Geografia e Ensino
Por Erynat FERNANDES | 23/10/2007 | GeografiaO
texto apresentado constrói uma reflexão sobre a geografia, sua
história, as teorias, os métodos, os debates da geografia e do ensino
de geografia. É um espaço em construção, que vai crescer .
O
prussiano Karl Ritter (1779-1859) divide, com Humboldt, a condição de
fundador da geografia moderna. A sua obra constitui prova de que a
disciplina nasceu impregnada pela preocupação com o tempo histórico. E,
ainda, que aqueles que buscam no recurso ao tempo histórico uma
alavanca para a renovação da geografia não estão rompendo com uma
tradição, mas tentando recupera-lá. Há duas escolas anti-históricas do
pensamento geográfico - a "possibilista" e a quantitativa -
encontraram-se no ensino básico e médio. Uma pesada tradição didática,
contra a qual se chocam docentes buscando a renovação do ensino de
geografia, mescla ou apenas justapõe a descrição da paisagem fornecida
pela primeira à formalização da paisagem oferecida pela segunda. Em
última instância, o resultado consiste na abolição da explicação dos
fenômenos, amputados da sua gênese e evolução. Despidos do tempo
histórico, objetivados como "características da paisagem", os fenômenos
geográficos perdem sentido e inteligibilidade. A geografia. As
repercussões ultrapassam o âmbito da geografia humana, para atingir a
própria geografia da natureza. Aqui, não é o tempo histórico, mas a
noção geral de tempo que se esvai, substituída pelo receituário
corográfico. A geomorfologia - o tectonismo de placas,a dinâmica de
construção e destruição das formas da litosfera - perde terreno para os
modelos esquemáticos de distribuição de províncias geológicas, unidades
de relevo, tipos climáticos e coberturas vegetais. Uma geografia sem
alma descortina o reino da memorização.Já
na década de 70 no Brasil, um movimento de renovação da geografia e do
ensino da disciplina, influenciou teses e ensaios universitários, obras
didáticas, propostas curriculares oficiais e exames vestibulares. O
corpo principal de propostas de renovação desenvolvidas nesse períodogerar
uma "geografia marxista". O "materialismo histórico e dialético" a
paradigma da renovação e noções como "modo de produção" e "formação
econômica e social" foram transformadas em pilares da reflexão
geográfica. Tentou-se, inclusive, extrair argumentações geográficas
supostamente implícitas nos clássicos do marxismo. O resultado geral
dessa tentativa foi mais a importação de uma linguagem que a
incorporação de conceitos operativos.Com
a leitura coerente dos textos e reflexos constatamos que a geografia
escolar e´ uma disciplina construída e indispensável para a capacitação
de seres humanos críticos, capazes de transformam a realidade.