CANAVIAL

O canavial da velha Fazenda São Vicente

Enchia meus olhos de verde, doce verde

Espalhava-se pela terra o cheiro forte e doce

Para além do verde dos campos no horizonte

 

Os carros de bois rangiam pelo verde mar

Arrastando o trabalho e o suor de todos

O doce ruído das rodas parecia arranhar

Rude música, que feria os meus sentidos

 

O grito do Zé Carreiro rasgava a paisagem

Guiando os bois como se guiam os homens

Eihhaooo! Afasta Rosário! Vai Apaixonado!

 

E a tarde deitava-se febril, no verde canavial

Preguiçosamente, num ritual divino e natural

Lentamente, docemente que até  parecia real