GESTÃO EDUCACIONAL: VIVÊNCIA E EXPERIÊNCIAS ADQUIRIDAS DURANTE O ESTÁGIO 

Vera Lúcia da Silva1 

INTRODUÇÃO 

O estágio curricular é de suma importância para o futuro professor, pois o mesmo deve conhecer a realidade atual de sua futura profissão, um exemplo disso, é que o estagiário e também futuro professor poderá contemplar a realidade atual da escola, das salas de aulas, dos laboratórios, em fim de toda estrutura física da escola e principalmente ele vai compreender como se dá o convívio social no dia dia do trabalho com seus colegas de profissão. E com isto ele irá de fato entender as reais dificuldades que irá encontrar na sua vida profissional e assim aos poucos ir reconhecendo o seu futuro ambiente de trabalho.

Ao longo do estágio na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Pedro Poti frequentei principalmente a sala da diretoria. Durante o desenvolvimento das atribuições  enquanto estagiária foram realizados diversas atividades como atendimento aos pais, alunos, professores e comunidade escolar em geral, participação em reuniões e intervenções pedagógicas, observação da postura dos professores e do comportamento dos alunos, etc. e cada atividade durou em média três horas-aulas por dia, totalizando assim 100 horas-aula.

O estágio proporciona associar a teoria com a prática, uma vez que, a prática vem complementar tudo aquilo explícito na disciplina, tudo o que aprendemos com os grandes pensadores e com nossos professores, pois afinal de contas essa é a trajetória para a formação profissional do educador. 

(...)Assim, o estágio supervisionado, como componente integrador entre teoria e prática, configura-se como espaço propício para a produção dos diversos saberes necessários à profissão docente no mundo atual, onde os sujeitos devem ser capazes de contextualizar, planejar e gerir a sua ação pedagógica (ARAÚJO, P. 2, 2013). 

            O aluno ao ingressar em um curso de pedagogia, ao longo de suas atividades práticas, irá conseguir conciliar durante sua formação o agir do professor-diretor com o pensar das perspectivas do aluno e vai poder refletir o quanto é gratificante descobrir o bom profissional que será futuramente. O objetivo deste trabalho é mostrar a vivência e as experiências adquiridas durante o estágio no ambiente escolar do curso de pedagogia na área de Gestão Educacional. 

CARACTERIZAÇÃO DA ESCOLA 

            Este estágio foi realizado na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Pedro Poti (EEEFM Pedro Poti), situada na Av. Doutor Carlos Pessoa de Melo, pertencente à rede Pública de ensino da cidade de Mataraca, no Estado da Paraíba, sendo esta, vinculada à 14ª Regional de Ensino, localizada na cidade de Mamanguape. Essa escola possui dez salas de aula, sendo utilizadas oito salas e em todas as salas possuem ventiladores, lousas, lixeiras e cadeiras para todos os alunos, também há uma boa iluminação. Ainda há na escola uma diretoria e sala de professores, cozinha, cantina, banheiros feminino e masculino adequados a deficiente físico ou com redução de mobilidade, sala de informática, laboratório de ciências, um espaço para recreio e/ou eventos comemorativos, e também uma biblioteca. 

PRÁTICAS PEDAGÓGICAS, ADMINISTRATIVAS, E FINANCEIRAS DOS GESTORES 

Para se atingir bons resultados e oferecer uma educação de qualidade na escola pública ou privada, exige uma responsabilidade complexa que não se pode deixar nas mãos de uma única pessoa (diretor), por isso houve a necessidade de atuação/participação de outros profissionais gestores (coordenador pedagógico e supervisor de ensino). 

Do início da década de 1970 até os dias de hoje, uma série de estudos e pesquisas científicas vem sendo desenvolvidas no Brasil, Estados Unidos, Inglaterra e em outros países da Europa, apontando que, além do professor, a atuação de outros “atores sociais” também influência na gestão da escola e no desempenho dos alunos. Entre eles, está a figura dos profissionais da educação que compõem a chamada “trindade pedagógica gestora” da escola, formada pelo(a) diretor(a) escolar, coordenador(a) pedagógico(a) e supervisor(a) de ensino (SANTOS, P.49, 2012).

            Cada um desses profissionais tem suas responsabilidades no contexto pedagógico. O diretor é o responsável legal e judicial pela instituição e garante funcionamento da escola, o coordenador responde pela formação dos professores e o supervisor, representa a secretaria de educação, dando apoio técnico, administrativo e pedagógico às escolas e garante a formação de gestores e coordenadores

Esse trio busca através do trabalho conjunto e cooperativo implementar políticas públicas de educação que garanta o processo da aprendizagem..

Os gestores escolares, constituídos em uma equipe de gestão, são os profissionais responsáveis pela organização e orientação administrativa e pedagógica da escola, da qual resulta a formação da cultura e ambiente escolar, que devem ser mobilizadores e estimuladores do desenvolvimento, da construção do conhecimento e da aprendizagem orientada para a cidadania competente. Para tanto, cabe-lhes promover a abertura da escola e de seus profissionais para os bens culturais da sociedade e para sua comunidade. Sobretudo devem zelar pela constituição de uma cultura escolar proativa e empreendedora capaz de assumir com autonomia a resolução e o encaminhamento adequado de suas problemáticas cotidianas, utilizando-as como circunstâncias de desenvolvimento e aprendizagem profissional (LÜCK, P. 22, 2009). 

Na EEEFM Pedro Poti existe a "trindade pedagógica", mas não funciona em sua plenitude, uma vez que, provavelmente o supervisor por ter muitas escolas em sua responsabilidade o mesmo torna-se muito ausente de suas funções. Como de fato, durante o estágio de quase três meses não cheguei conhecer o supervisor de ensino. Por isso cabe aqui ressaltar o quanto é difícil administrar uma escola, pois a 14ª gerência atende as escolas do Vale do Mamanguape que envolve as cidades de: Baía da Traíção, Cuité de Mamanguape, Curral de Cima, Itapororoca, Jacaraú, Mamanguape, Marcação, Mataraca, Pedro Régis e Rio Tinto, é muito importante a presença de um supervisor numa instituição de ensino, pois segundo (SANTOS, 2012) esse profissional, geralmente um educador, tem a incumbência de dar apoio técnico, administrativo e pedagógico às instituições de ensino; bem como garantir a formação de gestores escolares, professores e coordenadores pedagógicos, e dinamizar a implantação de políticas públicas de educação.

Para a construção e desenvolvimento do Projeto Politico Pedagógico da Escola também há necessidade da participação do coordenador pedagógico, pois a gestão de uma escola faz-se de maneira democrática e compartilhada. 

De acordo com os sistemas de gestão apresentados, o trabalho do coordenador pedagógico é evidenciado em alguns aspectos da gestão compartilhada e da gestão democrática, uma vez que ele trabalha de forma coletiva (compartilhada) e auxilia no processo de tomada de decisões na comunidade escolar (democrática)(GRIPPE, P. 13, 2013). 

            Uma de suas principais atividades desenvolvidas no ambiente escolar é a formação continuada dos professores e supervisores. 

É dessa forma, agindo como um parceiro do professor que o coordenador pedagógico vai construindo sua prática, com vistas a melhorar a qualidade de ensino ofertada pela instituição de ensino na qual atua. Sua práxis comporta várias dimensões: é reflexiva, pois auxilia na compreensão dos processos de aprendizagem existentes no interior da escola, é organizativa quando tenta articular o trabalho dos diversos atores escolares, também é conectiva, pois possibilita elos não só entre os professores, mas também entre esses e a direção da escola, entre pais e alunos e com os demais profissionais da educação.

(MELO, DIAS & JESUS, P.07, 2012) 

A influência do Coordenador Pedagógico no trabalho em sala de aula consiste em verificar o andamento da aula do professor, visualizar onde o professor poderia melhorar sua didática e intervir quando necessário, pois normalmente um olhar de um profissional da área pode fazer toda diferença, pois o coordenador é o elo mediador entre currículo e professores. 

o coordenador pedagógico precisa hoje ser capaz de trabalhar com as diferenças e diversidades: étnicas, raciais, religiosas, físicas entre outras. Cabe ainda a esse profissional articular os processos educativo no âmbito da escola, mediando e encaminhando trabalhos que tenham a ética, a cidadania, a inclusão e a solidariedade, como componentes norteadores de seu projeto pedagógico, contribuindo assim para a construção de um trabalho pautado em um processo de gestão democrática (GRIPPE, P.15, 2013). 

            A direção escolar das escolas públicas brasileiras em especial as Escolas Públicas Municipais do Brasil, geralmente são colocadas em cargo/função (direção, coordenação e supervisão), por indicação política partidária. Onde o ideal seria por via de regra ou força de lei normativa ingressar nestes cargos, através de um processo seletivo só com os professores da própria escola ou do sistema de ensino municipal desde que, os mesmos fossem professores efetivos aprovados em concurso público, começando com uma prova escrita eliminatória/classificatória e concomitante a isso a avaliação de títulos estritamente classificatória. Outro caso seria, reunir a comunidade escolar e organizar uma votação, onde enfatizo mais uma vez que os mesmos teriam que serem professores efetivos aprovados em concurso público e que obrigatoriamente lecionasse na instituição de ensino que dão aula ou na rede de ensino municipal se fosse o caso (algo similar o que já vem sendo feito nas universidades públicas), pois eles conhecem a realidade da escolar e da rede de ensino do município como ninguém.

O diretor é o indivíduo dotado do poder de representar a instituição. Dentre suas várias atribuições estão: Promover na escola a organização, atualização e correção de documentação, coordena e orienta a administração de recursos financeiros e materiais e a sua prestação de contas correta e transparente, etc.. Segundo (LUCK, P. 22, 2009) “aos diretores escolares compete zelar pela realização dos objetivos educacionais, pelo bom desempenho de todos os participantes da comunidade escolar e atingimento dos padrões de qualidade definidos pelo sistema de ensino e leis nacionais, estaduais e municipais.”

            Pelo que pude acompanhar em minhas atividades enquanto estagiária, o diretor João Bonfim desenvolveu suas atividades dentro das normalidades da sua função e do âmbito escolar. Todos os dias ao chegar na escola o diretor verificava o livro de ponto visando a assiduidade dos funcionários e fazia atendimento a comunidade escolar oralmente, ou usando o sistema saber.

            O sistema Saber possui ferramentas de avaliação escolar, que permitem que seja feito o progresso escolar dos alunos (com acompanhamento da frequência, evasão ou retenção de estudantes) e dá a possibilidade das escolas pesquisarem informações sobre os alunos, por meio do nome, RG, CPF ou outros dados de identificação. Disponível em: http://paraiba.pb.gov.br/secretaria-da-educacao-disponibiliza-sistema-saber-no-portal-do-governo-da-paraiba/. É sabido que há relação entre o trabalho do diretor e o trabalho desenvolvido em sala de aula pelo professor, ambos tem o desafio de contribuir com a educação do cidadão e de intervir pedagogicamente, buscando a descentralização do padrão "professor-aluno". O diretor é o sujeito que administra a escola em todos os sentidos, inclusive financeiramente, ou seja, não entra e não sai nada da instituição de ensino sem a sua autorização. Um bom exemplo disso é Programa Dinheiro Diretamente na Escola - PDDE que é uma assistência financeira ofertada pelo Ministério da educação do qual o repasse é feito em uma conta da escola, onde quem o administra é o diretor da escola. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/financiamento-estadual/dinheiro-direto-na-escola. E diante de todas essas responsabilidades legais e judiciais, tem pessoas (leigas) que julgam que o diretor escolar existe apenas para solucionar conflitos.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

            O estágio supervisionado contribui e muito para o desenvolvimento do profissional pedagogo enquanto gestor(a) escolar, vale enfatizar que o estágio constitui-se como estratégia e/ou articulação entre diferentes saberes que abrange teoria e prática. Através do estágio podemos ampliar conhecimentos e vivenciar a integração do aprender teórico e o trabalho prático.

É possível atribuir a formação docente em grande parte ao estágio, pois esse período preparatório não só instrui para ser um(a) profissional pedagogo(a), mas também aponta a realidade e as dificuldades que o gestor escolar encontra no dia a dia de um ambiente escolar.

Percebe-se então, o quanto é primordial ter um trio pedagógico atuante em cada instituição de ensino e como seria bom se todas as escolas tivessem uma equipe gestora presente e ativa, visto que, o trabalho em união e colaborativo implanta uma organização de educação que afirma o triunfo do aprendizado.

Não resta dúvidas que o papel desse trio gestor é favorecer a construção de um ambiente democrático e participativo, onde se encoraja a síntese do conhecimento por parte da comunidade escolar, tendo como resultado deste processo uma educação de qualidade para todos.

Enfim, perceber a realidade atual de um ambiente escolar seja ele público ou privado e sentir como as coisas realmente funcionam, é primordial para qualquer estagiário. Portanto, poder viver essa experiência única, com certeza é levar para si, uma bagagem de conhecimentos prévios.

 

REFERÊNCIAS           

 

ARAÚJO, R. D.. FORMAÇÃO DOCENTE: AS POSSIBILIDADES DE APRENDIZAGEM NO CONTEXTO REAL. Disponível em: www.uespi.br. Acessado em: 02/06/2018 às 20:00 hs

 

GRIPPE, M. P. C..O TRABALHO DO COORDENADOR PEDAGÓGICO EM RELAÇÃO À GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA. Brasília, 2013.

 

LÜCK, H.. Dimensões da gestão escolar e suas competências . Editora: Positivo

Curitiba, 2009.

 

MELO, N. F.;DIAS, R. C.; JESUS, V. S.. O COORDENADOR PEDAGÓGICO FRENTE À CONSTRUÇÃO DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DA ESCOLA. VI COLÓQUIO INTERNACIONAL “EDUCAÇÃO E CONTEPORANEIDADE”. São Cristóvão – SE, 2012.

 

OLIVEIRA, J. S.;GUIMARÃES M. C. M.. O PAPEL DO COORDENADOR PEDAGÓGICO NO COTIDIANO ESCOLAR., Revista Científica do Centro de Ensino Superior Almeida Rodrigues - ANO I - Edição I – Janeiro, 2013 .

 

PROGRAMA DIHEIRO DIRETO NA ESCOLA. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/financiamento-estadual/dinheiro-direto-na-escola. Acessado em: 07/11/2018 às 18:00 hs.

 

SANTOS, J. L..Práticas de gestão administrativa: a visão dos gestores da Universidade Federal de Pernambuco à luz do modelo de excelência em gestão pública. UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO PROGRAMA DE MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO. Recife, 2016.

 

SISTEMA SABER. Disponível em: http://paraiba.pb.gov.br/secretaria-da-educacao-disponibiliza-sistema-saber-no-portal-do-governo-da-paraiba/do. Acessado em: 07/11/2018 às 17:00 hs.