Felicidade no Outro

Wanderson Vitor Boareto

Graduado em História e Construção Social do Brasil, Docência do ensino Superior e Educação Empreendedora.

 

Resumo

A busca pela felicidade durante toda a história da humanidade criou ilusões sobre a necessidade do homem ser feliz em uma relação de dependência com o outro, e com o sistema que está inserido. Isso é tão irreal que o nível de insatisfação, leva a busca de novos métodos para se viver de forma mais satisfatória. E muitas vezes esta satisfação é confundida com felicidade.

 

Palavras Chaves

Felicidade, Outros, Sistema, Busca, Ilusão.

A busca pela felicidade sempre foi um dos objetivos dos seres humanos dentro da esfera de tempo e espaço. Mas o que é felicidade? Muitos já tentaram explicar este fenômeno que fascina e assombra a humanidade. A relação estar bem, muitas vezes é associada a felicidade, no entanto, muitas vezes se vê pessoas que estão bem e são infelizes. Como explicar isso?

Uma das explicações mais sólidas está, na relação da complexidade da felicidade, ou seja, ser feliz é mais difícil que se imagina devido aos vários fatores da necessidade temporal de cada indivíduo. Necessidade essa muitas vezes ilusória, pois o sistema que estamos inseridos, nos cria padrões de felicidade relacionado diretamente com o consumo exacerbado de produtos e serviços.

“Penso que deve ser o nosso trabalho como intelectual orgânico. Intelectual orgânico é aquele que efetivamente está ligado ao movimento popular, cuja à função é abrir o leque, abrir o ângulo e permitir que as pessoas entendam sua luta, os seus conflitos e os seus problemas, dentro de um contexto mais profundo, mais dinâmico, mais histórico e mais global.” ( BETTO, Pg. 89)

Os meios de comunicação são responsáveis por esta visão de felicidade ligada ao excesso de consumo e ao ócio. Não fazer nada é sinônimo de felicidade e poder. É muito comum nas cidades de pequeno e médio porte se ver nas ruas dos bairros homens e mulheres em bares e lanchonetes em horário de expediente bebendo, comendo e assentados em calçadas ou na porta das casas, ou seja, vivendo o ócio de maneira extrema. No sistema capitalista temos que produzir e reproduzir nossa maneira básica de sobrevivência. Se existem pessoas que podem ficar sem produzir nada, sem trabalhar, sem salário, alguém, provavelmente, está produzindo para ela ou tem uma forma ilícita de ganhar dinheiro. Seja lá como for isso não é felicidade e sim fuga da realidade.

A relação afetiva também é um fator ligado diretamente à felicidade. A partir da adolescência todos os homens e mulheres querem amar e ser amados, isso  para a maioria é fato fundamental e indispensável para ser feliz. Encontrar a pessoa certa, buscar a cara metade, são frases repetidas por todas as gerações. A pergunta é: Estou pronto para amar?

Se a resposta for sim; vem outra pergunta: Eu me amo? Muitos afirmam que sim, no entanto, grande parte da população mundial está mais preocupada com a conta bancária do que com o autoconhecimento. Isso é fato, porém se eu não me conheço, como vou me amar? Pior como vou querer que o outro me ame? Mas a relação de felicidade também está ligada ao consumo! Sendo assim,  felicidade fica cada dia mais difícil.

Existem alguns que ligam felicidade diretamente a realização profissional. Ter um bom cargo, com poder político e social abre portas para outros meios, como o amor! Já que quando se tem poder e dinheiro o sexo oposto vai me olhar com outros olhos. Isso também é fato, porém altamente ilusório, devido a relação sentimento, pessoas que pensam assim tem a relação afetiva como uma relação comercial, ou seja, compra afetividade. Neta relação existe ainda outro fator perverso, as pessoas que vivem para o trabalho, esquecem quem está a sua volta família e amigos, porém não são importantes, já que foram “comprados”. Nos dois sentidos a infelicidade é mútua.

Rubem Alves ensina que felicidade está nas pequenas coisas, como o calor da cama em uma manhã de inverno, o almoço quando se está com fome, o olhar de uma pessoa que gostamos... Mas para entender isso tem que ter um autoconhecer. Em um sistema que se vale pelo que se tem, fica cada dia mais difícil.

Tem pessoas que buscam conforto, e felicidade nas religiões, tanto é verdade pelo grande número de religiões que são criadas todos os dias. Os livros sagrados são sim uma fonte de sabedoria inesgotável. Porém só a religião não pode levar à felicidade, leva sim a um fanatismo, que é muito comum nos dias de hoje. Além das religiões serem uma fonte de renda para muitas pessoas de má fé que exploram a inocência das massas e fazem da religião uma empresa econômica e política, já que muitos líderes religiosos estão ocupando cargos no legislativo e executivo de várias cidades e Estados do nosso país.

“Para realizarmos uma ponte entre povo de Deus e hierarquia, precisamos partir do mínimo, sem o que não há igreja. Esse mínimo é a definição real e não metafórica de igreja como comunistas fidelium. A igreja não é inicialmente um corpo sacerdotal que cria comunidades, mas é a comunidade daqueles que responderam com fé a convocação de Deus em Jesus pra seu Espírito.”  (BOFF, Pg. 32)

Felicidade no sentido da palavra é a harmonia de fatores indispensáveis para nossa vida. No entanto, esperar a felicidade no outro é um grande engano, e fonte de insegurança e dor. O conhecimento é o autoconhecimento é o único caminho real para se encontrar a felicidade, não por que a pessoa sábia é melhor ou pior que os outros, e que o sábio busca a felicidade a partir dela mesma e não nos meios ilusórios de nosso cotidiano.

Bibliografia

BOFF, Leonardo, Novas Fronteiras da Igreja, Ed Verus, 2004, Campinas, SP;

TARNAS, Rinchard, A Epopéia do Pensamento Ocidental, Ed Bertrand Brasil, 2002, Rio de Janeiro, RJ;

BETTO, Frei, Essa Escola Chamada Vida, Ed Ática, 1985, São Paulo, SP;