Flores, Gentileza, e...Medo?
Publicado em 27 de janeiro de 2010 por Jéssica Fidelis Fabro
Às vezes eu sinto uma necessidade quase incontrolável de buscar nas pessoas as qualidades que elas supostamente mantêm adormecidas dentro de si. Aquelas qualidades que nos fazem acreditar que ainda existe a possibilidade do mundo melhorar, aquelas que nos levam a pensar que sim, essas pessoas ainda tem coração, ainda têm sentimentos e acima de tudo: que nos levam a crer que o mundo é melhor do que o caos que observamos agora.
Eu busco o lado bom na vida que todos dizem que existe, eu quero sentir que ainda há chances de tudo melhorar nesse mundo.
Eu gostaria de acreditar que somos mais do que o tipo de gente que se aproveita das catástrofes que ocorrem para ganhar dinheiro, mais do que o tipo de gente que se veste de mendingo e pede dinheiro para alimentar a família e depois que o recebe, gasta tudo com drogas. Quero acreditar, é pedir muito?
Ontem, eu estava em frente à um supermercado, esperando meu pai que foi nos comprar mistura. Enquanto esperava, eu procurava alguma senhora com a face amigável. Queria encontrar alguém, para dar flores. Somente isso. Eu tinha um pequeno buquê com lindas flores que colhí de uma árvore e queria presentear alguém, surpreender alguém com um desejo diferente de 'Boa Tarde'.
A primeira senhora que abordei, ,me parecia simpática. Arrisquei:
- A senhora se agrada? - perguntei-lhe com um largo sorriso em minha face.
Logo, o sorriso e a expressão carismática da senhora desvaneceu, restando apenas a sombra de desconfiança da senhora:
-Não, não. - disse rápida e rispidamente.
Minha expressão simplesmente murchou, eu não esperava tamanha grosseria.
-...Por quê não?...A senhora não gosta de flores?...
-Não, eu gosto, mas, eu não quero não. -Ela disse asperamente.
Sem saber especificamente 'onde enfiar a cara' (desculpe o termo chulo) eu me afastei, indo para o outro lado.
Eu fiquei pensando se ela rejeitou por conta de eu estar mal-arrumada (calça moletom azul-escura, blusa preta), ou se era pelo fato de eu ser afrodescendente, ou ainda pelo fato dela estar com medo de sei lá...eu assaltá-la, talvez. *.*
A segunda e última senhora que abordei era afrodescendente e tinha a aparência de ser evangélica.
Eu sorri timidamente e ela me sorriu de volta. Encarei como um 'sinal verde'.
Seguí até ela, e , ela praticamente saiu correndo quando estendí-lhe o braço com o ramalhete de flores.
-Não, não, eu gosto, mas não quero!!! - Ela berrou, quase longe de mim.
Ao ver minha expressão murchar de tristeza, ela parou de correr e disse, com dó:
-É...eu gosto, mas...eu não tenho como carregar...desculpa! - ela disse antes de sair andando depressa.
Eu fiquei ali, esperando meu pai, praticamente incrédula.
Disse-lhe o ocorrido e ele decidiu que daria as flores em meu lugar.
Fomos até a farmácia, e, ao passar pelo caixa, a atendente disse sem-jeito que não estava conseguindo confirmar o pagamento já efetuado.
Papai olhou-a e disse:
- Você não conseguiu? - ele questionou, a expressão séria.
- Não, senhor. - respondeu a atendente.
- Então você ganhou isso. - E ele sorriu, estendendo-lhe as flores.
A atendente sorriu e aceitou as flores.
Eu me pergunto: onde foi parar a lei da boa-vizinhança? Será que no mundo em que vivemos atualmente é impossível praticar uma boa-ação sem sermos mal-vistos (como na primeira situação) ou ainda sermos confundidos como doentes mentais (como na segunda situação)?
Ainda tenho esperanças que pessoas como aquela simpática atendente existam e que assim como eu, acreditem na possibilidade de convivermos com a sociedade em harmonia.
Eu busco o lado bom na vida que todos dizem que existe, eu quero sentir que ainda há chances de tudo melhorar nesse mundo.
Eu gostaria de acreditar que somos mais do que o tipo de gente que se aproveita das catástrofes que ocorrem para ganhar dinheiro, mais do que o tipo de gente que se veste de mendingo e pede dinheiro para alimentar a família e depois que o recebe, gasta tudo com drogas. Quero acreditar, é pedir muito?
Ontem, eu estava em frente à um supermercado, esperando meu pai que foi nos comprar mistura. Enquanto esperava, eu procurava alguma senhora com a face amigável. Queria encontrar alguém, para dar flores. Somente isso. Eu tinha um pequeno buquê com lindas flores que colhí de uma árvore e queria presentear alguém, surpreender alguém com um desejo diferente de 'Boa Tarde'.
A primeira senhora que abordei, ,me parecia simpática. Arrisquei:
- A senhora se agrada? - perguntei-lhe com um largo sorriso em minha face.
Logo, o sorriso e a expressão carismática da senhora desvaneceu, restando apenas a sombra de desconfiança da senhora:
-Não, não. - disse rápida e rispidamente.
Minha expressão simplesmente murchou, eu não esperava tamanha grosseria.
-...Por quê não?...A senhora não gosta de flores?...
-Não, eu gosto, mas, eu não quero não. -Ela disse asperamente.
Sem saber especificamente 'onde enfiar a cara' (desculpe o termo chulo) eu me afastei, indo para o outro lado.
Eu fiquei pensando se ela rejeitou por conta de eu estar mal-arrumada (calça moletom azul-escura, blusa preta), ou se era pelo fato de eu ser afrodescendente, ou ainda pelo fato dela estar com medo de sei lá...eu assaltá-la, talvez. *.*
A segunda e última senhora que abordei era afrodescendente e tinha a aparência de ser evangélica.
Eu sorri timidamente e ela me sorriu de volta. Encarei como um 'sinal verde'.
Seguí até ela, e , ela praticamente saiu correndo quando estendí-lhe o braço com o ramalhete de flores.
-Não, não, eu gosto, mas não quero!!! - Ela berrou, quase longe de mim.
Ao ver minha expressão murchar de tristeza, ela parou de correr e disse, com dó:
-É...eu gosto, mas...eu não tenho como carregar...desculpa! - ela disse antes de sair andando depressa.
Eu fiquei ali, esperando meu pai, praticamente incrédula.
Disse-lhe o ocorrido e ele decidiu que daria as flores em meu lugar.
Fomos até a farmácia, e, ao passar pelo caixa, a atendente disse sem-jeito que não estava conseguindo confirmar o pagamento já efetuado.
Papai olhou-a e disse:
- Você não conseguiu? - ele questionou, a expressão séria.
- Não, senhor. - respondeu a atendente.
- Então você ganhou isso. - E ele sorriu, estendendo-lhe as flores.
A atendente sorriu e aceitou as flores.
Eu me pergunto: onde foi parar a lei da boa-vizinhança? Será que no mundo em que vivemos atualmente é impossível praticar uma boa-ação sem sermos mal-vistos (como na primeira situação) ou ainda sermos confundidos como doentes mentais (como na segunda situação)?
Ainda tenho esperanças que pessoas como aquela simpática atendente existam e que assim como eu, acreditem na possibilidade de convivermos com a sociedade em harmonia.