FORMAÇÃO DOS PROFESSORES MULTIPLICADORES DAS CLASSES MULTISSERIADAS/ESCOLAS DO CAMPO
Memorial Reflexivo Individual
MARILENE CAPINAN SOUZA ROCHA
RAFAEL JAMBEIRO, DEZEMBRO – 2012.
MARILENE CAPINAN SOUZA ROCHA
Memorial apresentado a Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – UESB por Marilene Capinan Souza Rocha do Município de Rafael Jambeiro participante do Programa de Formação Continuada dos professores/multiplicadores das escolas do campo/classes multisseriadas como um dos pré-requisitos para a conclusão do curso.
RAFAEL JAMBEIRO, DEZEMBRO – 2012.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------------04
BREVE HISTÓRICO SOBRE ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO MUNICIPIO--------------05
ASPECTOS SIGNIFICATIVOS E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL----------------05
REFLEXÃO SOBRE O III MODULO DE FORMAÇÃO-----------------------------------------07
REFLEXÃO SOBRE O IV MODULO DE FORMAÇÃO-----------------------------------------11
REFLEXÃO SOBRE O V MODULO DE FORMAÇÃO------------------------------------------13
REFLEXÃO SOBRE O VI MODULO DE FORMAÇÃO-----------------------------------------14
CONSIDERAÇÕES FINAIS-------------------------------------------------------------------------16
REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------------------------19
INTRODUÇÃO
A política de educação do campo destina-se a ampliação e qualificação da oferta da educação básica, isto requer a valorização da cultura do campo fortalecida por uma política educacional voltada a potencialização dos saberes. Pois, a reconquista saudável do modo de vida destes cidadãos, das suas origens e das atividades ao seu entorno contribuirá com as expectativas de desenvolvimento e satisfação do camponês para a sua articulação com o mundo do trabalho. Pois, o respeito à diversidade do campo e o zelo a estas populações garantem-lhes as condições de qualidade desta educação e transmutam a realidade sem denegrir a imagem característica do campo, um dos objetivos da educação do/no campo.
Estas reflexões, em outras palavras, são sínteses das abordagens feitas durante as formações. Cito-as porque traz um pouco da ideologia da Coordenadora Estadual do Programa Escola Ativa Olgalice Suzarte, pessoa que se demonstrou forte na defesa aos sujeitos do campo, através da educação e em vista dos direitos e das oportunidades destes que, como ela própria diz, não tem vez no seu espaço de sobrevivência por terem a sua voz não potencializada pelos direitos que se somam na neutralidade e/ou pela invisibilidade que lhes são impostos.
A formação voltada às Classes Multisseriadas surge do desejo de harmonizar a convivência entre educandos com etapas de aprendizagem escolar diferentes, visando à formação necessária, atividades de aprendizagem escolar para se constituírem como sujeitos independentes na construção da sua sobrevivência e na integração do mundo como um sujeito ativo e capaz. Para o Luciano Bomfim, doutor em Filosofia – Universitaet Gesamthochschule Kassel (2000) e palestrante das formações, “o professor pode muito ajudar o outro se o outro autoriza o professor a entrar na relação íntima de sua pessoa”. De fato, este é o papel do educador, conquistar um espaço na individualidade do seu aluno para assim realizar suas atividades de colaboração com o saber deste/a que acaba de conhecer.
Essas e outras reflexões partiram das leituras pelas discussões durante a formações para os Professores Multiplicadores das Classes Multisseriadas das Escolas do Campo que atendia ao Programa Escola Ativa (PEA) e nestes Módulos III, IV, V e VI, visa atentar aos professores destas classes quanto a importância de aperfeiçoar-se a sua prática e dedicar-se pela melhoria da qualidade da educação do campo, pela defesa dos direitos em igualdade para os menos escolarizados.
BREVE HISTÓRICO SOBRE OS ASPECTOS GEOGRÁFICOS DO MUNICIPIO
O município de Rafael Jambeiro situado na Região da bacia do Paraguaçu, inteiramente inserido no Polígono das Secas, na microrregião de Feira de Santana, pertencia ao município de Castro Alves. Mas, foi criado pela Lei. 4. 447 de 09/051985, em primeiro de janeiro de 1986 deu-se a instalação Oficial como Município de Rafael Jambeiro com a posse de Marciano Fernandes Serra, primeiro prefeito da cidade. A Zona Rural do município é formada por 05 (cinco) povoados: Maracanã, São Roque do Paratigi, Rosarinho, Mandacaru, Cabeça do Negro e 03 (três) distritos: Paraguaçu, Argoim e Cajueiro.
Em extensão territorial o município é considerado muito grande, segundo dados do IBGE (2010), tem extensão territorial de 1.234 Km² e uma população de 25.555 habitantes. Sendo a população urbana de 7.238 e a população rural de 18.317 habitantes. Sua temperatura média de 24,6ºC, com períodos chuvosos de maio a junho e pluviosidade anual aproximada de 600 a 800 mm. A distância do município para a capital é de 217 km, tendo como principais rodovias de acesso as BRs 324, 116, 242 e BA 052.
Nos dados municipais de 2012, encontra-se o quantitativo de 28 (vinte e oito) turmas de classes multisseriadas atendidas pelo Programa Escola Ativa, apenas como destinatárias e receptoras dos recursos, pois as mudanças e vantagens como promoções previstas no currículo do aluno, pelo Conselho Nacional de Educação da Câmara de Educação Básica e Minuta de Resolução da Secretaria Municipal de Educação (SME) de Rafael Jambeiro, de novembro de 2010, não contemplaram estes alunos, visto que, apesar da adesão ao programa ter sido feita em dezembro de 2008, o mesmo foi desenvolvido a partir do início do ano letivo de 2012, período que muitas exigências sobre algumas estratégicas metodológicas haviam deixado de existir por decisões da coordenação do campo, mas também culminaram com o término do programa.
ASPECTOS SIGNIFICATIVOS E DESENVOLVIMENTO PROFISSIONAL
Eu sou Marilene Capinan Souza Rocha Professora com Especialização em Gestão Educacional e Produção Textual Gramática e Literatura pela FAC. Sou Licenciada em Letras Português/Inglês pela FTC – EaD. Experiência profissional Ensino Médio (LP) e Ensino Fundamental l, II (LP e LI) e Pós-graduação em andamento (conclusão do Módulo Avançado) do Mídias na Educação pela UESB.
Resido e trabalho neste município a mais de vinte anos e parte do meu trabalho é dedicado à educação, não totalmente voltado às classes multisseriadas. Porém, para contextualizar a trajetória deste ano e situar sobre as realidades enquanto o trabalho voltado às classes multisseriadas/escolas do campo em 2012, este trabalho visa expandir a finalidade principal das formações e apresentar o crescimento proporcionado pelos estudos através da Coordenação do Campo - Secretaria de Educação do Estado da Bahia, juntamente com a parceria da Universidade do Estado da Bahia (UNEB).
A educação que tive, foi assim muito severa. Obediência aos pais na minha infância era referência de qualidade de vida e de formação do caráter. E assim, a dedicação aos estudos uma primazia para efetivas mudanças no futuro, mas por não se ter tantos aparatos tecnológicos, os livros sempre foram minha diversão e, de certa forma, eram mais atrativos às crianças da minha geração, entretanto eu sempre gostei muito de estudar. O estudo, enfim ainda é o meu ponto de apoio. Foi com a minha mãe que aprendi o bê-á-bá. Foi com ela também que desenvolvi o gosto pelo magistério, a partir dos relatos sobre o trabalho que ela realizou, lecionando para as pessoas da região onde morava, que embora não tenha sido um ensino sistematizado, deixou muitos frutos, segundo o que ela nos conta.
Na escola tive uma fase de aprendizagem excelente e os meus pais souberam dar valor a isso. Sempre gostei muito de estudar e me tornava destaque na escola. Lá em casa, sempre teve livros de literatura de cordel. A minha mãe gostava de ler nas horas de folga com os filhos ali por perto. Depois eu também comecei a me interessar pela leitura a partir deles (livros de cordel) tomei gosto pela leitura.
Em 1994, meus pais me mandaram estudar em Castro Alves, sede do município, foi lá, na Escola Polivalente de castro Alves que, conclui a 5ª e 6ª séries. Naquela época, apenas vivi para o estudo; aproveitei para realizar o meu sonho de não faltar às aulas e, no primeiro ano, cheguei a concluir o ano letivo sem uma falta sequer nem durante o ano e nem por atraso na sala. Mas, infelizmente meus pais decidiram que eu voltaria para casa. E o grande sonho de cursar uma faculdade foi interrompido por causa das mudanças pelas quais eu passei (casamento e filhos). Felizmente em 1997 consegui concluir a 7ª e 8ª série, através de supletivo, pela Comissão Permanente de Avaliação (CPA) no Colégio Agostinho Fróes da Mota em Feira de Santana e em 1997, iniciei os estudos do segundo grau, só em 2005 pude iniciar a minha graduação.
Hoje sou professora Pós-graduada. Tenho quatro filhos, (os quatros pilares da minha vida) e venho aprimorando minhas experiências de vida levada pela busca de conhecimento, compromisso com a minha realização (pessoal/profissional) e pela evolução social que condiz
muito para as mudanças que tenho buscado, pois quero deixar aos meus filhos a melhor referência do que eu puder ser. Como diz o professor Luciano Bonfim, “os pais precisam pensar no que está deixando como lixo ou como herança moral para os seus filhos para que estes deem continuidade as suas vidas e não venham se tornar motivo de chacota para toda uma geração”.
Concordo que os pais devem pensar no futuro dos filhos, não tenho dúvidas o quanto ouvir esta reflexão me fez forte. Sempre me preocupei com os exemplos que ficarão na minha linha do tempo não apenas para a família, mas para a escola. Contudo, sinto-me honrada por ter feito esta descoberta, percebo que desde antes já estava no caminho certo, pois já havia um zelo pela forma como eu me dirijo à “sociedade” e ao refletir estas palavras meu zelo será bem maior. Sou muito agradecida por estas oportunidades e tenho filtrado tudo que é essencial e que me ajuda a viver com dignidade, pois amo muito o meu trabalho e venho sempre me esforçando para dar o melhor no que eu puder ser. Esta é a minha filosofia de vida pessoal/profissional.
REFLEXÃO SOBRE O III MODULO DE FORMAÇÃO
Ao assumir a coordenação das classes multisseriadas no município de Rafael Jambeiro neste ano de 2012, desconhecia parte de tudo que se relacionava ao contexto. Entretanto, com persistência e muita pesquisa me familiarizei com as questões e desenvolvi corajosamente as atividades que assumi, mas desconhecia toda política do programa para o qual estava trabalhando: o Programa Escola Ativa (PEA) - como politica educacional para as classes multisseriadas das escolas do campo que me trouxe muito aprendizado e segurança nas decisões.
Iniciei nessa trajetória a partir do módulo III, este que se deteve pelas discussões sobre os conceitos e princípios da Educação do Campo a partir de estudo sobre o Decreto nº 7.352 de 4 de Novembro de 2010, DOU 05.11.2010, da Resolução CNE/CEB 1, de 3 de Abril de 2002, e sobre as Diretrizes Operacionais para e Educação Básica nas Escolas do Campo e a Resolução nº 2, de 28 de Abril de 2008. Conheci as diretrizes complementares, normas e princípios para o desenvolvimento de políticas públicas de atendimentos da Educação Básica do Campo, com as socializações dos grupos de estudo, que produziram brilhantes reflexões.
O palestrante Luciano Bomfim levou-nos a refletir que “o cidadão que faz o que quer na sua vida particular anula a existência do outro e, por isso se o professor não for um sujeito que pensa ou que sabe o que ele é, ele não consegue formar um sujeito crítico”. Portanto,
refletimos que é preciso rever a formação inicial do professor e identificar se esta está adequada a sua área e etapa de atuação, pois o professor da escola do campo precisa ter perfil de educador dessa especificidade e ligação com o meio ao qual se destina. Convivi com professores que tem histórias de lutas pela conquista da terra, onde o campo é o lugar da esperança. Emocionei-me com as histórias de superação, que me levaram a perceber que a educação do campo precisa ser melhor a cada dia, e reconhecer que somos nós, professores, agentes responsáveis por essa mudança foi essencial.
Sobre a pesquisa como princípio educativo na formação do educador, a professora Jardelina levou-nos a entender que o trabalho do professor das classes multisseriadas não se encerra na sala de aula. A vida do professor pesquisador é composta de leituras, reflexões, registros e questionamentos da prática, a partir das pesquisas que enriquecem a trabalho e personifica a prática educativa deste profissional. Como o olhar sobre este trabalho não pode fugir da realidade do objetivo dessas formações ela instigou a reflexão “qual o impacto dessas formações de professores da Educação do Campo para as classes multisseriadas nos municípios que aderiram o Programa Escola Ativa?”, levando-nos a pensar sobre a realidade em nosso município.
Estudamos o caderno didático sobre Educação do Campo com a visão do planejamento para a construção do PPP no qual cito Caldart (2004), que diz que esse processo, a partir da educação do Campo, deve articular:
1. Formulação humana vinculada a uma concepção de campo.
2. Luta por políticas públicas que garantam acesso universal à educação.
3. Projeto de educação para os camponeses.
4. Movimentos sociais como da Educação do Campo.
5. Vínculos com a matriz pedagógica do trabalho e da cultura do campo.
Essa discussão sobre o planejamento das concepções do PPP perpassou sobre as diretrizes para se constituir o currículo escolar, os parâmetros, a estrutura e as condições necessárias para a operacionalização dentro do projeto pedagógico, redefinindo as formas de organização do ensino para a educação do campo.
Foi oportuno refletir sobre o desenvolvimento biossocial do aluno da educação infantil com doutor Luciano Bomfim que, carinhosamente chamou-o de cidadãozinho, para defender os direitos deste sujeito no seu espaço. Inquietou-nos à percepção de que é preciso que o professor das escolas do campo conheça as leis que regulamentam o ensino do/no campo.
Mas, antes de tudo que identifique as características que definem a Educação do Campo e suas diretrizes e sugeriu a premissa inicial sobre a Resolução de 2008, no Art. 1º, que diz:
A Educação do Campo compreende a Educação Básica em suas etapas de Educação Infantil, Ensino Fundamental, Ensino Médio e Educação Profissional Técnica de nível médio integrada com o Ensino Médio e destina-se ao atendimento às populações rurais em suas mais variadas formas de produção de vida – agricultores familiares, extrativistas, pescadores artesanais, ribeirinhos, assentados e acampados da Reforma Agrária, quilombolas, caiçaras, indígenas e outros.
Isso me levou à reflexão sobre as características sociais e culturas do município de Rafael Jambeiro. Infelizmente não temos registros de formas distintas de produção de vida, embora a maior parte da população ruralista, compreendida por agricultores e lavradores, porém com estilo de vida bastante urbanizado, diga-se de passagem, um povo quase sem identidade. Como dizia uma colega ao pronunciar sobre as culturas do seu município, quando angustiada desabafou “a terra do já foi (...). Já foi tanta coisa que nem sei mais o que é cultura lá (...),”. Segundo o desabafo, havia perdido todos os costumes e tradições ao longo das gerações, em vista dos avanços trazidos pela globalização ou pela perda de valores secundários de um modo de vida agregados a tanta diversidade de valores.
Rafael Jambeiro é um pouco disso, muitas comunidades rurais perderam suas tradições como reisados, batas de feijão, queimas de presépios, festa de argolinha, forró pé-de-serra, queimas de Judas, sambas de roda, cantigas de rodas, etc.
E, diante dos relatos e das experiências de alguns municípios, refleti e pude perceber como as comunidades rurais jambeirense perderam um pouco das suas identidades, pois já não são totalmente camponesas. Até mesmo, o plantio e o cultivo do feijão, do milho e da mandioca também estão escassos, como também a colheita do caju e o cultivo do fumo, nas comunidades específicas e produtoras estão desvalorizados e extintos.
Notifiquei a partir destas vivências que, as atividades costumeiras como os leilões e rezas aos santos (São Cosme e Damião, Santa Barbara, etc.,) são modalidade de costume em desuso aqui no município, talvez por não existir apreciadores, visto que a geração moderna não se identifica com estes hábitos. Hoje, os bingos, em toda essa brevidade do tempo e as mensagens digitais comandam essa nova geração, inclusive a geração do campo.
As festas de padroeiros ainda mobilizam as comunidades, não com uma participação muito intensa, mas consiste numa referência boa da cultura do campo. O forró eletrônico, entretanto, exterminou as festas entre amigos nas residências familiares, mas a violência nas redondezas/no campo cresceu bastante. Vaquejadas e cavalgadas são modalidades de
costumes mais recentes entre os jambeirenses e incluem tanto as pessoas da zona rural como as da zona urbana. Difícil conceber tantas mudanças para um município rural. Mas, e as escolas?
As escolas, grande parte delas na zona rural, algumas nucleadas, outras não. Há um misto de multisseriadas com Educação Infantil e Ensino fundamental, contrariando a Resolução de 2008, que proíbe esse agrupamento de crianças de Educação Infantil e do Ensino Fundamental. Para o professor, doutor Luciano Bomfim, essa proibição tem sua razão de ser, visto que o tripé da Educação Infantil, que contempla o desenvolvimento da criança precisa dar conta do “cuidar, educar e brincar” e, numa classe multisseriada esse direito lhe é podado. Contanto, ele ressalta que o olhar para a legislação enobrece o trabalho, pois o que é garantido ao cidadão deve prevalecer.
Vimos também conforme o Art. 3º da Resolução de 2008, que para garantir à criança esse direito a Educação Infantil e os anos iniciais do Ensino Fundamental serão sempre oferecidos nas próprias comunidades rurais, evitando-se os processos de nucleação de escolas e de deslocamento de crianças. Porém, o Art. 4º diz:
Quando os anos iniciais do Ensino Fundamental não puderem ser oferecidos nas próprias comunidades das crianças, a nucleação rural levará em conta a participação das comunidades interessadas na definição do local, bem como as possibilidades de percurso a pé pelos alunos na menor distância a ser percorrida.
Nas discussões em grupos pudemos compartilhar da singularidade de cada município pelas expectativas e pelo anseio de mudanças (pela sede do conhecer) que cada professor, em sua maioria com alta qualidade teórica e muita informação pedagógica, trazia nas experiências e vivências compartilhadas.
Na palestra sobre como inserir a música na educação, e a importância desta como norteadora dos princípios cognitivos e culturais da educação a palestrante motivou a participação de todos os professores multiplicadores com a sua técnica. Ali também, foi feita demonstração de instrumentos musicais a partir de sucatas e materiais diversos e criativos. E tudo isso foi aproveitador, pois trouxe enriquecimento teórico à minha prática. Sendo que, o aprendizado sobre a legislação da educação do campo abriu um horizonte novo para as críticas à realidade deste município. Pois, apesar dos anos de experiências com educação ainda não havia observado nestes critérios da legislação da Educação do Campo e nem imaginava a dicotomia entre educação rural e urbana e muito menos olhava criteriosamente para as especificidades desta educação. Hoje compreendo que, de fato, a compreensão da teoria está vinculada diretamente à prática e se dá por meio dela.
REFLEXÃO SOBRE O IV MODULO DE FORMAÇÃO
Já neste modulo IV o direcionamento do estudo se ateve a construção das concepções em educação do campo a partir da construção do marco situacional e conceitual do PPP, enfatizando as práticas reais de cada um. Coube nos estudos deste modulo as oficinas de estudos sobre os kits pedagógicos e oficinas de xadrez.
A orientadora das oficinas Rosely demonstrou-se compenetrada com o trabalho e com seu jeito meigo de ser conquistou a todos. A meu ver, a oficina sobre a tutoria dela foi bem planejada e desenvolvida. A avaliação feita aqui tem sua razão pelo andamento das atividades e a intensa participação dos grupos. A mobilização através da dinâmica “não deixe a bola cair” envolveu totalmente as equipes, pois comprometia a concentração, equilíbrio e autodomínio de cada um. Entretanto era preciso dar o seu melhor e assim foi feito. O direcionamento sobre as práticas pedagógicas promoveu o estudo sobre o avanço das formações municipais e a aplicabilidade na prática do professor das multisseriada a partir de alguns critérios de estudo.
a) Como as formações estão sendo desenvolvidas nos municípios.
b) Houve avanço na prática pedagógica dos/as professores/as a partir das formações?
c) Quais os fatores agravantes na prática educativa dos professores/as do campo no município?
Tomando as práticas expostas pelos colegas destas escolas, as discussões demonstraram que o desafio de cada município diante do enfrentamento das questões pedagógicas entre si são semelhantes e o desejo de superação das adversidades também supera a realidade que se tem, mas é preciso que se tenha compromisso: essa é a dose de responsabilidade que foi apontada. Também a contribuição do Professor Ms. José Marcelo sobre a formação dos professores em História nas Séries Iniciais (Historiografia e Ensino de História) foi muito interessante. Ele trouxe na sua fala citações de Paulo Freire, Kal Marx, apresentou de forma distinta o Sujeito Histórico, o Tempo Histórico, levando-nos a perceber como desmistificar os preconceitos a partir do estudo e do ensino voltado a pesquisas, e para conclusão foi solicitado que representássemos através de uma linha do tempo os fatos históricos dos municípios.
As concepções de Educação do Campo foram discutidas através da proposta de trabalho da elaboração do PPP, sua sistematização abordando os levantamentos das práticas pedagógicas, avaliação da aprendizagem, formação dos profissionais em Educação e gestão democrática que foram comparadas entre o marco situacional – a escola do campo que temos e o marco conceitual – a escola do campo que queremos. Foram discussões embasadas nas diretrizes que reagem à educação do campo. E, de acordo aos olhares, os conteúdos dos cadernos de aprendizagem utilizados pelo PEA não atendem as expectativas, são limitados visto que não respeitam os conteúdos universais de cada componente curricular e ano/série de ensino.
Quanto à análise a existência do PPP e análise da realidade destas escolas notou-se que existe o PPP, mas o documento atende parcialmente as especificidades da educação do campo. Esta análise aponta também que os sujeitos em sua maioria desconhecem-no ou possuem uma leitura superficial dos fundamentos e dos princípios desta educação do/no campo. Discutimos que a materialização do PPP precisa ser integrada as demandas dos sujeitos do campo e as suas especificidades para preservar a identidade destes.
Vimos também que o diálogo entre os saberes científicos e os saberes produzidos não contempla totalmente a metodologia de ensino. Esta deve levar em consideração a construção do conhecimento de forma coletiva. Ficou compreendido que o trabalho em equipe, tanto entre professores quanto entre alunos é um elemento crucial para troca de experiências. Mas, a escola do campo precisa construir e/ou fortalecer um projeto de escolarização coerente com o projeto histórico da classe trabalhadora, pois o conhecimento da realidade local promove o avanço da aprendizagem do aluno. E, refletimos qual das teorias educacionais podem atender ao projeto de sociedade dos trabalhadores, a fim de garantir a estes sujeitos o acesso ao conhecimento do mundo a partir do local onde vive. Pois o ponto de partida para a construção do conhecimento deve ser sempre o lugar onde o sujeito está.
Para as concepções da avaliação da aprendizagem destacamos a ausência de um sistema de avaliação da aprendizagem comum a todas as escolas, e de forma construtiva os instrumentos de avaliação do PEA, a FAP e a ficha descritiva de desempenho foram criticadas, visto que não avaliavam verdadeiramente o desempenho dos alunos. E percebemos o quanto nem o próprio professor nem os familiares ou a gestão e a comunidade não se envolvem no processo de avaliação, concluímos que tudo isso é prejudicial. E, além da prática avaliativa classificatória que agride o estudante na sua integridade cognitiva, percebemos o quanto nós professores não estamos preparados para avaliar.
A concepção de avaliação pretendida por nossas escolas está respaldada no art. 24 da lei 9394/96da LDB no Inciso V Alínea a que diz:
A verificação do rendimento escolar deverá obedecer aos seguintes critérios: avaliação continua e cumulativa do desempenho do aluno, com prevalência dos aspectos qualitativos sobre os quantitativos e dos resultados ao longo do período sobre os de eventuais provas finais.
Portanto, considerar a função da avaliação como um processo que aponte caminhos para a valorização do conhecimento do aluno fortalece as concepções de educação do campo. A análise também se deu quanto aos recursos do PEA e dentro desta proposta do Módulo IV refletimos sobre as orientações de Marsiglia, em Recursos à prática pedagógica: sugestões para articulação teoria e prática, trazendo sua concepção sobre os kits pedagógicos, fundamentos e orientações para serem aproveitados de forma lúdica no ambiente pedagógico. Em outras palavras, pode-se dizer que foi um planejamento mais articulado e amplo, pronto para ser fragmentado pelo professor dependendo da realidade situacional e do contexto.
A meu ver, cada uma das propostas apresentadas veio enobrecer a prática do professor destas classes, visto que apresentaram situações que contempla todos os níveis de aprendizagem dentro de uma sala de aula multisseriada. As oficinas com José Carlos Feitosa foram excelentes. E o material em si muito bom se tivesse chegado a tempo, os professores teriam tido melhor êxito. A crítica que se faz aqui é apenas pelo atraso deste material que tanto ajudaria os professores e alunos, pois algum dos kits não se tinha ideia de como utilizar, como exemplo, o Xadrez e o Material Cuisenaire que permanecem nos armários quase sem uso.
REFLEXÃO SOBRE O V MODULO DE FORMAÇÃO
O módulo V “gestão educacional no campo” trouxe-nos um olhar mais aprofundado sobre a gestão democrática. Refletimos sobre esse modelo de gestão como um dos princípios da educação do campo, ressaltando a importância da articulação entre conselho escolar e o projeto político pedagógico. As oficinas com José Carlos Feitosa foram bastante produtivas, sua simplicidade ao falar do envolvimento com as escolas do campo nos leva a pensar no aluno e sua comunidade com total afeição: sentir o outro na sua essência.
Estudamos, em parte, o caderno 9 (conselho Escolar e Educação do Campo) e ficou a sugestão de aprofundar mais a reflexão sobre qual a importância do conselho escolar para o desempenho do processo ensino e aprendizagem na escola, investigando de que modo o
professor deve atuar para estimular a atuação desta instância na escola e perceber se é possível haver alguma articulação entre a mesma e o projeto político pedagógico da escola.
Os grupos de trabalho ficaram subdivididos como (1 e 2), (3 e 4) e (5 e 6) este primeiro, analisar os Instrumentos do Colegiado Estudantil e Relação Escola-Comunidade do PEA, considerando que o Livro de ata do Colegiado Estudantil; Ficha de Controle de Presença; Caixa de Sugestões; Caixa de Compromisso; Caderno de Autoavaliação do estudante, Cartaz de Combinados, assim como o Croqui; Monografia da comunidade; Ficha familiar e Calendário de produção são os Instrumentos que caracterizam a Gestão Democrática do PEA. Em grupo, identificamos quais os instrumentos/atividades podem auxiliar a vivência do colegiado estudantil ou gestão democrática nas classes multisseriadas foram atividades interessantes.
O segundo grupo: Conselho Escolar e a participação da sociedade. A proposta de estudo a partir da leitura do Texto do Caderno 9 do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares (pág. 49 a 58), pensar, em equipe, etapas/fases de implementação do Conselho Escolar, identificando que atividades podem existir dentro de cada fase e como o Conselho Escolar pode auxiliar na (co)gestão e práticas pedagógicas implementadas pela escola do campo.
E o terceiro grupo: Conselho Escolar e o acompanhamento pedagógico que com base na leitura do Texto do Caderno 9 do Programa Nacional de Fortalecimento dos Conselhos Escolares (pág. 59 a 67), em grupo, elaborar algumas proposições de atuação do Conselho Escolar como ente articulador dos movimentos organizados na gestão democrática do processo ensino aprendizagem nas Escolas do Campo.
Na socialização do trabalho dos grupos houve integração, levantamento das dúvidas e aprofundamento do estudo e a proposta de elaborar indicadores para construção de um Plano de Ação para implementação da Política Nacional no município não foi desenvolvida pelos grupos, mas foi pensada pelo formador, para esquematizar a produção individual com a parceria da secretaria de cada município; o esquema apresenta as seguintes temáticas: G1- Política de Gestão Pedagógica; G2 - Política de Formação de profissionais da educação; G3 – Política de Recursos pedagógicos e G4 – Política de Controle social da qualidade da educação escolar, para nortear o. Por fim a sistematização das apresentações contemplaram as expectativas e mostrou como cada um vive e entende sua realidade municipal.
REFLEXÃO SOBRE O VI MODULO DE FORMAÇÃO
Este Módulo traz uma abordagem sobre a utilização das tecnologias de informação e comunicação (TICs) nas Escolas do Campo. Sobre este as minhas considerações são plausíveis assim como foi enquanto significado. Por exemplo, a palestra de dois grandes homens, o professor Robenilson, mestre em Tecnologias que falou sobre o uso das tecnologias na Educação, enfatizando que não podemos abandonar modelos tradicionais porque a modernidade nos oferece outro e, o professor doutor Luciano Bonfim que também criticou a relação do sujeito com as tecnologias de informação e comunicação.
Segundo o Professor Luciano, quando foge da ideologia do raciocínio de busca e de crescimento cultural, a pessoa se coisifica frente ao computador com acesso a internet banda larga, ele relaciona que ao assistir novelas mexicanas, jogar no computador, assistir vídeo sem visitar Universidades como Nitridas, Oxford, sem ler os clássicos e sem visitar as obras espetaculares que existe pelo mundo nos museus online não é possível que se faça bom uso da internet como ferramenta de pesquisa.
Na discussão, o professor Robenilson nos levou a perceber que preservar a tradição é não perder a identidade, isto que é o espírito de valor frente ao desenvolvimento da técnica. Entretanto, ele relaciona o desenvolvimento tecnológico como à marca mundial do capitalismo e cita Sartre dizendo: “o grande problema não é o que o capitalismo faz de nós é o que nós fazemos com o que o capitalismo faz de nós”. Realmente foram momentos de muita expectativa e participação integrada.
Este palestrante ainda discorreu sobre a honestidade do sujeito a partir do pensar e do agir individual, e, mais uma vez, enriquece seu discurso apresentando um pensamento de Freire, “a prática de se pensar na prática é a melhor maneira de fazer a prática” e fez perceber que o planejamento do professor pode melhorar a qualidade do seu fazer pedagógico. Nesta incitação de valor da responsabilidade do professor ele também propôs que pensássemos até que ponto as tecnologias estão levando os alunos ao efetivo aprendizado, para poder dominar ou até mesmo controlar o impacto que elas incidem na subjetividade do sujeito/aluno. Segundo ele, é preciso pensar nos efeitos que estas mudanças têm provocado. A preocupação deve ser maior ao se pensar nas mudanças que ainda estão por vir, por isso pensar que o aluno nada sabe sobre a internet mostra como o professor está equivocado em sua análise. O mais correto neste caso é orientar os alunos sobre a seleção da informação, pois nem tudo que está na rede é informação verdadeira tão quanto segura.
De fato, a seriedade desta informação nos atenta para o amadurecimento da postura do professor diante do seu posicionamento em relação a sua ação pedagógica, a utilização das tecnologias de informação e comunicação (TICs) nas Escolas do Campo em contra partida é
um recurso disposto à qualidade da educação e uma ponte de alcance ao encontro da modernização, mas não pode tornar-se uma “muleta” na ação prática, pois leva ao desencanto do aprender do aluno. Os alunos são movidos pela curiosidade e pelo prazer, estes propósitos vão levando-os e definindo o uso do computador, conforme citou a colega Laudeci (Ibitita – Ba), “os alunos são nativos deste contexto da mídia, o aprender se dá pela curiosidade e o professor um imigrante tudo o que lhe aprouver será um desafio”, mas é preciso que eles queiram exercer este domínio sobre o desafio do domínio de manipular o computador.
A oficina de produção de vídeo e enquadramento de imagem trouxe um conteúdo interessante pra ser apresentado ao aluno das classes multisseriadas, porém nada tão novo assim, pois já encontramos alunos que tem essa sensibilidade e olhar para a captação da imagem, no entanto a teoria apresentada foi muito interessante, os vídeos e as atividades selecionadas também trouxeram uma nova visão ao professor que pretende tornar-se um pesquisador. Contudo, percebemos como o envolvimento da escola pode mudar o olhar da comunidade ou vice e versa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As discussões e palestras trouxeram um novo olhar sobre a educação do campo em Rafael Jambeiro que eu mesma não conseguia perceber mesmo apesar de já ter lecionado para classes multisseriadas no decorrer da minha trajetória profissional. As experiências de vida dos professores multiplicadores e os exemplos de superação de cada realidade despertaram a inquietação de perceber o outro na sua realidade/individualidade e ao aluno instruir-lhe para que tenha orgulho pelas suas origens. Todavia, a partir destas conclusões, surgiram inquietações diversas.
Por exemplo, neste município, grande parte das escolas está situada na zona rural, porém é difícil encontrar uma comunidade totalmente rural que dependa apenas da agricultura familiar, temos comunidades ribeirinhas, mas pela localização enfrentam desafios tais quais os da zona urbana. Enfim, é uma contradição muito grande porque é possível perceber que estas comunidades estão perdendo suas características, suas origens.
Entretanto, o trabalho com professores das classes multisseriadas no município me fez perceber que a essência do labor do mestre não está no resultado, mas no caminho que se trilha pra chegar lá. Contudo, compreender cada educador na infinitude dos desafios e dar-lhes oportunidade para exercer de forma completa o que lhe compete foi satisfatório. Não se pode provar que houve tanto progresso no oficio, mas estes professores tiveram a
oportunidade de serem valorizados. Digo, receberam materiais específicos, participaram de discussões que trouxeram os anseios de cada um e puderam expor suas angustias. Lá nas formações, diante das discussões nas oficinas de estudo percebi como a educação do campo no município de Rafael Jambeiro precisa ser encarada com distinção e intensificar os estudos para a legislação da Educação do campo levando os professores a pensarem a respeito.
Acredito que a marca que a Escola Ativa deixou nos municípios que desenvolveram toda a política do programa atingiu um marco de superação, de qualidade e de desempenho porque pelas práticas exitosas, dia da conquista, apresentadas foi possível medir as conquistas através do programa. Apesar das falhas que volta e meia foram apontadas por um ou outro crítico que passara naquele espaço de formação o programa despertou o senso de consciência crítica e o olhar de valorização das origens do homem e do aluno camponês.
Diante destes momentos de reflexão sobre as classes multisseriadas junto com a proposta da Educação do/no Campo PEA, o município de Rafael Jambeiro não perdeu muito, porém se houve alguma perda, diga-se de passagem, esta pode ser considerada imensurável isto porque a política de educação para as escolas do campo é bastante desvinculada do que é Educação do Campo a partir do PEA.
Como já foi abordado anteriormente este é um município rural, porém urbanizado nos seus costumes e nas suas ideologias. A angústia que aqui se registra é que, a estes alunos o saber que se aplica nos anos de estudo e que trás registrado no seu currículo não condiz com a sua regionalidade. E, infelizmente, o programa Escola Ativa só foi aplicado neste último ano de forma desintegrada, portanto mudanças não foram registradas em quaisquer instâncias com o respaldo deste ensino.
Na luta pela construção da identidade profissional do professor descobrimos que é a partir das dificuldades da vida diária que se encontra a fortaleza e a segurança para caminhar. Desta forma, segundo o professor Luciano Bonfim, “a verdade objetiva de uma ideia não é por uma questão teórica e sim pratica” é disso que os nossos alunos do campo vive. O pensar na realidade destes alunos precisa transformar os conhecimentos do senso comum em saberes sistematizado, sendo que o seu caminhar é contínuo.
Com o fim do PEA, como direcionar as classes multisseriadas se já não serão mais escolas ativas? Durante as socializações este questionamento por muitas vezes calou-nos, pois todos afirmavam que a concepção de educação do campo que veio da mudança/reformulação junto com o programa escola ativa promoveu um novo pensar sobre a educação do campo. Mas, e agora, com o fim do PEA o que direcionará as novas políticas da educação do campo? A coordenadora Olgalice sempre se calava para estes questionamentos, que este silêncio seja
promessa de construção ou recriação de uma boa proposta para esta educação e que não seja sinal de decepção e muito menos de angustia. O PEA foi extinto, mas a educação do/no Campo não pode parar.
A respeito dos pontos negativos, cada uma das semanas de formações deixou a desejar, sobretudo foi tolerável. Algumas horas de extravios e perda de tempo, discussões em vão de assuntos que não contemplavam a carga horária e muitos desencontros entre pontos de vistas sobre demandas de interesses particulares de alguns dos formandos, que desconcentravam parte do grupo. Atrasos e ausência de palestrantes foram justificados, mas o tempo ocioso causou inquietações, mesmo porque nem todos compreendem as faltas dos seus semelhantes. E alguns chegaram a dizer que, questionamentos e cobranças são pertinentes desde que haja zelo pela individualidade do outro, mas muitos reclamavam o tempo perdido.
De certo, ao refletir sobre este memorial encontraremos um misto de saberes e reflexões de um grupo que na sua originalidade discutiu realidades advindas das suas rotinas, encontraremos também motivações para criar espaços de aprendizagem numa perspectiva crítica e, na escola compreender que a atenção do aluno se renova através do encanto pela metodologia. Para tanto, além da tecnologia em recursos pedagógicos e paradidáticos que o PEA disponibilizou para as escolas o trabalho voltado às diretrizes da Educação do Campo foi essencial.
Muito cansaço, mas muito aprendizado e ótimas amizades, algumas passageiras outras nem tanto, mas a certeza de que alguns contatos serão mantidos como referência do bom relacionamento e, pensando também numa forma de tornar vivas as experiências e as vivências. Foram compartilhados endereços eletrônicos e softwares de comunicação, via internet (socializado pela equipe do curso) e telefonia móvel (interesse particular) que manterá os contatos por quanto houver interesse. Foi assim que nos entendemos durante as semanas e semanas que nos encontrávamos e, por isso, considero que esta carga horária de 160 horas tem um respalda significativo enorme para a minha experiência e vale a pena manter os contatos.
Por isso, ao concluir este trabalho ressalto quão novo olhar sobre as políticas públicas voltadas a educação do campo foi descortinado no horizonte do conhecimento sobre as orientações e realidades da escola do campo. Alguns percalços podem ser apontados como inconvenientes durante as formações, e, por conta da aglomeração de atividades e organização em si deste grupo, mas em particular existe de certa forma muita satisfação por fazer parte deste grupo. O aprendizado é, sem dúvida, gratificante e o conhecimento adquirido uma prova de que o sujeito que se dispõe a buscar passa a ser um ser inteligente, ou seja, um sujeito
diferente. Com isso cabe-nos alimentar o desejo que o professor das classes multisseriadas das escolas do campo proponha-se a respeitar o exercício de civilização do aluno na emancipação de si para si mesmo, para superar a dominação que coisifica o ser humano e ao ensinar a ser construtor da história, ensine-o a operar sobre as oportunidades que o levam ao crescimento e ao aprender para a vida.
REFERÊNCIAS
CNE. Resolução CNE/CEB 1/2002. Diário Oficial da União, Brasília, 9 de abril de 2002. Seção 1, p. 32.
___________________. Publicada no DUO de 29/04/2008, Seção 1, p. 25-26.
COLETIVO DE AUTORES. Cadernos didáticos sobre Educação do Campo. Ministério de Educação e Universidade federal da Bahia, Salvador 2010.
BOMFIM, Luciano Sérgio Ventin. Folha do Estudante da Bahia: O Melhor Portal Sobre Educação da Bahia. Disponível em: http://www.folhadoestudante.com.br/artigos/luciano-bomfim: acesso em 31/12/2012.
DECRETO. 4 de novembro de 2010. Diário Oficial da União, Brasília, 5 de novembro de 2010.
Derba – Departamento De Infraestrutura De Transportes Da Bahia. Disponível em: http://www.derba.ba.gov.br/download/documento/SRE2011.pdf: Acesso em 11/12/2012.
Dicionário da Educação do Campo./ organizado por Roseli Salete Caldart, Isabel Pereira, Paulo Alexandro e Gaudêncio Frigotto. – Rio de Janeiro, São Paulo: Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, Expressão Popular, 2012.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: CENSO 2010 BAHIA. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/tabelas_pdf/total_populacao_bahia.pdf: Acesso em 11/12/2012.
MARSIGLIA, Ana Carolina Galvão. Recursos à prática pedagógica: sugestões para articulação teoria e prática1. Material didático elaborado em junho de 2010, para o módulo IV do curso de formação de professores do Programa “Escola Ativa”, promovido pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Minuta de resolução, 11/2010. Secretaria municipal de educação de Rafael jambeiro – Bahia.