FILOSOFIA E EDUCAÇÃO E SUAS PROSPECTIVAS
Por Jefferson Tiradentes | 08/11/2024 | EducaçãoFILOSOFIA E EDUCAÇÃO E SUAS PROSPECTIVAS
Jeferson Gonzaga de Carvalho1
Professoor Nadir Pichler
RESUMO
O artigo aborda a preocupação com os acidentes de trânsito e suas consequências devastadoras, destacando o impacto trágico nas famílias e na sociedade, além da sobrecarga no sistema de saúde devido às sequelas físicas e psicológicas dos acidentados. A continuidade desse problema, ao longo dos anos, acarreta a perpetuação do aparente desinteresse social e, principalmente, político em buscar soluções eficazes. A segurança no trânsito deve ser uma preocupação de toda a sociedade, não apenas dos motoristas. Uma das principais propostas é iniciar a educação para o trânsito na infância, integrando a responsabilidade de ser motorista desde cedo no currículo escolar. A introdução de conceitos filosóficos, especialmente éticos, na educação para o trânsito pode ser fundamental para transformar motoristas em "motoristas-humanos". Essa abordagem visa a gerar questionamentos sobre os métodos educacionais atuais e promover uma maior determinação e cuidado no tratamento do tema.
ABSTRACT
The article addresses the concern with traffic accidents and their devastating consequences, highlighting the tragic impact on families and society, as well as the burden on the healthcare system due to the physical and psychological sequelae of the injured. The continuity of this problem over the years results in the perpetuation of apparent social and, especially, political disinterest in seeking effective solutions. Traffic safety should be a concern for the entire society, not just for drivers. One of the main proposals is to start traffic education in childhood, integrating the responsibility of being a driver early into the school curriculum. The introduction of philosophical concepts, especially ethics, in traffic education can be fundamental in transforming drivers into "human-drivers." This approach aims to generate questioning of current educational methods and promote greater determination and care in addressing the issue.
Palavras-chave: Segurança no Trânsito; Educação Infantil; Responsabilidade Ética.
“Educai as crianças e não será preciso punir os homens”. (Pitágoras)
“Apesar de tantas obras que só têm como objetivo, dizem, ser úteis ao público, a primeira de todas essas utilidades, que é a arte de formar os homens, permanece esquecida.”
“Nascemos fracos, precisamos de força; nascemos desprovidos de tudo, temos necessidade de assistência; nascemos estúpidos, precisamos de juízo. Tudo o que não temos ao nascer, e de que precisamos adultos, nos é dado pela educação”. (Rousseau)
INTRODUÇÃO:
Atrevo-me a escrever este artigo, diante do terror que me causam as visualizações e leituras de tantas e tantas reportagens, levadas ao expectador por todas as mídias, sobre os mais terríveis acidentes de trânsito e suas consequências abomináveis. Tais ocorrências geram tragédias familiares e sociais, acumulando no serviço de saúde, acidentados de todas as categorias, gerando sequelas físicas e psicológicas.
Sinto a necessidade de escrevê-lo, apesar do desalento que percebo ao ver a passagem dos anos e lamentar que esse problema, de ordem nacional, continue sendo perpetuado pelo aparente desinteresse social e principalmente político, de encontrar uma solução, de qualquer natureza, para esse tema e sua cronicidade. Já podemos notar, ao longo de tantos anos, que os cuidados com o trânsito e sua legislação não devem ser preocupação somente das pessoas classificadas como “motoristas”, mas de toda a sociedade, principalmente a família, incluindo, sobretudo crianças no seu nascedouro escolar e social. Acredito que devemos introduzir na educação infantil, a responsabilidade do “ser motorista”, antes de ela ser motorista.
Associar a Filosofia à educação para o trânsito pode ser o apontamento de uma direção no sentido de gerar questionamentos em relação ao modo como é encarado o procedimento educacional atual, em relação ao trânsito, e assim tratá-lo com a determinação e cuidado que a situação merece e transformar o motorista em um “motorista-humano”.
A EDUCAÇÃO INFANTIL E A IMPLANTAÇÃO DE UM FUTURO MAIS SEGURO
Essa matéria tem o objetivo de relacionar a Filosofia na educação com a necessidade de introdução de um sistema educacional infantil, que permita incluir nas escolas o código de trânsito brasileiro, a partir do ensino fundamental, visando a instruir o educando à formação de uma personalidade voltada, primordialmente, para a segurança geral nos meios de transporte.
Em razão de estudos de diferentes autores, chego à conclusão que, se os conceitos e leis sobre o trânsito (por exemplo) fossem ministrados para as crianças, nos primórdios de seu aprendizado, poder-se-ia reduzir drasticamente, num futuro, mesmo que distante, os acidentes e seus efeitos de todos os tipos no trânsito, causados pela negligência humana. Intolerância, stress, são fatores contribuintes para concluir que a grande maioria desses acidentes são derivados do desinteresse geral dos cidadãos dirigentes de veículos terrestres motorizados, pela “educação para o trânsito”, que se limita a algumas campanhas pontuais. "Geralmente, a primeira vez que ouvimos falar nas leis de trânsito é quando chegamos aos 18 anos, ou só se tivermos o desejo de virar motorista." (FERRAZ, 2023). A Pedagogia poderia se aproveitar da curiosidade infantil, incentivada pela “paixão” dos seus pais por veículos, e introduzir, utilizando esse interesse, “ilustrações” sobre as leis de trânsito (código de trânsito brasileiro) para despertar atrativos que levassem as crianças a iniciar reflexões, desde o princípio da sua formação, sobre a má utilização da máquina viária no cotidiano popular. Já percebemos que as leis não nos bastam, uma vez que o pagamento pelas transgressões a essas leis se resume à autenticação pelo banco num pedaço de papel, ou decisão de um juiz baseado nas “brechas” que a legislação permite. Se os(as) garotos(as) são presenteados com carrinhos, mesmo antes de saberem o que é um veículo, porque não “presenteá-los” também com instrumentos que possam iniciá-los na percepção da importância que esses “brinquedos” virão a ter na sua própria segurança, ao dirigirem os seus futuros “carros de verdade”?
“As leis, sempre tão preocupadas com os bens e tão pouco com as pessoas, por terem como objetivo a paz e não a virtude…” (Rousseau, 1979, p.10)
Posso, para algumas concepções, ao escrever esse texto, ser considerado repetitivo e banal, uma vez que tantos e tantos estudiosos tenham citado, desde o início dos tempos, que a educação é o principal caminho para aprimorar a condição da existência humana. Mas, devo insistir que, mesmo sendo eu esse “mais um” ao abordar esse assunto, talvez possa colaborar com uma pequena fresta de luz num ambiente que caminha para a escuridão a passos lentos, perigosos e muito mais aturados que as minhas palavras.
A FILOSOFIA (ÉTICA) E A EDUCAÇÃO PARA O TRÂNSITO
Segundo o Michaelis, dicionário brasileiro da língua portuguesa, a Filosofia é o “Amor à sabedoria e ao conhecimento, através da procura permanente da verdade e o estudo e reflexão crítica, inicialmente teóricos e contemplativos, a respeito dos valores, dos fatos e princípios gerais da existência, realizados pelo ser humano com o objetivo de compreender a si mesmo e a realidade que o circunda e que, posteriormente, na prática, vão moldar suas ações e conduta e ajudá-lo a construir seu destino.” E a ética, ainda de acordo com o dicionário Michaelis, é "o ramo da filosofia que tem por objetivo refletir sobre a essência dos princípios, valores e problemas fundamentais da moral, tais como a finalidade e o sentido da vida humana, a natureza do bem e do mal, os fundamentos da obrigação e do dever, tendo como base as normas consideradas universalmente válidas e que norteiam o comportamento humano". Sendo assim, a prática da Filosofia (Ética) e a utilização da educação infantil para o trânsito, no processo educacional, desde a prematura infância, poderá trazer inúmeros benefícios, inclusive difíceis de serem enumerados, devido à sua grande proporção, ao ser humano, na sua vida adulta.
A filosofia é um esforço de luta contra a opinião que se generaliza e nos escraviza com suas respostas apressadas e soluções fáceis todas tendendo ao mesmo; e luta contra a opinião, criando conceitos, fazendo brotar acontecimentos, dando relevo para aquilo que em nosso cotidiano muitas vezes passa desapercebido. A filosofia é um esforço criativo. (Gallo, 2000, p.60)
Devo esclarecer que não tenho a pretensão de fornecer modelos ou metodologias educacionais infantis, uma vez que minha atuação se resume a estudos de pesquisa, no sentido de acumular elementos que possam nos ajudar a problematizar e esclarecer fatores, talvez obscuros ou pouco perceptíveis. Deixo essa parte para os Pedagogos e especialistas nessa área, que dedicaram seu precioso tempo a estudos aprofundados na arte de aperfeiçoamento da educação de modo geral. Minha preocupação original é apenas colaborar no sentido de lançar uma centelha, apontar para a direção de um caminho presumidamente possível.
A pesquisa aponta que, para que haja uma nova concepção sobre a introdução das leis de trânsito, a partir do ensino fundamental, até a criança completar dezoito anos, idade em que, no Brasil, estará apta a tirar a sua CNH (Carteira Nacional de Habilitação), seria necessário um processo revolucionário, que envolveria não apenas as competências envolvidas com o complexo educacional, mas sim, com todo o sistema social. Para tanto, seria necessária a participação de organizações, como a ABRINQ (Associação brasileira de fabricantes de brinquedos), áreas de saúde, entidades não governamentais, empresas produtoras de brinquedos, legisladores, políticos e toda a sociedade em geral, gerando mudança de paradigmas. Conceitos arraigados na memória popular que tornaram banais, desimportantes, tantos e tantos problemas, no meu entender, gravíssimos, sobre a má utilização do veículo automotor no cotidiano brasileiro causadas pela insipiência sobre o “grande perigo” do ser humano ao lidar com essas máquinas sem ter tido uma formação ampla e profunda nesse sentido.
Para formar esse homem raro que devemos fazer? Muito, sem dúvida: impedir que nada seja feito. Quando não se trata senão de ir contra o vento, bordeja-se; mas se o mar está agitado e se quer não sair do lugar, cumpre lançar a âncora. Toma cuidado, jovem piloto, para que o cabo não se perca ou que tua âncora não se arraste, a fim de que o barco não derive antes que o percebas. (Rousseau, 1979, p. 15)
Para exemplificar, com relação aos brinquedos infantis, existia ou existe um carrinho de brinquedo de fricção que, ao serem acionadas as suas rodas traseiras, sendo friccionadas contra o chão, fazem com que o objeto da diversão saia em disparada e, ao se deslocar em direção a um obstáculo e bater com muita força, é amassado, ficando numa condição que se assemelha a um veículo batido. A criança se surpreende ao perceber que, apenas com um puxão das suas mãos, num piscar de olhos, o carrinho “acidentado” retorna a sua condição original. Esse tipo de brincadeira pode inserir na mentalidade dos futuros motoristas (psicólogos, me acudam), a minimização de um acidente de trânsito, uma vez que, apenas um simples ato, pode fazer com que a situação causada pelo impacto, retorne à posição que precedeu o ocorrido, sem maiores problemas ou nenhuma consequência grave. Sendo assim, a criança, que é suscetível a qualquer pensamento que a sugestione, ao lidar com a inocência de um reles brinquedinho, pode acreditar que um acidente de trânsito é algo facilmente resolvido, causando quase ou nenhuma inferência dolorosa. O simples manejo de um brinquedo pode estimular o infante a reproduzir no futuro, através de atitudes negativas, o aprendizado que adquiriu com a influência gerada pelo “inócuo” passatempo.
A ascensão da internet, desde seu advento, a partir do ano de 1969, e sua popularização, após o ano de 1990, com certeza, entre tantos benefícios, o maior que talvez tenha sido a interação entre “povos”, trouxe também a diminuição do diálogo familiar e com isso uma ‘facilitação” negativa, no sentido de que as crianças, ao utilizarem, desde a mais tenra idade, aparelhos programados com softwares de informática, de “distração”, conectados ou não. Nesses brinquedos, poderiam ser incluídos programas que incentivem os pequenos a perceber, desde esse período, os cuidados que a correta utilização do ”volante” possa trazer, no lugar de jogos vazios e sem sentido, que apenas os “apazíguam” momentaneamente, fazendo com que, se o uso de uma tecnologia for intencional e planejado, os efeitos positivos na educação infantil, possam ser, certamente, surpreendentemente positivos.
No livro, A Formação Social da Mente, Vigotisky procura “caracterizar os aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se formaram ao longo da história humana e de como se desenvolvem durante a vida de um indivíduo." (Vigotisky, 1984, p. 1)
Ele também ressalta que
No momento em que as crianças desenvolvem um método de comportamento para guiar a si mesmas, o qual tinha sido usado previamente em relação a outra pessoa, e, quando elas organizam sua própria atividade de acordo com uma forma social de comportamento, conseguem, com sucesso, impor a si mesmas uma atitude social. (op. Cit. p.16)
Portanto, introduzir parâmetros relativos à prática educacional direcionada à segurança no trânsito, capazes de fomentar comportamento social disciplinado e ponderado às crianças, a partir da fase do ensino fundamental, poderão "internalizar" um processo de aprendizado, que será utilizado na sua conduta social, no futuro. Metodologias capazes de incentivá-las pedagogicamente a criar uma visão futurística do seu comportamento, não apenas como motorista (nem todos serão motoristas), mas como, integrante do sistema de trânsito: motorista, passageiro, ciclista, pedestre, uma vez que a responsabilidade da segurança no sistema viário pertence a todos que dele se utilizam. A maneira com que uma criança visualiza seus brinquedos na infância certamente será um fator "importantíssimo" no olhar de como ela se relacionará com o seu futuro mundo adulto.
SEGURANÇA NO TRÂNSITO E SUAS PROPOSIÇÕES
Sabidamente, o Brasil ocupa um dos primeiros lugares no que se refere à insegurança no trânsito, levando à louváveis discussões a respeito de encontrar uma maneira de se reverter os aumentos dos “acidentes” que se acumulam a cada ano. Autoridades tentam criar planos de contenção para essas situações, causadas pela má utilização da malha viária, que, desde sempre, também necessita de planos de reformas. Porém, diante desses procedimentos, percebemos que o resultado atingido é sempre muito menor do que o objetivado.
Eventualmente, em determinadas ocasiões, até se consegue uma redução dos sinistros de trânsito, quando da implementação de algumas dessas metodologias, porém, nos anos que se seguem, eles voltam a crescer, uma vez que os procedimentos realizados para essa redução não são aplicados de maneira contínua.
Assim, posso acreditar que a implementação de um novo conjunto de medidas no sistema educacional, a partir do ensino fundamental, poderia resultar na diminuição dos violentos e traumáticos sinistros de trânsito, ocasionados pela sua corrente banalização, ao longo de décadas.
A palavra “acidente”, utilizada nesse texto, se encontra em aspas, porque, conforme a PNATRANS, Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito 2021 – 2030, a Organização Mundial de Saúde (OMS), endossada pela ONU, recomendou a criação de uma campanha mundial pela redução dos sinistros de trânsito, diz que:
A palavra “acidente” remete, semanticamente, a algo inevitável ou que não poderia ter sido evitado. A velocidade, o desenho das vias, as leis e as condições de mobilidade disponíveis para as pessoas, que contribuem decisivamente para os riscos de uma colisão ou atropelamento ocorrer, são fatores que podem ser controlados. Apesar disso, a mídia, os governos, as políticas públicas, o meio jurídico e a sociedade em geral habituaram-se a considerar esses eventos “acidentes”, como se fossem fortuitos e aleatórios – mas não o são. (Brasil, 2018, p.5).
Diante dessa conceituação, perceberemos que a incompreensão sobre os problemas que resultam em “acidentes” talvez seja a causa principal desses acontecimentos. E para modificar essa percepção, somente a educação, introduzindo novas noções e valores nas mentes dos nossos futuros motoristas, será capaz de transformar esse conceito que torna comum, às pessoas, a maneira errônea de visualizar a responsabilidade de suas atitudes perante o sistema viário nacional. Acredito que a péssima resultante da má utilização do trânsito, no entender popular, talvez seja considerada como "normal" e tais fatalidades estejam inseridas dentro do "compreender" atual sobre esses fatídicos acontecimentos, porque "Deus assim deseja" e nada pode ser feito para atenuar esses chamados "acidentes".
Considero correto acreditar na capacidade dos nossos educadores, que têm acompanhado a evolução da comunicação com seu público, influenciado pelas novas mídias, dedicando-se à formação de conferências, seminários, grupos de pesquisa etc., para tentar a consolidação de um projeto amplo e abrangente, no sentido de preservação da vida de todos os integrantes do sistema de circulação. Reitero que somente um esforço conjunto e a longo prazo poderia colaborar para que os efeitos maléficos da má utilização do conjunto de vias terrestres sejam minimizados, já que o mau comportamento representa 65,8% dos acidentes de trânsito, segundo pesquisa concluída pelo IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, relatada no Jornal Metrópolis, e cita ainda que o Brasil é 3º país que mais registra mortes no trânsito, segundo relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS), nosso país só perde para a Índia e China no que se refere a mortes em vias e rodovias.
“No Brasil o trânsito mata, todos os anos, um número de pessoas superior a muitos conflitos bélicos e genocídios no mundo. Todos os especialistas em trânsito estão convencidos de que a saída para essa tragédia é a educação”. (Junior, 2020)
Acredito que nas escolas, a educação para o trânsito não precisa ser passada por meio do aprendizado técnico de sinais de trânsito e sim por valores cidadãos que serão úteis no trânsito, como gentileza, solidariedade e educação. Vejo que há necessidade do cumprimento da lei que já está em vigor. Por exemplo: se houvesse cobrança do ensino aprendizagem em avaliações como o Enem e durante todo o processo avaliativo dos alunos desde o ensino fundamental, a lei do CTB, em seu artigo 76, estaria sendo cumprida e nossos índices de mortes no trânsito estariam diminuindo consideravelmente. (Araújo, 2020)
É perceptível que a evolução tecnológica não tenha conseguido indicar uma evolução cultural, no sentido de aprofundar a integração da Filosofia na Educação Infantil, já que ela examina, esclarece e direciona os objetivos, métodos e ações pedagógicas de uma instituição de ensino. E as preocupações de grandes pensadores, desde a mais remota antiguidade, já indicavam a necessidade da educação infantil ser considerada da maior importância para a construção de adultos moralmente qualificados. Portanto, a evolução tecnológica e a milenar Filosofia, não deveriam seguir em caminhos conflituosos e sim coerentes e paralelos e com velocidades similares. A aprendizagem é um processo complexo, que envolve a aquisição de conhecimento, habilidades e comportamentos. Existem várias teorias e abordagens sobre como a aprendizagem ocorre.
Conforme Jean Piaget, as quatros etapas do desenvolvimento cognitivo, defendem que que o indivíduo se desenvolve a partir da ação sobre o meio em que está inserido, priorizando, a princípio, os fatores biológicos que podem influenciar seu desenvolvimento mental, dando ênfase em seus estudos do caráter construtivo. A construção evolutiva do caráter do ser humano passa por várias etapas antes de sua efetiva concretização. E o modo com que a criança percebe essa construção é uma maneira muito pessoal e a sua interação com a aplicação de uma metodologia gradativa nesse sentido, poderá contribuir com a formação do caráter do homem adulto. Ouso me utilizar da palavra "desenvolvimentista" para afirmar que o crescimento educacional, por meio da teoria de Piaget, inserida a partir da formação educacional primária seria um procedimento necessário, gradual e contínuo, objetivando amenizar no futuro, a compreensão do trânsito e suas preocupações.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Concluo, refletindo que, além da teoria de Piaget, outras existem e constam nos trabalhos de outros estudiosos, que se utilizados em "equipe" poderiam ser de grande valia para que esses procedimentos fossem implementados. Podemos citar, por exemplo.:
- A Teoria Behaviorista, proposta por B.F. Skinner e outros, essa teoria enfatiza a relação entre estímulos e respostas. A aprendizagem ocorre por meio de reforços positivos (recompensas) e negativos (evitação de consequências desagradáveis).
Exemplos incluem condicionamento clássico (Pavlov) e condicionamento operante (Skinner).
- A Teoria Construtivista, baseada nas ideias de Piaget e Vygotsky - A aprendizagem é vista como um processo de construção pessoal do conhecimento. A interação social e a zona de desenvolvimento proximal (ZDP) são fundamentais para o aprendizado.
- A Teoria Socioconstrutivista, proposta por Vygotsky que enfatiza a importância da cultura, linguagem e interação social na aprendizagem. A ZDP é o espaço entre o que a criança pode fazer sozinha e o que pode fazer com ajuda.
Lembre-se de que cada pessoa pode aprender de maneira diferente, e essas teorias oferecem perspectivas variadas sobre o processo de aprendizagem." (Maestrovirtuale.com)
A união da comunidade educacional e a de todos os envolvidos no sistema viário de transporte, pode ser o início de um procedimento rompedor de barreiras.
REFERÊNCIAS:
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FERRAZ, Renato. Trânsito: mau comportamento é responsável por 65,8 dos acidentes. Metrópolis, 31/08/2023 – Disponível em : https://www.metropoles.com/colunas/entre-eixos/transito-mau-comportamento-e-responsavel-por-658-dos-acidentes. Acesso em: 15 jun. 2024)
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MAESTROVIARTUALE.COM – As 4 etapas do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget – Disponível em:
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FERREIRA, Felipe - Tecnologia na educação infantil: Como as escolas devem lidar? PROESC.COM – 15 de Agosto de 2018. – Disponível em: https://www.proesc.com/blog/tecnologia-na-educacao-infantil-como-as-escolas-devem-lidar/.
NACHREINER, José Jr., Educação para o trânsito nas escolas – Portal do trânsito e mobilidade, Site – 04/09/2020. Disponível em: Educação para o trânsito nas escolas - Portal do Trânsito, Mobilidade & Sustentabilidade (portaldotransito.com.br)
PORFÍRIO, Francisco – A Educação em Emilio de Rousseau - BRASIL ESCOLA, canal – Youtube – Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=9xAeXwEO1yE.
1 Graduando em Filosofia, Departamento de Filosofia, Universidade Federal da Fronteira Sul