FISICA DE ARISTOTELES - LIVRO I

PREPARAÇÃO PRÉVIA

No livro denominado como Física de Aristóteles, perceberemos que as coisas físicas são mais fáceis de compreensão ou de se conhecer. Temos os sentidos que nos auxiliam nesse conhecimento, segundo Aristóteles e Platão, na natureza não há acaso e sim necessidade.
No decorrer da leitura, entenderemos o Ser como algo móvel. O filósofo ao observar a natureza, a primeira coisa que ele vê e que tudo se move. Não sendo essa a explicativa da mobilidade do Ser, mas já é algo que logicamente percebemos e contudo contribui na afirmação sobre o Ser.
A Física é um livro que estabelece um diálogo entre Autor-Leitor e Autor-Texto, principalmente no Livro I, que a seguir será comentado e construirá todo o enredo textual dividido em nove (9) capítulos. A forma textual é um ?monodiálogo? se assim me permite dizer, onde, que serão citados vários filósofos antigos no qual Aristóteles estabelece um dialogo com eles.
Entraremos na análise a seguir observando com Aristóteles os pressupostos a se pensar a natureza. Qual é o primeiro plano ou o que deve se entender primeiro?

LIVRO I ? CAPÍTULO 1

Já entendido na prévia acima, não com as mesmas palavras a seguir, mas, o filósofo é aquele que se dedica a arte de pensar, algo por excelência. Ao observar a natureza a primeira coisa que ele tem acesso é as coisas sensíveis e analisa que tudo está em movimento. Contudo, não é isso que o filosofo deve se ater por primeiro. O sensível não deve ser o primeiro, para o filosofo.
Quais são as primeiras causas e os primeiros princípios? O que eles procuram observar? Qual é o método geral da ciência da natureza? Qual é o seu objeto? Qual procedimento tomar? Essas são as indagações primeiras a se fazer na leitura do primeiro capítulo, que por sua vez, as respostas não serão tão explicitas de imediato, por ventura será necessário ler outros capítulos para finalizar a ideia.

Resumindo: O primeiro capítulo trata do objeto e do método da física:
? Seu objeto é o estudo dos princípios através da análise.

LIVRO I ? CAPÍTULO 2

Nesse capítulo a indagação será outra e aqui começará o monodiálogo. A primeira pergunta a se fazer é: ?O ser é uno ou não é uno?? Trabalhará os conceitos antigos dos filósofos denominados como primeiros, a cerca da compreensão do ente e dos princípios da natureza. Aristóteles usa uma linguagem arcaica, o que é diferente do seu livro a ?Metafísica?.
O filósofo Aristóteles, mostrará que as suas ideias são verídicas nesse segundo capítulo através de Parmênides e Melisso, mostrando primeiramente que estes filósofos estão com uma compreensão equivocada da forma de entender o ser.
Parmênides e Melisso dizem que o seu é uno e imutável. E evidente que a natureza é movimento, mão é necessário ir além para ver que ela é móvel (já comentado na prévia desse texto). Sendo assim, é fácil provar que a natureza está em movimento com essa afirmação da percepção sensorial. Mas, contudo, isso não é filosofia.
Parmênides diz que o Ser é um. Mas de que modo o Ser é um? O Ser se dá de diversos modos para Aristóteles, e aqui ele remete as categorias e se refere à substância. Assim se entendo o porquê da multiplicidade do Ser ? O Ser é múltiplos (Metafísica).
Melisso diz que o ente é ilimitado. Se o Ser é uno, ele é ilimitado. A partir daí Aristóteles interpreta o Ser para Melisso como quantitativo- Quanto. Automaticamente na visão aristotélica o pensamento se enquadra dentro das categorias. Sendo que, o Ser não é uma só das categorias.
Aristóteles procura investigar o Um. Anteriormente ele investiga o Ser, analisando o modo em que ele se diz. Agora sua pergunta é: ?De que modo se diz o Um??. Sendo que o Ser não é Um, mas muitos e o Um não é contínuo.
Heráclito diz que há o Ser para bom e o Ser para ruim. Quer dizer que o Ser é diferente. Mas mesmo assim, se continuássemos na ideia de que Ser se diz de um só modo, ao observar o exemplo: ?O Ser é branco?, sabemos que não existe um só Ser; Então existem muitos brancos? Talvez existam muitos Um.

Resumindo: O segundo capítulo trata do numero dos princípios e da negação da doutrina ou teoria segundo a qual a realidade se reduz a um princípio único e há unidade das forças da natureza.
? Ideias dos antigos a acerca dos princípios da natureza e dos entes;
? Aristóteles exclui algumas ideias;
? Ideia da realidade do movimento ? o Ser é móvel;
? O Ser não é um, mas se diz de muitos modos.

LIVRO I ? CAPÍTULO 3

Iniciemos perguntando: ?Por que o Ser é tido como imóvel?? ?Por que é só um?? ?Mas se ele for dois (2)?? porque ele será móvel sendo dois (2) Ser?? para Aristóteles há um Ser que se move sozinho (animal; organismo... e outros). Há um auto-movimento. Mas o Ser não é imóvel porque é um só, isso não explica nada (Uno). Pois se há uma caneta e um giz, são dois (2) Ser, que não tem movimento.
Mas o Um também move. Para Tales de Mileto o principio é a água, e a água se move, esmo ela estando sozinha. A premissa de Parmênides o ?Ser é Um?, para Aristóteles "só de ler pela primeira vez e analisar já se percebe" que é falsa. Para Parmênides dizer que o Ser é um, é basicamente dizer quilo que o ente precisamente é. Assim, Parmênides acaba caindo em contradição que é o Não-Ser.
Como Parmênides afirma sem querer a existência do Não Ser? Platão diz que é por exclusão , mas aqui entra um outro plano que está um pouco na perspectiva platônica, pois, Platão queria somente combater os sofistas e disse sobre o Não-Ser, não sendo que ele concorda com essa ideia, então aqui difere de Aristóteles. Para Parmênides o Ser seria somente um, novamente retomo a um exemplo anterior, se dizer o Ser é branco, o branco seria o Não-Ser, pois o Ser é Um e não branco. Qualquer outra coisa é o Não-Ser.
Aristóteles entra na substituição da formula do Ser dizendo, que o concomitante não é o Ser. Por exemplo: "Estar em pé". É somente algo acrescentado ao Ser, e isso é o concomitante ? acréscimo ou não ao Ser. Aqui entra a primeira critica, pois, são vários entes e não só um ente. (P. ex.: Homem; Árvore; Animal irracional... e outros). Há varias formas de dizer o ente, ou seja, o Ser se diz de múltiplos modos. Assim, podemos dizer o que certo ente precisamente é.

Resumindo: no capítulo 3 Aristóteles refuta a tese da unidade do Ser.
? Unidade do Ser para Melisso ? crítica;
? Análise lógica da tese de Parmênides;
? O concomitante não é o Ser;
? O Ser se diz de muitos modos.

LIVRO I ? CAPÍTULO 4

Parmênides e Platão dizem que há um só principio e que ele se diferencia e geram as outras coisas. Anaxágoras e Empédocles dizem que a partir de uma só coisa, contém todos os outros elementos misturados ? Que são as homeomerias. É algo que compõe e decompõe e assim forma outras partículas. Temos aqui outra crítica de Aristóteles, já foram criticados os seguintes pontos:
? O Ser é um ? Parmênides;
? O Ser é imóvel; (Críticas anteriores)
? O Ser é ilimitado ? Anaxágoras. (Atual crítica)

O que forma a natureza ou o seu principio não é ilimitado. O principio não é um. Anaxágoras afirma que todas as coisas estavam misturadas. Que pelo devir elas formam a natureza (Alterar; Decompor e Compor). Aristóteles ainda nãos e contenta e pergunta, como é possível essas homeomerias não ter tamanho? Se eu começar a dividi-la, ela vai acabar um dia. E sobretudo, como dizer que tudo está em tudo? Eu tenho em mim folhas, flores... E outros?
Mas então a arvore não é arvore? Mesmo que seja, quem afirma a sua veracidade? Pois as coisas são tão pequenas que não dá nem para conhecer elas. Como conhecer a madeira? O que forma a arvore? Que tanto de madeira tem na árvore? E como sei o tanto certo de madeira e se passar e transformar em alguma outra coisa? Será possível?
Com certeza, diz Aristóteles, há um dado momento em que eu dividindo a arvore eu chego a um tamanho determinado.

Resumindo: Esse capítulo quarto Aristóteles tece uma crítica aos físicos (Platão; Anaxágoras e Empédocles).
? Elemento indivisível;
? Tudo esta em tudo;
? Número ilimitado de elemento que compõe a natureza;
? Pequenez dos volumes;
? Conceitos de infinito, separação e geração.
?
LIVRO I ? CAPÍTULO 5

Iniciamos esse capítulo tendo a seguinte pergunta: Qual é o principio da Natureza? Falamos de muitas outras coisas importantes para Aristóteles e não chegamos a dizer qual seria o principio. Segundo Aristóteles é os ?contrários? ou seja, os pares de opostos. Tudo vem a Ser a partir dos contrários.
O branco vem a ser a partir do seu contrario e não do vermelho. Com isso, entendemos que a natureza é regida pelos seus contrários. Mas as coisas não deixa de Ser ao acaso, mas sim quando é corrompida. A árvore deixa de ser quando morre. Afinal qual é o contrário da árvore? E do céu? Se o principio é o contrario, como explicar esses exemplos? Será possível que eles não tenham um oposto ou contrario?
Aqui a uma harmonia, pois do desarranjo é possível pensar em uma ordem. Como entender todas essas perguntas juntas? É simples. A árvore é composta, por exemplo, é constituída de madeira, folhas, terra, água, flores e outros. A árvore não é como o branco que tem o preto como oposto.
Assim, as coisas tem uma harmonia a partir dos contrários que são limitados, não é como as homeomerias de Anaxágoras. Assim, junta madeira, folhas, terra, água, flores e outros para formar a árvore.
Essa explicar de Aristóteles é convincente. Dos capítulos anteriores até agora, entendemos o principio da natureza. Mas surge uma grande dúvida, pois como que a madeira, folhas, terra, água, flores e outros foram juntados? Quem os juntou? O que fez eles se juntarem? Se parássemos a leitura nesse quinto capítulo ficaríamos sem entender, pois no próximo capítulo entenderemos como que se cria um nexo entre os contrários. Nesse capítulo vimos:

Resumindo: Que os contrários são os princípios.
? Princípio ? contrários;
? Contrários ? simples e compostos;
? Arranjo e desarranjo / ordem e desordem.
Vejamos o que dá o nexo nesse texto e nesse pensamento aristotélico. O que da suporte a natureza?

LIVRO I ? CAPÍTULO 6

Os princípios são mais do que um, pois, se dizemos que são os contrários, quer dizer que já são dois (2) e como disse no texto anterior do capítulo quinto tem que haver um terceiro principio e que ai se encerra, pois não são mais do que três os princípios. Como que um contrário gera outro? Como a desordem por si mesma pode dar suporte a natureza?
Esse principio não deve ser dependente de nada. Ele deve subsistir por si. Ele deve ser infinito e não como os contrários que se esvaí e surgem outros. Ele deve ser: Assim, percebemos que é algo que Aristóteles tanto cita em seus textos é a Substância, que é o terceiro principio.
A Substância cria uma mútua relação entre os contrários, para entendermos melhor é o que da suporte para todas as coisas se organizarem. São os contrários agindo sobre um substrato. Os contrários por si não conseguem gerar, conservar e corromper é necessário a substância.

Resumindo: nesse capítulo Aristóteles trata dos princípios e fala do primeiro principio que é a substancia que interage com os contrários.
? Contrários primeiros;
? Terceiro princípio ? Substância;
? Mútua relação entre contrários e o terceiro principio;
? O suporte da natureza (Contrários e Substância).

LIVRO I ? CAPÍTULO 7


Pensando que os contrários são os princípios da natureza, vamos pensar como ocorre a transformação ou como ocorre o devir? Sendo o devir a transformação do Ser.
Nesse capítulo entenderemos como que os contrários se organizam para que o outro se componha e também abordaremos o devir ou o vir a Ser das coisas da natureza. Por exemplo, como que o branco dá lugar ao seu contrario? Ou melhor, como que as coisas vêm a Ser? A Substância é o principio por excelência, então ela vem a partir do nada e independente de qualquer outra coisa. Mas algo vem a partir de outra coisa, como já citado o exemplo do branco vem do Não-Branco e assim por diante e como disse no capítulo anterior a substância que está por trás desse Devir.
As coisas sem a Ser, sempre uma a partir da outra. Os contrários que vem a Ser ?Devir. Contudo, deve-se entender que algumas coisas são simples e outras complexas, e também deve entender o modo de dizer o devir.
Ex.1: Isto vem a Ser
( A palavra isto é algo que subjaz no devir, ou seja, o que permanece).
Ex.2: A partir disto vir a Ser
( A palavra a partir é algo que vai deixar de Ser).
Sendo assim o modo de observar o devir no segundo exemplo é que a algo que subsiste e pode Ser que algo não subsiste. Os contrários engendram a mudança, mas não subsiste. Eles (contrários) alternam. Como o homem Ser branco e preto ao mesmo tempo. Ou ele é branco ou preto. Mesmo que seja,a sua essência não muda. O vir a Ser se diz de muitos modos. Distintos modos da transformação da natureza.
Sempre algo vem a partir do outro, nunca do nada, somente a substancia. Como isso vem a Ser? A substância vem a Ser sem mais. Como algo vem a Ser?

Resumindo: Esse capítulo trata-se da formação das coisas, ou seja, do vir a ser.
? Transformação dos contrários (devir);
? Explicação de como as coisas vem a ser;
? Algo que vem a partir de outro;
? A substância vem do nada é independente de outro.

LIVRO I ? CAPÍTULO 8
O que é vai mudar é só a qualidade? Banco para preto ? O que muda nessa substância? Que elemento crucial há? Aristóteles diz que é a forma. Sua forma muda, ou seja, é transformada. Aqui entenderemos o movimento que muda a forma. A natureza é um Ser que movimenta e dá uma nova forma a matéria. Lembrando que os opostos estão agindo na substância.
Não é a matéria que modifica e sim a forma. Como assim? O que é o sínolo? Ele tem alguma coisa haver? O sínolo é uma unidade intrínseca entre forma e matéria - um hilemorfismo. Somente Deus que possui somente forma e não Matéria. O homem sempre é uma unidade de matéria e forma.
No primeiro parágrafo da Física, ele (Aristóteles) retoma a sua critica a Parmênides, que não convém também retomarmos aqui por escrito.
Ex.: A semente é arvore em potencia. Tudo da natureza para vira a Ser era potencia. Aristóteles não afirma a existência verdadeira do não-Ser. Mas a potencia de certo modo comporta o não-Ser. Há Ser e há não Ser e movimento.
No capítulo seis, sete, oito e o próximo que é o nove, ficará claro o porque Aristóteles criticou Parmênides. O movimento vem a partir da transformação da potencia ? o vir a Ser. Aqui no capítulo oito de certo modo termina a critica a Parmênides ? Não Ser.
Resumindo: Nesse capítulo trata-se da solução da aporias dos filósofos antigos.
? Ser;
? Não-Ser;
? Movimento;
? Potência.
LIVRO I ? CAPÍTULO 9

Nesse capítulo Aristóteles faz uma síntese, sendo uma coisa a matéria e a outra é potencia. Matéria é o que vai sofrer uma ação. Alguns pensam que é a mesma coisa, mas não é mesma coisa. A matéria é aquilo que subsiste a ação da potencia. Não esquecendo que existe os contrários e a substancia. A partir da ação da potência, a matéria irá se modificar.
O que muda é que há a transformação, a matéria é a mesma com nova forma. E a matéria também se subsiste a transformação, pois a matéria se submete a transformação, pois a matéria se submete a forma. Ex.: Semente  Árvore.
A semente é sínolo (unidade de matéria e forma) quando sofre a ação da potencia ela se transforma e vem a Ser árvore. Como a forma é mais substancia que a matéria. A matéria vai se adequar para mudar a forma. Então afirma que a matéria também mudou, pois são unidade.
Não esquecendo que a matéria é substancia e a forma também, só que na transformação da natureza, onde existe formas a transformação é maior.

Resumindo: Nesse capítulo Aristóteles aborda a crítica a Platão. Matéria e forma.
? Matéria e forma ? Ação e transformação
? Principio material e sua tendência;