ELIAS OLIVEIRA COSTA 

RESUMO 

Este artigo tem por objetivo analisar questões fundamentais e os novos desafios e afetos da gestão escolar, em face das novas demandas que a escola enfrenta, no contexto de uma sociedade que se democratiza e se transforma. Muitos destes desafios· se acham reconhecidos conceitualmente embora, em muitos casos, sejam trabalhados apenas genericamente pela comunidade educacional. Sua notoriedade ocorreu principalmente por terem sido propostos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Tal é o caso da democratização da educação, anteriormente estabelecida pela Constituição de 1988. No entanto, como sua pratica é ainda um livro aberto a experiências consistentes, construção do conhecimento e aprendizagem, e dada a sua centralidade para o desenvolvimento da educação de qualidade, trataremos, especialmente, dessas questões. Emerge, assim, um novo processo educativo, no qual a gestão escolar democrática participativa adquire dimensão articuladora dos recursos humanos, burocráticos e financeiros, objetivando fazer da educação, tanto formal, quanto não formal espaço de formação crítica. A gestão escolar democrática participativa é concebida como elemento de democratização da escola, auxiliando a compreensão da cultura da instituição escolar e seus processos e a articulação das relações sociais, da qual fazem parte, os desafios concretos do contexto histórico.

 

Palavras Chave: Gestão; Professor. Democrática. Educação.

 

ABSTRACT

This article aims to analyze fundamental questions and the new challenges and affections of the school manager, in the face of the new demands that the school faces, in the context of a society that is democratized and transformed. Many of these challenges are conceptually recognized, although in many cases they are only addressed generically by the educational community. Their notoriety occurred mainly because they were proposed by the Law of Guidelines and Bases of National Education. Such is the case of the democratization of education, previously established by the 1988 Constitution. However, as its practice is still a book open to consistent experiences, knowledge construction and learning, and given its centrality to the development of quality education, we will address these issues in particular. Thus, a new educational process emerges, in which participative democratic school management acquires a coordinating dimension of human, bureaucratic and financial resources, aiming at making education, both formal and non-formal, a space for critical training. Participatory democratic school management is conceived as an element of school democratization, helping to understand the culture of the school institution and its processes and the articulation of social relations, of which the concrete challenges of the historical context are part.

Keywords: Management; Teacher. Democratic Education.

 

1 INTRODUÇÃO

           

No contexto escolar compreende-se que a efetivação da gestão democrática é um processo que requer a cada instituição uma longa caminhada de estudos e experiências, entende-se que o curso sobre esta temática não se conclui nos parâmetros optados por este trabalho, pela sua complexidade e necessidade de que novos horizontes sejam traçados, pretende-se ainda, em novos estudos, ampliar os conhecimentos sobre este processo de transformação, que resgata inicialmente as  referências coletivas do ser humano e a convicção de que ele pode intervir no processo de construção histórica da sociedade através da democracia no campo educacional.

Realizar uma gestão democrática significa acreditar que todos juntos têm mais chances de encontrar caminhos para atender às expectativas da sociedade a respeito da atuação da escola. Ampliando o número de pessoas que participam do Conselho escolar, é possível estabelecer relações mais flexíveis e menos autoritárias entre educadores e comunidade.

Neste sentido, o presente estudo respalda-se na necessidade de aprofundamento e compreensão acerca das perspectivas e dificuldades que se enfrenta para efetivar uma gestão democrática, onde se destaca a participação dos diversos atores sociais.

A participação e o exercício da cidadania no campo educacional, e mais especificamente na gestão da escola, estão ligados a um processo mais amplo de extensão da cidadania social à cidadania educacional, e, portanto, ligado à sua função social. Diante disso, o autor recomenda que a gestão democrática seja instituída por meio da criação de conselhos deliberativos, eleição para diretores e da necessidade de construção coletiva do projeto político-pedagógico. Dessa forma o estudo levanta a seguinte problemática: De que forma o processo de gestão democrática tem sido construído e conduzido nas escolas de ensino fundamental?

            O estudo teve como objetivos analisar como ocorre o processo de construção da gestão democrática no contexto escolar procurando elucidar a partir do conhecimento da comunidade escolar o conceito de gestão democrática, caracterizando ainda a forma sistemática do papel do diretor frente as novas exigências educacionais para a concretização de uma gestão efetivamente democrática e autônoma. Nessa construção do processo democrático, buscamos ainda identificar os pontos positivos e negativos que permearam a definição desse processo.

             

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 

 

2.1 TIPOS DE GESTÃO: Conceitos e formas de gerir

 

A expressão gestão sempre esteve associada à ideia de direção, controle e administração de determinados recursos, grupos de pessoas, trabalho direcionado ou mesmo ao simples planejamento que visa atingir um objetivo específico. Entretanto, pouco se reflete a respeito da importância da gestão enquanto modo de intervir construtivamente para solucionar questões, sugerir e orientar determinadas atividades.

O conceito de gestão já é utilizado há muitas décadas, e sua evolução vem sendo constante e vem acompanhando a contextualização filosófica e social. A cada década a evolução da informação, dos meios de comunicações e da tecnologia vem facilitando a evolução conceitual e os novos estudos sobre o tema, o que exige do pesquisador um estudo pormenorizado a respeito da gestão nos mais diversos níveis em funcionamento no interior da escola, sendo entre eles a gestão do conselho escolar.

Assim, Andrade (2002) diz que ao se conceituar gestão é importante que se considere os múltiplos olhares sobre sua definição. Por exemplo, muitos acreditam que a gestão é a sublime experiência de exigir uma parcela considerável de sacrifício intelectual, através do domínio de técnicas e tipos de condução dos assuntos, seja numa determinada instituição, seja em outros aspectos da vida social.

Coli (2002) explica que outros acreditam na gestão como um meio de se concretizar um planejamento inteligente e pertinente, que se sustenta sobre a experiência prática, constante e necessária

Ainda sobre a gestão Luck (2009) se debruça nos estudos sobre a gestão tradicional , também conhecida como teoria autocrática, que tem uma visão mais completa da organização, focando no colaboradores mais também na estrutura organizacional da instituição.

 

Desse modo, definir gestão escolar é abrir caminho para análises diferenciadas que justificam a atuação de cada característica assumida pela prática de administração nas escolas públicas em todo o país.

Descrever sobre os desafios da gestão parte-se do princípio da conceituação. Portanto, é necessário discutir o que é escola. Compreende-se por escola o ambiente sistematizador e construtor de conhecimento. De acordo com Penin e Vieira (2011, p.17) a escola “representa a instituição que a humanidade criou para socializar o saber sistematizado. Sua função social, porém, Tem variado ao logo do tempo, relacionando-se aos diferentes momentos da história, às culturas de países, regiões e povos. Isto porque, cada sociedade e cultura criam suas próprias formas de educação e de escolarização.

A partir desta análise, sintetiza-se a gestão, a qual vem a ser a atividade pela qual são mobilizados os meios e procedimentos para atingirem os objetivos da organização.

Alcantara (2015) evidencia que, na realidade, quando se fala em gestão, não se trata apenas de controlar recursos, coordenar funcionários e assegurar o cumprimento dos dias letivos e horas-aula. É um novo modelo de administração totalmente integrado à esfera pedagógica. A gestão é a maneira pela qual há uma ação na realidade diária educativa, é gerir, gerenciar, coordenar, etc (LUCK, 2009).

Desse modo, é possível perceber que o processo de gestão implica, não somente fazer com que a comunidade participe, mas principalmente gerir esta comunidade onde entram os processos organizacionais em que se faz necessário coordenar toda uma equipe de trabalho para que esta realmente venha a assumir suas responsabilidades.

De acordo com PADILHA (2002) dentro deste novo modelo de gestão, surge a figura do líder participativo, ou o chamado, diretor-gestor que, obviamente, tem papel fundamental nesta nova estrutura, pelo acentuado grau de responsabilização na consecução dos resultados. A transformação vivenciada no ambiente escolar nasce no papel do líder. Ele motiva, incentiva, direciona, delega, conscientiza, mas, tudo isto no intuito de provocar uma mudança nos paradigmas do passado. 

O principio da participação implica no que é inevitável: a direção, que dentro da gestão democrática, promove de maneira significante à promoção da gestão coletiva. Isso fica claro quando no decorrer das observações realizadas pelo grupo no período em que esteve envolvido com a pesquisa de campo, principalmente na visita realizada nas dependências da escola e no contato (conversas informais) com os seus membros, verificou-se que a gestora tem dificuldades em fazer com que as responsabilidades sejam assumidas por todos da comunidade, como, por exemplo, quando se trata de participar nas decisões relacionadas as mudanças no calendário ou mesmo nas programações referentes as datas festivas, tomando atitudes e aplicando ordens que deveriam ser discutidas pela Equipe escolar.

Hora (2012) explica que um gestor capaz de construir e desenvolver a convivência coletiva na escola é aquele que indaga honestamente. O desenvolvimento de habilidades de liderança do gestor é muitas vezes pessoal, porém depende de articulações adequadas entre características pessoais e capacidades de aprender com os outros.

A eficácia escolar é diversificada de acordo os com pontos de vista metodológicos e conceituais. A partir da práxis de todo esse processo, os docentes estarão participando em conjunto com o diretor da escola, onde poderá haver interferência e influência na gestão escolar a qual atuam, podendo automaticamente melhorar a qualidade do trabalho de ambos, pautados no ato de assumir responsabilidades no exercer de direitos e acima de tudo, praticando a cidadania ativa na escola.

Em relação aos docentes, a dimensão das discussões chega-se a conclusão de que, sem participação não há liberdade, pois o poder se concentra nas mãos de poucos. Analisar a escola, como uma grande sinfonia, serve para fortalecer as discussões a respeito da atuação gestora democráticas. O papel do gestor é simbolizado por um maestro, considerando que o maestro/gestor é quem deve ter a função de orientar seus músicos/educadores.

            Tudo isso não se difere da escola, nela todos os educadores são músicos que se diferem por suas áreas de atuação (disciplina), mas o instrumento que cada um utiliza no cotidiano escolar deve estar afinado, para que a educação consiga alcançar seus objetivos de formar cidadãos críticos e atuantes na sociedade (LUCK, 2009).

Demonstrar tal problemática remete-se, em uma questão central no âmbito da teoria e da prática pedagógica gestora, a relação assim, entre conteúdo e forma, à qual o conhecimento é sistematizado e aplicado no seu momento crucial de prática, onde todos os caminhos trilhados.

Assim, percebe-se que a gestão democrática precisa ser plena, na medida em que ajuda todos os participantes do processo de ensino e aprendizagem a enfrentar os desafios impostos pelo cotidiano. Nesse sentido, o educador aprende a transmitir valores e conteúdos auxiliando a gestão a manter sua autonomia e sua capacidade de manter a organização dos processos.

Como no desenvolvimento de outras capacidades, a aprendizagem de determinados procedimentos e atitudes, tais como planejar a realização de uma tarefa, identificar formas de resolver um problema, formular boas perguntas e boas respostas, levantar hipóteses e buscar meios de verificá-las, validar raciocínios, resolver conflitos, colocar-se no lugar do outro para melhor refletir sobre uma determinada situação, considerar as regras estabelecidas é o instrumento para a construção da autonomia.

A gestão tem importância ímpar no que concerne a proposta que deverá ser contemplada. COLOMBO (2014) afirma

 

Muitas vezes, ao questionarmos os profissionais de educação sobre qual é o negócio de sua instituição de ensino, nos deparamos com respostas voltadas ao produto da empresa. Esse equívoco é frequente e, com certeza, gerará uma miopia na equipe ao se estabelecerem os objetivos estratégicos organizacionais.

 

Isso indica que ainda prevalece conceitos equivocados a respeito do negócio envolvido no ensino e na aprendizagem. De maneira objetiva, o entendimento claro desse pressuposto pode ajudar a tornar a escola o espaço onde as práticas do saber vão se materializando. Porém, é perigoso afirmar que o negócio nesta área pode ser compreendido apenas como ensino ou educação.

Qualquer análise bem fundamentada e sintonizada com a realidade deverá levar em conta os possíveis benefícios que o aluno terá caso continue a se manter concentrado naquilo que realmente é fundamental: o desenvolvimento intelectual e moral para lidar conscientemente com seu papel de cidadão.

De acordo com Demo (2013) manter em foco as finalidades e objetivos da gestão mostra-se uma atitude coerente, de modo que alguns princípios precisam assumir um lugar de honra no conjunto de preocupações do gestor escolar. Mantendo uma posição que incentiva à reflexão crítica mas construtiva, a ética nas ações, a melhoria e inovação nos processos, a inserção no mundo do conhecimento, o compromisso com a qualidade, a capacitação permanente da equipe, a atualização tecnológica, a satisfação do cliente e a responsabilidade social.

Paro (2012) informa que devido à amplitude e dimensão da gestão da educação em nível estadual e municipal e escolar, o perfil do gestor deve conciliar duas dimensões essenciais: a técnica e a política. Visto que, da heterogeneidade que o paradigma da modernidade apresenta, surge a vitalidade de uma concepção emergente mais atenta às práticas cotidianas, visando transformar o processo educativo em uma prática social voltada para a construção da cidadania; nesse sentido, a autonomia escolar surge como possibilidade efetiva à descentralização e democracia. O relatório retrata a função e a ação do gestor escolar da rede pública, visando traçar o perfil desse profissional.

Considerando que, na prática do cotidiano escolar, a participação do colegiado deixa muito a desejar, prejudicando todo o processo de (re)significação da autonomia escolar, notando-se que uma das atribuições do gestor é administrar o trabalho das pessoas promovendo a união em equipe, estabelecendo uma relação de reciprocidade, onde equipe, escola e comunidade se beneficiam. Luck (2012) acrescenta que

 

A escola deve fugir do modelo organizacional centralizador e anti-democrático e encontrar formas de atrair o comprometimento de todos os profissionais, caso deseje atingir um alto nível de desempenho e motivação. Isto é muito difícil de se conseguir se os líderes escolares adotam tipos autoritários de gestão. Por outro lado, a participação significativa atrai o comprometimento. Em outras palavras, une o grupo em torno de preocupações profissionais comuns, utiliza, conjuntamente, as suas habilidades, conhecimentos e experiências para resolver problemas relacionados ao trabalho e cria uma agenda organizacional a partir da qual cada profissional é capaz de situar o seu trabalho.

 

Assim, destaca-se a necessidade da efetividade da organização escolar no processo ensino-aprendizagem, dando-se ênfase na superação do estilo de gestão que se tem desenvolvido, visto que o desenvolvimento pessoal se dá junto ao desenvolvimento organizacional, numa relação recíproca.

PARO (2012) acrescenta que os pressupostos que viabilizam um novo tipo de uma gestão da educação precisam ser bem claros, analisando-se a questão dos paradigmas educacionais, a especificidade da organização escolar e a qualidade na educação, destacando o eixo pedagógico da gestão da escola a nível micro e macro, apontando os paradigmas e a “nova” escola que se deseja e apresentar as dimensões da gestão democrática na educação. Essa forma de administrar a educação constitui-se num fazer coletivo, permanentemente em processo baseado nos paradigmas emergentes da nova sociedade do conhecimento, que fundamenta a concepção de qualidade na educação e define a finalidade da escola.

Considerando que a principal função da escola é ensinar (em seu amplo conceito), observa-se a necessidade de se estabelecer maior interatividade entre o processo pedagógico e administrativo; porém, o sistema em si, com sua falsa democracia, não permite que essa função efetivamente ocorra. “Gestão, função e organização escolar, aliadas a prática pedagógica, devem ter esse direcionamento, ensino/aprendizagem, pelos quais se concretiza a ação educadora de fato.” (LEITE, 2002, p. 99). Sendo assim, podemos verificar que o principal desafio da gestão é a complexidade do processo de ensino que, para seu desenvolvimento e aperfeiçoamento, depende da ação coletiva, da coparticipação da equipe.

A gestão da escola tem que estar associada à democratização do processo pedagógico, à participação de todos diante da tomada de decisões e sua consumação, assumindo um compromisso coletivo em prol de resultados educacionais efetivos e significativos vinculada à dimensão pedagógica e política no administrativo da unidade de ensino, visto que gestão, segundo GOMES (2004, p. 39). “fruto da ciência responsável pelo planejamento, organização, avaliação e controle de recursos materiais, financeiros, tecnológicos e humanos.

Essa “nova” concepção organizacional destaca e demonstra como é fundamental o papel dos gestores, por isso a importância de que sua prática seja mais competente tecnicamente e mais relevante socialmente, além, evidentemente, de estar associada à noção dos fatores internos e externos que condicionam sua atuação.

DEMO (2013) evidencia que frente a tal análise, verifica-se a instituição de ensino como um sistema que agrega indivíduos que em geral pensam de maneira diferenciada uns dos outros. Daí a necessidade do estabelecimento de objetivos peculiares para uma gestão de sucessos, pois se deve considerar de fato que um sistema se define pelo conjunto das partes que o integram que se interdependem e que por sua vez também interagem.

            No entanto, os desafios são grandes para que haja o envolvimento, a articulação e a promoção de ações de pessoas nos processos democráticos de participação que a sociedade vivencia ao longo dos anos, primando por maior participação nas tomadas de decisões que destacam a importância da observância das leis, e as condições necessárias para a prática democrática.

 

3 METODOLOGIA 

 

O estudo exigiu uma pesquisa bibliográfica de natureza descritiva que foi elaborada a partir do levantamento de fontes referenciais, artigos, livros no campo da Pedagogia.

Demo (2002) avalia o trabalho científico pela sua qualidade política e pela sua qualidade formal.  Para melhor entendimento, a qualidade política refere-se aos conteúdos, fins e substâncias do trabalho; já a qualidade formal diz respeito aos meios e formas usados na produção do trabalho, ao domínio de técnicas de coleta e interpretação de dados, manipulação de fontes de informação, conhecimento demonstrado na apresentação do referencial teórico e a apresentação escrita ou oral em conformidade com as exigências acadêmicas.

Para tanto, faz-se necessária a pesquisa e esta, por sua vez, pode ter vários conceitos, contudo, Demo (2002) assim discorre:

A pesquisa é uma atividade cotidiana como uma atitude, um questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático (p. 34).

Portanto, para a realização da pesquisa, foi necessária a leitura preliminar das fontes bibliográfica – para familiarização com o assunto; a leitura seletiva – para selecionar o material necessário; a leitura reflexiva – para melhor compreensão do assunto e a leitura interpretativa, com base nas abordagens teóricas discutidas pelos autores pesquisados.

 

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

 

A democracia enquanto valor universal é prático de colaboração recíproca entre grupos e pessoas é um processo globalizante que, tendencialmente, deve envolver cada indivíduo na plenitude de sua personalidade. (PARO, 2001, p.25).

Falar em democracia, vem logo a mente participação, colaboração, autonomia, será diante do cenário educacional brasileiro nas nossas escolas públicas há tão falada democracia, nas escolas os docentes e todos os sujeitos envolvidos neste processo de ensino.

Na tão discutida gestão democrática temos os pontos positivos e os negativos, o ponto positivo: podemos escolher entre aspas os nossos gestores, os professores, educandos e a comunidades escolar tem participação ativa na tomada de decisões relacionadas a escola e seu funcionamento. O ponto negativo: já começa na eleição para gestores, onde nem sempre é o gestor aquele que recebe mais voto, tem a chamada lista dos três mais votados, e é encaminhada para o governador, na verdade continua como sempre, um processo de indicação política.

Pela estrutura da educação no Brasil de hoje, encontram-se, também, várias modalidades de gestão escolar, todas, obviamente, conectadas intimamente a maneira operacional de cada diretor. Em razão disso, é preciso conhecer o que pensa o Diretor da escola-campo da pesquisa sobre suas atribuições e a centralidade do seu trabalho para aprimorar o processo de ensino e aprendizagem na escola.

            Por isso, sobre concepção de uma escola democrática enfatiza-se sobre o bom relacionamento com os participantes da gestão escolar e o envolvimento destes nas ações pedagógicas e administrativas. Mas, existem dificuldades e, em razão disso, a gestora, aponta alguns desses contrapontos para a execução de uma gestão realmente democrática.

Entre as dificuldades que existem para se efetivar a gestão democrática destacam-se a indiferença e/ou ausência da comunidade extraescolar para com a necessidade de participação no processo educacional, acompanhando o trabalho desenvolvido e oferecendo apoio aos professores, coordenadores, etc. Na realidade, um dos entraves para que se efetive a gestão democrática é justamente a pouca participação da comunidade quando convocada a contribuir com a escola, seja através dos encontros e reuniões programadas ou mesmo durante a proposição de projetos específicos que abordem temas de interesse comunitário.

            Suas colocações podem ser evidenciadas nas palavras de Libâneo (2014, p.143) ao enfatizar que:

 

A participação implica os processos de gestão, os modos de fazer, a coordenação e a cobrança dos trabalhos e, decididamente, o cumprimento de responsabilidades compartilhadas conforme uma mínima divisão de tarefas e alto grau de profissionalismo de todos.

 

            Desse modo, é possível perceber que o processo de gestão implica, não somente fazer com que a comunidade participe, mas principalmente gerir esta comunidade onde entram os processos organizacionais em que se faz necessário coordenar toda uma equipe de trabalho para que esta realmente venha a assumir suas responsabilidades. Verifica-se que a diretora tem encontrado dificuldades em gerir sua comunidade.

Dentro deste novo modelo de gestão, surge a figura do líder participativo, ou o chamado, diretor-gestor que, obviamente, tem papel fundamental nesta nova estrutura, pelo acentuado grau de responsabilização na consecução dos resultados. A transformação vivenciada no ambiente escolar nasce no papel do líder. Ele motiva, incentiva, direciona, delega, conscientiza, mas, tudo isto no intuito de provocar uma mudança nos paradigmas do passado.  (PADILHA, 2002).

Nesse mesmo prisma, assegura Libâneo (2003, p. 330):

 

Convém ressaltar que o principio participativo não esgota as ações necessárias para assegurar a qualidade de ensino, tanto quanto o processo organizacional, e como um de seus elementos, a participação é apenas um meio de alcançar melhor e mais democraticamente os objetivos da escola, os quais se localizam na qualidade dos processos de ensino e aprendizagem.

 

O principio da participação implica no que é inevitável: a direção, que dentro da gestão democrática, promove de maneira significante à promoção da gestão coletiva. Isso fica claro quando no decorrer das observações realizadas pelo grupo no período em que esteve envolvido com a pesquisa de campo, principalmente na visita realizada nas dependências da escola e no contato (conversas informais) com os seus membros, verificou-se que a gestora tem dificuldades em fazer com que as responsabilidades sejam assumidas por todos da comunidade, como, por exemplo, quando se trata de participar nas decisões relacionadas as mudanças no calendário ou mesmo nas programações referentes as datas festivas, tomando atitudes e aplicando ordens que deveriam ser discutidas pela Equipe escolar.

Contrapondo tal contexto autores como Bordignon e Gracindo (2016), são específicos quanto à função do administrador escolar ao colocarem que, o gestor é o coordenador, com conhecimento técnico e percepção política, não mais o dono do fazer e, sim, o animador dos processos, o mediador das vontades e seus conflitos. Um gestor capaz de construir e desenvolver a convivência coletiva na escola é aquele que indaga honestamente. O desenvolvimento de habilidades de liderança do gestor é muitas vezes pessoal, porém depende de articulações adequadas entre características pessoais e capacidades de aprender com os outros.

 

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS:

 

No levantamento bibliográfico deste estudo, puderam-se alcançar os objetivos deste trabalho ao observar algumas questões que denunciaram os entraves para a efetivação da gestão democrática na instituição pesquisada.

Ao analisar a produção bibliográfica percebe-se que o perfil de muitas escolas e do processo de gestão, constataram-se algumas situações apontadas pelos teóricos deste trabalho como fatores para a não funcionalidade da democracia no âmbito escolar como: a falta de formação específica da diretora para o exercício em função; a inexistência de um Projeto Político Pedagógico, um grande instrumento de organização do trabalho escolar, e, apontado como expressão coletiva do esforço da comunidade, na busca por sua identidade, e nesse sentido, como uma das principais expressões de autonomia escolar; além da ausência de um processo eleitoral para a escolha do diretor. Entende-se que, isoladamente, as eleições para diretor não têm força suficiente para assegurar a democratização da gestão, mas, sem elas não se pode falar em um processo verdadeiramente democrático de gestão.

            Outro aspecto relevante diz respeito à não participação de pais e alunos nas reuniões administrativas. É de fundamental importância que se estabeleça a articulação entre a escola e a comunidade que a serve, pois a escola não é um órgão isolado e suas ações devem estar voltadas para as necessidades comunitárias com muito trabalho, dedicação, participação para se chegar ao objetivo da educação que é promover o homem dentro de seu contexto social e político.

Realizar uma gestão democrática significa acreditar que todos juntos têm mais chances de encontrar caminhos para atender às expectativas da sociedade a respeito da atuação da escola. Ampliando o número de pessoas que participam do Conselho escolar, é possível estabelecer relações mais flexíveis e menos autoritárias entre educadores e comunidade.

            No decorrer deste estudo, pode-se descobrir que alguns caminhos podem ser percorridos para que a escola venha a se tornar uma democracia. Primeiramente, faz-se necessário que toda comunidade escolar, não somente tenha a ciência da importância de uma gestão democrática, mas, principalmente, busque descobrir sobre os caminhos que devem ser percorridos para que ela realmente se efetive.

Portanto, a formação do diretor requer uma especialização na área, para que este possa ampliar as conquistas para níveis mais aprofundados de participação da sociedade, tendo como perspectiva a superação de modelos verticalizados por relações mais horizontais, onde a democracia seja, cada vez mais, compreendida como valor político e social.

Embora a gestão democrática esteja, atualmente, bastante presente nos discursos, ela exige de todos os profissionais uma afirmação concreta, exercitada cotidianamente nas relações dentro e fora da escola. A cultura democrática está longe de ser uma realidade consolidada, e necessita do trabalho diligente de todos que se preocupam com uma gestão qualitativa, em especial no espaço educacional, ponto de encontro de gerações tanto na conservação da história e produção de conhecimentos, quanto na inovação e transformação cultural. 

            Apesar de compreender que a efetivação da gestão democrática na escola é um processo que requer a cada instituição uma longa caminhada de estudos e experiências, entende-se que o curso sobre esta temática não se conclui nos parâmetros optados por este trabalho, pela sua complexidade e necessidade de que novos horizontes sejam traçados, pretende-se ainda, em novos estudos, ampliar os conhecimentos sobre este processo de transformação, que resgata inicialmente as  referências coletivas do ser humano e a convicção de que ele pode intervir no processo de construção histórica da sociedade através da democracia no campo educacional.

           

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