FENÔMENOS PARANORMAIS E RELIGIOSIDADE

Autor: Dr. Roney Araújo Pereira

Desde as épocas mais antigas, anterior a Jesus Cristo, o homem se preocupou com os fenômenos e a origens das coisas. Podemos entender que durante este período, a civilização da época não tinha ainda, o conhecimento científico necessário para desvendar a origem dos fenômenos físicos da natureza, desta forma, como não havia explicação acreditava-se crença em mitos.

Segundo, Maria Lucia de Arruda Aranha (2009, p. 27):

Como processo de compreensão da realidade, o mito não é lenda, pura fantasia, mas verdade. Quando pensamos em verdade, é comum nos referirmos à coerência lógica, garantida pelo rigor da argumentação e apresentação das provas. A verdade do mito, porém, resulta de uma intuição compreensiva da realidade, cujas raízes se fundam na emoção e na afetividade.

A atribuição aos fenômenos físicos da natureza, e paranormais, foram dados aos deuses. Para a civilização da época havia um determinado deus para certo fenômeno, assim sendo, eles eram entendidos a partir de uma revelação religiosa. Segundo a Filósofa Santos, (2016, p. 4), “A Filosofia nasceu na Grécia entre os séculos VII e VI a.C., nas colônias Gregas da Ásia Menor, e seu primeiro Filósofo foi Talles de Mileto”. A partir deste momento começa uma nova etapa no entendimento dos fenômenos.

As ciências evoluíram juntamente com o pensamento filosófico, e a origem dos fenômenos físicos naturais passaram a serem explicados e compreendidos pelo homem. Mas uma indagação de cunho religioso, ficou sem explicação e continua até hoje, que é o nosso nascimento e destino após a morte, bem como a espiritualidade. Tamanha dúvida fez com que a humanidade se apegasse as religiões, que na antiguidade eram baseadas em mitos. As religiões buscaram explicações diversas para vida após a morte, cada uma trazendo sua crença e teoria. O medo da morte, e o desconhecido, fez com que os homens se apegassem a religiosidade.

Segundo Marilena Chauí (2011, p.231)

A crença numa vida futura explica porque uma das primeiras manifestações religiosas em todas as culturas são os rituais fúnebres, o cuidado com os mortos, que asseguram sua entrada na vida futura, e a busca de meios para comunicar-se com eles. A crença em divindades e numa outra vida após a morte define o núcleo da religiosidade e se exprime na experiência do sagrado.

Apesar de todas as teorias religiosas sobre suas crenças, nunca ficaram  cientificamente comprovadas, as pessoas acreditam nelas, pelo que lhes são contado pela história, costumes e tradição de cada religião. Nenhum ser humano teve contato com o mundo espiritual e voltou para dizer o que há. Não duvidamos da existência de um criador supremo, mas quem sabe seja diferente do que nos acreditamos. Em um mundo de incertezas, e diante de um universo sem fundamento, surge a Parapsicologia como ciência.

Segundo Valter da Rosa Borges (1992, p. 02):

A Parapsicologia é a ciência que tem por objeto o estudo e a pesquisa dos fenômenos paranormais. Fenômenos paranormais são eventos incomuns de natureza psíquica, biológica e física atribuíveis a uma aptidão especial do ser humano, denominada de paranormalidade.

Parapsicologia: ciência humana e da natureza

A Parapsicologia é, ao mesmo tempo, uma ciência humana e da natureza, investigando as manifestações incomuns do psiquismo humano nas suas relações com os seres vivos e a matéria em geral. E é uma ciência de extensa multidisciplinaridade, pois estabelece fronteiras de relações fenomenológicas com as mais diversas ciências.

 mo a Filosofia em determinada época foi um divisor de águas entre os fenômenos naturais explicados pelos mitos e pelas religiões, a Parapsicologia vem buscar explicação dos fenômenos paranormais, a partir de uma nova visão. “Que são produzidos pela força de nossa mente”.

A Força da Mente

Não conhecemos o funcionamento do nosso cérebro por completo, apenas uma pequena parte da sua capacidade consciente, desta forma, não sabemos o real potencial da nossa mente em estado inconsciente. Quando nos concentramos muito em uma determinada coisa, seja ela na cura de uma doença, ou em um determinado acontecimento, ele pode vir a acontecer, devido à forma de energia psíquica, positiva ou negativa, que emitimos na natureza. A força da nossa mente pode curar nosso corpo, ou até mesmo aliviar nossas dores, quando canalizamos e deslocamos nosso pensamento acreditando em uma cura.

Repare que em um determinado culto religioso, a pessoa chega com dores, e em um determinado momento por invocação do pregador na sua crença, esta dor passa. O que ocorreu não foi nenhum milagre como acreditam todos. A sua mente, isolou aquela dor ou  enfermidade, focando seu pensamento em outra coisa. Acreditando na cura, ao mudar o foco de atuação da mente, neste caso que não é mais a dor, paramos de senti-la, e podemos realizar coisas que não faríamos se não desviássemos o foco de nossa mente. Determinados fenômenos físicos, ou até mesmo espirituais, podem ser produzidos pela força da nossa mente. Geralmente tais fenômenos são produzidos inconscientemente por nós. Segundo Borges (1992, p. 12), “no primeiro caso, o psiquismo inconsciente atua de maneira automática na conformidade de seus condicionamentos biológicos ou socioculturais”.

Segundo Borges (1992, p. 22), “há fatores que favorecem a manifestação paranormal: a emoção, a atração sexual, a afetividade, os estimulantes, a hipnose”. Desta forma, a pessoa estando submetida à grande pressão externa, associada a uma forte emoção, pode vir a fazer com que produza fenômenos paranormais, ou até mesmo a cura. Borges afirma (1992, p. 23), “a experiência paranormal é geralmente espontânea. Ela é acionada por necessidades profundas do psiquismo inconsciente. Por isso, o fenômeno paranormal é imprevisível, em regra, o que dificulta, sobremaneira, o seu controle”.

Fenômenos incomuns, podem ser provocados inconscientemente pela atuação do nosso cérebro, existir uma pessoa que possa controlar a natureza destes fenômenos, é algo raríssimo de ocorrer, podemos dizer que a cada 5.000 anos, nasce uma pessoa que realmente conscientemente, canalize o potencial da sua mente, e possa controlar alguns fenômenos por ela produzidos.

Desta forma, a falta de conhecimento da humanidade em relação à natureza das coisas, faz com que ela acredite em dogmas religiosos, e ainda mais, que forças espirituais, são responsáveis por tudo aquilo que acontece em suas vidas, desta forma, precisam de um líder para libertá-los e clamar aos deuses por eles.

Entendemos que não é bem assim, o único responsável pelas coisas que acontece ao homem é ele mesmo, não existem forças espirituais atuando sobre nós. O homem mata, comete crimes, vive infeliz, para livrar-se da culpa de sua incompetência e maldade, atribui aos deuses ou espíritos ruins a responsabilidade por seus atos. Procuram as religiões com a máscara de arrependimento e perdão, para serem aceitos pela sociedade, após terem cometidos atrocidades provocadas simplesmente pela força maligna da sua mente.

Religiões mundo afora, sabem bem disto, e aproveitam a desinformação e fé das pessoas, para dar-lhes o que não pode cumprir. Desta forma, prometem para seus seguidores em nome de uma divindade, e em troca de generosas ofertas, curas, milagres, mudanças de vida, coisa que só é possível se cada um canalizar em sua mente estas vontades. Somente cada um de nós com o potencial de nossa mente para o bem, pode atingir a felicidade em sua vida. Com o devido respeito às religiões, deuses não irão mudar nossas vontades nem nossos vícios, tem que partir de nós, afinal um único Deus deu ao homem o livre arbítrio, e o cérebro para explorarmos seu potencial, para o bem ou para o mal.

REFERÊNCIAS

ARANHA, Maria Lucia de Arruda. Filosofando Introdução a Filosofia. 4ª edição. São Paulo. Moderna Ltda. 2009.

BORGES, Valter da Rosa. Manual de Parapsicologia. Edição do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofísicas. Recife - Pernambuco - Brasil. 1992.

CHAUI, Marilena. Iniciação a Filosofia. 1ª Edição. São Paulo: Ática, 2011.

EDSALL. F.S.0 Mundo dos Fenômenos Psíquicos. Editora Pensamento. São Paulo. 1962.

HEREDIA. Carlos Maria de. As Fraudes Espíritas e os Fenômenos Metapsíquicos. Editora Vozes. Petrópolis. 1958.

JAMES. William. As Variedades da Experiência Religiosa. Editora Cultrix. São Paulo. 1991.

MYERS. Frederich. A Personalidade Humana. Sobrevivência e Manifestações Paranormais. Edigraf. São Paulo.

SANTOS. Luciana Tadeu da Silva. Filosofia no Ensino Médio. Monografia de Conclusão de Licenciatura em Filosofia. Universidade Metropolitana de Santos. 2016.