O poder da mídia se expandiu de uma forma avassaladora na segunda metade do Século XX e tornou-se o grande instrumento das seitas e religiões diversas para divulgar suas doutrinas e práticas. Dessa forma, a população e os crentes de modo geral passaram a receber uma gama enorme de informação religiosa que antes só tinham acesso de "ficar sabendo" por alguém.

Some-se a isso a própria filosofia existencialista que demarca a sociedade moderna, em que um leque de opções se apresenta aos indivíduos que passam a poder fazer a escolha sobre o que melhor lhe interessa na prateleira do supermercado da fé - é o que se chama de "sociedade plural" - e temos os ingredientes necessários para provocar inquietação, dúvidas e incertezas.

Assim sendo, o indivíduo crente, que no passado recebia influência apenas da liderança de sua Igreja local, quando muito, através da participação em algum congresso denominacional; hoje é "pastoreado" por meio de  várias fontes e diversos líderes: rádio, tevê, fitas, vídeos etc. O que contribui em muito para a desorganização da identidade eclesiástica, a crença em heresias como se fora verdade e outros males.

Esta multiplicidade de influência que é bombardeada sobre o crente todo dia, nesta geração, inquieta a todos os que buscam uma religiosidade sadia, séria, calcada nas Escrituras Sagradas. Vamos analisar as várias correntes de movimentos religiosos que afetam o povo de Deus em nossos dias.

 

Os movimentos religiosos católicos

                Até bem pouco tempo atrás a influência católica era proveniente de suas lutas de classes, seu envolvimento com o operariado, fruto das "comunidades eclesiais de base" e sua adesão à Teologia da Libertação. Os tempos passaram e este enfoque mudou. Todavia, do catolicismo tradicional podia-se perceber a insistência no culto de imagens, idolatria, condenada pela Bíblia (Ex 20.1-5; Sl 115.1-18), a veneração a Maria como mediadora (1Tm 2.5); o atrelamento da salvação à participação na Igreja (At.4.12); tudo isto, ferindo frontalmente as recomendações bíblicas conforme demonstrado pelos textos bíblicos.

                Hoje, a RCC, Renovação Carismática Católica, é a maior fonte de influência negativa sobre os cristãos sinceros, à partir do momento em que uma ala do catolicismo vestiu esta capa evangélica e procura conquistar adeptos incautos dentre a comunidade evangélica. O problema maior é que este tipo de catolicismo da RCC, mudou seu comportamento litúrgico, mas continua insistindo em aspectos que os verdadeiros evangélicos condenam, tais como idolatria e culto à Maria.

 

Os movimentos religiosos espíritas

                A outra influência que queremos analisar é a que vem das seitas espíritas. Este segmento religioso é muito forte no Brasil, onde encontrou no catolicismo um aliado importante para desenvolver-se. Muitos brasileiros que se dizem católicos, são assíduos freqüentadores de terreiros de macumba e centros espíritas. Este sincretismo religioso encontrado em larga escala no país é nocivo a qualquer religião que se preza e revelador do afastamento do homem de Deus.

                Mas a influência espírita está presente não só nas religiões de origem afro (candomblé, umbanda), mas também no kardecismo, esta falácia filosófico-religiosa que engoda milhares de brasileiros com a sua pretensão de ter resposta para tudo. Além disso, está presente em instituições que se apresentam de maneira simpática, como a LBV (Legião da Boa Vontade), mas que não passam de artifícios satânicos para fazer desaparecer o valor da cruz de Cristo.

                A influência espírita com seu uso de expedientes de magia negra, mesa branca, despachos e macumbarias, cartas e tarots e tudo o que diga respeito a este magismo religioso é algo que deve ser expurgado com firmeza, pois várias seitas neo-pentecostais têm se utilizado dos recursos de origem espírita para, de forma modificada, fazer a troca do ritual, de fonte espírita para uma fonte que se suponha cristã-evangélica. Práticas de sal grosso, galhos de arruda, óleos e saramaleques outros, são de origem espírita e tem sido usadas em larga escala no meio neo-pentecostal.

                Mas, o que precisamos combater é o uso da caridade, boas obras, como forma de se comprar a salvação, contrapondo-se ao sacrifício vicário de Cristo e a afirmação de que "a salvação é pela graça e não por obras" (cf. Ef 2,8,9).  Além disso, precisamos combater a crença na suposta reencarnação da alma como uma segunda chance para o indivíduo que voltará tantas vezes à terra quantas forem necessárias para a sua purificação. A Bíblia condena tal crença (Hb 9.27).

 

Os movimentos religiosos místicos

                Na linha da influência espiritista, vimos surgir outros movimentos que querem se identificar como sendo espiritualistas, mas que não passam de "farinha do mesmo saco". Dentro deste movimentos podemos alistas a New Age (Nova Era), o Santo Daime, além de diversas comunidades esotéricas que se estabeleceram nos interiores destes brasis de Deus.

                Estes movimentos, principalmente a New Age, possuem forte conotação ecológica, ressuscitando o velho panteísmo, a crença na presença imanente de Deus em todas as coisas. Esta identificação de Deus com o mundo presente, como se a matéria pudesse comportar Deus, é algo nocivo pois descaracteriza os atributos mais caros de Deus como: onipresença, onisciência, onipotência, dentre outros como: amor, eternidade, perfeição.

                Esta associação com os movimentos ecológicos, alimentação naturalista, medicina alternativa (homeopatia), etc, tem confundido muitos cristãos, visto que estas novas formas de alimentar-se, medicar-se e relacionar-se com a natureza não são um mal em si mesmas, ao contrário, precisam ser valorizadas, mas a mística trazida por estes movimentos, de caráter sincrético, espiritualista e longe dos padrões bíblicos as desvaloriza.

 

Os movimentos religiosos orientais

Além do Budismo que tem crescido muito no mundo ocidental, inclusive no Brasil, com monges e mosteiros de origem tibetana instalados no país, os movimentos orientais são facilmente perceptíveis em seitas como: Perfect Liberty, Seicho-no-iê e Igreja Messiânica.

Destas, a mais nociva é a Igreja Messiânica, visto que muitos evangélicos a tem confundido com uma denominação cristã - por causa do nome -, sem saber que este "messias" não é Jesus Cristo, mas o fundador da seita, um japonês, que publica uma revista mensal, com artigos vários para doutrinar seus fiéis e atrair novos adeptos. Trata-se de uma religião do corpo e da mente. A idéia é alcançar satisfação pessoal através de orações ritualistas que tem a finalidade de apaziguar o coração.

Mas ainda há a Seita da Unificação, do reverendo coreano S. M. Moon, que auto-intitula-se o novo messias, enviado por Deus em substituição a Jesus Cristo, já que este teria fracassado em seu plano para salvar a humanidade. Também muito nociva, esta seita, procura-se identificar como cristã, algo impossível, a partir do momento em que invalida a salvação que vem da cruz de Cristo. Presente no Brasil a seita está muito ligada a grandes conglomerados econômicos mundiais, fato este que tem gerado alguns processos ao seu fundador.         

 

Os movimentos religiosos proféticos

                Esta categoria de movimento religioso engloba uma gama de seitas e denominações, sendo necessário muito espaço para falar de todas. Oriundas das denominações históricas, que surgiram exatamente para preservar o cristianismo em sua forma bíblica, elas são frutos de cisões, rachas, a partir de visões, revelações tidas por alguém, um líder geralmente, que então, parte para um novo movimento. Passam a ter esse enquadramento pela impropriedade de entendimento do que seja profecia, já que associam ao termo idéias de adivinhação, vidência, futurismo, que não estão presentes em sua origem bíblica.

                Nesta categoria, podemos alistar as mais conhecidas como: Adventismo do Sétimo Dia, A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (os mórmons), Ciência Cristã, Testemunhas de Jeová, Congregação Cristã no Brasil, dentre outras.

                Os cuidados que precisamos ter com estes movimentos decorrem de sua tentativa de marcar a volta de Jesus Cristo (Adventistas e Mórmons), fato este não revelado pela Palavra de Deus (Mt 24.36); a anulação da salvação em Cristo Jesus, ao não reconhecê-lo como Deus (Testemunhas de Jeová), o que se constitui em heresia combatida pela maioria dos evangélicos (At 4.12; Jo 14.6,10,11); o batismo pelos mortos e a salvação da mulher atrelada ao casamento (Mórmons); a rejeição do ministério pastoral, do dízimo e da pregação (Congregação Cristã no Brasil); dentre outras aberrações são influências nocivas que precisamos delas nos prevenir para estarmos no centro da vontade de Deus.

               

Os movimentos religiosos pentecostais e neo-pentecostais

                Este foi o segmento que mais cresceu no evangelicalismo brasileiro. Durante a segunda metade do Século XX (pentecostal) e  a partir da década de 80 (neo-pentecostal). Mas, crescimento não é sinônimo de aprovação divina e de conformidade com sua Palavra. O problema básico que se vê no pentecostalismo é a chamada "segunda bênção", uma crença em que a experiência de aceitação de Cristo não é o bastante. Faz-se necessária uma segunda experiência, que seria o batismo com o Espírito Santo; e sua evidência exterior, o falar em línguas.

                Quando indagado de forma irônica por alguém deste segmento sobre se o batista é batizado no Espírito, costumo responder dizendo que se não for batizado no Espírito não é batista e muito menos cristão. Não conheço nenhum cristão genuíno que não seja batizado no Espírito, pois é ele quem nos convence "do pecado, da justiça e do juízo" (cf. Jo 16.8-11) e nos conduz à Deus. É uma questão de semiótica, de articulação dos signos verbais. Só que nesta questão, acaba-se desmerecendo o papel salvador de Cristo, ao torná-lo dependente da segunda bênção.

                Já entre as seitas neo-pentecostais, a questão é mais séria. Este desdobramento do pentecostalismo gerou uma série de distorções muito distantes do cristianismo primitivo. Igrejas como: Comunidade Sara a Nossa Terra, Universal do Reino de Deus, Internacional da Graça, Renascer em Cristo, Batista da Lagoinha, Palavra da Fé, dentre outras, deixaram-se tomar por influências americanas de tele-evangelistas; e importaram a teologia da prosperidade, a confissão positiva, um psicologismo fácil com regressão, quebra de maldição, espíritos territoriais e outras besteiras que possuem toda a característica de magismo e macumbaria e representam um apego demasiado às coisas terrenas, aos prazeres desta vida, e pouco interesse nas realidades verdadeiramente espirituais.

 

Aplicações para a vida

                Vamos concluir este estudo, procurando entender que precisamos nos precaver e proteger nossas famílias destas influências nocivas provenientes de religiosidades que até se identificam como cristãs, mas que estão muito longe de o serem. A melhor maneira de fazê-lo é tomando o caminho do biblicamente correto. Se seguirmos a Bíblia com inteireza de coração, evitaremos o risco da queda nas armadilhas dos movimentos religiosos contemporâneos.

                1ª) A família, pela Bíblia, deve buscar uma vida de santidade - Temos a recomendação paulina de que devemos nos purificar, e aperfeiçoar a santidade, no temor de Deus (2Co 7.1), pois foi para a santificação que Deus nos chamou (1Ts 4.7). Além disso, seguir a santificação é condição para ver o Senhor (Hb 12.14). Uma vida de santidade nos ajuda a vencer as heresias do mundo presente.

                2ª) A família, pela Bíblia, deve examinar tudo e reter o que é bom - Precisamos também, como famílias cristãs, aprender a exercer uma consciência crítica sobre tudo o que está ao nosso redor, à semelhança da atitude dos bereanos que examinavam tudo para saber se estava escrituristicamente correto (At 17.11); e por a prova todas as coisas, retendo o que for bom, como recomendou Paulo (1Ts 5.21).

                3ª) A família, pela Bíblia, deve ter cuidado com os ventos de doutrina - Não é de hoje que novos ventos de doutrina destelham casas por aí.  A família cristã precisa se fortalecer para não ser levada como "meninos inconstantes", "ao redor, por todo vento de doutrina" (Ef 4.14).

                4ª) A família, pela Bíblia, deve seguir a sã doutrina - Existem homens que são contrários a "sã doutrina" (1Tm 1.10). A família cristã deve permanecer firme na "doutrina dos apóstolos" (At 2.42), à semelhança dos crentes do primeiro século, e viver o Evangelho com integridade.