Félix Maier

Fusex significa Fundo de Saúde do Exército. Todos os militares, na ativa ou inativos, contribuem com o fundo (3,5% do soldo). Consultas médicas são grátis para os sócios do Fusex, os quais, no entanto, pagam 20% sobre todo o material utilizado nos atendimentos (remédios, cimento dentário, gazes, máscaras, luvas etc.). Próteses dentárias são 100% indenizadas.

Se todo o dinheiro arrecadado pelo Fusex fosse disponibilizado aos hospitais do Exército, os militares teriam um atendimento de Primeiro Mundo. Ocorre, porém, que o governo Lula retém grande parte da arrecadação, a título de "verba do tesouro", que seria uma verba federal como qualquer outra - a exemplo da famigerada CPMF, que deveria ser direcionada unicamente à Saúde. São centenas de milhões de reais do Fusex retidos nos cofres do governo federal, todos os anos, enquanto que as unidades hospitalares não têm remédios, nem médicos, e estão com os equipamentos de Saúde obsoletos.

Como exemplo, cito o Hospital Geral de Brasília (HGeB), que no momento tem apenas 1 cardiologista. Como resolver a situação dos "véinho" que precisam, todos os anos, fazer seu check-up? Eles são encaminhados para consulta em unidades de Saúde particulares, como o CardioNorte do Hospital Santa Helena.

Obviamente, trata-se de jogar dinheiro fora. De um lado, o governo economiza com a pata de vaca, para aplicação do dinheiro retido em projetos obscuros, superfaturados. Do outro lado do balcão de negócios, os hospitais particulares tomam rapidamente o pouco que sobrou do Fusex com a mão de gato. Perdem tanto os hospitais militares, quanto seus usuários, pois com o dinheiro pago aos hospitais e clínicas particulares, em pouco tempo daria para comprar equipamentos sofisticados, como os de tomografia e ressonância magnética.

Um exemplo. Em 2003, minha mãe, então minha dependente, falecida em maio de 2006, realizou uma cirurgia no Hospital Santa Helena, para implante de peças de titânio na perna, para correção ortopédica. As despesa hospitalares ficaram em torno de R$ 30.000,00 (mais de 60% desse valor custaram as peças fornecidas pela Johnson&Johnson, já que o Hospital particular implementou um valor, a mais, de 30% sobre o valor inicial do material de titânio - um roubo!). Se a cirurgia tivesse sido realizada no Hospital das Forças Armadas, que na época estava na "UTI" - como escrevi a respeito na ocasião -, o custo provavelmente seria 50% menor, tanto para o Fusex, quanto para mim.

Como se pôde observar no exemplo acima, não só o Exército é depenado pelo atual sistema, mas todos os sócios do Fusex, os quais têm que desembolsar valor muito maior quando o atendimento é feito fora da unidade hospitalar militar.

Transformar o Fusex em Fodex, essa patifaria se chama burrice ou safadeza?

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Exmo. Sr. Deputado Jair Bolsonaro,

Como seu eleitor, e atendendo a sua solicitação de sugestões contida em seu comunicado nº 122, tomo a liberdade de lhe sugerir que dirija sua atenção para o problema do FUSEX.

Sou Coronel da Reserva, Engenheiro Militar, Mestre em Ciências em Engenharia e Economia, Doutor em Engenharia Aeroespacial e funcionário admitido mediante concurso público no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE. Disponho de um bom plano de saúde oferecido pelo Instituto e não preciso absolutamente do FUSEX. Por isso mesmo me sinto bem à vontade para analisar isentamente o problema. O que o Governo tem feito com o FUSEX é um crime de apropriação indébita! Os recursos são descontados dos vencimentos de todo o pessoal do Exército. Se V. Excia se socorrer da assessoria de um expert em Ciências Atuariais, ele lhe dirá que esse é o plano de saúde que não tem qualquer chance de se dar mal. Os maiores problemas de um plano desse tipo são a evasão e a inadimplência. Isso é impossível no caso do FUSEX. Os recursos são líquidos e certos e até mesmo previsíveis com precisão absoluta. Outro problema dos planos de saúde é, evidentemente, a taxa de utilização por parte dos usuários. Ora, embora haja um número apreciável de dependentes, e ainda o pessoal mais idoso, geralmente da Reserva ou Reformados, o grosso do universo de usuários (e contribuintes) é constituído pelo pessoal da Ativa, Praças e Oficiais no pleno vigor de sua saúde, que teoricamente não devem necessitar de atendimento médico com freqüência. Além disso, por supremo desplante, todos os serviços prestados pelo FUSEX são indenizados, em parte, pelos usuários.

Repito o que disse acima: qualquer especialista em Ciências Atuariais lhe dirá que esse é o plano dos sonhos das companhias de planos de saúde privados. No entanto, os serviços prestados pelo FUSEX são bastante inferiores àqueles oferecidos pelas companhias privadas do ramo. Isso porque o dinheiro arrecadado por ele toma os mais diferentes destinos: parte vai para outros fins, parte é contingenciada e o que sobra para a assistência médica propriamente dita é insuficiente para assegurar um serviço de qualidade ao menos razoável. Daí minha afirmação que o que se passa é um crime de apropriação indébita ou de confisco, como melhor achar V. Excia. Os recursos que são descontados de nossos salários têm uma destinação bem definida, e são indevidamente apropriados pelo Governo. Como já disse, não preciso do FUSEX, mas nas ocasiões em que converso sobre o assunto com companheiros das mais diversas patentes e graduações, só tenho ouvido reclamações sobre o assunto. A grande maioria dos colegas é obrigado a manter um plano de saúde privado, pois os serviços prestados pelo FUSEX não são confiáveis. O próprio Clube Militar patrocina essas iniciativas e, pasme V. Excia, até o Comando da 11.a RM teve o descaramento de sugerir isso aos militares de sua área, conforme diz a mensagem que recebi e que copio abaixo. O próprio Exército reconhece textualmente que o serviço não funciona. É uma vergonha!

Tomo pois a liberdade de sugerir a V. Excia que requeira do Governo esclarecimentos sobre a destinação dos recursos arrecadados pelo FUSEX e, posto a claro seu uso inadequado, porfie para que essa situação seja regularizada.

Aproveito a oportunidade para declarar minha confiança na ação de V.Excia e para apresentar-lhe protestos de distinta consideração.

Cordialmente,

José Gobbo Ferreira

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Queridos amigos militares da rede,

Recebi um Informativo da 11ª RM, em que consta que aquela GU fez um convênio com a Associação das Unimed. Entre outras coisas, está lá, textualmente:

"Para se ter uma idéia, o plano mais simples oferecido pela Unimed às pessoas com mais de 59 anos custaria R$ 536,00. Pelo convênio, o mesmo tipo de serviço sai por R$ 315,75. Mais informações no site www.11rm.eb.mil.br , pelo 0800-24-7838 ou diretamente no Posto do FUSEX."

É estarrecedor que uma RM, encarregada da parte de saúde tanto para militares ativos e inativos como para seus dependentes, esteja propondo ou sugerindo que as pessoas que por ela deveriam ser atendidas, até porque pagam pelo atendimento busquem os serviços de um plano de saúde pago e alheio aos quadros do EB.

Se não for humor negro...o que será?