Um dos períodos mais tumultuados da política brasileira foi o chamado Período Regencial, o interstício entre a abdicação de D. Pedro I até a maioridade de seu filho Pedro II. Tendo como pano de fundo o Federalismo, foi uma época (1831-1840) marcada por vários conflitos armados em nosso território.

O Movimento Farroupilha ou Guerra dos Farrapos foi o maior e mais duradouro de todos os movimentos revoltosos enfrentados pela Regência. Impulsionado por ideais Liberais, acabando por contribuir também para a consolidação de uma corrente conservadora, como forma de combater a revolta por meio de medidas regressistas e centralizadoras. O movimento localizado no Sul do Brasil era dividido em duas correntes, os Moderados ou Chimangos e os Exaltados ou Farroupilhas, também denominados Jurujubas.

A divergência entre os dois grupos estava basicamente em seus propósitos, enquanto os Moderados eram favoráveis a permanência do regime monárquico e um país com bases alicerçadas em uma economia agrícola e exportadora de recursos primários, os Exaltados defendiam a proclamação da República, uma maior autonomia das províncias (cunho separatista), economia lastreada pela indústria e profundas reformas sociais. Grosso modo também se diferenciavam pelos meios pretendidos para alcançar seus objetivos, enquanto os Chimangos queriam transformações através de mecanismos legais, os Farroupilhas eram adeptos a prática da guerrilha.

Naquela época o descontentamento pela forma desigual na distribuição de recursos para as províncias e a disparidade entre classes sociais era evidente. O Rio Grande do Sul já era destaque em produção, principalmente do charque, a entrada no país do produto dos concorrentes argentinos e uruguaios desvalorizavam o comercio de charque dos grandes produtores gaúchos.

O desenlace do conflito armado deu-se pelo fato de que grandes fazendeiros cujas propriedades eram fronteiriças com países platinos tinham exércitos e armas próprias para proteger as divisas do país contra invasores, arsenal este incentivado pelo próprio governo vigente. Os nossos vizinhos já tinham conquistado suas autonomias diante da coroa espanhola e isso também motivou o movimento dos farrapos.

Em 20 de setembro de 1836 através de um conflito comandado por Antônio de Souza Neto, proclamou-se a República Rio-Grandense, também conhecida como República de Piratini, nome da capital dos farrapos. Bento Gonçalves foi nomeado o presidente da República de Piratini mesmo estando como prisioneiro no Rio de Janeiro, quando na ocasião, patenteou o revolucionário italiano Giuseppe Garibaldi como capitão-tenente para desobstruir o acesso ao mar na república dos farrapos.

Travada a batalha nas águas, os farroupilhas conquistam a cidade catarinense de Laguna. Em 1839 Santa Catarina tem decretada sua autonomia surgindo a República Juliana sobre o comando do General David Canabarro.

O movimento também passou por crises internas com brigas pelo poder constantes, de um lado os Legalistas de outro, os Republicanos. A disputa entre os farroupilhas culminaram no enfraquecimento de um movimento que perdurou por quase dez anos, sendo responsável por cerca de 48 mil mortes. Em 1º de março de 1845 assinou-se A Paz do Poncho Verde, um tratado que pôs fim de forma definitiva a guerra civil farroupilha.