Fica para 2018

Uma sensação estranha tomou-me logo que o resultado das eleições presidenciais foi divulgado. Sinceramente, eu acreditei que o povo brasileiro iria dizer não aos desmandos,  à corrupção, roubos e desvios de dinheiro público e tanto desgoverno e desvio de conduta como nunca se viu na recente história de nosso país. Eu realmente cheguei a crer que o povo brasileiro iria dizer não a tudo isso, mas lamentavelmente não foi dessa vez.

Os mais de 50 milhões de eleitores que acreditaram e lutaram pela dignidade desse país votando no senador mineiro Aécio Neves, tanto aqui no Brasil como na França, Estados Unidos, Inglaterra e nos demais países onde houve votação, com certeza, estão sentindo o mesmo que eu. Contudo eu e cerca de 48% de Minas Gerais estamos, obviamente, mais tristes, pois poderíamos ter levado mais uma vez um mineiro à presidência do Brasil e, como reza a tradição, ter iniciado um novo ciclo em nossa história. Deixo claro que não sou inimigo dos outros 54 milhões de brasileiro que optaram pela permanência desse cenário tenebroso e corruptivo que arruína nossa nação, no entanto, estou decepcionado com a posição deles. Eu me lembro que, a menos de dois anos, a população de várias cidades saiu às ruas exigindo mudanças na condução de nosso país, visto que não suportávamos mais falsidade, incompetência e corrupção na gestão de nossas empresas e instituições públicas e no uso de nosso dinheiro, os péssimos serviços prestados à população e várias outras mentiras e problemas que assolam o país. Muitos intelectuais e estudiosos assinalavam que o povo não iria mais corroborar com tudo isso, porém, agora que era o grande momento de nós fazermos valer a nossa indignação e mostrar para essa gente que somos verdadeiros cidadãos e não vândalos, que não aceitaríamos  que ela escarnecesse e zombasse de nós dia e noite por mais tempo e que iríamos tirá-la dos postos mais altos da república, nós nos inferiorizamos novamente e adiamos o sonho por mais quatro ou 12 anos, talvez.

Francamente, não sei se o país suporta por mais tempo tudo isso. Tenho medo de que quando o povo abrir os olhos, já seja tarde demais. Isso não é um pessimismo vazio e nem torcida contra, afinal de contas, acredito na minha gente e sempre vou lutar para que o país e o povo brasileiro sejam prósperos e felizes, mas é o que os números dizem e, num mundo tão competitivo e cruel, quem não fizer o dever de casa não obterá sucesso em suas obrigações, seja no campo social, econômico ou político. O atual cenário se torna mais perverso ainda, pois a vitória da situação mostra para a população que ser honesto é algo démodé e que o correto é ser desleal, corrupto e cínico – considero o significado negativo do adjetivo. Isso acontece, porque a partir do momento em  que nossas maiores autoridades acham que a corrupção é algo normal e que há em todo lugar; que uma pessoa com curso superior deva fazer curso técnico para ter uma vaga no mercado de trabalho; transformam os programas sociais em moeda de troca por votos e se apoderam deles como propriedade privada para chantagear as pessoas menos esclarecidas; coíbem e tentam amordaçar a impressa, privando-a do dever de informar as pessoas; fazem carreira nos cargos políticos e não  defendem a alternância no poder como pilar essencial para o bom funcionamento das instituições democráticas; usam de suas posições privilegiadas para ilicitamente gestarem o país e, consequentemente, aumentarem suas fortunas e prejudicar todo o sistema econômico, com sua estabilidade duramente conquistada após o Plano Real; promovem uma campanha eleitoral baseada no ódio e ataques pessoais com o intuito de destruir a imagem de seus concorrentes perante à opinião pública,  chegando ao absurdo a compará-los aos nazistas,  e vários outros aspectos negativos que corroem e comprometem nossa democracia. Em resumo, aquelas pessoas eleitas para zelarem pelo bem da nação, contrariamente a isso,  usurpam-na deliberadamente, dando-nos com uma mão e nos roubam com a outra e, mesmo assim, são chamadas de heróis nacionais. Por conta dessa realidade, sinceramente, não sei se o país suporta por mais tempo tanta incompetência e mau-caratismo.

Espero profundamente que o Senador Aécio Neves e que a ex-ministra Marina Silva e tantas outras autoridades que formaram essa frente em prol da libertação e moralização do país não se deixem abater por esse insucesso que tivemos agora. Imploro a Deus, que você, Aécio, tenha força e cure os arranhões causados nesse deslize de nossa gente e se cerque de pessoas de boa fé e idôneas oriundas de todas as regiões e estados brasileiros para que, em 2018, possamos fazer um grande movimento em  prol de uma nova redemocratização do país onde todos, independente de classe social, tenham voz e vez. Como juiz-forano e mineiro, estou profundamente decepcionado, mas como brasileiro, estou muito feliz por ter certeza de que metade de nossa gente tem consciência de que mudar é preciso e de que a mudança é possível e está próxima de acontecer. Como disse Eduardo Campos, nós não podemos e não vamos desistir do Brasil, por isso, vamos continuar lutando para um dia vivermos numa verdadeira nação. O sonho, reafirmo, não acabou, o projeto de mudança continua em processo. Tenho a certeza que em 2018, sob sua liderança, com a co-liderança de nossos irmãos paulistas, gaúchos, paranaenses, goianos, fluminenses, nortistas e nordestinos, enfim, numa grande união nacional para o bem do Brasil, nossa gente, com maior esclarecimento político em todos os estados da federação e  com um profundo sentimento de formarmos uma nação próspera para todos os brasileiros, vai voltar a ser grande. O Brasil será uma democracia madura onde as instituições sólidas serão respeitadas e não se comprometerão ou trabalharão para esse ou aquele partido, mas para o povo, que é a maior riqueza que o país tem.