Extratos comportamentais acumulados
Por ANTONIO PADILHA DE CARVALHO | 10/02/2012 | Filosofia“Extratos comportamentais acumulados”
Antônio Padilha de Carvalho
Existem pessoas com as quais convivemos, que acrescentam muito às nossas vidas, quando efetivamente prestamos atenção no teor de suas falas, no valor dos exemplos propostos, nos ricos e interessantes ditados regionais ou não, que permeiam um discurso gostoso e agradável de ouvir.
Atualmente é muito escasso encontrar alguém que nos prenda com a sua conversa.
Conversamos só o essencial, o banal, o rápido e rasteiro. Falamos por códigos, por abreviaturas, por sinais.
Não temos tempo para falar nem tampouco para ouvir. Somos monossilábicos e a escrita tecnológica exige minúsculos textos com números reduzidos e obrigatórios de dígitos, obrigando-nos a sermos concisos e resumidos na fala.
É prazeroso quando em convivência habitual, a fala da pessoa que se ouve, traz saudáveis momentos, levando-nos a superar medos e preconceitos, procurando dessa forma fazer tudo o que podermos, a nível positivo, para encontrar as respostas tão necessárias para nossa melhora como ser humano.
Quem tem o privilégio de conhecer, conviver e conversar com Ivo Cuiabano scaff, sabe do que estou falando, pois esse cidadão transforma qualquer bate-papo num verdadeiro banquete cultural, onde conhecimentos, experiências, propósitos, alegria de viver e otimismo racional faz parte do extenso cardápio.
Numa dessas nossas conversas notei que rabiscava alguma coisa e atendendo a minha solicitação, permitiu a sua leitura, e eis que encontro verdadeiras pérolas que ele chama de “extratos comportamentais acumulados”, que aproveito para citar alguns neste artigo.
Inicia assim: “Comportamentos, recomendações, posturas, lembranças, linguagens, e outras manifestações, a maioria sem conexões entre si, formam um conjunto que faz com que sejamos únicos, individuais, definindo nossa personalidade. Cada pessoa é única e determinante. Esta personalidade pode ser mudada, transformada, de acordo com a nossa vontade, que é a nossa componente racional. Nunca podemos deixar que a parte irracional comande a nossa vida, a nossa postura e defina a nossa personalidade...”
“... A família é a mais importante instituição que existe. É um porto seguro e um local de retorno. Sempre precisamos de um local de retorno. Ninguém pode viver sem uma religião. O tempo passa sem retrocesso e no seu caminhar faz girar a roda da vida. Nosso ciclo na terra fecha com a nossa morte, que é conseqüência do nosso nascimento e a única certeza...”
“...Na visão macro, nascemos limpos, sem conhecimentos, a não ser aqueles inerentes à nossa vida animal e que só sobrevivemos porque somos “cuidados” pelos nossos ancestrais. Começamos imediatamente a aprender em escala velocíssima, vertiginosa. Primeiramente incorporamos os conhecimentos mais complexos, tais com, comer, beber, ver e enxergar, ouvir, sentir, andar, falar e pensar, tornando atos reflexos. Esse aprendizado prossegue por toda a nossa vida, com mudança de velocidade e dependente, em parte, da nossa vontade. Na seqüência colocamos em prática e ao finalmente, conseguimos juntar o conhecimento com a prática, incorporando a experiência. O conjunto, a soma destas etapas chamamos de SABEDORIA. Portanto a sabedoria vem a ser algo mais precisamente pertinente aos idosos. A sabedoria faz com que analisemos nossos conhecimentos e suas aplicações, processando-os e mostrando de pronto os resultados possíveis. Cada fase acontece dentro do seu tempo e sempre em uma única direção...”
“Algumas máximas, alguns ditados, alguns pensamentos que vieram se consolidando através dos tempos pelo trabalho dos grandes pensadores e das sabedorias acumuladas, que estão colocadas adiante, são, podemos dizer, pílulas concentradas, das quais podemos utilizar no decorrer do nosso tempo...”
“...Primeiramente, evidencia-se que tudo o que fazemos tem o sentido e a direção da felicidade, a qual não é perene e sim momentos. O conjunto destes é que nos torna felizes...
“...Primeiramente um ditado cuiabano : “cada um cô sho dele”; Cada dia é único, sempre um começo ou recomeço; O ótimo é inimigo do bom; Cada fase é única – pense e concentre nela; Não se muda o ontem, passando pelo amanhã; O hoje está acontecendo e o amanhã virá, Você sabe!; O que passou, passou...”
E continua Ivo Cuiabano Scaff filosofando: “...Nunca gaste tudo o que tem, não coma tudo o que está disponível, não ganhe tudo o que tenhas oportunidade e assim por diante, em todas as atividades; O dinheiro é ferramenta e o objetivo é a felicidade. Se concentras apenas em ganhá-lo, ele é o seu amo e Você não é um homem livre; Se o irracional que te habita, vence o vizinho racional, Você deixa de ser um homem livre e com certeza não possuirá bons costumes – são incompatíveis; A virtude está no meio; A roda já foi inventada...”
Afirmam por aí que o planeta está doente, no entanto, nós é que não estamos bem, e precisamos tomar uma grande dose de consciência. Ah! Se todos pudessem ter esse elevado privilégio que disponho de conviver com pessoa tão esclarecida e que encanta-se em nos iluminar. Ave Ivo!
Antônio Padilha de Carvalho é advogado militante, Geógrafo, professor universitário aposentado, mestre em direito público, pós-graduado em filosofia e educação.