"Autoritárias, paralisadoras, circulares, às vezes elípticas, as frases de efeito, também jocosamente denominadas pedacinhos de ouro, são uma praga maligna, das piores que têm assolado o mundo. Dizemos aos confusos, Conhece-te a ti mesmo, como se conhecer-se a si mesmo não fosse a quinta e mais dificultosa operação das aritméticas humanas, dizemos aos abúlicos, Querer é poder, como se as realidades bestiais dos mundo não se divertissem a inverter todos os dias a posição relativa dos verbos, dizemos aos indecisos, Começar pelo princípio, como sesse princípio fosse a ponta sempre visível de um fio mal enrolado que bastasse puxar e ir puxando até chegarmos à outra ponta, a do fim, e como se, entre a primeira e a segunda, tivéssemos tido nas mãos uma linha lisa e contínua em que não havia sido preciso desfazer nós nem desenredar estrangulamentos, coisa impossível de acontecer na vida dos novelos e, se uma outra frase de efeito é permitida, nos novelos da vida." (SARAMAGO, 2000: 71)

As frases de efeito causam consequências muitas vezes diversificadas das que a priori concebemos, o que remete a uma questão de análise textual, que para os historiadores se torna fundamental na lida com as teorias.
As palavras em si não possuem valor, mas nós atribuimos a elas o significado, criando uma construção inteligível que nos possibilite perscrutar o texto e tornar possível o conhecimento.
Sob esta perspectiva deparamo-nos com uma infinidade de possibilidades e uma finitude cognitiva. Daí a necessidade de exclusões e delimitações.
O fato é que, quando nos deparamos com a seleção que determinamos é corriqueira a criação de máximas, com caráter "facilitador" para esboçar de forma objetiva e contumaz aquilo que está exposto.
A máxima torna-se o elo entre o fim a que pretende sua discussão e a contextualização ao qual está inserida, servindo de mote facilitador à ativação da memória.
Entretanto, a máxima sendo exposta fora do contexto ao qual foi criada, pode seguir caminhos extremamente opostos àquele proposto pelo criador da mesma, levando inclusive a uma deturpação da argumentação e a um determinismo.
Ao profissional da área cabe servir-se de uma metodologia e estabelcer critérios para que possa minimizar os danos causados pelos pré-juízos acerca de determinada máxima, além da condição sine qua non de leitura contextualizada para tratar amiúde da questão exposta.

Referência Bibliográfica:

SARAMAGO, José. A Caverna: contos. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.