Febre Amarela
Publicado em 25 de janeiro de 2017 por Tanha Almeida Schmidt
Introdução
A febre amarela urbana é uma infecção viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. Geralmente é uma doença autolimitada, com quadro clínico semelhante a outras viroses, mas que pode evoluir para febre hemorrágica, insuficiência renal e hepática.
Etiologia A febre amarela é causada por um membro da família do Flavivirus (Arbovirus B). O transmissor é o mosquito Aedes Aegypti que prolifera em água parada e infecta várias pessoas em uma única refeição.
A febre amarela silvestre é transmitida pelo mosquito Haemagogus e o indivíduo se contamina ao penetrar em lugares de mata.
Fisiopatologia Após penetração pela pele ocorre replicação viral nos linfonodos e disseminação sistêmica, atingindo vários órgãos.
No fígado produz necrose e esteatose. Como resulta em icterícia acentuada é chamada de febre amarela. O comprometimento hepático também resulta em diátese hemorrágica pela diminuição da produção de fatores de coagulação.
Em casos fatais ocorre necrose maciça.
Nos rins ocorre necrose tubular, com albuminúria e insuficiência renal.
Na mucosa gástrica produz erosão e hemorragia, levando à hematêmese, que é chamada de vômito negro.
No sistema nervoso central encontramos edema e hemorragia.
No miocárdio e no sistema de condução ocorrem infiltração gordurosa que leva a miocardite e arritmias.
Outas manifestações são disfunção plaquetária e trombocitopenia.
O quadro mais grave é de choque e falência múltipla de órgãos decorrente de resposta inflamatória sistêmica com liberação de mediadores inflamatórios.
Epidemiologia A febre amarela ocorre, de forma endêmica na África e América Latina.
Através da mobilidade humana mundial um indivíduo contaminado pode ser o responsável pela disseminação em área em que exista Aedes aegypti e pessoas não vacinadas.
Sexo - predomina no sexo masculino.
Idade - pode atingir qualquer idade.
Quadro clínico O período de incubação é 3 a 6 dias. A seguir, se inicia o quadro clínico que é dividido em 3 estágios.
? Período de infecção - duração de 3 dias
- Febre com calafrios;
- Cefaléia;
- Dor na região lombar;
- Náuseas;
- Mal estar;
- Sonolência.
Exame físico Sinal de Faget - bradicardia em desacordo com a febre;
Injeção conjuntival;
Flush facial;
Hepatomegalia.
Laboratório Hemograma - leucopenia e neutropenia.
Provas de função hepática - aminotransferases aumentadas em 48 a 72 horas após o início do quadro.
? Período de remissão - duração de 24 horas Após o período de infecção, a febre regride e o paciente se recupera, na maior parte dos casos, ou evolui para o período de intoxicação, grave, podendo levar
à óbito.
? Período de intoxicação Há o retorno dos sintomas:
- Febre;
- Dor abdominal;
- Vômitos;
- Desidratação;
- Hemorragia - epistaxe,melena, hematêmese;
- Alteração do estado mental;
- Insuficiência renal;
- Insuficiência hepática.
Esse quadro dura de 7 a 14 dias, quando ocorre a recuperação. O período de convalescença é longo com astenia que pode durar até 2 semanas.
O estágio final ocorre com a progressão do quadro: aumento da icterícia, hemorragias, taquicardia, hipotensão, insuficiência renal, delírio, evoluindo para choque e falência múltipla de órgãos, ocorrendo o óbito entre 7 a 10 dias, em 20 a 50% dos casos.
Exame físico Icterícia;
Hepatomegalia;
Equimoses;
Petéquias;
Sangramento gengival e nos locais de punção venosa.
Laboratório Provas de coagulação - tempo de coagulação, de protrombina e de tromboplastina ativado prolongados; níveis reduzidos de fibrinogênio, fatores II, V, VII, VIII, IX, X; produtos da degradação da fibrina.
Hemograma - leucopenia com neutropenia; trombocitopenia Bioquímica
- Creatininina e uréia elevadas;
- Hipoglicemia;
- Acidose metabólica.
Provas de função hepática
- Elevação das aminotransferases - com aumento maior da ALT, resultado da necrose hepática;
- Aumento de bilirrubina direta - podendo atingir até 20 mg;
- Hipoalbuminemia.
EAS
- Proteinúria;
- Albuminúria;
- Urobilinogênio elevado.
ECG Ocorre prolongamento de PR e do intervalo QT. Em presença de miocardite estão presentes arritmias.
Imagem RX de tórax - avalia a presença de edema pulmonar;
TC - em caso de alteração mental para detectar hemorragia.
Sorologia
- ELISA;
- MAC-ELISA - detecta IgM específica para febre amarela - deve ser realizado entre 7a 10 dias após o início do quadro.
Detecção rápida Devem ser realizados nos primeiros 10 dias da doença.
- Detecção do antígeno através de anticorpo monoclonal;
- PCR-RT - reação em cadeia da polimerase por transcrição reversa.
Tratamento Não existe tratamento específico sendo essencial o de suporte.
- Hidratação - manter volume que está diminuído pelo sequestro no espaço extravascular e pelas perdas; caso não seja suficiente, usar drogas vasopressoras;
- Nutrição - se necessário, usar nutrição parenteral;
- Corrigir hipoglicemia;
- Oxigênio;
- Aspiração nasogástrica - evitar distensão gástrica e aspiração;
- Combater a hipertermia;
- Supressão da acidez gástrica - antagonistas de receptorH2 ou inibidores da bomba de prótons - previne hemorragia;
- Correção da acidose metabólica;
- Plasma fresco - em caso de hemorragia e diminuição de fatores de coagulação;
- Transfusão de sangue - em caso de hemorragia;
- Diálise - quando ocorre insuficiência renal.
Prevenção Não é possível o controle da febre amarela silvestre. Para a febre amarela urbana a prevenção é feita através de vacinação e do controle vetorial.
Vacinação A vacina utilizada é de vírus atenuado e deve ser aplicada em residentes em
áreas endêmicas ou viajantes para essas áreas, devendo, nesses casos, ser aplicada 10 dias antes da viagem, que é o prazo em que se dá a imunidade. É bastante segura, mas, em número reduzido de pessoas pode causar reações adversas:
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