A Febre Maculosa foi descrita pela primeira vez em 1899, oriunda das regiões montanhosas do noroeste dos Estados Unidos (EUA), ficando conhecida como a “Febre Maculosa das Montanhas Rochosas”. A partir da década de 30, a Febre Maculosa começou a ser detectada no Canadá, México, Panamá, Colômbia e Brasil. No território brasileiro, o primeiro caso teve identificação em São Paulo (1929) logo a seguir foi encontrada no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e Santa Catarina.

O nome da Febre Maculosa foi devido às máculas (manchas avermelhadas) nos pulsos, tornozelos, palma das mãos e sola dos pés. A Febre Maculosa pertence ao grupo das Rickettsioses, onde doenças são causadas pelas bactérias Rickettsia rickettsii que são do tipo intracelular, ou seja, não sobrevivem fora do hospedeiro (interior do núcleo e do citoplasma), tendo os humanos como hospedeiros acidentais.

As bactérias “Riquetsianas”  são transmitidas pelos artrópodes (pulgas, piolhos, ácaros e carrapatos). Os artrópodes se nutrem de sangue de cavalos, bois, cães, roedores etc., e através da picada pela saliva (carrapatos) e das fezes infectadas (pulgas, piolhos) sendo transmitidas as bactérias.

No Brasil, a Febre Maculosa é transmitida por carrapatos do gênero Amblyomma cajennense encontrados em todo o território nacional. O risco da doença se manifestar só existe, caso o carrapato esteja infecto pela bactéria Rickettsia e permaneça fixo à pele do indivíduo por um tempo mínimo de  cerca de quatro horas.

Após uma refeição de sangue, a fêmea do carrapato põe os ovos no solo e morre logo após a postura (única postura). A fêmea do carrapato pode permanecer sugando a vítima, horas ou até dias, podendo gerar de cinco a oito mil filhotes, que estão aptos a transmitir as Rickettsias rickettsii.

( ... ) Os estágios parasitários do do carrapato, se dividem em:

1º. Larvas (Carrapatinhos ou Micuins);

2º. Ninfas (Vermelhinhos);

3º. Adultos (Carrapato Estrela; Carrapato de Cavalo ou Rodoleiro).

São hematófagos obrigatórios. Necessitam de repasto, em 3 hospedeiros para completar o seu ciclo de vida.

( ... ) Quanto ao ciclo biológico,das fêmeas (carrapatos):

a. Fêmeas fecundadas e ingurgitadas soltam-se do seu hospedeiro. Caem ao solo para postura única antes de morrerem;

b. Após o período de incubação (Tempo: 30 dias - Temperatura: 25ºC) ocorre a eclosão dos ovos.

c. Nascimento das Larvas (1º estágio - Possuem 6 pernas ... Hexápodes);

As Larvas após sugarem o sangue do hospedeiro (3 a 6 dias), desprendem-se dele e caem ao solo. Então ocorre o processo Ecdise (18 a 26 dias) que se transformam em Ninfas (2º estágio - Possuem 8 pernas - Octópodes). Após sugarem o sangue do seu hospedeiro (3 a 6 dias), as Ninfas desprendem-se dele e caem ao solo. Então ocorre o processo Ecdise (23 a 26 dias) transformando-se no Carrapato Estrela (3º estágio).

O Amblyomma cajennense completa uma geração por ano (Três estágios):

1º) Larvas: Ocorrem de Março a Julho. Sobrevivem até 6 meses sem se alimentar.

2º) Ninfas: Ocorrem de Julho a Novembro. Sobrevivem até 12 meses sem se alimentar.

3º) Carrapato Adulto: Ocorrem de Novembro a Março. Sobrevivem até 24 meses sem se alimentar.

 

( ... ) A Febre Maculosa, em geral, provoca sintomas : Febre alta (39 a 40ºC); Dor de cabeça e lesões na pele, semelhantes às do Sarampo ou da Meningite meningocócica.

Entretanto, podem-se manifestar das mais diferentes formas. O paciente pode apresentar um quadro clínico que simule pneumonia, apendicite, meningite etc...

( ... ) É importante, realizar exames laboratoriais:

a. Sorológico: Visa detectar a presença de anticorpos;

b. Cultura: Visa o isolamento do agente etiológico.

( ... ) Quanto ao tratamento: Pode-se empregar o cloranfenicol ou a tetraciclina, além de antibióticos. São necessários cuidados médicos intensivos, devido às possíveis complicações renais, cardíacas, pulmonares e neurológicas.

Obs: O carrapato, uma vez infectado, em quaisquer fases parasitárias, permanecerá infectado durante todo o ciclo de vida (Até, em média, 18 meses).

( ... ) Quanto aso sintomas da Febre Maculosa:

a. Os primeiros sintomas levam, em média, cerca de 7 a 10 dias para se manifestar.

b. O tratamento deve ser iniciado, no máximo, após uma semana do ocorrido.

Se a doença não for devidamente tratada, a letalidade é muito provável. A letalidade chega a 80%.

 

Obs: Nunca se deve esmagar , nem encostar a cabeça de um fósforo ainda quente num carrapato para forçá - lo a se desprender de alguém. Pois o stress sofrido pelo artrópode pode fazer com que ele libere grande quantidade de saliva vindo a aumentar às chances de transmissão das rickettsiis.

Até existe uma vacina contra a Febre Maculosa, porém não é considerada uma doença que precise de "vacinação em massa).

Os carrapatos Amblyomma cajennense são responsáveis pela manutenção, da bactéria Rickettsia ricketssii , na natureza pois ocorre a transmissão transovariana e transestadial. Esta característica biológica permite ao carrapato permanecer infectado durante toda a sua vida  e, também, por muitas gerações após uma infecção primária. 

Obs: A maior incidência da doença Febre Maculosa, ocorre durante a Primavera e o Verão.

Obs: Na transmissão transovariana, se a fêmea estiver contaminada e inocular os ovos os carrapatos já nascem contaminados.

Obs: Na transmissão transestadial, a bactéria persiste no vetor (carrapato) à medida que passa por diferentes fases  de desenvolvimento.

 

Bibliografia:

1. https://saude.campin as.sp.gov.br - Febre Maculosa Brasileira.

2. http://www.fiocruz.br - Febre Maculosa - Fiocruz.

3. http://www.saude.sp.gov.br - Volume 13 - Número 151 - Febre Maculosa.

4. https://www.periodicos.unc.br - Aspectos Ecológicos da Febre Maculosa no Brasil.