As danças, os cantos e os instrumentos musicais religiosos, são tidos como sacros, pois são voltados à religião e ao culto a Deus, não é um recurso ou propriedade única de uma religião, tendo em vista que esses aspectos dentro de um culto religioso é multi-milenar e vem servindo a humanidade por milhares e milhares de anos como recurso de louvação a Deus e as suas forças manifestadas na natureza. O atabaque é um instrumento religioso, que vibra e desencadeia ações benéficas no âmbito religioso, sendo um recurso positivo e indispensável nos trabalhos de Umbanda. O atabaque, assim como outros instrumentos e objetos que fazem parte da liturgia de Umbanda, é devidamente consagrado as Divindades Orixás responsáveis e regentes pela imantação daquele instrumento religioso, onde depositara ali naquele instrumento as vibrações necessárias e ativadoras de processos energéticos que se irradiam através de vibrações sonoras que se expandirão no ambiente religioso, onde todo o corpo religioso passara a absorver através do mental essas energias vibradas através de ondas magnéticas sonoras, que vibrara no éter e se internaliza em nossos campos mentais despertando vibrações intimas positivas e graduadora de nosso padrão mental, acelerando e despertando faculdades mediúnicas caso as trazemos em estado potencial, anulando formas e pensamentos negativos vibrados por nós em nosso todo mental, anulando “miasmas ou larvas astrais” atraídas por nós devido a má qualidade de pensamentos e internalização de sentimentos negativos, tais como: magoas, revoltas, tristezas, dor, etc. O atabaque, acompanhado do canto, das palmas e danças, cria todo um ambiente receptivo das vibrações religiosas ativadoras da nossa Fé, e o som do canto acompanhado do atabaque, vai cadenciando e graduando nossa vibração espiritual, equilibrando-a e tornando afim com a vibração do Orixá ou guia protetor que ira se manifestar. Por exemplo: quando é entoado um canto sacro ou religioso à Divina Mãe Orixá Inhasã, existe um toque e um canto especifico para essa Divindade Orixá, que encontra afinidade com a energia, magnetismo, vibração, campo de atuação, sentido e natureza dessa Mãe Orixá. Nesse caso a Mãe Orixá Inhasã é uma Divindade cuja energia, vibração e magnetismo é movimentador, atrator, ativo, irradiante, e traz como qualidades, atributos e atribuições dar movimento a tudo que se paralisou na criação e deixou de evoluir, Ela é a mãe e rainha dos ventos e tempestades, tendo como seu altar natural o alto ou o cume das pedreiras, onde o vento se torna mais potente e agitado. Ela é a Senhora da Lei que atua através do nosso emocional como a força intima que nos induz e estimula a “correr atrás” dos nossos objetivos, Ela é aquela energia irrequieta que não se cala diante de uma injustiça, que nos induz ir à luta e vencer nossas dificuldades pessoais, fazendo despertar em nós a alma guerreira e lutadora que habita em nosso intimo. Essa é a mãe Inhasã, Senhora da Lei que forma par com o Orixá Xângo Senhor da Justiça Divina, Ele sendo o expedidor do mandado judicial e Ela a executora da Lei Maior. Voltando ao atabaque e canto, existe um toque e um canto especifico para essa Divindade Orixá, que encontra afinidade com a energia, magnetismo, vibração, campo de atuação, sentido e natureza dessa Mãe Orixá, onde o toque cria uma afinidade com a natureza da Orixá Inhasã, sendo esse toque e o canto litúrgico bem ritmado, rápido e potente, assim como a natureza divina dessa mãe o é, movimentadora, ritmada, rápida e potente em suas ações, sem meio termo, pois Ela é a própria Lei em ação. Ou seja, o atabaque e o canto acompanhado das palmas e danças, cria o ambiente propicio para que o campo espiritual dessa Divindade se abra e ela possa incorporar em seus filhos e filhas, pois o canto, o toque, as palmas e a dança, foram se internalizando em nosso campo mediúnico, onde passamos a vibrar em nosso intimo essa energia, e assim vamos tornando o nosso magnetismo afim com a frequência vibratória da mãe Orixá Inhasã, tornando mais fácil a sua manifestação espiritual em nosso corpo mediúnico. Sendo assim, justificamos o uso de atabaques, cantos, palmas e danças no culto religioso de Umbanda, pois ele serve para criar um magnetismo próprio e propicio para que as forças espirituais possam se manifestar de acordo com o campo de atuação e mistério que os guias protetores e os Orixás trazem em si. O atabaque é um instrumento mágico religioso por excelência, e deve ser firmado e ativado com velas, fitas etc. deve consagrar esse instrumento com um ritual próprio onde um orixá manifestador de mistérios afins com as vibrações e sons sagrados produzidos por esse instrumento, envolva-o e imante-o com seu axé e vibrações divinas, naturais e espirituais, para que ao ser manuseado pelos iniciados nesse instrumento religioso ele possa tornar-se ativador de vibrações harmônicas e equilibradoras do corpo religioso. O iniciado no atabaque recebe o nome de Ogã, pessoa que se consagrou a Deus como instrumento Dele, no campo religioso e manifestador do seu dom mediúnico através da manipulação desse instrumento religioso. O Ogã, assim como todo corpo mediúnico, tem funções especificas e que deve exercê-la com destreza e conhecimento de causa, deve acima de tudo reconhecer-se como um instrumento de Deus, atuando em beneficio do seu semelhante através dos cantos e toques que ele com maestria deve conduzir. O Ogã, assim como todo bom médium, deve manter-se equilibrado, e deve cultivar princípios básicos como o respeito, a humildade, a simplicidade, a tolerância e a fraternidade, pois ele também é um dos elos importantes da corrente mediúnica o qual deve auxiliar na manutenção da paz, da fraternidade e do equilíbrio entre os irmãos e irmãs que compõe essa corrente. Por isso deve buscar sempre sentimentos elevados e virtuosos, anulando seu ego, para que não se sinta melhor ou em posição de destaque e inverta os valores de seu oficio que é tocar para o orixá e não para se “aparecer” diante de seus irmãos médiuns. O bom Ogã deve ser humilde, simples e sempre disposto a ajudar e esclarecer os irmãos e irmãs que estão sob seu amparo e aprendizado, ensinando não somente como tocar um instrumento religioso, mais sim e antes de tudo, como se tornar um ser humano melhor, uma pessoa boa e prestativa ao seu grupo religioso, desenvolvendo nele o iniciante uma consciência religiosa elevada fundamentada nas virtudes amparadoras da sua religião. Saravá a Umbanda.