Estava me preparando pra partir de volta no Triciclo Feliz da porta de um cartório na av. Pedro Miranda, Belém, Pará, quando fui abordado por uma jovem com uma sombrinha:
-- Tio! Tiiiooo!!! O senhor quer esta sombrinha?-- Falou ela, mostrando uma sombrinha, daquelas que se fecham toda para serem guardadas na bolsa, na mochila, etc. Claro, made in China!
Olhei pra ela surpreso e antes de dar a minha resposta, perguntei:
-- Estás me dando ou me vendendo?
-- Estou lhes dando.
-- Mas por que queres me dar? -- Retruquei, apressadamente.
-- É que ela está fedendo! -- Falou, já querendo se desfazer do objeto.
Eu, sem receio de confirmar a afirmação da jovem, aproximei cuidadosamente a sombrinha, que à essa altura já estava fechada, mas ainda na mão da jovem e tasquei um cheiro narigal! Não senti nada! Não exalou nenhum odor, quer seja de cocô, xixi, vômito ou outra coisa do gênero. Percebi que o objeto estava em perfeita condição de uso e cheirabilidade!
-- Aceito! -- Respondi , agora já segurando a sombrinha definitivamente.
Sentei no banco do Triciclo Feliz e quando procurei a jovem, ela já tinha sumido! Suponho que entrara no mesmo cartório.
Guardei a sombrinha na cesta e fui embora para casa.
          Ao chegar, ainda na entrada do prédio, comentei com um dos funcionários do condomínio, o fato acontecido há pouco. Ele me falou que esse gesto é comum, especialmente nas portas de casas de shows e festas. Que a pessoa, especialmente a mulher jovem, ao chegar de sombrinha, vai à entregando ao próprio mototaxista que à transportou, entra e some!
Tentei analisar a situação. Não cheguei a nenhuma conclusão. Porém, uma que suponho, faça certo sentido: Será por vergonha? Uma jovem andar com uma sombrinha na rua ou entrar em um ambiente portando uma, é encarado como uma postura arcaica, antiga, ou velha? Francamente não sei a resposta. Só sei que a sobrinha que ganhei passou a integrar os equipamentos de proteção e comodidade do Triciclo Feliz, contra as chuvas e o sol escaldante do cotidiano belenense.
Obrigado jovem!