Ravely Kesly da Silva Pereira¹
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Francisca Valdeiza de Souza Tavares²
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RESUMO: Diante da grande competitividade do mercado e da crescente exigência pela qualidade nos produtos, as empresas veem a gestão da qualidade como uma estratégia para manter-se competitiva no mercado. As ferramentas da qualidade consistem em uma série de ações direcionadas a identificar as anomalias que afetam o processo produtivo como também são utilizadas para apontar soluções. O presente trabalho consiste na execução de um estudo de caso realizado em uma indústria calçadista, no setor de serigrafia, com o intuito de identificar e analisar as falhas presentes no processo produtivo através da aplicação das ferramentas da qualidade. Para um melhor entendimento do processo foram realizados os fluxogramas do processo geral da indústria em questão e um fluxograma do processo de serigrafia, a fim de facilitar a visualização e auxiliar na identificação dos problemas. No presente trabalho aplicam-se as seguintes ferramentas: fluxograma, folha de verificação, diagrama de Pareto, diagrama de Ishikawa e também brainstorming e 5W2H. 

Palavras-chave: Ferramentas da qualidade; setor calçadista; serigrafia 

1 INTRODUÇÃO 

            No Brasil, o setor calçadista é intensivo em mão de obra e movimenta uma grande parcela do mercado nacional. Atualmente, emprega de forma direta mais de 260 mil pessoas no país e ocupa a quinta colocação do ranking mundial dos produtores do setor calçadista com previsão de aumento em 2,6% no ano de 2022 (ABICALÇADOS, 2021).

O Ceará é considerado o maior e principal produtor de calçados do Brasil. No estado se encontram mais de 350 fábricas, sendo estas responsáveis por um terço da produção do país. Atualmente o setor emprega cerca de 62 mil trabalhadores de forma direta no Ceará, sendo assim responsável por grande parte das exportações de calçados do Brasil (ABICALÇADOS, 2021).

 Segundo Paladini (2009), diante da crescente exigência pela qualidade nos produtos, as empresas veem essa característica como uma estratégia para manter-se competitiva, portanto, para isso devem aperfeiçoar e adequar seus processos internos com ferramentas que aumentem a produtividade e garantam uma qualidade satisfatória a fim de alcançar os requisitos desejados pelos clientes e cumprir seus prazos de entrega pré-estabelecidos.

            De acordo com Carpinetti (2016), realizar uma gestão de qualidade no âmbito produtivo com base no aperfeiçoamento de processos é uma necessidade, tendo em vista que, a produção em uma indústria calçadista se torna complexa quando existe uma variedade de materiais, cores, tamanhos e modelos de produtos a serem fabricados e, portanto, essa é uma manufatura que enfrenta dificuldades para cumprir o prazo de entrega estabelecido pelo Planejamento e Controle da Produção (PCP), diante de tal complexidade o estudo foi direcionado para uma etapa do processo de fabricação, o setor de serigrafia.

            O processo de serigrafia possui uma complexibilidade de produção que gira em torno das técnicas de impressão utilizadas para estampar o produto de acordo com a solicitação do cliente. Sendo de suma importância, pois permite a personalização do calçado criando assim uma identidade visual que influencia diretamente o consumidor por se tratar também de um artigo de moda. Portanto, é relevante garantir o alto padrão de qualidade dos produtos e processos do setor.

Nesse contexto, faz-se necessário que as empresas estudem estratégias e adotem ferramentas da gestão da qualidade para assim atender o mercado de acordo com suas exigências. Tendo em consideração que, essas ferramentas possibilitam identificar as anomalias presentes nos processos produtivos e a desenvolver produtos com maior qualidade, evitando também desperdícios de matéria-prima.

            Assim, o presente estudo foi realizado em uma indústria de calçados, localizada na cidade de Brejo Santo, no estado do Ceará, e tem por objetivo analisar uma das etapas do processo produtivo, a serigrafia, através da aplicação de ferramentas da qualidade. A partir dessa análise, realizar o mapeamento do processo, propor melhorias capazes de reduzir, ou até mesmo eliminar, ocorrências de não conformidades. Com isso, melhorar e controlar os índices de qualidade do setor, contribuindo para um processo de produção mais eficiente. 

2 REFERENCIAL TEÓRICO 

2.1 Qualidade 

A definição de qualidade é baseada de acordo com as diferentes visões de seus principais estudiosos, chamados gurus da qualidade. Na ótica de Juran a “Qualidade é adequação ao uso”, portanto para ele um produto só terá qualidade se satisfazer a necessidade do cliente. Já para Crosby “Qualidade é conformidade com os requisitos” (TOLEDO et al., 2012).        

            O conceito de qualidade está em constante evolução e passou por três fases importantes, a primeira teve como principal atividade a inspeção dos produtos realizada pelos próprios artesãos, na qual os defeituosos eram descartados. A segunda está relacionada ao surgimento e implantação do controle estatístico de qualidade, em que foram aprimoradas as inspeções por meio de técnicas estatísticas, nas quais os produtos eram selecionados aleatoriamente, inspecionados em amostras e caso não houvesse componente defeituoso o lote completo era aprovado; E a terceira deu ênfase à gestão da qualidade total, na qual o cliente é o foco principal e as organizações dirigem seus esforços para atender as necessidades e expectativas do mesmo (FRANQUI, 2015; OLIVEIRA, 2012).

Segundo Corrêa e Corrêa (2017), Juran adota duas definições para a qualidade: primeiro, qualidade seria as características dos produtos na qual atendem as expectativas dos clientes e a segunda definição seria que qualidade é o produto ou processo que consiste na ausência de falhas.

Para Slack et al. (2010), a qualidade é o atributo da produção que faz com que produtos ou serviços sejam livres de erros e que correspondam às especificações de seus projetos. Sendo assim, a qualidade pode garantir redução de custos, de retrabalho, aumentar as vendas como também aumentar a eficiência e a produtividade. 

2.2 Ferramentas de Gestão da Qualidade 

As ferramentas da qualidade são instrumentos que ajudam a controlar e melhorar a qualidade, pois permitem que os dados e informações sejam organizados e utilizados em qualquer processo organizacional. Onde dão suporte na tomada de decisões e soluções de problemas detectados por meio de análises adequadas, contribuindo significativamente para a adoção de ações de controle para solucioná-los (PEZZATO et al., 2018).

De acordo com Lobo (2010), as ferramentas da qualidade são essenciais para conseguir alcançar a otimização dos processos e operações. Estas são tidas como o primeiro passo para a melhoria contínua, já que realizam ações de monitoramento averiguando as necessidades a serem atendidas ao longo do processo.

            Sua utilização é empregada com o objetivo de identificar e compreender as causas raízes de problemas encontrados nos processos produtivos. Foram criadas para ser de fácil entendimento e utilização na resolução de problemas (CORRÊA; CORRÊA, 2017).

De acordo com Oliveira (2014), as ferramentas da qualidade são essenciais no desempenho dos processos, além de facilitar o caminho para a verificação dos problemas encontrados e instruir os colaboradores das empresas a tratar e eliminar essas falhas.

            Seguindo essa vertente, Carpinetti (2016) aponta que as ferramentas da qualidade são importantes na utilização dentro de uma organização, desde a identificação do problema até a implementação de solução e verificação de resultados. No presente trabalho é abordado as seguintes ferramentas: Fluxograma, folha de verificação, Diagrama de Pareto, Diagrama de Ishikawa e também brainstorming e o quadro de solução de problemas 5W2H. 

2.2.1 Fluxograma 

            Um fluxograma mostra as informações, equipamentos e materiais que fluem pelas várias etapas do processo. Pode ser desenhado com um conjunto de caixas contendo a descrição de cada etapa, com linhas e setas representando as sequências do fluxo do processo, sendo possível mostrar o passo a passo e tornar mais simples o entendimento do mesmo (LÉLIS, 2012).

Sendo este uma ferramenta que faz um resumo de todas as etapas do processo, é composto por símbolos que vão mapeando o passo a passo em sequência lógica e ordenada, permitindo uma ampla visualização de todos os pontos do processo. Com isso, é viável a visualização de possíveis melhorias, permitindo desenhar um novo processo com as melhorias sugeridas (PEZZATO et al., 2018).

De acordo com Corrêa e Corrêa (2017), o principal objetivo de um fluxograma é a listagem de forma clara e simples de todas as fases do processo e que permita um fácil entendimento do mesmo. [...]