Resumo: Este artigo faz análise do gerenciamento de crise de imagem feita pela Secretaria de Comunicação do Governo do Estado do Pará, diante de 11 homicídios registrados na noite do dia 4 novembro de 2014, que ficou conhecido como Chacina de Belém. A partir dos conceitos de comunicação organizacional, gerenciamento de crise e reputação corporativa, analisamos os fatores que influenciaram o desencadeamento da crise e como ela foi conduzida pela equipe de comunicação do Governo do Pará e gestores, por meio de seu canal de comunicação, a Agência Pará de Notícias. Palavras-chave: Assessoria de Comunicação; Gerenciamento de Crise; Comunicação Organizacional, Chacina de Belém.

1- INTRODUÇÃO

Atualmente a informação se dissemina de forma cada vez mais rápida e por diversos canais. Hoje, não basta somente emitir uma mensagem. É necessário que se tenha rapidez e eficiência por parte de quem transmite. O que se fala, como se fala, quem fala, por qual meio se fala e quando se fala são fatores cruciais para a credibilidade da fonte. O posicionamento, seja ele pessoal, de uma empresa ou instituição, precisa estar comprometido com alais verdade. Quando se trata de comunicação pública isto se é indispensável, principalmente quando se compreende a comunicação pública como algo que está relacionado com a democracia, cidadania e direitos de uma determinada sociedade. Teóricos como Torquato (2010), Rosa (2007) e Duarte (2007), afirmam que não se tem uma definição única de comunicação pública, afinal existem múltiplos significados. Mas é importante antes de se iniciar esse trabalho, buscar uma linha de compreensão do termo, pois há muitos caminhos a serem percorridos. Para enfatizar essa linha teórica sobre a comunicação pública, buscamos referência no conceito Jorge Duarte (2007, p. 64): Comunicação pública, então, deve ser compreendida com sentido mais amplo do que dar informação. Deve incluir a possibilidade de o cidadão ter pleno conhecimento da informação que lhe diz respeito, inclusive aquela que não busca por não saber que existe, a possibilidade de expressar suas posições com a certeza de que será ouvido com interesse e a perspectiva de participar ativamente, de obter orientação, educação e diálogo. Neste trabalho pretende-se abranger questões pertinentes à área de gerenciamento de crise, visando, sobretudo contribuir para análise da comunicação do governo feito no período após o fato que ficou conhecido como Chacina de Belém. A Chacina de Belém foi registrada em 4 de novembro de 2014, quando 11 pessoas foram assassinadas em bairros da periferia da capital paraense. As crises são capazes de afetar toda a estrutura de uma organização. A partir da análise desse caso pretendemos identificar as características do que torna os homicídios ocorridos naquele dia, uma crise de imagem, junto à comunicação organizacional e institucional, isto é, a área que trata de realizar a comunicação no interior das organizações. Partindo dessa particularidade vamos tratar a comunicação de forma estratégica e planejada, visando criar relacionamentos com os diversos públicos, com objetivo de construir a identidade de uma imagem dessas instituições públicas. A Secretaria de Estado de Comunicação (Secom) do Governo do Estado do Pará foi instituída pela da Lei n°7.056, 19 de novembro de 2007. A Secom é um órgão da administração direta do Poder Executivo Estadual1. É entre outros, responsável por fortalecer e estruturar a imagem do Governo. Não cabe a este trabalho qualificar esta imagem. As informações percorrem de forma dinâmica e por vezes, colaborativa, tornando necessária a presença de um gestor de imagem para gerenciar e passar ao público, da melhor forma possível, o que é de interesse da população. Segundo o principal canal de veiculação de notícias institucionais do Governo, a Agência Pará2. Os órgãos da administração, direta ou indireta, possuem uma equipe responsável por desenvolver as atividades especificas do segmento, atendimentos externos, além de dar suporte aos titulares e demais dirigentes no relacionamento com a imprensa. Acredita-se que cada setor do governo trabalhe buscando uma eficiência da aplicação dos recursos, além de supervisionar a adequação dos conteúdos repassados ao público em geral. Toda a estrutura, forma de organização e os produtos, sobretudo os jornalísticos, utilizados no relacionamento com o público externo busca promover a imagem de cada órgão divulgando as ações, balanços e resultados de campanhas. Informações sobre falhas nas ações sejam em coletivas, anúncios públicos atendendo às necessidades de cada momento. Em 4 de novembro de 2014, o governo do Estado do Pará atravessou um momento delicado na gestão de imagem. O caso que ficou conhecido como a Chacina de Belém3 registro de 11 óbitos de jovens. As mortes tinham característica de execução, os homicídios ocorreram em cinco bairros4 de Belém. Foram listados após a morte do cabo da Polícia Militar Antônio Figueiredo, que foi executado a tiros no bairro do Guamá, em novembro de 2014. O fato gerou um desafio para os profissionais de comunicação em meio ao destaque dado pela mídia à violência enfrentada por moradores de bairros periféricos de Belém e região metropolitana, após a execução do militar. A multiplicação de boatos disseminados, principalmente, por dispositivos de comunicação instantânea como WhatsApp5, onde pessoas relataram que supostos policiais haviam convocado grupos para vingar a morte do cabo assassinado, declarando um suposto “toque de recolher” em bairros de Belém. Diante da onda de boatos foram feitas duas transmissões ao vivo, que foram disponibilizados nas redes oficiais do estado. No dia 5 de novembro de 2014, durante entrevista coletiva concedida a imprensa pelos responsáveis da gestão dos órgãos de segurança do Estado do Pará. O Secretário de Segurança Pública, Luiz Fernandes, Coronel Daniel Mendes, Comandante Geral da PM, Armando Brasil, Promotor de Justiça Militar. Relataram o caso e afirmaram que as medidas cabíveis para solução do fato seriam tomadas para que os responsáveis fossem punidos conforme a lei. O então Governador Simão Jatene demostrou preocupação com intuito de evitar que a desinformação ou a informação equivocada acentuasse o drama da população em geral, que vivenciava aquele momento crítico. Por meio da Secretaria de Comunicação em conjunto com os dirigentes e responsáveis, a Secom divulgou as informações sobre o fato nas redes sociais oficias informando sobre a real situação, de forma a minimizar os problemas de imagem do governo. O objetivo geral deste artigo, é descrever e analisar as ações da Secom, mediante a crise que foi instaurada nas redes sociais. Analisando adequação das mensagens repassadas ao público em geral, demonstrar a relevância e necessidade do assessoramento de órgãos. O objetivo específico deste trabalho é identificar os feitos desenvolvidos pela Secretaria de Comunicação do Estado do Pará, em razão da Chacina de Belém ocorrido em novembro de 2014, de forma mais específica, pretende-se analisar os procedimentos realizados pela gestão, gerenciamento e monitoramento nas redes socais e a forma como foram desenvolvidas ações com vista a minimizar os impactos deste evento sobre a imagem do Governo do Pará. Dentro desta pesquisa tentar compreender o que se diz o que se pensa e o que se faz na prática, sobre gestão de crise. A intenção também é contribuir e, quem sabe, esclarecer sobre a importância de se prevenir contra eventos deste tipo, reforçando a importância de ter uma equipe competente para gerir qualquer tipo de crise. Analisar os impactos, como a comunicação é gerenciada nesta situação, e também, procurar mapear e compreender o amplo mundo da gestão de crise dentro da comunicação. Através de observações, será feito um estudo de caso de forma qualitativa do conteúdo divulgado pelo portal de notícias Agência Pará nos dias 5 e 6 de novembro de 2014. Para elaborar este trabalho, foi necessário reunir conceitos que tratavam sobre o significado de crises e o seu desdobramento; a diferença de imagem, reputação e identidade organizacional; a diferença de redes e mídias sociais e o significado de gestão, gerenciamento e monitoramento de redes sociais um estudo descritivo, cujo objetivo é descrever a análise do conteúdo das notícias publicadas no site institucional Agência Pará no período posterior aos homicídios. Reunir esses conceitos foi fundamental para a realização da análise final desse trabalho, além de contribuir para novas pesquisas na área de gestão de crises. A investigação, reflexão e o ensaio acadêmico apresentados nesta pesquisa será realizada através de análise do conteúdo que foi ao ar entre os dias 4 a 6 de novembro de 2014. Com o intuito de aprofundar e responder questionamentos, contribuindo para que possamos compreender melhor o fenômeno a ser estudado com elaboração da tabela de correlações entre autores versus hipóteses/problemas, o trabalho será dividido em seções associados a cada situação-problema em uma tentativa de eventualmente responder às hipóteses e a os objetivos gerais e específicos.