A difícil decisão de ter que tomar decisão difícil.

            Ele era meu colega de trabalho fazia mais de 10 anos. Bom profissional. Bom pai de família. Esforçado. Ético e honesto! Mas, durante os últimos 2 anos havia sido subjugado pela arrogância e prepotência. Já na casa do 60 anos, havia maltratado e humilhado um novo colega de trabalho. Eu havia notado sua lenta transformação de comportamento e tentei ajudar-lhe. Férias de 60 dias. Aumento salarial. Conversa entre amigos. Tentativa de ajudá-lo. Insucesso total.

            Não havia mais o que fazer. Ele teria que ser dispensado da empresa. Com um excelente bônus financeiro, carta de recomendação e tudo o mais que tivesse direito, senão legal, mas moral e por merecimento.

            Como eu tinha laços afetivos de amizade e respeito para com ele, sentia-me constrangido em fazê-lo. Sabia que, com aquela idade, dificilmente acharia trabalho na área que trabalhava e, até então, tão bem desenvolvia na empresa. Mas, a vida nos carrega por searas distintas daquelas que desejamos e, por isto mesmo, assim evoluímos.

            Chamei-o à minha sala e fiz-lhe ver a consequência do seu comportamento nos últimos dois anos. Expliquei-lhe, detalhadamente os motivos que me estavam levando à dispensá-lo. Com tom de voz amigável, educado e, diria, até mesmo, pedagógico. Ele entendeu a situação e, ao final, inclusive disse-me que sabia que eu estava sofrendo tanto quanto ele em ter que dispensa-lo.

            Isto ocorreu em meados da década de 80 e, daí em diante, aprendi que, aconteça o que acontecer, tenho que fazer o que deve ser feito.  A forma como as coisas são feitas é que determinam seus resultados.

            Não estou defendendo aqui “o fim justificam os meios”, muito pelo contrário.

Acho que os meios é que tem que ser justos para justificarem o fim.

Em algumas empresas, geralmente onde a PAIXÃO supera a RAZÃO, nota-se um uma certa “malemolência” no cumprimento das rotinas operacionais-administrativas.

            Já em outras, geralmente onde a RAZÃO supera a PAIXÃO, nota-se um “endurecimento” da equipe. Um comportamento excessivamente profissional, mesmo com aqueles colegas de anos de empresa.

Entre a superação de uma sobre a outra, o empreendedor deve saber medir equitativamente as doses de RAZÃO e PAIXÃO nos momentos certos. Nem tão racional que possa “endurecer” as relações, nem tão passional que possa postergar ou anular o dever a cumprir.

            Diversos empreendedores, e por conseqüência seus chefes, diretores e demais da equipe, pecam pelo excesso de um ou de outro.

            Temos que fazer o que temos que fazer. Sem nenhuma arrogância ou prepotência.  Com a consciência tranqüila de que, aquilo que fazemos, é justo, moral, e ético.

            Você faz o que tem que ser feito ou apenas aceita as consequências?