Assim como vem ocorrendo significativas mudanças para alunos com necessidades educacionais especiais, a formação inicial e continuada torna imprescindível para o professor visto antes como simples transmissor de conhecimento. O papel do professor hoje vai muito além disso. Cabe ao professor buscar alternativas e metodologias para proporcionar um melhor aprendizado a todos os alunos.

Pois como citou a autora Simone Mainieri Paulon,

Existe um consenso de que é imprescindível uma participação mais qualificada dos educadores para o avanço desta importante reforma educacional. O “despreparo dos professores” figura entre os obstáculos mais citados para a educação inclusiva, o qual tem como feito o estranhamento do educador com aquele sujeito que não está de acordo com os padrões de ensino e aprendizagem da escola. (PAULON, 2005 p. 28)

Como vimos na fala da autora à falta de uma qualificação adequada para receber os alunos com necessidades educacionais especiais faz com que os professores tenham medo de enfrentar as salas de aula com esses alunos. Essa qualificação deveria ser iniciada nas universidades onde deveriam ter disciplinas voltadas no mínimo para um conceito das deficiências, às vezes os professores nunca ouviram falar em certas deficiências. Muitos professores reclamam à falta de informação por parte dos órgãos competentes. De acordo com a psicóloga Marisa Brito da Justa Neves as:

Universidades possuem um papel majoritário no sentido de aconselhamento no processo de desenvolvimento da educação especial, especialmente no que diz respeito á pesquisa, avaliação, preparação de formadores de professores e desenvolvimento de programas e materiais de treinamento. (SEESP/MEC, 2005 p. 144-145)

Os novos professores entram na sala de aula sem nenhuma noção de como agir com os alunos com necessidades educacionais especiais. Torna-se uma atividade desafiadora.

Sobre esse assunto a pedagoga Rosângela Gavioli Prieto (2005, p. 104) comenta que “poucos professores vinculados às redes públicas de ensino têm formação ou mesmo informação sobre atendimento de alunos com necessidades educacionais”.

Acredito que essa formação não diz respeito somente aos professores, mas sim toda a comunidade escolar, como diretores, coordenadores, etc., enfim funcionários em geral que tornam a educação inclusiva mais eficaz como citou a autora Deigles Giacomelli Amauro:

As ações educacionais realizadas pelos diferentes profissionais na educação são complementares. As ações do diretor, dos pais, dos auxiliares administrativos, da merendeira, do vigia, do professor, dos alunos e do próprio aluno em questão se complementam para a realização do seu processo de aprendizagem. (AMAURO, 2006 p.43)

Não são todos os professores que tem algum tipo de cursos de formação etc., dentro da área, os cursos de formação continuada ajudam muito, mas ainda são bastante restritas as vagas oferecidas e particular dificulta um pouco o financeiro.

Muitos professores reclamam a falta de cursos de formação continuada, falta treinamento que possibilite um melhor tratamento aos alunos com necessidades educacionais especiais. Nesse sentido a autora Maria de Lourdes Canziani comenta:

sabemos que, quase sempre, a formação que recebeu, bem como os apoios de que dispõe, não correspondem ao que desejaria para ajudá-lo na integração do aluno portador de deficiência na sala de aula. (CANZIANI, 1994 p. 3)

Pois como citou a autora a formação que os professores receberam na faculdade não corresponde à inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais. A revista nova escola da editora abril de outubro de 2007 vem com um artigo “Inclusão, só com aprendizagem” onde cita que “Não basta acolher. A ordem do dia é garantir que os estudantes avancem nos conteúdos”, como os professores conseguem esse avanço se não receberam nenhum treinamento adequado? Muitos professores reclamam a falta de cursos de treinamento, e formação na área por parte dos órgãos competentes para melhorar o atendimento a alunos com necessidades educacionais especiais

Um outro problema observado é a falta de aceitação por parte da família. Algumas mães não querem perceber a necessidade dos filhos o que acaba tornando difícil o desenvolvimento do mesmo. Sabemos que o papel da família assim como o do professor é fundamental para o desenvolvimento da criança. Nesse sentido a autora Fernanda Leal Pires complementa:

Quero mostrar que a aceitação dos pais, muito estímulo amor e carinho fazem à diferença de umas crianças desenvolverem mais que as outras. (PIRES, 2007 p.11)

E como fazem à diferença, para o ensino/ aprendizado dessas crianças, a omissão da deficiência por parte dos pais acarreta uma, série de dificuldades tanto para o professor como para as crianças. De acordo com a fonoaudióloga Nívea Camargo a maioria das mães não aceitam que seus filhos possuem alguma deficiência. Ainda nesse sentido a Professora Mônica Pereira dos Santos1 relata:

o papel da família tem sido cada vez mais ressaltado, no sentido de ser parceira vital no processo de integração (social, escolar) do portador de deficiência. (MEC/SEED 1999 p.74)

Portanto, fica claro que a aceitação da família apoiando, incentivando, buscando melhorias para a escola, acompanhado de uma formação continuada é de grande importância no desenvolvimento de crianças com necessidades educacionais especiais.

 

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMAURO, Deigles Giacomelli. Educação Inclusiva, aprendizagem e cotidiano escolar. São Paulo Casa do Psicólogo, 2006- (Coleção psicologia e educação/ dirigida por Lino Macedo).

CANZIANI, Maria de Lourdes. Escola para todos: como você deve comportar-se diante de um educando portador de deficiência. 2 ed. - Brasília CORDE, 1994.

PAULON, Simone Mainieri; FREITAS, Lia Beatriz de Lucca; PINHO, Gerson Smiech. Documento subsidiário à política de inclusão. – Brasília: Secretaria de Educação Especial, 2005.

PIRES, Fernanda Leal. História do Cotidiano: A criança com Síndrome de Dawn e a família. Departamento de História/ICHS/CUR/UFMT, 2007.

SEESP/MEC. Saberes e praticas da inclusão: recomendações para a construção de escolas inclusivas. -Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005.

 

1Mônica Pereira dos Santos é professora Adjunta em Psicologia e Educação Especial do Departamento de Fundamentos da Educação da Faculdade de Educação da URFJ.