O grupo das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) é extenso e possui patologias com muitos fatores de risco em comum (MEDINA,2014). De forma majoritária é composto por diabetes, câncer, doenças cardiovasculares e doenças respiratórias (OLIVEIRA-CAMPOS, 2013). Ambas demandam atendimento contínuo e interdisciplinar, com isso, o profissional nutricionista também promove suas contribuições no tratamento e prevenção dessas e outras patologias que necessitam de um cuidado nutricional adequado, tendo em vista que a própria má alimentação pode contribuir para o advento de algumas, como por exemplo o alto consumo de alimentos industrializados que vem sendo relacionado a probabilidade em adquirir doenças cardiovasculares (DCV) (OLIVEIRA-CAMPOS, 2013).

            Os primeiros relatos e tratamentos de DCNT´s foram em países desenvolvidos, o que levou ao direcionamento de pesquisas para a relação entre essas doenças e a economia de alguns grupos (ROCHA-BRISCHILIARI,2014). No entanto, nos últimos anos pesquisas alertam sobre o possível deslocamento de uma epidemia de doenças crônicas para países sub- desenvolvidos como o Brasil (ROCHA-BRISCHILIARI,2014). Dessa forma, o sistema nacional de saúde passou a se dedicar não só a patologias aguadas, mas também passaram a organizar e preparar o sistema para o cuidado de pacientes crônicos (ROCHA-BRISCHILIARI,2014). Apesar disso, os gastos públicos com DCNT ainda não são previsíveis como esperava os pesquisadores e consequentemente há uma desordem no tratamento das mesmas, o que fere o direito constitucional a saúde (ROCHA-BRISCHILIARI,2014).

            É consenso que o envelhecimento populacional, mudanças nos hábitos alimentares, estilo de vida e inatividade física também contribuíram para o aumento da incidência dessas patologias. E que estas podem surgir em diferentes ciclos da vida (CUPPARI,2009). As características principias dessas doenças  são: história natural prolongada, multiplicidade da fatores de risco complexos, interação de fatores etiológicos e desconhecidos, extenso período de latência, longo curso assintomático, curso clínico em geral lento, prolongado e permanente, manifestações clínicas com períodos de remissão e exacerbação e evolução para graus variados de incapacidade ou morte (CUPPARI,2009)

            O Brasil, seguindo uma tendência mundial vem passando por transições de caráter demográfico, epidemiológico e nutricional (DE SOUZA ,2017). Atualmente há um aumento de fecundidade, natalidade, expectativa de vida e maior número de idosos em comparação a algumas outras faixas- etárias (DE SOUZA ,2017).Paralelo a isso, as DCNT assumiram a posição de uma das maiores causas de morbimortalidade do mundo (DE SOUZA ,2017). É importante pontuar que o sistema alimentar brasileiro sofreu grandes mudanças nos últimos 50 anos, o que pode ter acelerado a incidência de casos, tendo em vista que a má alimentação é um fator de risco para o surgimento de algumas patologias desse grupo (DE SOUZA ,2017)

            No público adulto, 75% dos casos de DCNT são registrados entre indivíduos de 15 a 65 anos, acima disso, é comum a junção de mais de uma patologia crônica (CUPPARI,2009). Partindo dessa premissa, entende-se que dentre os ciclos de vida, a fase adulta é o período mais crítico para o surgimento e tratamento preventivo dessas doenças, pois nesse momento é possível evitar a maioria dos fatores de risco, entre eles o tabagismo, obesidade, inatividade física, colesterol LDL elevado, hipertensão arterial e consumo de álcool (MALTA,2014). Ademais, a obesidade é um dos fatores de risco mais comuns e pode desencadear outras problemáticas como síndrome metabólica, hipercolesterolemia e diabetes mellitus tipo II (MALTA,2014)

            No que concerne a obesidade, estudos indicam que o estresse crônico, comum principalmente entre a faixa etária de 15 a 65 anos incidentes em DCNT está sendo relacionado com a modificação do comportamento alimentar, pois o mesmo pode provocar o desejo da ingesta de alimentos com alta densidade energética, o que provoca o aumento de peso (VITOLO, 2015). Esse processo é estimulado pelo sistema adrenocortical, o qual aumenta os níveis de cortisol (VITOLO, 2015). Outra hipótese é o auto consumo de alimentos ultraprocessados que podem ser facilmente armazenados e transportados, o que demanda uma economia de tempo necessária nos dias atuais (VITOLO, 2015).

            Ou seja, a falta de tempo na vida adulta vem provocando mudanças nos hábitos alimentares, principalmente através da diminuição do consumo de alimentos que necessitam de um tempo de preparo e substituição por alimentos industrializados que proporcionam economia de tempo (VITOLO, 2015). Nesse sentido, a perda e manutenção de peso a longo prazo parece ser uma boa estratégia para o controle de novos casos de doenças crônicas, tendo em vista que é a partir desse processo inflamatório que podem se desenvolver outros fatores de risco como como é o caso da diabetes mellitus tipo II e da Hipertensão arterial sistêmica (HA) (VITOLO, 2015).