EXPERIÊNCIA DOCENTE EM SALA DE AULA: uma análise sobre os desafios, aspectos e expectativas no desenvolvimento profissional

Texto elaborado em 2022 em Santa Maria do Uruará – Prainha Pará

Por: Sydney Pinto dos Santos[1]

Introdução

Quando se fala em experiência profissional de professores, inclusive àqueles atuantes em sala de aula, ou falando metaforicamente, age pelo viés didático-pedagógico, deve-se ter em mente ou na clareza das ideias, alguns pontos cruciais que fomentam e direcionam o trabalho deste professor: a sua realidade laboral e as realidades de vivências de seis discentes.

Pois, quando se fala em desafio no ensino-aprendizagem, se precisa analisar inúmeros fatores e aspectos os quais muitas vezes convergem e outros divergem no que tange a um trabalho coerente e eficaz, ainda mais quando se fala da realidade do Brasil, onde este país com dimensões continentais apresenta inúmeras realidades, as quais implicam em uma aprendizagem nos moldes de acessibilidade eficaz, democrática e integral. Claro, não vendo a educação integral como tempo a mais, mas àquela que possibilite um aprendizado contínuo e eficiente.

Logo, entender estas realidades do Brasil, dentro de uma lógica geográfica, precisa-se entender o aspecto aluno ou discente, pois dentro das três realidades, podemos citar: os alunos dos grandes centro urbanos ou das megalópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde o ensino se aproxima daquele esperado, quando os serviços públicos de apoio como alimentação escolar, materiais afins escolares e transporte são mais avançados; já no que tange o Nordeste brasileiro com sua aspecto árido ou semiárido, os alunos enfrentam não só um ensino de baixa qualidade, mas também as estruturas físicas e a distância são alguns dos aspectos de acabam por afastar o aluno de seus objetivos práticos: que é o ensino.

Por outro lado, e abordando outra dimensão geográfica, temos a Amazônia e o Pantanal, onde perdura as distâncias estratosféricas, da residência do aluno ao espaço escolar; somando-se a isto os diversos perigos em que os rios oferecem, assim como os processos meteorológicos, impedindo que tenham uma relação harmoniosa com o ensino.

Para se ter uma ideia, os ribeirinhos da Amazônia, constituídos de pescadores e outros tipos de constituintes, “abraçados” pelas cheias de todo ano do inverno amazônico, são deslocados para outras áreas, ou cessam os seus trabalhos até cinco meses, o que impedem que seus filhos deem continuidade recíproca com o calendário escolar. Fora outros tipos de comunidades, como dos indígenas e os quilombolas.

Portanto, não adianta aplacar e aplicar um currículo, onde as diretrizes devem ser seguindo à risca, visto que as realidades da população constituinte deste país, inclusive dos alunos e professores são bastante variadas e diferentes. Não podemos comparar um aluno da Região Sudeste ou Sul, com a realidade de um discente da Região Norte ou Nordeste, onde, no caso destas últimas, os recursos são muito escassos e deficientes.

No que tange, a realidade profissional do docente, não basta ter apenas boa vontade em ensinar, mas precisa-se de outros “valores” que precisam e se fazem necessários a sua atuação na educação, como por exemplo, suporte material, formação continuada, estrutura pessoal, e outros afins, que poderiam ser somados no sentido mais amplo de fomentar uma educação de qualidade. Pois, muitos professores, inclusive na Amazônia, ainda possuem formação mínima, no caso do Magistério, mas que atual em componentes curriculares específicos, ou seja, atuam fora da sua realidade didática, conduzindo com isto, uma aprendizagem falha.

PERGUNTAS: 

Antes de responder as perguntas relativas as experiências dos professores, ou seja, dos três destacados nas propostas, precisamos também entender e analisar alguns detalhes que se permite observar muito além das aulas por eles destacadas, pois, em primeiro plano, embora querendo estabelecer que seja no Ensino Médio, esta proposta poderia ser muito bem calhada para uma turma do 9º ano do Ensino Fundamental, pois como abrange um conteúdo de Ciências Naturais, poderia ser aplicado interdisciplinarmente com os componentes curriculares, como geografia, Língua Portuguesa e Matemática, assim como História.

Pois, fica claro que se trata de aspectos ou fenômenos meteorológicos, abordado geralmente pelas Ciências da Natureza, mas implica ter também uma interpretação lógica e coerente dos fatos, o que pode levar ao uso da disciplina ou componente curricular Língua Portuguesa, assim como pode se usar a matemática para estabelecer alguns dados como velocidade do vento, altura da ação dos ventos e outros dados importantes; já quanto a História, poderia se fazer um relato não só da área de ocorrências destes fenômenos, como também, quais são e foram suas ações no percursos da humanidade e que influência tem sobre a vida e a produção pelas pessoas em diversos países.

  1. Se perguntássemos a cada um destes professores o que é mais importante que faça para que seus alunos aprendam, o que pensa que responderiam?

Penso que eles responderiam que seriam a absorção de conhecimentos através de estudos em livros que tragam dados acerca dos fenômenos; assim como pesquisar mais em redes sociais para obtenção de informações mais precisas sobre tais eventos meteorológicos.

Pois o primeiro, responderia certamente que, a pesquisa complementar ao conteúdo dado, seria uma opção para se tirar as dúvidas existentes, para não dizer a confusão criada por ele, pois se observa claramente que, nas conceituações dos eventos, não há uma exposição conceitual precisa e coerente, mas que torna um amontoado de informações não tão precisas. Assim, sendo necessário que haja uma intervenção extra para que haja um ajuste no contexto do plano de aula.

Já o segundo professor, sendo mais enfático e coerente, já que buscou os conhecimentos preliminares dos alunos sobre o tema a ser explorado, foi em tese mais eficiente, tendo a percepção de elaborar uma aula, onde procurou inserir os conhecimentos passados, o presente, e assim como aqueles que pudessem ser somados com o planejado.

Certamente ele responderia que, a ação dos alunos, com conhecimentos prévios seriam mais eficientes e promissores, visto que os alunos não estariam “limpos”, como no primeiro caso, onde a complexidade do assunto ou mesmo da explicação do professor A certamente criou mais dúvidas do que respostas; já no caso do professor B, houve uma soma de conhecimentos preliminares, como aquilo que se planejou para a aula, como também, a possível complementação de conteúdos e conhecimentos pela pesquisa dos alunos sobre o tema exposto.

O professor B, iria orientar que seus alunos, pudessem aprimorar seus conhecimentos e informações sobre o tema, fazendo busca em sites e outras fontes os quais pudessem auxiliá-los na produção do mapa de conceitos, o que poderiam muito bem ser finalizado, sem transtornos, já que o professor B, não atropelou a informações, ou expos de forma desorganizada.

No que se refere ao professor C, fica claro, também que as informações que deveriam conter na aula, estava mais pela responsabilidade dos alunos, onde os mesmos seriam os atores da aula, os planejadores, já que estes seriam os responsáveis pela captação e separação, assim como agrupamento das informações necessárias sobre o tema abordado, ou seja, o professor diria que “dar autonomia aos discentes, seria mais promissor e criativo, do que o mesmo pudesse levar uma “aula pronta”.

  1. Se perguntássemos a cada um destes professores como pensam que devem potencializar a compreensão do conteúdo, o que vocês acreditam que nos diriam?

Já quanto ao conteúdo, diferente das estratégias e ações exigidas didaticamente, acredita-se que, o Professor A, diria que a discussão com maior profundidade com os alunos em sala de aula, seria uma das alternativas para que os mesmos pudessem introjetar de maneira mais eficaz o conteúdo debatido e tentado repassar aos discentes, ou seja, o uso de sistema de repetição segundo ele, seria eficiente para que os conhecimentos acerca dos conteúdos viessem a calhar na compreensão dos alunos. Ou seja, nada mais de que uma aula e orientação tradicionalista em sala de aula, se dar vez e voz ao aluno.

Já em relação ao Professor B, o mesmo responderia que, os conhecimentos dos conteúdos poderiam ser complementados com pesquisas feitas em ferramentas informatizadas, assim como explicações de professores, visto que o que se observou é que a participação dos alunos na definição dos conteúdos e temas a serem abordados eram compartilhados com os professores, enfatizando assim uma relação professor X aluno, aluno X professor.

Ao professor C, perceberia que a melhor forma de dar entendimento interpretação ao aluno “seria dar autonomia aos mesmos, pois assim, a criatividade faria parte do contexto de aprendizagem, melhorando o intercâmbio entre o que os alunos já sabem, com o que o professor repassaria, e o que os dois juntos poderiam apresentar, discutir e melhorar a compreensão do tema.

Ou seja, em relação aos conteúdos, cada professor teria uma alternativa ou estratégia de potencializar os conteúdos, um por ele mesmo, outro por ele e os alunos e o terceiro por conta dos alunos, apenas intermediando as possíveis intervenção necessárias para a compreensão.

 

  1. Se perguntássemos a cada um destes professores que valor atribui à aprendizagem cooperativa, o que você acha que nos diriam?

Certamente, as respostas seriam divergentes, pois as estratégias e olhares sobre os conteúdos, assim como a compressão dos mesmos, são diferentes. Portanto, o primeiro, ou professor A, diria que, a aprendizagem cooperativa, não teria tanto efeito, pois no processo de ensino e aprendizagem, se deve focar a compreensão na pessoa e no conhecimento do professor, sendo o aluno o receptor deste conhecimento, apenas complementando com alguns recursos extras, como livros, consultas e pesquisas online.

Já o professor B, daria uma resposta mais satisfatória em relação a aprendizagem cooperativa, quando mesmo poderia ressaltar que “os alunos devem e tentam buscar informações e conhecimentos do tema abordado os dos conteúdos apresentados, através de meios ou ferramentas de suporte, além das explicações do professor, onde a internet e as pesquisas feitas em meio online seriam uma alternativa eficiente, além das explicações do professor. Visto que estas informações serviriam de complemento com as informações repassadas nas aulas anteriores, fazendo assim uma vinculação sobre o que o professor ensino com o que o aluno compreendeu, como aquilo que os discentes irão complementar com suas pesquisas direcionadas.

No caso do professor C, certamente, esta daria mais abrangência e autonomia para os alunos, sendo neste caso, a aprendizagem cooperativa mais de que um fator ou técnica, seria a essência do aprendizado, já que os alunos buscariam por conta própria as informações que acreditavam ser mais cabíveis, eficientes e tangíveis ao seu aprendizado; pois além de ser uma aprendizagem cooperativa, seria uma aprendizagem mediada, criativa e autônoma, sem pressão, sem desgaste e com ênfase à pessoa do aluno para o aluno, tendo apenas o professor, como alguém cooperador e mediador das estratégias.

  1. Que recomendação daria a cada um destes professores para que melhorassem suas aulas?

Tendo em vista que, além de se atrapalhar ou ser incoerente nas explicações dos temas dos conteúdos, em tese, nas próprias estratégias de ministrar estes conteúdos aos alunos, permitindo com isto uma melhor introjeção por parte dos discentes; o professor A se mostra um tradicionalista, onde parece que pouco importa o que será explicado, de que forma, e como será recebido este conteúdo.

Devendo o mesmo deixar de ser centralizador no conhecimento e começar a compartilhar ou colaborar e, tornar-se um mediador do processo, assim dando condições suficientes para que haja uma colaboração entre os agentes e os espaços existentes do processo ensino – aprendizagem, que são: professor, aluno, conteúdos, estratégias e inserção de informações e conhecimentos.

Em que diz respeito ao professor B, embora o mesmo, seja mais flexível nas suas estratégias de ação aos conteúdos/temas, ainda se observa pouca participação dos alunos nas abordagens, sabendo com isto que há a mediação, mas não cooperação no aprendizado, pois o docente não dar autonomia suficiente aos alunos, muitas vezes, deixando que eles procurem ou pesquisem por si só quais os melhores conteúdos para enfatizar o tema em questão. Ou seja, não é criativo, nem consegue permitir que os alunos sejam, apenas faz com que eles busquem informações e amontoados delas, sem nenhuma “prescrição” eficiente anterior.

Assim, ao professor B, recomenda que ele permita que os alunos façam suas buscas em outras ferramentas ou acessórios de compreensão, seja eles online, sejam eles táteis, como os livros, mas que possa mediar de forma contundente, o que os alunos precisam buscar, formatando com isto mais uma interação necessária entre o professor, o aluno e as ferramentas de suporte didático.

Quanto ao professor C, pela sua capacidade observada em dar autonomia aos alunos, como se observou, que os mesmos escolhesses os melhores materiais para enfatizar o tema na aula, expressando não só a autonomia desta, mas despertando o interesse e a criatividade dos mesmos, apenas espera-se que este professor torne este convívio mais atrativo, dinâmico e lúdico; pois este tripé dará não só ao processo uma forma de cooperação, mas também de participação ativa, interação educativa e manutenção dos traços a uma melhor abordagem à aprendizagem colaborativa.

Observações:

Quanto as minhas reflexões e análise sobre o proposto, cabe salientar, que foram descritas com base a minha convivência e vivência em sala de aula, assim como da função de orientador pedagógico; o que me levou a transportar as convivências vividas com os professores do Ensino Fundamental Maior e Ensino Médio na escola Ezilda Aragão Brasil, localizada no Distrito de Santa Maria do Uruará, Estado do Pará, Brasil, para este contexto descritivo.

 

Pedagogo e professor da rede pública de Ensino de Prainha – Pará; mestrando em Educação com Especialização em Educação Superior (FUNIBER/UNIB)