''Há na terra muitas boas invenções, umas úteis, outras agradáveis: é por causa delas que se deve amar a terra" Nietzsche, Assim Falou Zaratustra


Friedrich Nietzsche (1844-1900), formou-se em filologia com a leitura do livro de Schopenhauer começou a se interessar pela filosofia, foi por muito tempo fascinado pelo pessimismo de Schopenhauer e também se fascinou com o trabalho de Richard Wagner, via na música como um instrumento que pode renovar a cultura da sua época. Em humano demasiado humano afasta-se de Schopenhauer e de Wagner, iniciando uma filosofia do futuro que denominou de espírito livre, afirma que ficou cego pela vontade moral de Schopenhauer por muito tempo de sua vida e também que se enganou com o romantismo incurável de Wagner acreditando que era o início enquanto era o fim. Nietzsche identificou dois tipos de pessimismo:
       O primeiro pessimismo é a dos românticos, isto é, espírito estando cansado de viver, sentir à dor, o sofrimento decide renunciar à vida. Nietzsche compara este pessimismo como a do cristianismo que por tanto sofrer, sentir à dor, inventaram a vida depois da morte, a favor de um outro mundo melhor, Shampenhauer é herdeiro dos valores do cristianismo.
 O segundo pessimismo consiste em aceitar à vida, mesmo sabendo do sofrimento, sentindo a dor. Nietzsche vê nesse segundo pessimismo o que Wagner designou de arte, isto é, pensa que o único instrumento que pode levar o homem a superar à dor, o sofrimento é a arte.
    Nietzsche crítica o idealismo afirmando que criou o mundo que não existe (anti-mundo), para explicar este mundo, a única realidade objectiva é o mundo material e sensível. Crítica o positivismo por acreditar que o único meio para alcançar o conhecimento é ciência, e estabelece teorias que deve ser eficaz na resolução de qualquer problema e, o mundo é infinito e pode ser interpretada de várias maneiras, cada um pode interpretar a sua maneira. 
    Com o anúncio da morte de Deus em Nietzsche, pretende-se despertar os homens dos valores tradicionais que carrega nos seus colos, do conservadorismo das velhas tábuas, de viver o passado no presente, a moral dos escravos pertence ao povo judeu inimigo da vida que inventaram um mundo superior fora este, os fracos inventaram a vida depois da morte para subjugar os fortes, e considerou pecado todos os prazeres da terra. Nietzsche responsabiliza todos homens pela morte de Deus porque os homens foram se afastando de Deus, perdendo todos os valores que servia do fundamento para a vida, embarcando na loucura dionisíaco o deus que aceita a vida, recordando os pré-socráticos que amava a natureza, o anúncio do surgimento do novo homem que é o super-homem que esta além do bem e do mal, este vai dominar a terra, vai viver a eterna vivacidade do eterno retorno da vida pelo amor fati.
    Nietzsche no livro de anticristo inicia uma transvaloração de todos valores tradicionais, que são contra a vida, porque o cristianismo considerou pecado todos os prazeres da terra, a favor de uma vida melhor depois da morte, ao afastar-se dos prazeres da terra foi contra os instintos fortes defendendo os fracos, o cristianismo usou a compaixão para transvalorizar os valores. Nietzsche afirma que a compaixão não permite ao homem ver a vida de forma selectiva, o Deus dos cristãos é um doente porque despreza os prazeres da terra, criando mundo superior, afirmando a vontade do nada. Ora, Nietzsche vê na figura de cristo um homem nobre que soube aceitar a vida, razão pela qual aceitou ser pendurado na cruz, isto é, aceitou a vida até as últimas consequências, e o considera espírito livre. Mas se afasta do cristianismo alegando que cristo morre na cruz e na cruz foi pendurado o evangelho, e Paulo com o espírito de vingança criou o cristianismo e a igreja, o cristianismo é ódio do ressentimento, isto é contra tudo o que é aristocrático. Contudo Nietzsche admira-se no novo testamento com Pôncio Pilatos, e considera Lutero com espírito livre pela coragem que teve de denunciar a corrupção do papado, apesar de que teria feito mais se tivesse denunciado cristianismo, pelo contrário permitiu com que a igreja se expandir, a igreja cristã desvalorizou todos os valores.
    Para Nietzsche a vida só pode ser sentida e vivida quando os homens renunciar o passado e a outra vida depois da morte, só se pode viver a vida aceitando o destino, pelo amor fati, que é aceitar a vida, considera que a visão cristã “tudo não tem sentido” é apenas uma das interpretações, o cristianismo inventou a vida depois da morte para justificar a sua existência. segundo Nietzsche o cristianismo desenvolveu-se num terreno falso, com o próposito de eliminar a classe governante, contra a realidade que até hoje permanece como um problema pendente, admira-se com a figura de o cristo e diz o cristianismo não é cristo, refere-se a modo de vida que ele levou, um cristão é alguém com instinto de crueldade, cheio de ódio, contra todos os que pensam de maneira diferente. Para Nietzsche tanto o bom Deus como o Diabo são produtos da décadence, só existiu o único cristão e foi pendurado na cruz e na cruz morreu e na cruz morreu todo o evangelho, o cristianismo foi até ao presente a maior desgraça da humanidade, o homem de fé é totalmente dependente, o cristianismo fez os homens perder a herança da cultura antiga, fez a guerra de morte contra tudo. Nietzsche estabele seis leis contra o cristianismo importa citar a primeira lei ''é vicio qualquer forma de antinatureza, anuncia o super-homem (Übermensch), aquele que há-de dominar a terra, Deus morreu que viva o super-homem.

Referência 
ANTISERI, D e REALE, G. (2006). História da filosofia: de Nietzsche à Escola de Frankfurt. Trad. Ivo Stoinio. São Paula, Paulus. Vol. 6.
NIETSSCHE. F. (2008). Assim Falou Zaratustra. Trad. M. de Campos. 5ª ed. Tito Lyon de Castro.
................. (2000). O Anticristo: ensaio de uma crítica do cristianismo. trad. Pedro Delfina Pinto dos santos. 10. ed. Lisboa, Guimarães editores.