Gestor ou diretor? Na empresa privada, o administrador pode ostentar o título de gestor, pois de fato tem o poder de decisão. Na escola pública atual, o seu diretor é apenas o executor de ordens, regulamentos e decisões da cúpula administrativa do sistema de ensino.

Suas decisões incidem sobre o cotidiano, pequeno, trivial, e em quase nada ajudam a melhorar as funções-atividade da escola que dirige. Suas atividades são rotineiras e consistem, quase sempre, em repassar instruções, transmitir mensagens, executar o que os outros planejam e determinam.

O gestor escolar é aquele que desempenha seu trabalho buscando a coletividade, criando condições de confronto construtivo de ideias, desempenhando com sucesso a função dentro do ambiente.

Precisa agir com sabedoria porque trabalha com relações humanas e como tal precisa tratar com afetividade e sensibilidade os funcionários envolvidos, a fim de que a escola seja autônoma e tenha em seu interior sujeitos coletivos interessados em sua manutenção e transformação.

Parafraseando Luck, (2000), entende-se que o ser humano deve mobilizar sua energia e competência para a melhoria da qualidade do ensino e a transformação da educação brasileira e de suas escolas. Segundo a autora, as escolas estão carentes de liderança competente, de referencial teórico-metodológico avançado de gestão, de mecanismos para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia e de estratégias de solução de seus problemas.

Demo (2002) corrobora com Luck, na medida em que afirma que a gestão escolar geralmente é conduzida de modo amador.

Toda escola deveria ter base gerencial adequada, o que daria para o diretor a função mais ampla da “política da aprendizagem” ou gestão de projeto pedagógico, retirando dele funções do dia-a-dia gerencial.

Cabe a ele, estabelecer as regras do jogo e não aos membros da unidade de trabalho, segundo o modelo tradicional, a partir do entendimento de que, por sua posição subalterna, estes não têm a possibilidade de perceber o conjunto dos aspectos da unidade de trabalho, cabendo-lhes apenas aceitar decisões.

A esse respeito indica-se que, quando os membros de uma organização concentram-se apenas em sua função, eles não se sentem responsáveis pelos resultados, como quando todas as funções atuam em conjunto.

Luck ( 2008) enfatiza a importância de um trabalho educacional compartilhado, e que pode ser realizado por meio da participação coletiva e intergrada dos membros de todos os segmentos das unidades de trabalho envolvidos na proposta pedagógica da escola.

Compreende-se dessa forma a gestão escolar como um processo de transformação social, a qual seus integrantes trabalham em prol da emancipação das ações escolares, que deliberadas em conjunto buscam a realização plena de um trabalho compartilhado, visando resultados que atinjam os objetivos propostos.

De acordo com Santos (2002), é preciso que o gestor escolar olhe para o futuro e perceba as tendências de mudanças, aprendendo a investigar, analisar e interpretar os novos desafios e segundo Delors ( 2001), o bom gestor é aquele capaz de organizar um trabalho de equipe competente e aberto, com profissionais qualificados, portadores de formação específica, contribuindo com o pensamento de Santos e Delors temos Luck ( 2007) que afirma que a gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas, de acordo com as diretrizes e políticas educacionais públicas, objetivando a implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas.

A administração é vista como um processo racional, linear e fragmentado de organização e de influência estabelecida de cima para baixo e de fora para dentro das unidades de ação, bem como do emprego de pessoas e de recursos, de forma mecanicista e utilitarista, para que os objetivos institucionais sejam realizados. O ato de administrar corresponderia a comandar e controlar, mediante uma visão objetiva de quem atua sobre a realidade, de maneira distanciada e objetiva, tendo por base uma série de pressupostos, a saber:o ambiente de trabalho e o comportamento humano são previsíveis, podendo ser, em consequência, controlados.

Daí a ênfase da atuação do administrador em controlar a ação de pessoas e cobrar resultados.

O controle é exercido de cima para baixo e de fora para dentro de forma objetiva, a partir de um poder funcional. Crise, ambiguidade e incerteza são encarados como disfunção e como problemas a serem evitados e não como condições naturais dos processos sociais e oportunidades de crescimento e transformação. O sucesso, uma vez alcançado, mantém-se por si mesmo e não demanda esforço de manutenção e responsabilidade pelo seu desenvolvimento. A precariedade de recursos é considerada como o impedimento mais sério e mais importante à realização de seu trabalho e promoção de resultados. Modelos e ações de administração que deram certo não devem ser mudados, correspondendo a ideia de que “ time que está ganhando não se muda”, a partir da concepção de permanência das condições de todos os jogos. A importação de modelos de ação que deram certo em outros contextos é importante, pois eles podem funcionar perfeitamente em contextos semelhantes, bastando para isso algumas adaptações e ajustamentos. O participante cativo da organização, como são de certa forma considerados os alunos e os professores efetivos em escolas públicas, aceita as determinações superiores e as cumprem- vale dizer: são considerados como peças passivas na determinação do destino da educação. Qualquer exceção à normalidade e cumprimento aos modelos, normas e regras corresponde a uma disfunção a ser coibida com penalidades que vão desde a advertência até a exclusão. Cabe ao administrador, o dirigente maior da hierarquia, estabelecer as regras do jogo e não aos membros da unidade de trabalho, a partir do entendimento de que, por sua “ posição subalterna”, estes não têm possibilidade de perceber o conjunto dos aspectos da unidade de trabalho, cabendo-lhes, apenas, implementar as decisões. A evolução ocorre por incremento e agregação, em vista de que o ideal é crescer.

Este entendimento gerou a tendência, em fase de reversão, de se pensar em aumentar o tamanho das organizações e não o de transformar e melhorar os seus processos como estratégia de desenvolvimento. A objetividade garante bons resultados, sendo a técnica o elemento fundamental para a melhoria de atuações e respectivos resultados.

Para Chagas ( 1982, p.203):

O diretor de pequenas escolas, um educador severo e humano, hoje, é um executivo frio e impessoal. Antes um líder amado ou um chefe respeitado ou mesmo temido, mas que existia, faz-se, hoje, um mito que já ninguém conhece.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDB) exige a redefinição de responsabilidades dos vários sistemas de ensino ( federal, estadual e municipal) e novas incumbências da escola ( tarefas, funções ou atribuições) para promover o fortalecimento gradativo de sua autonomia. Para isso é necessário optar pela gestão democrática, possibilitando à escola maior grau de autonomia e garantindo o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, com o objetivo de melhorar o nível de educação escolar oferecida.

O termo gestão escolar remonta à década de 1990. Muitos autores consideram-no mais apropriado do que administração, que possui conotação mais burocrática, rotineira, ou é usada como sinônimo de manipulação, uma vez oriunda das teorias clássicas da administração geral, no século XX.

A gestão relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização, o que cria grandes identidades entre as teorias de gestão e as teorias de inovação.

O objetivo principal da gestão escolar é criar as condições para que os docentes desenvolvam bem o processo ensino-aprendizagem, pois a boa gestão escolar é uma característica significativa de escolas bem sucedidas.

Acresce-se ainda que, quando se fala em gestão, tem-se a ideia de democratização das decisões e, portanto, da participação de todos na condução dos trabalhos administrativos e técnicos no interior da escola.

Apesar das críticas à direção de escola, não se pode negar sua importância e necessidade. No entanto, as tarefas administrativo-burocráticas não podem absorver totalmente o tempo do gestor escolar em detrimento do utilizado pela parte pedagógica. As atividades-meio ( administrativo-burocráticas)devem criar condições para que as atividades-fim ( docente-pedagógicas) aconteçam com mais eficácia. Por isso, o que se torna imperioso é que o gestor seja um educador com prática docente, como muito bem determina a LDB no parágrafo único do artigo 67.” A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos de normas de cada sistema de ensino”.

Com a criação de inúmeras especialidades, a função pedagógica fica entregue a profissionais diversos ( coordenadores, orientadores, psicopedagogos, etc). Ao gestor escolar ( diretor) cabe coordenar esse exército de especialistas e não apenas um “ diretor geral” de “ diretores setoriais”, que só indiretamente conhecem os dados que informam ou apoiam suas decisões.

Segundo o Parecer nº 252/69 do extinto Conselho Federal de Educação, o  gestor [...]deve possuir um lastro de experiência educacional sobre o qual possa firmar seus julgamentos e decisões.[...] Do contrário, por não ser par entre os educadores, o administrador-só-administrador tenderá a converter-se num interventor dócil, ora impositivo, sempre em detrimento da real eficiência.

O gestor escolar deve ser um mediador da escola com órgãos regionais e centrais das Secretarias de Educação. Como “ subordinado”, deve atender às decisões administrativas, pedagógicas e financeiras dos órgãos superiores- que são centralizadores, burocráticos e hierarquizados-, muitas vezes fora da realidade e das possibilidades da maioria das escolas por que baixadas, quase sempre, por pessoas que não tiveram vivência nas escolas de educação básica. Por isso é que o gestor escolar precisa estar comprometido com um projeto pedagógico bem elaborado para gerir os interesses da escola, frequentemente conflitantes com os do governo, cujas políticas educacionais não têm primado pela coerência e continuidade.

De acordo com Santos, Clóvis 2008), a prática do gestor escolar deve basear-se em teorias que visem:. à criação de um ambiente em que o respeito e a afetividade sejam uma constante;ao favorecimento do crescimento pessoal e profissional de todas as pessoas que trabalham na escola; a humanização do relacionamento, evitando quaisquer preconceitos mesmo que velados; ao exercício da cidadania pela comunidade; ao envolvimento em todas as decisões fundamentais da escola.

Um perfil único de gestor escolar não atende à diversidade de ideologias e problemas.Vianna( 1995, p.34) sugere que as escolas possam ser gerenciadas por colegiados e atuem com recursos de contra-ideologia, conscientizando para uma ação coletiva e organizada.

A gestão escolar, na maioria das escolas públicas, ainda se baseia no modelo de administração clássica, estática e burocrática, não condizente com as necessidades de um mundo em constantes e rápidas transformações. O século que se inicia vai exigir uma nova escola, organizada e gerida em bases totalmente diferentes, com mais dinamismo e criatividade para se capaz de interpretar as solicitações de cada momento e criar condições mais propícias para um trabalho escolar mais eficaz.

O novo modelo de gestão educacional e escolar enfatiza a liderança não mais realizada como no passado, por gente talentosa, com características de personalidade que induzem as pessoas no trabalho e á  participação.

Hoje o líder busca, intencionalmente, influenciar os outros para utilizarem todo o seu potencial, realizarem bem as tarefas e atingirem objetivos e metas, maximizando o desenvolvimento organizacional e pessoal.

Os líderes atuais devem ser agentes de mudanças, pois não se trata de adquirir novos conceitos, habilidades ou atitudes, mas de  “ desaprender “ o que não é mais útil à organização.

Ferreira et al ( 1997, p. 239-240) apontam dois elementos que devem estar presentes em qualquer modelo de gestão: Contextualização- qualquer paradigma de gestão não tem sentido se considerado fora da realidade em que surgiu. Desde os primórdios da civilização humana, qualquer empreendimento espelha o grau de desenvolvimento e os anseios da sociedade em que se insere: suas limitações tecnológicas, o nível de abertura cultural de seu povo, o grau de ingerência do Estado na vida econômica, a autoridade e austeridade de seus políticos, sua riqueza e a qualificação de seus recursos. [...] Um modelo de administração não pode ser analisado de forma estanque, desvinculado de seu contexto.Necessidade de mudanças- as organizações são sempre foco e alvo de mudanças pela utilização da tecnologia ou pelas transformações impostas pela sociedade.Mudança contínua é uma característica intrínseca do universo. A finalidade desse propósito de permanecer estado de mutação é uma questão em torno da qual cientistas e filósofos constroem hipóteses e teorias para explicar o fenômeno.

Para a organização, mudanças é a única constante. [...]. A única coisa que diferencia nossa época das anteriores e a velocidade das mudanças que se tornam cada vez maiores.

Segundo Laranja ( 2004,p.242) espera-se de um gestor ou de uma gestora que : “ tenha criatividade, perceba o macro, saiba trabalhar em equipe, seja ágil na resolução de problemas, se comunique com eficiência”

É possível perceber que a gestão escolar é uma importante dimensão da educação, entendida como meio e não como fim do processo educativo, cuja atuação deve voltar-se tanto para o desenvolvimento profissional dos professores como para a aprendizagem dos alunos.

Entende-se que os processos de desenvolvimento da prática profissional dos professores estão associados a uma participação ativa na organização coletiva do trabalho escolar, bem como na articulação entre a prática exercida e a formação continuada. Quanto aos alunos, cujas aprendizagens devem ser reais e significativas, a gestão escolar e os professores devem oportunizá-los ao desenvolvimento das competências demandadas pela sociedade: criatividade, criticidade,autonomia,iniciativa, capacidade de tornar decisões fundamentadas, de resolver conflitos do cotidiano, além de saber expressar-se com clareza, tanto na forma oral como escrita, e outras competências que lhes possibilitem a prática responsável da cidadania.

Para tanto, a gestão escolar deverá atuar de maneira autônoma, fundamentando sua prática em processos participativos, democráticos, em que o coletivo da escola contribua para a definição e formulação do projeto político-pedagógico, dos objetivos educacionais e institucionais, das tomadas de decisão.

Esse entendimento da gestão escolar como espaço de compartilhamento, de diálogo, de solidariedade, de compreensão e respeito ao outro leva a uma maior valorização das pessoas do q2ue dos processos educativos, o que torna a ação de gerir a escola menos burocrática, portanto, mais humana e capaz de transformar a realidade.

Conforma Luck ( 2005), um novo paradigma de gestão é marcado , sobretudo, por uma mudança de consciência e não apenas por uma mudança de terminologia- administração /  gestão. Assim, para a autora, a fundamentação teórico-metodológica que orienta a gestão escolar passa a ser entendida como trabalho em equipe,coordenada democraticamente, na qual todos assumem participativamente o compromisso pela escola.

Tem-se, assim por um lado, a concepção de administração, cujo enfoque é organizar, planejar, dirigir e controlar recursos e serviços de forma burocrática e hierarquizada. ( Libâneo, 2004), e, por outro, a concepção de gestão escolar voltada à compreensão da escola como espaço de conflitos de relações interpessoais, de negociação entre interesses coletivos e projetos pessoais para a construção do projeto político-pedagógico da escola; de democratização dos processos e resultados; de emergência e alternância de lideranças, de socialização de tecnologias e sua utilização na produção de saberes; na identificação e articulação entre competências, habilidades e talentos das pessoas que atuam na escola, com vistas à resolução de situações problemáticas e em interneconexão com a dinâmica social, mobilizando e articulando democraticamente e diversidade para dar consistência e unidade ao processo educativo.

Referências:

ABREU, Mariza Vasques de. Progestão. Módulo VIII. Brasilia. Consed, 2001.

CAMPOS, Casemiro de Medeiros. Gestão Escolar e Inovação.19ª Ed. Curitiba, Editora Melo, 2010

Gestor ou diretor? Na empresa privada, o administrador pode ostentar o título de gestor, pois de fato tem o poder de decisão. Na escola pública atual, o seu diretor é apenas o executor de ordens, regulamentos e decisões da cúpula administrativa do sistema de ensino.

Suas decisões incidem sobre o cotidiano, pequeno, trivial, e em quase nada ajudam a melhorar as funções-atividade da escola que dirige. Suas atividades são rotineiras e consistem, quase sempre, em repassar instruções, transmitir mensagens, executar o que os outros planejam e determinam.

O gestor escolar é aquele que desempenha seu trabalho buscando a coletividade, criando condições de confronto construtivo de ideias, desempenhando com sucesso a função dentro do ambiente.

Precisa agir com sabedoria porque trabalha com relações humanas e como tal precisa tratar com afetividade e sensibilidade os funcionários envolvidos, a fim de que a escola seja autônoma e tenha em seu interior sujeitos coletivos interessados em sua manutenção e transformação.

Parafraseando Luck, (2000), entende-se que o ser humano deve mobilizar sua energia e competência para a melhoria da qualidade do ensino e a transformação da educação brasileira e de suas escolas. Segundo a autora, as escolas estão carentes de liderança competente, de referencial teórico-metodológico avançado de gestão, de mecanismos para enfrentar as dificuldades do dia-a-dia e de estratégias de solução de seus problemas.

Demo (2002) corrobora com Luck, na medida em que afirma que a gestão escolar geralmente é conduzida de modo amador.

Toda escola deveria ter base gerencial adequada, o que daria para o diretor a função mais ampla da “política da aprendizagem” ou gestão de projeto pedagógico, retirando dele funções do dia-a-dia gerencial.

Cabe a ele, estabelecer as regras do jogo e não aos membros da unidade de trabalho, segundo o modelo tradicional, a partir do entendimento de que, por sua posição subalterna, estes não têm a possibilidade de perceber o conjunto dos aspectos da unidade de trabalho, cabendo-lhes apenas aceitar decisões.

A esse respeito indica-se que, quando os membros de uma organização concentram-se apenas em sua função, eles não se sentem responsáveis pelos resultados, como quando todas as funções atuam em conjunto.

Luck ( 2008) enfatiza a importância de um trabalho educacional compartilhado, e que pode ser realizado por meio da participação coletiva e intergrada dos membros de todos os segmentos das unidades de trabalho envolvidos na proposta pedagógica da escola.

Compreende-se dessa forma a gestão escolar como um processo de transformação social, a qual seus integrantes trabalham em prol da emancipação das ações escolares, que deliberadas em conjunto buscam a realização plena de um trabalho compartilhado, visando resultados que atinjam os objetivos propostos.

De acordo com Santos (2002), é preciso que o gestor escolar olhe para o futuro e perceba as tendências de mudanças, aprendendo a investigar, analisar e interpretar os novos desafios e segundo Delors ( 2001), o bom gestor é aquele capaz de organizar um trabalho de equipe competente e aberto, com profissionais qualificados, portadores de formação específica, contribuindo com o pensamento de Santos e Delors temos Luck ( 2007) que afirma que a gestão educacional corresponde ao processo de gerir a dinâmica do sistema de ensino como um todo e de coordenação das escolas, de acordo com as diretrizes e políticas educacionais públicas, objetivando a implementação das políticas educacionais e projetos pedagógicos das escolas.

A administração é vista como um processo racional, linear e fragmentado de organização e de influência estabelecida de cima para baixo e de fora para dentro das unidades de ação, bem como do emprego de pessoas e de recursos, de forma mecanicista e utilitarista, para que os objetivos institucionais sejam realizados. O ato de administrar corresponderia a comandar e controlar, mediante uma visão objetiva de quem atua sobre a realidade, de maneira distanciada e objetiva, tendo por base uma série de pressupostos, a saber:o ambiente de trabalho e o comportamento humano são previsíveis, podendo ser, em consequência, controlados.

Daí a ênfase da atuação do administrador em controlar a ação de pessoas e cobrar resultados.

O controle é exercido de cima para baixo e de fora para dentro de forma objetiva, a partir de um poder funcional. Crise, ambiguidade e incerteza são encarados como disfunção e como problemas a serem evitados e não como condições naturais dos processos sociais e oportunidades de crescimento e transformação. O sucesso, uma vez alcançado, mantém-se por si mesmo e não demanda esforço de manutenção e responsabilidade pelo seu desenvolvimento. A precariedade de recursos é considerada como o impedimento mais sério e mais importante à realização de seu trabalho e promoção de resultados. Modelos e ações de administração que deram certo não devem ser mudados, correspondendo a ideia de que “ time que está ganhando não se muda”, a partir da concepção de permanência das condições de todos os jogos. A importação de modelos de ação que deram certo em outros contextos é importante, pois eles podem funcionar perfeitamente em contextos semelhantes, bastando para isso algumas adaptações e ajustamentos. O participante cativo da organização, como são de certa forma considerados os alunos e os professores efetivos em escolas públicas, aceita as determinações superiores e as cumprem- vale dizer: são considerados como peças passivas na determinação do destino da educação. Qualquer exceção à normalidade e cumprimento aos modelos, normas e regras corresponde a uma disfunção a ser coibida com penalidades que vão desde a advertência até a exclusão. Cabe ao administrador, o dirigente maior da hierarquia, estabelecer as regras do jogo e não aos membros da unidade de trabalho, a partir do entendimento de que, por sua “ posição subalterna”, estes não têm possibilidade de perceber o conjunto dos aspectos da unidade de trabalho, cabendo-lhes, apenas, implementar as decisões. A evolução ocorre por incremento e agregação, em vista de que o ideal é crescer.

Este entendimento gerou a tendência, em fase de reversão, de se pensar em aumentar o tamanho das organizações e não o de transformar e melhorar os seus processos como estratégia de desenvolvimento. A objetividade garante bons resultados, sendo a técnica o elemento fundamental para a melhoria de atuações e respectivos resultados.

Para Chagas ( 1982, p.203):

O diretor de pequenas escolas, um educador severo e humano, hoje, é um executivo frio e impessoal. Antes um líder amado ou um chefe respeitado ou mesmo temido, mas que existia, faz-se, hoje, um mito que já ninguém conhece.

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional ( LDB) exige a redefinição de responsabilidades dos vários sistemas de ensino ( federal, estadual e municipal) e novas incumbências da escola ( tarefas, funções ou atribuições) para promover o fortalecimento gradativo de sua autonomia. Para isso é necessário optar pela gestão democrática, possibilitando à escola maior grau de autonomia e garantindo o pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, com o objetivo de melhorar o nível de educação escolar oferecida.

O termo gestão escolar remonta à década de 1990. Muitos autores consideram-no mais apropriado do que administração, que possui conotação mais burocrática, rotineira, ou é usada como sinônimo de manipulação, uma vez oriunda das teorias clássicas da administração geral, no século XX.

A gestão relaciona-se com a atividade de impulsionar uma organização, o que cria grandes identidades entre as teorias de gestão e as teorias de inovação.

O objetivo principal da gestão escolar é criar as condições para que os docentes desenvolvam bem o processo ensino-aprendizagem, pois a boa gestão escolar é uma característica significativa de escolas bem sucedidas.

Acresce-se ainda que, quando se fala em gestão, tem-se a ideia de democratização das decisões e, portanto, da participação de todos na condução dos trabalhos administrativos e técnicos no interior da escola.

Apesar das críticas à direção de escola, não se pode negar sua importância e necessidade. No entanto, as tarefas administrativo-burocráticas não podem absorver totalmente o tempo do gestor escolar em detrimento do utilizado pela parte pedagógica. As atividades-meio ( administrativo-burocráticas)devem criar condições para que as atividades-fim ( docente-pedagógicas) aconteçam com mais eficácia. Por isso, o que se torna imperioso é que o gestor seja um educador com prática docente, como muito bem determina a LDB no parágrafo único do artigo 67.” A experiência docente é pré-requisito para o exercício profissional de quaisquer outras funções de magistério, nos termos de normas de cada sistema de ensino”.

Com a criação de inúmeras especialidades, a função pedagógica fica entregue a profissionais diversos ( coordenadores, orientadores, psicopedagogos, etc). Ao gestor escolar ( diretor) cabe coordenar esse exército de especialistas e não apenas um “ diretor geral” de “ diretores setoriais”, que só indiretamente conhecem os dados que informam ou apoiam suas decisões.

Segundo o Parecer nº 252/69 do extinto Conselho Federal de Educação, o  gestor [...]deve possuir um lastro de experiência educacional sobre o qual possa firmar seus julgamentos e decisões.[...] Do contrário, por não ser par entre os educadores, o administrador-só-administrador tenderá a converter-se num interventor dócil, ora impositivo, sempre em detrimento da real eficiência.

O gestor escolar deve ser um mediador da escola com órgãos regionais e centrais das Secretarias de Educação. Como “ subordinado”, deve atender às decisões administrativas, pedagógicas e financeiras dos órgãos superiores- que são centralizadores, burocráticos e hierarquizados-, muitas vezes fora da realidade e das possibilidades da maioria das escolas por que baixadas, quase sempre, por pessoas que não tiveram vivência nas escolas de educação básica. Por isso é que o gestor escolar precisa estar comprometido com um projeto pedagógico bem elaborado para gerir os interesses da escola, frequentemente conflitantes com os do governo, cujas políticas educacionais não têm primado pela coerência e continuidade.

De acordo com Santos, Clóvis 2008), a prática do gestor escolar deve basear-se em teorias que visem:. à criação de um ambiente em que o respeito e a afetividade sejam uma constante;ao favorecimento do crescimento pessoal e profissional de todas as pessoas que trabalham na escola; a humanização do relacionamento, evitando quaisquer preconceitos mesmo que velados; ao exercício da cidadania pela comunidade; ao envolvimento em todas as decisões fundamentais da escola.

Um perfil único de gestor escolar não atende à diversidade de ideologias e problemas.Vianna( 1995, p.34) sugere que as escolas possam ser gerenciadas por colegiados e atuem com recursos de contra-ideologia, conscientizando para uma ação coletiva e organizada.

A gestão escolar, na maioria das escolas públicas, ainda se baseia no modelo de administração clássica, estática e burocrática, não condizente com as necessidades de um mundo em constantes e rápidas transformações. O século que se inicia vai exigir uma nova escola, organizada e gerida em bases totalmente diferentes, com mais dinamismo e criatividade para se capaz de interpretar as solicitações de cada momento e criar condições mais propícias para um trabalho escolar mais eficaz.

O novo modelo de gestão educacional e escolar enfatiza a liderança não mais realizada como no passado, por gente talentosa, com características de personalidade que induzem as pessoas no trabalho e á  participação.

Hoje o líder busca, intencionalmente, influenciar os outros para utilizarem todo o seu potencial, realizarem bem as tarefas e atingirem objetivos e metas, maximizando o desenvolvimento organizacional e pessoal.

Os líderes atuais devem ser agentes de mudanças, pois não se trata de adquirir novos conceitos, habilidades ou atitudes, mas de  “ desaprender “ o que não é mais útil à organização.

Ferreira et al ( 1997, p. 239-240) apontam dois elementos que devem estar presentes em qualquer modelo de gestão: Contextualização- qualquer paradigma de gestão não tem sentido se considerado fora da realidade em que surgiu. Desde os primórdios da civilização humana, qualquer empreendimento espelha o grau de desenvolvimento e os anseios da sociedade em que se insere: suas limitações tecnológicas, o nível de abertura cultural de seu povo, o grau de ingerência do Estado na vida econômica, a autoridade e austeridade de seus políticos, sua riqueza e a qualificação de seus recursos. [...] Um modelo de administração não pode ser analisado de forma estanque, desvinculado de seu contexto.Necessidade de mudanças- as organizações são sempre foco e alvo de mudanças pela utilização da tecnologia ou pelas transformações impostas pela sociedade.Mudança contínua é uma característica intrínseca do universo. A finalidade desse propósito de permanecer estado de mutação é uma questão em torno da qual cientistas e filósofos constroem hipóteses e teorias para explicar o fenômeno.

Para a organização, mudanças é a única constante. [...]. A única coisa que diferencia nossa época das anteriores e a velocidade das mudanças que se tornam cada vez maiores.

Segundo Laranja ( 2004,p.242) espera-se de um gestor ou de uma gestora que : “ tenha criatividade, perceba o macro, saiba trabalhar em equipe, seja ágil na resolução de problemas, se comunique com eficiência”

É possível perceber que a gestão escolar é uma importante dimensão da educação, entendida como meio e não como fim do processo educativo, cuja atuação deve voltar-se tanto para o desenvolvimento profissional dos professores como para a aprendizagem dos alunos.

Entende-se que os processos de desenvolvimento da prática profissional dos professores estão associados a uma participação ativa na organização coletiva do trabalho escolar, bem como na articulação entre a prática exercida e a formação continuada. Quanto aos alunos, cujas aprendizagens devem ser reais e significativas, a gestão escolar e os professores devem oportunizá-los ao desenvolvimento das competências demandadas pela sociedade: criatividade, criticidade,autonomia,iniciativa, capacidade de tornar decisões fundamentadas, de resolver conflitos do cotidiano, além de saber expressar-se com clareza, tanto na forma oral como escrita, e outras competências que lhes possibilitem a prática responsável da cidadania.

Para tanto, a gestão escolar deverá atuar de maneira autônoma, fundamentando sua prática em processos participativos, democráticos, em que o coletivo da escola contribua para a definição e formulação do projeto político-pedagógico, dos objetivos educacionais e institucionais, das tomadas de decisão.

Esse entendimento da gestão escolar como espaço de compartilhamento, de diálogo, de solidariedade, de compreensão e respeito ao outro leva a uma maior valorização das pessoas do q2ue dos processos educativos, o que torna a ação de gerir a escola menos burocrática, portanto, mais humana e capaz de transformar a realidade.

Conforma Luck ( 2005), um novo paradigma de gestão é marcado , sobretudo, por uma mudança de consciência e não apenas por uma mudança de terminologia- administração /  gestão. Assim, para a autora, a fundamentação teórico-metodológica que orienta a gestão escolar passa a ser entendida como trabalho em equipe,coordenada democraticamente, na qual todos assumem participativamente o compromisso pela escola.

Tem-se, assim por um lado, a concepção de administração, cujo enfoque é organizar, planejar, dirigir e controlar recursos e serviços de forma burocrática e hierarquizada. ( Libâneo, 2004), e, por outro, a concepção de gestão escolar voltada à compreensão da escola como espaço de conflitos de relações interpessoais, de negociação entre interesses coletivos e projetos pessoais para a construção do projeto político-pedagógico da escola; de democratização dos processos e resultados; de emergência e alternância de lideranças, de socialização de tecnologias e sua utilização na produção de saberes; na identificação e articulação entre competências, habilidades e talentos das pessoas que atuam na escola, com vistas à resolução de situações problemáticas e em interneconexão com a dinâmica social, mobilizando e articulando democraticamente e diversidade para dar consistência e unidade ao processo educativo.

Referências:

ABREU, Mariza Vasques de. Progestão. Módulo VIII. Brasilia. Consed, 2001.

CAMPOS, Casemiro de Medeiros. Gestão Escolar e Inovação.19ª Ed. Curitiba, Editora Melo, 2010