FRALDAS DESCARTÁVEIS – O MAIOR EMPECILHO PARA O DESFRALDE

Muitos pais encontram dificuldade na hora do desfralde da criança. Qual é a melhor maneira? Quando é a hora certa?

Segundo a psicanálise, o estágio anal é o período do desenvolvimento humano que ocorre dos 18 meses aos 3 anos de idade. É o segundo estágio da teoria do desenvolvimento psicossexual de Sigmund Freud, logo após a fase oral. De acordo com Freud, na fase anal, o ânus é a zona erógena primária e o prazer é derivado do controle dos esfíncteres da bexiga e do intestino.

Segundo Mota (2008) um determinado controle esfincteriano com reflexo limitado pode começar a ocorrer a partir dos nove meses de idade, contudo a criança não está desenvolvida cognitivamente para controlar os esfíncteres completamente entre os 12-18 meses.

“Ao redor de um a dois anos, a criança começa a ter consciência das sensações que acompanham o enchimento da bexiga. Aos três anos de idade, a criança é capaz de reter a urina por um controle voluntário consciente da musculatura”. (MOTA, 2008, p. 27).

Esse momento é muito importante para uma evolução saudável da personalidade da criança. O desfralde mal conduzido pode trazer grandes transtornos não só físicos (prisão de ventre, diarreia, etc.) como também emocionais.

“O modo como a criança é educada e o jeito que a mãe encara as situações de proscrição das fezes pode produzir nas crianças efeitos que dizem respeito com a formação de valores da criança “ (HALL; LINDZEY,1984, p.41).

Porém, é impossível falar de desfralde sem falar das fraldas – de pano às descartáveis.

Até a década de 80 não era muito comum o uso das fraldas descartáveis. Eram usadas somente em momentos esporádicos como uma viagem ou ir ao médico, pois eram muito caras. As mais comuns eram as de pano, que em sua grande maioria eram brancas. E mantê-las assim não era nada fácil. Demandava tempo, esforço e dedicação. Até porque as máquinas de lavar roupas eram objetos de luxo e a única opção era “arear” as fraldas à mão e “quarar” até que ficassem branquinhas.

Em razão disso, os pais e cuidadores desejavam ardentemente chegar ao momento do desfralde. Havia um grande empenho para que a criança fizesse a passagem da fralda de pano para o “troninho”. Isso, não quer dizer que todos os pais dessa época estavam prontos para fazer uma passagem saudável, natural.

Então, em 1.951, uma americana chamada Marion Donovan inventou um produto que revolucionou a vida das mamães modernas – a fralda descartável. Inicialmente, feita de pano unida a um forro plástico, não foi muito popular. Mas, Marion Donovan persistiu e criou o “Boater”, a primeira fralda descartável de tecido e com perfil à prova d’água.

No fim da década de 1950, Vic Mills, da empresa P&G, criou um novo desenho para a fralda descartável e colocou o nome do produto de Pampers. A fralda moderna chegou aos mercados em 1959. O sucesso deste item no comércio norte-americano começou em 1961. O único problema era que as fraldas descartáveis daquele tempo não possuíam fitas adesivas, e as mães eram obrigadas a usar fita crepe. Na década de 1960, o produto passou outras adaptações, como a troca do interior da fralda de papel tissue por fibras de celulose. Com o passar dos anos, as empresas investiram em modelos com fitas adesivas e com melhor desempenho para evitar vazamentos.

Segundo Belmiro, Márcia (2020) “Nós só buscamos algo novo quando nós estamos vivendo algum tipo de problema ou dificuldade”.

Hoje, é muito prático e cômodo manter a fralda descartável nas crianças. O conforto e praticidade trazidos pela fralda descartável aumenta a dificuldade em se lidar com o desfralde. Para a família do mundo atual, já não há um grande “problema” a ser resolvido. O “problema” é entrar no desfralde.

Porém, não devemos nos esquecer que “O desfralde é um processo muito importante na vida da criança, o qual requer do adulto um olhar com atenção, paciência e entendimento de que não é apenas deixar as fraldas, mas sim um processo que exige da criança maturidade para compreender o que está acontecendo em seu corpo, e assim conseguir controlar os esfíncteres de forma natural, sem imposição dos adultos.

Desta forma, é importante que os adultos compreendam que forçar a criança para que deixe suas fraldas, pode ocasionar consequências psicológicas a ela, principalmente no caso de não se sentir segura ou não possuir capacidades formadas para essa mudança” (COHEN; R. A. da S, 2021, pág.35).

“Os adultos possuem relógios, as crianças possuem tempo” (Sariane da Silva Pecoites).

 

BELMIRO, Márcia. Avós que criam seus netos. Instituto Infantojuvenil, 2019. Disponível em: https://institutoinfantojuvenil.com.br/quando-iniciar-o-desfralde-existe-a-hora-certa-padrao/

COHEN, R. A. da S. O entendimento de professoras e familiares referente ao processo de desfralde de crianças bem pequenas. TCC – Curso de Pedagogia, da Universidade Federal de Santa Maria – UFSM/RS – Santa Maria/RS, pág. 35. 2021.

https://www.museudasinvencoes.com.br/quem-inventou-as-fraldas-descartaveis/