Feito por Edilce Teresinha de Barros Miercalm

FORMAÇÃO CONTINUADA COMO MECANISMO DE FORMAÇÃO DO PROFESSOR: ELEMENTOS ARTICULADORES DO PROCESSO

O contexto em que trabalha o magistério tornou-se muito diversificado. Hoje a profissão não é uma transmissão de conhecimentos acadêmica, a profissão exerce outras funções: motivação, luta contra a exclusão social, participação, animação de grupos, mas para isso requer uma nova formação: inicial e permanente.

Cada pessoa tem uma forma de aprender, de processar a informação que recebe para assim por em prática em sala de aula ou no ambiente escolar, pois para que a formação seja significativa e válida tem que ter como objetivo a realidade diferente do professor, uma prática-reflexiva competente.

A formação continuada pode adotar instrumentos para auxiliar no conhecimento, para ajudar nas interpretações com que o professor se depara cotidianamente, estabelecer estratégias de pensamento, percepção, estímulos, mas um fator muito importante na capacitação profissional é a atitude do professor de planejar suas tarefas não utilizando método técnico. Tem que procurar refletir e obter a participação e cooperação dos alunos envolvidos neste processo de práxis que é a educação. 

Sendo assim, destacamos alguns elementos que articulam o processo de desenvolvimento da formação continuada com a formação do professor.

  1. O pensamento crítico-reflexivo

            A formação continuada como análise crítica da própria prática docente, examinando as teorias implícitas, os esquemas de funcionamento, as atitudes, proporcionando um constante processo de auto-avaliação, amplia os horizontes para descobrir, organizar, revisar construir a teoria, propondo ao docente ampliar suas habilidades, competências e capacidades.

É preciso que com a formação surjam novas formas de linguagens, praticas alternativas que permitam descobrir outras maneiras de ver o mundo, a escola e sua organização. Como diz IMBERNÓN: “Um professor ou professora podem ter um conhecimento, sem que consigam compartilhar as decisões, a comunicação, a dinâmica do grupo, etc.” (2006, p.16).

Por isso, é de suma importância desenvolver uma formação de diálogo, as atitudes, partilhar os conhecimentos no contexto, havendo uma troca de saberes.

No mundo contemporâneo o profissional docente deve estar em constante formação, aprendizado.

A compreensão do processo de ensino aprendizagem, desenvolver na escola requer um olhar crítico-reflexivo para a prática. Segundo Freire (1996, p.29): “Não a ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino [...]. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.

 

Na formação deve apoiar para uma reflexão - critica sobre sua pratica docente, examinando suas próprias teorias implícitas, seus esquemas de funcionamento, atitudes, proporcionando um constante processo de auto-avaliação, ampliar os horizontes para descobrir, organizar, revisar construir a teoria, propondo ao docente ampliar suas habilidades, competências e capacidades.

É preciso que com a formação surjam novas formas de linguagens, praticas alternativas que permitam descobrir outras maneiras de ver o mundo, a escola e sua organização. Como diz IMBERNÓN “Um professor ou professora podem ter um conhecimento, sem que consigam compartilhar as decisões, a comunicação, a dinâmica do grupo, etc.” (2006, p.16).

Por isso é de suma importância desenvolver uma formação de diálogo, as atitudes, partilhar os conhecimentos no contexto, havendo uma troca de saberes.

No mundo contemporâneo o profissional docente deve estar em constante formação, aprendizado.

A compreensão do processo de ensino aprendizagem, desenvolver na escola requer um olhar crítico-reflexivo para a prática. Segundo Freire (1996, p.29): “Não a ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino [...]. Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço e comunicar ou anunciar a novidade”.

 

2.2.      O compartilhamento de experiências

 

É certo que a troca de experiências entre docentes passa a ser uma pesquisa, de como está sendo a sua metodologia; o que deve permanecer; o que deve ser mudado; para que a aprendizagem dos educando seja realmente de qualidade e que venha trazer benefícios aos mesmos, que não seja apenas uma “decoreba” porque o professor exigiu, porque se isso acontecer o aluno tende a se tornar um sujeito” passivo”, que aceita uma educação bancária, sem dialogo.

“É por isso que transformar a experiência educativa em puro treinamento técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador” (FREIRE, p.33).

Os professores da contemporaneidade têm um grande desafio, saber lidar com crianças que tem hoje certa rebeldia por inúmeros fatores: sociais e familiares. Por isso é tão importante a correlação, escola e comunidade, pois é através dessa interação que os educadores tendem a buscar um ensino-aprendizagem de qualidade.

 

2.3       Atualização contínua

 

A formação continuada é a porta de entrada para se obtenha uma prática pedagógica de qualidade, pois o pedagogo, não tem que temer a aceitação do novo, e sim se auto-avaliar enquanto educador e os encontros entre os iguais é um momento único, pois é impossível refletir sua prática isoladamente.

Pois um professor em constante atualização sem dúvida será um profissional com melhores possibilidades de saber lhe dar com as diversidades existentes no seu campo de atuação. Nenhuma formação docente pode se fazer alheia as dificuldades existentes no âmbito escolar, pois não basta apenas transferir conhecimentos, tem-se que se refletir que mediador estou sendo destes saberes, pois ensinar também exige humildade.

“Não há docência sem discência [...] Quem ensina aprende ao ensinar e quem aprende ensina ao aprender”. (FREIRE, 1996. P. 23).

O educador que se coloca na posição onisciente, deve rever seus conceitos, pois certamente, na direção, em que estamos indo, direção esta cercada de mudanças com uma velocidade imensurável, certamente o educador que não tiver a autenticidade exigida pela prática de ensinar-aprender, tende em um futuro muito próximo perder seu lugar como educador.

 

2.4.      Aproximação com o projeto político pedagógico da escola

 

Na formação continuada do professor, a principal discussão é a do projeto político-pedagógico da escola, diante disso é necessário que cada professor elabore projetos comuns, para seu interesse, enfrentando desafios, problemas e necessidades de sua prática.  

Para obter um melhor aproveitamento no projeto de formação continuada, os professores não deveriam fazer essa formação individual e competitiva, mas uma formação para um projeto comum de trabalho, tendo uma consciência política para exercer sua profissão com competência e determinação.  

A formação do professor precisa ser centrada na escola com o dialogo e cooperação entre todos os profissionais da educação, visando redefinir suas funções e papéis, redefinindo também o sistema de ensino e a construção continuada do projeto político-pedagógico da escola. Seria mais interessante e proveitoso se na formação inicial e continuada fosse além de se aprender tantas técnicas, aprendessem a ter mais atitudes, hábitos e valores.

 

2.5       Planejamento didático em equipe

 

O professor deve sempre se perguntar, porque ensinar? . O pedagogo precisa aprender a organizar melhor o seu trabalho e o de seus alunos de maneira cooperativa, pois quando há individualismo nesta profissão, a ansiedade e a angústia, leva ao sofrimento e até o martírio do professor compromissado, podendo ocorrer desistência daqueles que perderam a esperança.

Mas para que essas conseqüências sejam evitadas, as escolas necessitam de uma ajuda externa de uma assessoria pedagógica, para ajudar a escola a inovar.

E essa inovação precisa sair de dentro da escola e não de fora, por maior, ou melhor, que seja a intenção. Os “amigos da escola” é um exemplo.

“Toda inovação que vem de fora esta fadada ao fracasso.” (Gadotti, 2005, p.34).

O que a assessoria externa pode fazer é propor uma colaboração na identificação das necessidades, e construir com eles, as respostas a essas necessidades. É essencial que a comunidade interna e externa da escola esteja envolvida no processo de qualquer inovação.

Para que essa inovação de certo, e não acabe em fracasso, é preciso ter comunicação, conhecimento da pratica, capacidade de negociação, conhecimento de técnicas e diagnósticos, analise das necessidades, favorecimento da tomada de decisões e o conhecimento da formação continuada, que é vista hoje como um mecanismo de permanente capacitação reflexiva, pois cada vez mais há exigências de que é preciso educar e se reeducar continuamente.

No espaço universitário, entendemos habitualmente a formação continuada, como uma das novas funções das universidades, em cooperação com as secretárias de Educação ou com as escolas publica.

A educação continuada é muito confundida como, treinamento, reciclagem, aperfeiçoamento ou capacitação do professor. Mas a educação continuada entendida nesse texto trata-se de uma formação que visa gerar mudanças para ser inseridas no quadro social, e político-pedagógico de cada contexto vivido.

É claro que ao inserir algo novo em um determinado contexto, devemos tomar muito cuidado para formar e mudar, de forma que pode implicar em deformar. No entanto, devemos considerar e ter a consciência de que formação continuada além de ter o papel de transmitir conhecimento científico, precisa também ter atitudes em relação a esses conhecimentos.

Por isso, a formação continuada permanente como já diz o nome, deve ser uma constante, durante toda a vida do educador consciente de sua responsabilidade em formar cidadãos não para o mundo e sim para uma sociedade.

 

2.6.      Articulação teoria e prática

 

Uma das grandes implicações na formação do professor é a relação entre teoria e prática, ainda há uma ilusão ao pensar que a teoria é somente construída em universidades e centros de pesquisa e que dessa forma não se confunde com a prática, sendo uma oposta a outra.

Esse é um mito que deve se dissipar, as teorias da educação são direcionadas em auxiliar a prática cotidiana do professor. Não há teoria sem prática, e se houvesse de nada valeria, porque a construção do saber existe a partir de um sistema de práticas, no qual os autores produzem e assumem seus métodos.

Para construir esses métodos é necessário o enraizamento em uma série de questões que atuam diretamente na formação do profissional em educação, suas vivências pessoais, sua construção social, sua atuação profissional, sua experiência, os livros didáticos dos quais se utilizou para lecionar. São implicações que estão presentes no cotidiano do professor e de qualquer teórico que produza sua obra voltada a educação.

A formação pedagógica consiste em recorrer a mecanismos favoráveis para construção de uma didática que, possibilite estimular o profissional da educação a assumir seriamente o papel do intelectual que trabalha no interesse de uma visão inovadora a fim de contribuir com o processo de ensino e aprendizagem.

 O desafio está em construir uma visão articulada onde a pratica educativa cotidiano seja inserido no conteúdo de estudo, possibilitando ao profissional analisar criticamente a vivencia escolar, desenvolvendo possibilidades de ação, solução e participação de todos.

 

 

2.7.      Utilização adequada do tempo na formação

 

Um fato freqüente em muitas escolas é o uso inadequado do horário reservado para a formação continuada, muitas vezes, alguns professores não buscam renovar suas estratégias de ensino e usam indevidamente este tempo para coisas alheias à formação, conseqüentemente, não acrescentam nada ao aprimoramento de sua práxis. Para muitos é hora de conversas paralelas e improdutivas, e com estas atitudes acabam evidenciando a crença de que aquilo que vêm dando certo há anos, não precisa ser reformulado, pois aparentemente não confia que teorias e métodos recentes sejam capazes de agregar algo a construção do conhecimento como as práticas tradicionais.

Apesar dessas evidências, há muitos profissionais motivados que buscam o aprimoramento na profissão e valorizam o enriquecimento do currículo. Muitos destes estão dispostos a fazer da educação um caminho de transformações mútuas na qual um professor não deve apenas ser transmissor de conteúdos, mas sim um construtor de idéias, auxiliando na formação de sujeitos críticos e autônomos.

 As contribuições que a formação continuada traz para os professores são inúmeras, desde que o conteúdo oferecido a esses profissionais despertem-nos mesmos interesse e anseio pela busca de novos conhecimentos, pois somente através dessa busca o professor tem a possibilidade de desempenhar seu papel fundamental que é formar sujeitos críticos e conscientes.

 

 

 

                                   CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

 

 Chegamos ao momento em que devemos dar respostas ao problema de investigação: Quais as implicações da formação continuada na atuação do pedagogo?

 Tínhamos como hipótese a contribuição da reflexão na reformulação de conceitos por parte dos pedagogos, já que por esta o sujeito toma consciência da reorganização dos seus conhecimentos. A tomada de consciência como reorganizadora dos conhecimentos existentes, dando origem a um novo conhecimento, tem embasamento na teoria de Piaget (1977) que diz “nova forma de conhecimento que implica uma reconstrução completa e uma reconceituação progressiva da atividade cognitiva.”

As experiências de formação continuada, mesmo as que acontecem fora do sistema de ensino, podem modificar ou consolidar crenças e praticas dos professores. Entretanto, para que tais ações ocorram, essa atividade requer apoio e parceria continua, seja por parte da escola, seja por parte do sistema de ensino.

A representatividade social que a formação continuada apresenta quanto ao bom desempenho do professor diante de seu complexo cenário de atuação profissional, considerando as crescentes demandas nas exigências sociais, tem sido um dos pontos nos quais se situa o discurso dos espaços educacionais, tanto em nível das academias universitárias quanto nos pólos da educação básica.

Quanto se trata de discutir a necessidade do professor se atualizar, muitas são as justificativas que surgem tentando programar e solidificar, cada vez mais, uma atuação concreta para o ofício docente. Exatamente por se tratar de um momento em que notáveis avanços advindos do desenvolvimento econômico e das múltiplas alterações que decorrem no seio social, a organização do trabalho educativo alcança novos paradigmas e alterações diversas, reclamando o reencontro de seres pensantes, aptos e atuantes na perspectiva de construir respostas educacionais que correspondam aos objetivos sócio-educacionais vigentes.

Nesse pressuposto, a formação continuada se faz elo entre a profissão e a construção da identidade do educador a formalizar a dinâmica social do trabalho docente, especialmente pelo seu caráter conjunto e pela interação da classe educativa com vistas à melhoria da qualidade do ensino, rumo ao alcance dos seus objetivos, os quais retratam como função social para a escola a instrumentalização de um ensino no qual se vivencie a garantia de uma educação para a vida, ou seja, que o que se aprenda na escola seja útil na vida fora desta instituição.

Assim como propiciar o desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional dos professores, no próprio contexto educacional, envolvendo todos os elementos responsáveis pelo processo. Acreditamos que a mudança não depende apenas da conscientização do professor, mas principalmente do apoio técnico, pedagógico e administrativo, numa constante reavaliação e reformulação da pratica educacional, buscando significância para seu ser e seu fazer.

O professor deve ter a preocupação constante de atualizar-se, procedendo a uma revisão critica de sua proposta pedagógica e de sua atuação, possibilitando aprendizagens significativas, favorecendo o desenvolvimento afetivo cognitivo e o sucesso do processo ensino-aprendizagem. Portanto deve-se promover o desenvolvimento desse professor, orientando-o e assistindo-o na organização de um ambiente escolar e no processo ensino-aprendizagem significativo para o educando. Assim, permitira a formação de jovens que pensem, sintam e atribuam valores, como indivíduos criativos e produtivos conscientes de seu próprio valor pessoal, interessado na condição humana, capazes de idealizar e vislumbrar um mundo melhor, do qual possam fazer parte.

Em nossa análise, predominou a interpretação, na tentativa de configurar o movimento do pensamento reflexivo dos alunos – professores. Através da análise de nossos dados é possível inferir que ao refletirem sobre a própria prática, bem como a própria aprendizagem pela formação inicial, e durante a formação continuada, possibilita a tomada de consciência e assim a reelaborarão, ou seja, a construção de um novo conhecimento que por conseqüência se refletirá em sua prática.

Partindo do pressuposto que todo conhecimento se dá por um processo de construção contínua, caracterizar a reconstrução de conhecimentos, é o que a nossa análise buscou.          Podemos inferir, portanto, tendo como base a nossa analise de dados que para uma melhor compreensão a respeito do tema Formação Continuada e dos seus benefícios na reorganização de conhecimentos dos pedagogos deverá ser ainda por muito tempo objeto de investigação.

Nosso trabalho confirma ainda a formação continuada de professores, como uma estratégia para desenvolver nos alunos-professores, atitudes reflexivas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 33. Ed. São Paulo: Paz e terra, 1996.

GADOTTI, Moacir. Formação continuada do professor. In:____. Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com sentido. Curitiba: Positivo, 2005. Cap. 3, p. 31-36.

GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

IMBERNÓN, Francisco. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a incerteza. 6. Ed. São Paulo: Cortez, 2006

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia Cientifica. 6. Ed. São Paulo: Atlas, 2009.