mundo podem ter significado para indivíduos e actividades em regiões distintas do globo. Na perspectiva do Waters (1999) globalização pode definir-se como um processo social através do qual diminuem os constrangimentos geográficos sobre os processos sociais e culturais, e que os indivíduos se consciencializam cada vez mais dessa. 

A globalização, conforme Donelly (2007), é geralmente entendida literariamente com significado de criação de estruturas e processos que abrange todo o globo. Pessoas, produtos e ideias incrivelmente mudam e se interagem com outras fronteiras que não as do território nacional. Política, mercados e cultura tornam-se transnacionais e mesmo globais ao invés de nacionais. 

 

Globalização e Desnacionalização de Estado-Nação 

Nos últimos anos, houve importantes transformações em escala mundial. Essas transformações globais têm abrangido as esferas económicas, política, jurídica, institucional, social, cultural, ambiental, geográfica, demográfica, militar e geopolítica. 

Segundo os economistas indianos, Vijay e Anil apud Navalshankar  a globalização significa a crescente interdependência económica entre países, que se reflecte nos fluxos de bens, serviços, capital e know-how que atravessam fronteira. Mariano (2007), neste cenário globalizado, o Estado-nação ganha novos contornos e os conceitos de soberania e legitimidade adquirem novos significados, uma vez que o Estado perde a capacidade de responder isoladamente aos desafios do sistema internacional, assim como a de prover bens e serviços à sua população sem contar com a cooperação global. O fenómeno da globalização tem uma relação directa e dinâmica com a lógica da regionalização, ao transformar o contexto e as condições da interação e da organização social, levando a um novo ordenamento das relações entre território e espaço sócio-económico e político mais largos. Os Estados, em vez de desaparecerem, adquirem uma nova lógica de operação, onde seu poder é limitado frente à expansão das forças transnacionais que reduzem a capacidade dos governos de controlarem os contactos entre as sociedades, e que impulsionam essas relações transfronteiriças. Nessa perspectiva, os problemas políticos nem sempre podem ser resolvidos adequadamente e nem satisfatoriamente, sem a cooperação com outras nações e agentes não - estatais (Keohane & Nye, apud Mariano 2007). Nesta senda, aparece a Nova Economia Institucional (NEI), na perspectiva de preocupar - se com o dilema “fazer internamente” ou “buscar o mercado” sob o enfoque dos custos de transação. Nesse sentido, a decisão quanto a “fazer internamente” ou “buscar o mercado” pode assumir três formas: em um extremo encontra-se a troca nos mercados, no outro a organização hierárquica centralizada, e no meio deles os modos mistos ou intermediários (Williamson, 2012). 

A globalização é também o reflexo do permanente desequilíbrio das relações de classe e de hegemonia de alguns Estados. Tornou-se um conceito muito usado para explicar a realidade das sociedades contemporâneas. Deste modo, partilhamos a ideia Melo (2002), quando afirma que o ponto de partida para a compreensão do mundo de hoje, é a noção de globalização. Percebendo a globalização na perspectiva das relações internacionais, essa não deve ser desvinculada de outras transformações de natureza estrutural que marcaram a evolução do sistema internacional contemporâneo. Portanto, a globalização deve também ser compreendida à luz de suas relações com outros condicionamentos e processos políticos e em perspectiva histórica, o que permite um entendimento mais amplo sobre a articulação do sistema de Estado-nação que se “globalizou”, passando ambos a constituírem elementos centrais do actual panorama das relações internacionais. 

É importante firmar a ideia que a expressão globalização é carregada de contradições, desigualdades e complexidades. Consegue agregar com a mesma intensidade o bem e o mal. Além disso, deve-se frisar que a globalização somente conseguiu quebrar as barreiras do sistema internacional dos Estados-nação, devido à revolução tecnológica dos sistemas de comunicação e informação. 

O processo de globalização traz profundas transformações para as sociedades contemporâneas e, o acelerado desenvolvimento tecnológico, em especial na área da comunicação, caracteriza uma nova etapa do capitalismo, que coloca novos desafios para o homem. A globalização recebe no âmbito teórico várias denominações, tais como aldeia global, mundialização cidade global, que ao final buscam descrever e interpretar um mesmo significado: um movimento social, político, económico, cultural, jurídico, que visa transformar e modificar todo o sistema de relações internacionais, reorientando e reformulando as decisões dos Estados-nação, desde as mais diversas áreas da vida social até os diversos sistemas produtivos e financeiros, com reflexos imediatos no sistema de emprego e nas diferenças entre países ricos e pobres.  

Contudo, o processo de globalização intensificou-se no último século XX com o desenvolvimento da tecnologia. Estas dinâmicas deram origem a uma série de outras transformações que modificaram completamente o modelo de desenvolvimento das sociedades, passando a existir interdependência entre os Estados, uma vez que muitas actividades deixaram de ter um carácter nacional para assumirem um carácter transnacional, como consequência uma cultura global onde nada está isolado e onde existe uma inter-relação em todo o planeta. 

A globalização implica ou pressupõe a localização, ou seja, não existe condição global para a qual não encontramos nenhuma raiz local, uma imersão cultural específica. Tanto vivesse num mundo localizado como num mundo globalizado. Existe um enorme consenso na descrição da globalização como um processo de conversão das economias nacionais distintas, numa economia mundial integrada Horst e Klodt (2001), mas Dicken (1998), acrescenta ainda que a globalização é como uma complexa rede de processos que se inter-relacionam, envolvendo não apenas uma extensão geográfica da actividade económica, como também a integração funcional dessas actividades internacionalmente dispersas. 

 

Desnacionalização

No final do século XX o mundo vem passando por enormes transformações, onde os sistemas de comunicação, aliados às novas tecnologias de informação, possibilitaram a conexão em tempo real, dos mercados, das finanças e da produção. Neste contexto, os grupos multinacionais e transnacionais ganham força, introduzindo novas formas de gestão e de controlo do trabalho, da produção e dos mercados. As empresas já instaladas abandonaram as linhas de produtos com escalas de produção inadequadas e/ou com estruturas de custos não competitivas, aprofundaram o processo de terciarização das actividades produtivas e, ainda, elevaram o conteúdo importado dos produtos, a partir da substituição de fornecedores locais por externos. Começou um processo de desdobramentos de abertura económica que tem culminado nas privatizações, intensificadas que tem se verificado intensamente desde a década 90. O volume de recursos financeiros envolvidos e a importância de muitas das empresas vendidas num determinado território parecem ter significados para o processo de desnacionalização. A desnacionalização é caracterizada pela transferência de renda e de propriedade do sector público para o sector privado que vem ocorrendo desde a década de 1980. Neste contexto, Chesnais (1996), afirma que este movimento deve ser entendido, segundo o autor, como a fase mais avançada do desenvolvimento histórico do capitalismo, caracterizado pela hegemonia do capital financeiro sobre as demais fracções do capital, cujos agentes não são mais apenas os grandes bancos e seguradoras, mas também os fundos de pensão e de investimentos.

 

 Impacto da Globalização

De acordo com Bauman, Harvey, et al. (1992), apud Celano e Guedes (2014), globalização, vista por um prisma pós-estruturalista, passa a ser um campo convidativo e aberto a uma série de diferentes interpretações e críticas. Isso não inclui apenas interpretações ideológicas, mas também discursos relacionados a disciplinas específicas, que trazem noções de homogeneização e hibridismo de culturas, o crescimento de uma rede global que transcende as fronteiras supranacionais das organizações, o declínio das Nações -Estado, e a nova forma como a comunicação e a tecnologia têm mudado as noções de tempo e espaço. Held, Mcgrew, Goldblatt et al. (1999),  já concernente a globalização contemporâneo, afirmam que “ os processos de globalização contemporâneos não têm precedentes, uma vez que governos e sociedades ao redor do globo estão se ajustar a um mundo onde não existe mais uma clara distinção entre internacional e doméstico e entre negócios internos e externos”. Esta visão é endossada por Giddens (1996), em seu argumento de que, desta forma, a globalização conseguiu “sacudir” as sociedades, suas economias e instituições. O que reforça o fato de estarmos frente a um cenário mundial, cada dia mais desafiante e complexo, onde é preciso que se considerem essas novas formas emergentes de diferenciação social. A globalização tem o efeito de redefinir a natureza da inclusão e da exclusão, ambas entre e com os países. Como Held, Mcgrew, Goldblatt ET AL. (1999, p. 8), argumentam, que o “Primeiro Mundo e Terceiro Mundo não estão mais ‘lá fora’, mas reunidos e misturados, representados pelas maiores cidades do mundo.” O que tornou este desenvolvimento possível foi a crescente desvinculação da actividade económica das raízes territoriais e a concomitante redistribuição da soberania política e económica.

Se, por um lado, a globalização aparece como intensificadora da economia mundial e dos modelos de integração regional, o que, na verdade, representa mais uma extensão de mercados para as grandes multinacionais, por outro, ao impor planos de ajustes sacrifica não só os empregos, mas grande parte dos direitos laborais históricos, frutos de séculos de lutas dos trabalhadores, e o desmantelamento do tecido produtivo de nossos países.
Desta forma, percebe-se o surgimento de duas grandes transformações próprias das economias globalizadas e que estão atingindo o mundo do trabalho: o desemprego e a pressurização das relações de trabalho. O desemprego como um dos principais tipos de exclusão social que assola o mundo globalizado, constitui-se no mais drástico problema a ser enfrentado por nossas sociedades; um fenómeno que se encontra presente tanto nos chamados países ricos como nos países da periferia. Está em todos os lados e seu alvo predilecto é a população de mão-de-obra não especializada. Também a necessidade de especialização da mão-de-obra constitui um importante elemento propiciador da queda no número de empregos. Assim, entra em cena o conhecido desemprego “estrutural”, próprio da globalização.

O avanço das corporações transnacionais e seus imperativos de aumento da produtividade maximização de lucros ensejados com o advento da revolução da micro electrónica e telemática, está significando o aumento da desocupação e da disparidade na distribuição de renda.
Uma das sequelas desta falta de emprego está na mudança de hábitos e pautas culturais, que está gerando maior marginalidade, feminização da mão-de-obra, necessidade de “pluriemprego” e do trabalho de todos os membros da família, perda de auto-estima e, consequente desestruturação e aumento da violência.

Assim, ao passo em que as relações de emprego se tornam mais precárias”, nota-se a quebra de sindicatos e a situação de insegurança e de temor dos trabalhadores que ainda subsistem em empregos formais, os quais, frequentemente, não oferecem resistência à preconização de postos de trabalho em suas empresas, desde que elas não afectem os seus próprios empregos.
Tanto o desemprego como a precarização devem ser duramente combatidos. Reconquistar o cumprimento da legislação é o primeiro passo para barrar e depois reverter o processo de padronização das relações de trabalho.

No artigo anterior já tinha referido que a globalização não beneficia a todos de maneira uniforme. Uns ganham muito, outros ganham menos, outros perdem. Na prática exige menores custos de produção e maior tecnologia. O problema não é só individual, é um drama nacional dos países mais pobres, que perdem com a desvalorização e atraso tecnológico. Ao analisarmos essas forças, verificamos quanto elas têm mudado as sociedades, as indústrias e as empresas do sector de serviços, afectando departamentos e funções, processos administrativos, posturas, produtos, emprego e desemprego e a própria permanência das empresas no mercado. Essas forças impulsionam as empresas a serem competitivas, nascerem e dependerem do processo de globalização.

A globalização afecta todos os sectores da sociedade, principalmente a comunicação, comércio internacional e liberdade de movimentação com diferente intensidade dependendo do nível de desenvolvimento e integração das nações ao redor do mundo. 

A Globalização é capaz de oferecer consequências positivas e negativas para o mundo, como é o caso do desenvolvimento e descoberta de nova tecnologia e comunicação, o aumento da competitividade no mercado económico, investimento na economia estrangeira, redução dos preços dos produtos, o acesso a quantidade de mercadorias à disposição do consumidor que possibilita a cooperação entre os países, favorece o intercâmbio cultural entre países. Entretanto, existem aspectos que afectam na negatividade como é o caso de não garantir benefícios a países em desenvolvimento, conserva e aprofunda a desigualdade internacional, aumento da concentração de riquezas, aumenta o nível de poluição ambiental, promove a homogeneização cultural, aumento nos níveis de desemprego, má qualidade na alimentação e doenças, desvalorização da cultura nacional.

 

Conclusões 

 Após a realização deste trabalho, chegou-se à conclusão de que a NEI, traz hoje novos conceitos sobre o direito de propriedade de terra, que no entender de muitos o direito à propriedade de terra que era adquirido a custo zero passa por custos de transacções, que são taxas a pagar o indivíduo por processo de aquisição e direitos de uso de uma determinada propriedade. Os direitos de propriedade correspondem, portanto, a um conjunto  de instituições que estabelecem restrições que delimitam as formas pelas  quais os indivíduos podem fazer uso dos recursos disponíveis assim como estabelece limites ao exercício desta autoridade. As instituições restringem ou abrem espaço para as acções humanos no que concerne ao processo de desenvolvimento ecnómico. A esta regulação faz com que os países desenvolvam rapidamente ou tenham um desenvolvimento lento. Os países que se desenvolvem mais rápido são aqueles que reúnem um ambiente favorável, isto é, as suas instituições abrem espaço e dão direito ao uso de direitos mais abrangentes. Essas restrições limitam a capacidade de inovação por parte dos inovadores devido às regressas que são consideradas pesadas.

A globalização é vista como um fenómeno que sempre existiu e que nos momentos mais recentes veio conhecer uma aceleração, surge com modernização e o desenvolvimento e, a única diferença é que conheceu uma aceleração nos tempos mais recentes. Esta implica acima de tudo um alargamento das actividades sociais, políticas e económicas através de fronteiras, de tal modo que acontecimentos, decisões e actividades numa região do mundo tenham significado para indivíduos e actividades em regiões distintas do globo.

A globalização expandiu por todo o mundo e foi ganhando espaço nos últimos tempos e os grupos multinacionais e transnacionais ganharam força, introduzindo novas formas de gestão e de controle do trabalho, da produção e dos mercados. Neste contexto, as empresas já instaladas dentro do país abandonaram as linhas de produtos com escalas de produção inadequadas e/ou com estruturas de custos não competitivas, aprofundaram o processo de terciarização das actividades produtivas e, ainda, elevaram o conteúdo importado dos produtos, a partir da substituição de fornecedores locais por externos. Começou um processo de desdobramentos de abertura económica que tem culminado nas privatizações, intensificadas que tem se verificado intensamente desde a década 90. A economia local fica destruída pela economia mundial, sendo assim necessário que os países adoptassem novas estratégias para poderem entrar no mundo da competitividade, as empresas que não puderem elevar a sua capacidade de produção e qualidade sofrem uma falência. 

 Globalização ao mesmo tempo que acontece trás a desnacionalização, na medida em que o Estado-Nação ganha novos contornos e os conceitos de soberania e legitimidade adquirem novos significados, o Estado perde a capacidade de responder isoladamente aos desafios do sistema internacional, assim como a de prover bens e serviços à sua população sem contar com a cooperação internacional. O fenómeno da globalização tem uma relação direta e dinâmica com a lógica da regionalização, ao transformar o contexto e as condições da interacção e da organização social, levando a um novo ordenamento das relações entre território e espaço socioeconómico e político mais  largos. Os Estados, em vez de desaparecer, adquirem uma nova lógica de operação, onde seu poder é limitado frente à expansão das forças transnacionais que reduzem a capacidade dos governos de controlarem os contactos entre as sociedades, e que impulsionam as relações transfronteiriças.

A globalização traz consigo um impacto que pode ser de certa forma positiva ou negativa dependendo do caso e realidade de cada local. O facto acontece numa perspectiva em que os processos, atuantes numa escala global, atravessam fronteiras nacionais, integrando e conectando comunidades e organizações em novas combinações de espaço tempo, tornando o mundo - em realidade e experiência - mais interconectado o que é tão importante que um país se sinta dentro do mundo, colocando que novos desafios existam. 

Podemos notar a existência de novos desafios, entrada ao novo mundo, mas entretanto, a globalização sacudiu as sociedades, suas economias e instituições. Ao introduzir no território um novo produto em que nem sequer o país não tem capacidade de uma produção interna que possa competir com o produto externo mundial.

A globalização não beneficia a todos de maneira uniforme, há de certa forma irregularidades segundo as realidades. Uns ganham muito, outros ganham menos, outros perdem. Na prática exige menores custos de produção e maior tecnologia. O problema não é só individual, é um drama nacional dos países considerados mais pobres, que perdem com a desvalorização e atraso tecnológico. A  essas forças, verifica-se quanto elas têm mudado as sociedades, as indústrias e as empresas do sector de serviços, afectando departamentos e funções, processos administrativos, posturas, produtos, emprego e desemprego e a própria permanência das empresas no mercado. A globalização não tem em conta o aspecto das fronteiras entre países e no seu conceito não há existência desse e olham os países como se não tivesse limites, trazendo deste modo alguns conflitos entre o mundo e os nacionais nos termos institucionais.

 

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